28 abril 2012

Potenza, a cidade das escadas






Capital da região da Basilicata, a antiga cidade de Potenza ao sul da Itália foi fundada na época romana do século 4 a.C., existindo ainda ruinas de uma antiga vila romana nas imediações da cidade.








I
nvadida e disputada por vários povos devido à sua posição geográfica no centro do Alto Vale Basento, Potenza tem sua memória marcada por inúmeros terremotos além de ter sido destruída durante a Segunda Guerra Mundial em 1943.






Parte Alta / Parte Baixa

Atualmente Potenza é uma bela cidade com prédios altos e modernos além de muitas áreas verdes. No alto da colina está o centro da cidade e na parte baixa estão alguns bairros residenciais. 





Ponte Musmeci

As ruas de acesso à parte alta da cidade serpenteiam a colina com acentuadas curvas, mas pedestres contam com muitas rampas e uma centena de escadas, por isso Potenza é chamada "Cidade das Escadas". 

Algumas construções da cidade são verdadeiras obras de arte arquitetônica, tal como a Ponte Musmeci que foi construída em 1969 sem os tradicionais pilares e vigas, mas com ramificações de concreto que se interligam em arcos.







Ponte Attrezzato

Os bairros estão ligados ao centro da cidade por um moderno sistema de escadas rolantes chamado de Ponte Attrezzato.





É a escada rolante mais longa da Europa, com 600 metros de comprimento e 26 rampas, que permitem acessá-la de diversos pontos. 






A ponte visa melhorar a mobilidade urbana diminuindo a circulação de veículos, além de reduzir a poluição. 





Centro Histórico: Na parte alta da colina encontra-se o centro histórico, caracterizado por várias ruas estreitas. Por ter sido abalada por vários tremores de terra, principalmente o de 1980, a maioria de suas construções é recente. Há poucos edifícios históricos, que conseguiram escapar da destruição.




Antigos palácios

A Piazza Matteotti marca o centro da cidade e onde se pode encontrar belas construções. A Câmara Municipal e o Teatro Stabile de 1856 é um dos prédios mais antigos. 

Há também outros prédios antigos, como o Palazzo Pignatari, Palazzo Bonifácio e o Palazzo Loffredo, onde funciona o Museu Arqueológico da Basilicata. 











Antigos portais

Antigamente existiam seis portas que serviam de entrada na antiga cidade, que era cercada por muralhas. Atualmente restam apenas três: Porta San Giovanni, Porta San Lucca e Porta San Gerardo. As outras portas foram demolidas para modernização da cidade ou foram destruídas por terremotos. 









A famosa Via Pretoria atravessa o antigo centro da cidade. Nela estão as antigas igrejas medievais e ao seu final está o Mosteiro San Lucca.






Há várias igrejas em Potenza, como a Igreja e Convento de San Francesco fundada em 1274, a Igreja de San Michele Arcangelo, Igreja Santa Maria del Sepolcro, a antiga Igreja de San Rocco entre outras. 


 


No coração do centro histórico está a Basílica de San Gerardo,  que foi construída no século 13. San Gerardo, que é o padroeiro da cidade,  foi bispo em Potenza entre os anos de 1111-1119 e dizem que é o protetor contra doenças crônicas. 






Torre Guevara

Potenza não é uma cidade turística, mas possui alguns atrativos interessantes. No centro histórico encontra-se um antigo monumento construído no século 9, que fazia parte de um castelo não mais existente. A história do castelo é incerta, mas sabe-se que em 1445 o castelo pertencia ao Conde Indico Guevara. 

Herdado por Beatrice Guevara, ela fez a doação da fortaleza para os frades Cappuccini di San Carlo. Alguns anos depois o castelo se transformou num hospital, porém foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial.  Restou a torre, que teve grande importância estratégica na defesa da cidade. Do alto da torre tem-se uma ampla vista da região.  





Sfilata dei Turchi

Entre muitos eventos de Potenza, a cada ano no final de maio é realizada a "Sfilata dei Turchi", um desfile que antece a festa do padroeiro da cidade. Não há consenso sobre a origem do desfile, mas existe a lenda.

