Pasubio, uma trilha memorável

O Monte Pasubio na região do Veneto é uma das montanhas sagradas, mais conhecida pelos eventos da 1a. Guerra Mundial. As pequenas trilhas nas montanhas no Valli del Pasubio ao lado de grandes penhascos.

Consideradas uma das mais perigosas do mundo, o maciço montanhoso é cortado por trilhas e estradas estratégicas construídas por volta de 1917 na época da 1a. guerra, com 52 túneis, por isso chamada Strada delle Gallerie.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a linha da frente das forças italianas percorreu as Dolomitas. O Monte Pasubio era um reduto crucial para os italianos que deveriam assegurar a montanha, mas as suas linhas de abastecimento para a montanha estavam sendo bombardeadas e sujeitas a avalanches.

 

Em 13 de dezembro de 1916, 10.000 soldados foram mortos por avalanches nas Dolomitas e ficou conhecida como sexta-feira branca. A resposta para os problemas do Exército italiano foi a Strada delle 52 Gallerie.

A Strada delle 52 Gallerie foi construída pelas tropas italianas e uma equipe de mineiros. O caminho foi concluído em apenas poucos meses, de fevereiro a novembro de 1917. O que torna a estrada incomum são os 52 túneis num percurso de 6.000 metros e o tempo recorde de construção, devido às difíceis condições do local.

A caminhada inicia em um parque no Campiglia Bocchetta e termina em um refúgio do Clube Alpino Italiano chamado "Um Papa", uma trilha memorável onde se pode ver os vestígios dos confrontos.

Video Strade delle gallerie

Costa amalfitana, a inspiração dos poetas

Localizada na costa que margeia o mar entre Salerno e Sorrento, a Costa Amalfitana é a mais bela costa da Itália e uma das mais belas do mundo. Seus altos paredões de rocha contrastam com o azul profundo do Mediterrâneo criando paisagens incríveis. 

Por sua  grande beleza natural, a Costa Amalfitana foi classificada em 1997 como Patrimônio Mundial da Humanidade. Do alto dos penhascos pode-se ver toda a baía Sorrentina rodeada de belas cidades que foram sendo edificadas ao longo dos séculos.

 

Compreendendo as comunas de Vietri sul Mare, Cetara, Tramonti, Maiori, Minori, Ravello, Scala, Atrani, Amalfi, Conca dei Marini, Furore, Praiano e Positano, os vilarejos foram fundados sobre os penhascos da península para se defender dos ataques de piratas e outros inimigos na antiguidade. 

Passear pelas estreitas estradas torna o passeio inesquecível. O cenário é repleto de penhascos verdes revestidos  de casinhas coloridas no melhor estilo bizantino. Nas ruas modernas encontram-se vestígios muito antigos, mas não há ruinas. 

Nas montanhas da Costa Amalfitana estão plantados terraços de limoeiros, oliveiras, carvalhos e pinheiros. A Casa Imperial, hoje um hotel, tem um túnel cortado na rocha que desce até a costa. Também restam os aquedutos subterrâneos.   

Positano é uma cidade tão inspiradora, que já serviu de cenário para diversos filmes. A cidade começa no alto da montanha e desce pela encosta em ruas estreitas e escadas até à praia de onde se chega a Praiano. 

Típico do local é o Limoncello, um licor de limão e as lojinhas de souveniers além dos restaurantes de massas com vôngoles e camarões frescos. Em Minori e Maiori o mar calmo e as ruelas são repletas de vistas panorâmicas. 

Em Amalfi a arquitetura é de influência árabe e bizantina com traços normandos e sicilianos. A Catedral de  Sant'Andrea do século 9 é uma das mais bonitas de Itália, com a sua pequena praça centrada numa magnífica fonte e uma imponente escadaria de acesso à entrada principal. 

No interior da Catedral o Claustro do Paraíso de influência árabe construído entre 1266 e 1288 é destinado a ser panteão de homens ilustres. Outra é a Basílica do Crucifixo e em Atrani a Igreja de San Salvatore de Bireto. 

A poucos quilômetros de Amalfi, Ravello tem uma beleza medieval de igrejas, mansões e jardins exóticos que deslizam por uma estrada sinuosa. A catedral, com vários tesouros dos séculos 12 e 13, é o ponto principal da praça com altos pendentes e torres rústicas. 

Com seus jardins encantadores, a Villa Rufolo e a Villa Cimbrone tem paisagens imperdíveis. O romantismo do local traduz o ditado dos italianos: "os poetas vão a Ravello para morrer"...

 

Caorle, a cidade da Madonna dell'Angelo

Situada ao longo da costa do Veneto, Caorle é uma graciosa cidade de pescadores, onde a história e lendas convivem em meio a elegantes hotéis, resorts e muita diversão em suas lindas praias, que rodeiam seu encantador centro histórico.