Segundo relatam, a celebração relembra a intervenção de San Gerardo que enviou uma tropa de anjos para iluminar e defender a cidade durante um ataque dos sarracenos no ano de 1111. Aterrorizados com a aparição, os assaltantes fugiram. 






Esse lendário milagre tem tanta influência sobre a população, que se transformou em um ritual caracterizado por um desfile em trajes que representam soldados potentini sendo o desfile concluido com um carro carregando a imagem de San Gerardo. 

No dia seguinte é celebrado o dia do santo padroeiro com um festival que mistura o sagrado e o profano, em momentos de folclore e espiritualidade, incluindo músicas, apresentações e degustação de especialidades locais. 





Culinária potentina

Moldada pela cultura e tradições de diferentes povos, a culinária potentina encanta por sua simplicidade e originalidade, especialmente pelas carnes de porco ou de cabrito assadas com ervas, além de salsichas, bacalhau cozido com pimentas vermelhas secas  e massas caseiras que enchem o ar de ricos aromas. 

Tendo sido uma colônia da Magna Grécia, a produção de vinhos na região é muito antiga. Foram os gregos que trouxeram a uva aglianico para essa região no século 8 a.C., originando daí o vinho DOC Aglianico del Vulture, um dos melhores vinhos da Itália. 




19 abril 2012

Brindisi, a porta do Oriente





Brindisi é uma das mais bonitas e charmosas cidades da península salentina ou "Tacco dello Stivale", na região da Puglia. De origem muito antiga que remonta a tempos pré-romanos, sua história está intimamente ligada ao seu porto e mar. 





Porto de Brindisi


Brindisi é o porto de saída para quem vai para a Grécia e outros países do Oriente Médio, por isso a cidade é chamada de "Porta do Oriente". 

O nome latino da cidade Brundisium, deriva do grego Brentesion que significa "Cabeça de Veado", que faz referência ao formato do seu porto. 

Marcada pela influência de gregos e romanos que no passado dominaram a região, diz a tradição que a cidade foi fundada por Diomedes, o lendário herói da Mitologia Grega. 

Conquistada pelos romanos, tornou-se o principal porto no Mar Adriático. A antiga estrada romana Via Appia começava em Roma e terminava em Brindisi. Comerciantes, cavaleiros e peregrinos que iam para a Terra Santa passavam por sse porto. 





Do monumento em forma de leme de um navio, dedicado aos Marinheiros Italianos mortos na 1a. Grande Guerra, tem-se uma magnífica vista panorâmica de Brindisi. Muitos consideram ser o melhor e o mais belo porto do do mundo. 





Castelo Alfonsino

evido à estranha forma do porto que envolve a cidade, muitas fortificações militares foram construídas através dos tempos junto ao porto.  Na entrada do porto situa-se o Castelo Alfonsino conhecido como Castelo Aragonês ou Castelo do mar. 






Também conhecido como Castello Rosso, por causa da cor vermelhão de suas pedras, o castelo está localizado na Ilha de Sant'Andrea. Sua construção foi iniciada em fevereiro de 1481 por Ferrante d'Aragona, que mandou construir uma torre para proteger o porto.






Alguns anos depois, Afonso d'Aragona transformou o primeiro núcleo defensivo num verdadeiro castelo. A construção abraçada pelo mar, no passado existia uma uma abadia beneditina dedicada a Santo André, que desapareceu no no século XV. 






O Castello Svevo é conhecido como Castelo Grande ou Castelo de terra. Foi construído em 1227 por Frederico II como uma residência fortificada posicionada para defender o porto de Brindisi. 

Em sua construção foram usados os materiais provenientes das antigas muralhas da cidade e monumentos públicos em ruínas. Esteve abandonado até ser transformado em uma prisão em 1813 e desde 1909 é usado pela Marinha.






As colunas romanas são o símbolo da cidade de Brindisi e, apesar de serem conhecidas como o final da Via Appia, na verdade elas eram um ponto de referência para os marinheiros da época. A Via Appia Nuova foi construída quase paralela à original, sendo que alguns pontos da antiga estrada ainda são usados.

Na Idade Média, quando os turcos dominavam a região sagrada para os cristãos e impediam a peregrinação dos europeus, foi criada a Ordem dos Cavaleiros Templários que tiveram importante participação militar nos combates das Cruzadas. 






Do porto de Brindisi, partiam muitos cavaleiros das Cruzadas para libertar a Terra Santa do domínio muçulmano, o que deu destaque à cidade. Durante quase dois séculos a Ordem foi a maior organização militar-religiosa do mundo, mas as seguidas derrotas das Cruzadas no século 13 comprometeram seus objetivos. 

Além disso, o monarca da França Felipe IV se engajou em campanhas em troca de benefícios políticos. Propôs ao arcebispo Beltrand de Gouth de usar sua influência para torná-lo papa e em troca o arcebispo se comprometeu em exterminar a Ordem dos Templários.






Beltrand de Gouth tornou-se o Papa Clemente V em 1305 e iniciou o processo inquisitório contra os Templários que se estendeu por vários anos sob torturas e diversas acusações. Jacques de Molay, o último Grão-Mestre da Ordem, e inúmeros outros foram condenados e levados à fogueira da Inquisição.

Diz uma lenda que, agonizante em meio às chamas, o líder dos Templários amaldiçoou o Papa Clemente V dizendo que ele morreria dentro de 40 dias e o monarca Felipe IV teria menos de um ano de vida.  

Inexplicavelmente o Papa morreu 33 dias depois e o rei em 8 meses devido a um derrame cerebral. Atualmente, a Ordem Rosa Cruz e a Maçonaria se consideram ascendentes diretos dos Cavaleiros Templários.





Pórtico dos Cavaleiros Templários





Igreja de Santa Maria del Casale

Na Igreja de Santa Maria del Casale instalou-se o tribunal para julgar a Ordem dos Cavaleiros Templários em 1310. A memória daquela época é representada pelo Pórtico dos Cavaleiros Templários na Praça Duomo.

Apesar do nome dado ao pórtico, na realidade era a loggia do palácio do bispo e hoje funciona como entrada para o Museu Arqueológico Provinciale Ribezzo. 

Em vários andares o museu expõe cerca de 3000 esculturas de bronze e fragmentos em estilo grego helenístico, estatuetas de terracota do século 7, estátuas romanas e outros documentos.






A história de Brindisi aparece em vários prédios, palácios, igrejas e monumentos que recontam um pouco do esplendor do seu passado, tais como o Palazzo Dionisi, o antigo Hotel Internacional, o prédio onde hoje funciona a Casa do turista e o Palazzo Montenegro que é a atual residência do prefeito.






Na Praça Duomo está a Catedral de São João Batista construída entre 1089 - 1143 e o Seminário de Brindisi que foi fundado em 1798 onde está uma biblioteca com mais de 100.000 livros, algumas obras raras e um extenso arquivo de manuscritos do século 16.






Em outros pontos da cidade estão a Igreja Cristo dos dominicanos, Igreja de San Benedetto, Igreja de San Giovanni al Sepolcro, Igreja de Santa Lucia, Igreja de Santa Maria degli Angeli, Igreja de São Miguel Arcanjo com sua torre de azulejos e outras igrejas menores.






O centro histórico de Brindisi está confinado dentro das muralhas onde festivais e eventos culturais de todos os tipos enriquecem o ambiente Salentino, combinados com a deliciosa comida recheada de tradições. 






Significativo em Brindisi é o culto ao Tarantismo que combina tradição pagã e cristã. No passado acreditava-se que a picada da tarântula Lycosa provocava histeria, fazendo com que as pessoas dançassem continuamente até passar o efeito, ao som frenético do pandeiro, violino, bandolim, guitarra e acordeon. 

A música e a dança se tornaram populares e exerce um fascínio irresistível durante os festivais. Também originou a dança da Pizzica, uma variação da tarantela muito popular na região da Puglia.



18 abril 2012

Onomástico, dia de aniversário



Aniversário quer dizer, a repetição do dia e do mês em que se deu um determinado acontecimento; a celebração da periocidade de um evento anual. É um evento comemorado por muitas culturas ao redor do mundo e no Brasil, nos aniversários de nascimento, é comum que se faça uma festa e todos cantem "Parabéns pra você".