Centro histórico

Andar pelas ruas e becos do centro histórico é como estar numa caixinha de lápis coloridos, com uma profusão de cores saltando por todos os lados. Suas casas coloridas e balcões floridos tornam a cidade muito aconchegante.

 

As ruas estreitas e sinuosas são ladeadas pelas casas venezianas, que caracterizam a face da histórica cidade velha de Caorle. Nas fachadas das casas encontram-se magníficos relevos e afrescos de cobre, o que desperta a curiosidade de observar cada uma delas.

 

Na maior parte do centro histórico não há circulação de carros, o que permite apreciar sem pressa as lojas de souvenirs, os restaurantes de peixe e as butiques de moda, que se aglomeram no centro da cidade.  

Situada a 60 quilômetros de Veneza, até meados do século 19 Caorle era atravessada por diversos canais, que hoje encontram-se aterrados e transformados em ruas, onde se pode andar livremente e apreciar seus encantos.

Um desses canais era o Rio Palazzo que levava até o Palazzo Praetorium adjacente à Catedral, hoje Via Roma. Outro era o Rio delle Beccarie, em torno da atual escola. E o Rio Terrà delle Botteghe, que se voltava para a Piazza Papa Giovanni.

Santuario Madonna dell'Angelo 

O pequeno Santuário dedicado a Madonna dell'Angelo  é um dos lugares mais destacados e importantes da cidade. Situada junto ao mar, antigamente era chamada de Igreja de San Michelle Arcangelo, mas teve seu nome alterado devido a uma curiosa lenda. 

Segundo contam, certa noite os pescadores saíram para pescar no mar e avistaram uma estranha luz na escuridão da noite. Ao aproximarem, eles se depararam com a imagem da Virgem com o Menino Jesus em cima de uma base de mármore, porém estava boiando. 

Os pescadores trouxeram a imagem até a praia e todos correram para vê-la. Felizes, eles quiseram transportar a imagem para a Catedral da cidade, mas apesar de tentarem por inúmeras vezes, os robustos pescadores não conseguiram mover a imagem. 

Junto a eles estavam crianças, que brincando tentaram levantar a imagem. Foi então que um milagre aconteceu: sem qualquer esforço as crianças conseguiram levantar a imagem e a levaram para a Catedral. 

Na manhã seguinte viram que a imagem tinha desaparecido. Procurando por todos os lados, foram até a praia e então descobriram que  misteriosamente a santa estava na pequena igreja à beira-mar. A partir desse momento, a igrejinha passou a ser chamada como Santuário da Madonna dell'Angelo del Mare, passando a ser venerada em Caorle. 

Segundo contam, em 1727 ocorreu o primeiro milagre, registrado na placa do santuário. Naquele tempo uma grande inundação ameaçou cobrir a cidade. Desesperadas as pessoas se refugiaram no santuário. Apesar do nível da água ter chegado a dois metros de altura, no santuário não entrou sequer uma gota de água.

Em 1770 fortes ondas do mar chegaram até o santuário, que parecia à beira do colapso. Imediatamente os moradores transportaram a imagem da Virgem para a Catedral, para preservá-la da ruína iminente. No dia seguinte, inexplicavelmente a santa havia retornado para o santuário.

Em 1848, durante a Primeira Guerra da Independência, numerosas tropas imperiais austríacas estavam estacionadas em Caorle. Diante de uma iminente batalha, eis que de repente o mar se tornou tempestuoso, evitando a batalha e salvando o Santuário do perigo. 

Outro milagre aconteceu durante a Páscoa de 1946. No pós guerra, foi iniciada a campanha de recuperação ao longo da costa. Eis que de repente uma antiga mina que se rompeu no mar. O comandante da desminagem declarou que, se aquela tivesse atingido a cidade, teria devastado Caorle.

Durante o século 20 a cidade viu de perto as guerras, que inclusive chegaram a ameaçar sua existência. Durante a ocupação alemã, em 1944 foi decidido por razões estratégicas, que toda a costa seria inundada a uma profundidade de 10 quilômetros. 

Temerosos pela destruição do santuário, as pessoas se prostraram aos pés da santa e fizeram orações durante toda a noite. No dia seguinte chegou a notícia, de que a ideia tinha sido abortada no último momento, o que é considerado como um milagre. 

Por esses e outros tantos milagres, a cada 5 anos os fiéis se reúnem nos recifes do santuário, para homenagear a Madonna dell'ngelo. Realizada no segundo domingo de setembro, a procissão de barcos segue pelo no mar. 

Essa é uma época em que a cidade se torna mais viva do que nunca. Bandeirolas nas cores azul e branco. Laços, fitas e enfeites balançam na brisa de setembro e iluminam ruas e casas, uma divertida competição que destaca quem fizer a melhor decoração.... 