O onomástico, como tradição italiana, é o dia de um santo e todas as pessoas que tem o mesmo nome do santo nesse dia fazem uma celebração. É considerado tão ou mais importante do que o dia do aniversário. No dia do onomástico há igualmente festa e presente, ou seja, dois aniversários no mesmo ano. As pessoas fazem seus cumprimentos dizendo "Auguri", que significa "Parabéns".

No site http://www.nomix.it/onomastici.php você pode saber o santo que tem o mesmo nome que você e portanto, é o dia do seu onomástico. Basta inserir seu nome e fazer a busca ou "ricerca".

Origem das comemorações

O primeiro registro histórico de uma festa de aniversário foi em 3000 a.C. no Egito, mas só os faraós mereciam a honra. Os gregos adotaram a prática elitista e passaram a festejar mensalmente o aniversário dos deuses. Os romanos copiaram a idéia e a comemoração entrou para o calendário anual. Os festejos eram chamados "Dies Sollemnis Natalis", mas destinavam-se apenas ao imperador, sua família e aos membros do Senado Romano.

Com o tempo, o costume foi se estendendo aos plebeus. Nos primórdios do Cristianismo o costume foi abolido, pois os cristãos perseguidos consideravam uma festa de pagãos. No século 4, quando a Igreja começou a celebrar o nascimento de Cristo, ressurgiu o hábito de se festejar aniversários com bolo, música e presentes.

Origem do Bolo de aniversário/Velinhas/ Presentes


Os tradicionais e deliciosos bolos de aniversário com velinhas provém da civilização grega. Os adoradores de Ártemis, deusa da fertilidade, ofereciam em seu templo um preparado de pão e mel no formato de uma lua junto às fogueiras, esperando que a deusa atendesse seus pedidos.

Desde muito tempo, o fogo é considerado um elemento de purificação dos males e renovação das boas energias. Assim surgiu o costume de fazer um pedido antes de soprar as velinhas e também de oferecer presentes a quem faz aniversário.

Felicitações

As saudações natalícias tinham poder para o bem ou para o mal, porque a pessoa neste dia supostamente estava perto do mundo espiritual. Por isso, sempre se cria frases desejando muitas felicidades e muitos anos de vida.

Os gregos diziam que cada pessoa tinha um espírito protetor ou gênio inspirador que assistia seu nascimento e o acompanhava por toda vida. Este espírito tinha uma relação mística com o deus ou a deusa que era celebrado no dia do nascimento, surgindo daí a tradição italiana do onomástico.


11 abril 2012

Parma, terra de sabores e muita cultura



Ao norte da Itália na região da Emilia Romagna, a histórica e elegante cidade de Parma com seus belos prédios medievais é sinônimo de arte, finos sabores e muita cultura. Em Parma está uma das universidades mais antigas do mundo, sendo também a terra onde nasceram os grandes maestros Giuseppe Verdi e Arturo Toscanini. Famosa por sua culinária, os produtos de Parma são destacados pela alta qualidade sendo o queijo parmesão, presunto crú, salames, cogumelos secos e vinho considerados um dos melhores do mundo.





Dividida em duas partes pelo Rio Parma que atravessa a cidade, as pontes lhe dão um charme todo especial. De um lado predomina o aspecto moderno, do outro lado predomina o Centro histórico onde é proibido de transitar de carro.

O lento caminhar se mistura a muitas bicicletas nessa cidade ampla, plana e tranquila. Além das maravilhosas praças, há muitos parques e jardins. O charme se completa com lojas elegantes, abundância de bons restaurantes e bares estilosos.






Há inúmeros palácios de interesse histórico, entre eles o Palazzo del Governatore que tem na fachada um nicho com a Virgem Maria e um relógio astronômico. Situado na Praça Garibaldi que homenageia Giuseppe Garibaldi, é o coração da cidade e um ponto de partida para conhecer Parma.


A história de Parma é marcada pelo destino de duas famílias: os Farneses e os Bourbons e pode ser narrada por seus monumentos. Ocupada pelos etruscos na antiguidade, na época do domínio grego Parma era chamada de Crisópolis ou Cidade do Ouro, pois seus tesouros eram guardados em Parma e também pela fertilidade de suas terras. Mas o crescimento da cidade foi realizado pelos romanos que fizeram de Parma uma famosa colônia. Após a queda do Império Romano, a cidade passou ao domínio bizantino.




Durante longo tempo a cidade foi invadida e destruída por diversos povos, até que foi concedida ao Papa Clemente VII.
Depois de sua morte, o Cardeal Alessandro Farnese foi eleito Papa sob o nome de Paulo III e assumiu o poder em Parma.

Durante o Ducado dos Farneses, que durou quase 2 séculos, Parma viveu seu maior esplendor. O último duque de Parma Antonio Farnese morreu em 1731 sem deixar descendentes e o ducado foi transmitido à sua sobrinha Isabel Farnese casada com Felipe de Bourbon.

Iniciava-se assim em Parma a dinastia dos Bourbons, família da qual descendeu Dom Pedro I que se tornou Imperador do Brasil. Filho de Carlota Joaquina de Bourbon que foi obrigada a casar-se com Dom João VI de Portugal aos 10 anos de idade, ela ainda foi obrigada a viver no Brasil, terra que ela detestava.

A dinastia dos Bourbons em Parma durou até 1859, época da unificação dos reinos da Itália, exceto durante os anos de 1816 a 1847 quando Maria Luisa, a esposa de Napoleão Bonaparte, se tornou duquesa de Parma. Amada pelo povo, Maria Luisa não acompanhou o marido em seu exílio e naqueles tempos foi considerada uma das melhores governantes de Parma.



No centro histórico, o Palazzo della Pilotta foi construído como residência dos Farneses que governaram Parma por quase 200 anos. É uma das construções mais emblemáticas de Parma encomendada pelo duque Ottavio Farnese em 1547. Constituído de um conjunto de prédios que foram sendo anexados ao longo do tempo, as obras se estenderam até 1611 e permaneceu inacabado.

O palácio foi remodelado em 1813 quando Filipe de Bourbon assumiu o ducado, época em que foram acrescentados outros prédios dando origem ao grande palácio existente até hoje. O curioso nome do palácio se origina do jogo basco que era praticado em um dos seus pátios.


A grande Praça da Paz ocupa o espaço deixado pelas partes do palácio que foram destruídas durante a Segunda Guerra Mundial. No palácio está o Museu Nacional de Arqueologia que foi criado por Filipe de Bourbon a conselho de seu irmão que comandava escavações em Pompéia e Herculano. O museu é considerado um dos mais importantes no norte da Itália. No local funciona também uma Galeria de Artes e a Biblioteca Palatina.



No primeiro andar do palácio há um hall que originalmente era destinado à sala de armas, tendo sido adaptado e transformado no Teatro Farnese que em sua época era o maior do mundo. Construído em tempo recorde, foram utilizados materiais leves como madeira e pinturas em gesso a pedido de Ranuccio Farnese I.

Ele queria celebrar com pompa a visita de Cosimo Medici II, Grão duque da Toscana.
Era um evento de grande importância política para Ranuccio, que teve a oportunidade de fortalecer seus laços com a família Medici firmando um contrato de casamento entre as duas famílias ducais. Porém Ranuccio não sobreviveu para ver a inauguração do teatro, que aconteceu em 1628 com um espetáculo alegórico por ocasião do casamento entre Margherita Medici e o duque Edoardo Farnese.

Dada a complexidade de cenários e seu elevado custo, o teatro foi usado apenas algumas vezes em casamentos ou importantes visitas. Com capacidade para 3.000 pessoas e um local de honra reservado aos duques, o teatro caiu em decadência após 1732 e ainda foi atingido por bombardeios em 1944 durante a segunda guerra mundial. Reconstruído de acordo com o projeto original, os níveis do auditório para o palco são ligados por dois arcos triunfais pintados e decorados, sobre os quais se destacam as estátuas equestres em gesso de Alessandro Farnese e Ottavio Farnese.






O Parco Ducale foi construído sob a ordem do duque Ottavio Farnese como símbolo de poder ducal. Em meados do século 16 o Duque comprou as terras nas imediações do palácio e encomendou um jardim inspirado nas vilas romanas.

Com o fim do ducado, a casa dos Farneses caiu em decadência e abandono. O palácio foi recuperado em 1769 para celebrar o casamento do duque Ferdinando de Bourbon, novas modificações foram feitas e após a unificação da Itália tornou-se uma área pública arborizada.





Outro parque arborizado, que hoje muita gente utiliza para caminhadas ou para praticar esportes, é chamado Cittadella. A fortaleza em forma de um pentágono com muralhas, era cercada por fossos com água no passado.

A construção da estrutura maciça foi concluída em 1599 e usada durante séculos pelos Duques de Parma apenas como quartel, uma prisão para delitos políticos e local de tortura. O pórtico da entrada em mármore tem o símbolo das armas dos Farneses.








A Piazza del Duomo é a maior expressão artística de Parma com a Catedral, o Batistério e o Palácio do Bispo. A Catedral de Parma é uma verdadeira obra-prima arquitetônica da Idade Média e uma das maiores da Itália. Emblema da cidade, a construção foi concluída no século 12 tendo uma cúpula octogonal, algo incomum para sua época. O interior da catedral é repleto de afrescos de Parmigianino e belas esculturas decoram a fachada principal, o campanário e o Batistério.

Parmigianino é o apelido que Girolamo Mazzola ganhou devido ao seu tamanho e pouca idade. Nascido em Parma em 1503 e proveniente de uma família com tradição artística, ainda muito jovem mostrou um prodígio capaz de realizar obras delicadas. Sua primeira obra prima foi feita aos 16 anos e aos 20 já era um pintor renomado. Sua pintura se tornou monumental ao longo do tempo, com muitos aspectos misteriosos e em algumas há um simbolismo que refletem sua paixão pela alquimia.

O Batistério reúne arquitetura e escultura, sendo uma das maiores expressões da arte medieval italiana. Sua construção octognal foi iniciada no final do século 12 em mármore rosa e cor creme tendo uma série de painéis esculpidos com formas de animais reais e imaginários que eram símbolos da vida e da natureza na época medieval. O interior do batistério tem esculturas e pinturas até o teto, destacando-se as representações das estações do ano e dos signos zodiacais. Com 6 andares, é um dos prédios medievais mais elegantes do mundo.



Um esplêndido exemplo da arquitetura renascentista em Parma é a Igreja de Santa Maria della Steccata cuja construção durou 6 anos e foi concluída 1527. Decorada com afrescos pintados por renomados artistas, na cripta da igreja repousam os restos mortais de príncipes, duques e de vários membros da família Farnese, entre eles Alessandro Farnese, Ranuccio e Ranuccio II Farnese, Francesco Farnese e também de Filipe de Bourbon. Existem ainda inúmeras igrejas menores mas igualmente extraordinárias em sua decoração.



As construções medievais demonstram a preocupação que os nobres tinham em proteger sua família, seus súditos e propriedades. Em Parma, as antigas muralhas da cidade tinham cinco portas de entrada, sendo que algumas ainda são parcialmente visíveis.

A Porta San Francesco, também chamada Barriera Bixio, era de onde saiam os pelegrinos que iam a Roma. A Porta Santa Croce para quem ia em direção a Piacenza e ainda a Porta San Michele. As muralhas foram retiradas para permitir a expansão da cidade, restando uma parte. A Porta San Barnabé foi retirada e a Porta Nuova que contradizendo seu nome é a mais antiga da cidade.






Assim como ocorre em várias cidades da Itália, em setembro é realizado o Palio de Parma ou Corsa della Scarlatto, um resgate das tradições medievais da cidade que teve origem em 1314. Naquela data, quando foi anunciado o noivado de Ghilberto Correggio - filho do senhor de Parma e Magdalena Rossi - filha do senhor de Pádua, foi permitido também que todos os exilados retornassem à cidade. O casamento terminou as rivalidades entre a família Correggio e Rossi, que aspiravam o poder e viviam em constantes conflitos.

Com desfiles em trajes medievais ao ritmo da marcha dos tambores, os Sbandieratori fazem emocionantes coreografias trocando bandeiras em sincronia. Há representação de músicos e antigos ofícios, vislumbre da vida medieval, além de danças medievais, malabaristas e simulação de lutas de espadas. Nas competições, o objetivo é conquistar o Palio, um precioso standart dado aos vencedores. Cada equipe representa uma das cinco antigas portas da cidade, com as suas respectivas cores e símbolos.





Construído em 1829 o Teatro Regio, originalmente conhecido como Teatro Ducale, foi uma das principais obras do ducado e está associado ao compositor de óperas Giuseppe Verdi e ao maestro Arturo Toscanini, ambos nascidos na província de Parma. É um dos teatros mais belos da arquitetura italiana e mais célebre por suas tradições musicais onde se apresentou Paganini.

Verdi nasceu em 1813 nas proximidades de Parma, tornando-se um dos compositores italianos mais influentes e mais famosos do século 19. Nenhum outro compositor de ópera italiana conseguiu ser tão popular quanto Verdi. Suas composições se imortalizaram nas óperas: La donna è mobile em Rigoletto, Va pensiero - o Coro dos Escravos Hebreus em Nabucco, Libiamo ne' lieti calici - a canção da bebida em La Traviata e a Grande Marcha em Aida.

Embora suas obras tenham alcançado sucesso, sua vida pessoal foi um fracasso. Seus filhos morreram precocemente com um pouco mais de 1 ano de idade e logo depois sua esposa faleceu. Algum tempo depois, ele se casou com uma cantora de ópera e compôs inúmeras outras óperas tendo sido os melhores anos de sua vida.

Porém Verdi se apaixonou por Teresa Stolz, mulher de seu amigo, tendo escrito a ópera Aida inspirado em seu amor proibido. Dizia-se que eles mantiveram um secreto romance até o falecimento da esposa de Verdi, quando enfim aos 84 anos conseguiu viver junto com Teresa. Porém foi uma curta felicidade. Em janeiro de 1901 Verdi faleceu, legando à humanidade as mais belas composições de todos os tempos.




A vocação gourmet de Parma, terra de sabores por excelência, provém de antigas tradições. Conta-se que Verdi era um amante da boa comida e que a sua cozinha na Vila de Sant'Agata era uma forja fumegante de aromas e sabores inesquecíveis para convidados e familiares.

Paraíso gastrônomico, pode ser considerada a capital do sabor e da boa mesa cujas tradições são recontadas nos museus de alimentos. São quatro museus nas imediações de Parma que retratam a tradição de preparo além de utensílios e estranhos objetos antigos.






O Museu del Pomodoro em Colecchio, também chamado "Oro rosso" ou Ouro vermelho, é dedicado ao tomate, produto imprescindível na culinária italiana.





O Museu do Salame em Felino mostra todo o processo de preparação do salaminho que é feito há mais de dois séculos. O salame de Parma ou salame italiano representa uma das formas mais antigas de conservar a carne.





O Museu do Parmigiano em Soragna é dedicado ao queijo parmesão. Reverenciado como um dos melhores queijos do mundo, o Parmigiano-Reggiano é considerado o Rei dos Queijos devido ao seu sabor marcante. Evidências históricas revelam que desde os anos 1200 o Parmigiano de Parma já tinha a mesma aparência e sabor. As tradições das receitas são passadas de pai para filho, usando os mesmos ingredientes típicos e genuínos.





O Museu do Prosciutto di Parma em Langhirano conta a história do presunto de Parma. É o mais nobre produto da antiga arte de conservar as carnes, resultado de receitas familiares transmitidas através das gerações. Produzido há mais de 2.000 anos, o legítimo presunto de Parma exala um aroma irresistível.




Além de ser a terra do melhor presunto do mundo, Langhirano tem interessantes lendas e uma delas está relacionada o Castelo de Torrechiara erguido no alto de uma colina em 1448. Conta-se que o Conde Pier Maria Rossi casou-se aos 15 anos por interesses de família. Quando atingiu a maioridade, ele apaixonou-se pela esposa de outro nobre e p
ara viver o romance proibido, o conde ergueu o magnífico Castelo de Torrechiara.

Com uma rica decoração em seu interior, o quarto dos amantes foi denominado como Camera d'oro ou quarto de ouro. Decorado com afrescos em ouro, as iniciais do casal entrelaçadas foram colocadas sobre a inscrição: "Nunc et Semper" que significa Agora e para Sempre...


Related Posts with Thumbnails

Seguidores

Related Posts with Thumbnails

Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.