Scogliera viva

Nos recifes o amontoado de pedras protege a área da ira do mar, mas também proporciona à cidade um importante evento cultural, que atrai escultores da Itália e do exterior para participar do concurso chamado "Scogliera Viva", de onde surgem maravilhosas obras-primas.

A maravilhosa falésia composta por blocos de traquito, que ocupa a área desde o Santuário de Madonna dell'Angelo até a praça da catedral,  se transforma numa maravilhosa galeria de arte. 

A primeira edição foi realizada em 1993 e o mérito é de um escultor de Treviso, Sergio Longo, que foi o primeiro escultor a reconhecer o valor artístico desta parte da costa. Assim ele fez a rimeira escultura, que acabou atraindo outros escultores. 

Catedral de Caorle

Além do santuário existe a catedral, que é o monumento mais antigo de Caorle. Situada na Piazza Vescovado, no coração do centro histórico, a estrutura foi erguida em 1038 sobre uma antiga Basilica paleocristiana do século 7. 

A Torre sineira ao lado da catedral é o símbolo da cidade. Ponto de referência de Caorle, é possível vê-la a quilômetros de distância. Também erguida no século 10, ela possui 50 metros de altura. Com sua forma cilindrica e cobertura cônica, é a única no mundo com esse formato. 

Museu da Catedral

Ao lado da catedral encontra-se o Museu da Catedral, onde estão expostas relíquias importantes, como o crânio de Santo Stefano e restos mortais de outros santos, que foram padroeiros de Caorle. Há vários relicários e um espinho, que dizem pertencer à coroa de Cristo. 

Há muitos anos estas salas formavam a Capela dos Bispos. até que em 1975 foi inaugurado o museu. Há vestígios da antiga igreja, onde se ergueu a catedral, uma bela cruz de prata de 1534 e algumas obras de arte. 

Praias de Caorle

Segundo historiadores, a vila de pescadores primeiramente recebeu o nome de Caprulae, já que se encontrava num local onde havia muitas cabras.  Nos séculos sucessivos a cidade pertenceu aos Doges de Veneza, quando teve grande destaque, principalmente devido à fabricação de embarcações e  comércio do sal. 

Porém devido a constantes invasões, a população foi obrigada a fugir e a cidade experimentou grande decadência. Mesmo quando esteve em poder do Império austríaco, Caorle permaneceu esquecida, até que no século 20 a cidade descobriu a sua vocação para o turismo, tornando-se um dos destinos mais procurados durante o verão italiano. 

Assim surgiram dezenas de elegantes hotéis e resorts na cidade. Durante o verão e outono, centenas de turistas são atraídos para os 15 quilômetros de lindas praias de areia dourada ao longo do Mar Adriático. 

Suas praias foram premiadas com a Bandeira Azul, que é o reconhecimento da FEE (Foundation for Environmental Education) concedida aos resorts costeiros nacionais e internacionais que observam a qualidade da água e do solo e possuem instalações adequadas para os turistas. 

Chegando na Via Lungomare Triestre, a praia à esquerda é a Praia de Levante, que leva até o Porto Falconiera. Indo para a direita, tem início a Praia do Ponente, que leva até o Porto Santa Margherita. 

Em alguns lugares a praia é gratuita, em outros é equipada e, por isso, há taxas de uso. Há trechos com grandes gazebos e mesas sombreadas, perfeitos para um dia de praia com os amigos. Recém nascidos, idosos e pessoas deficientes contam com algumas facilidades. 

Durante o verão surgem várias atividades nas praias, como jogos, exercícios físicos animados. Entre as espreguiçadeiras, os garçons tentam de tudo para agradar seus clientes, enquanto os salva-vidas garantem a segurança dos banhistas. 

Em dias de vento, o mar é tomado pelos praticantes de Windsurf, enquanto pequenos barcos proporcionam passeios agradáveis pelo mar azul. Os parques temáticos faz a alegria da criançada. Tudo isso atrai turistas da Itália e da Europa.    

Delicias de Caorle

Caorle é um destino perfeito para quem aprecia peixe, frutos do mar e um bom vinho. Entre as especialidades, há uma comida de rua imperdível, que é a Caorlotta frita mista, um folhado com peixe fresco frito. 

Mas também é possível experimentar outras iguarias, como as vieiras e as enguias, assim como as amêijoas orgânicas criadas e colhidas numa área naturalista protegida. A cada ano em setembro acontece o festival do peixe na praia de Sacheta.

Mercato Ittico Comunale / Feira antiga

Mas se você quiser preparar seu peixe em casa, no coração da cidade encontra-se o porto de pesca, que testemunhou o florescimento da pesca e é o último vestígio da rede de canais que atravessava a antiga ilha. Naquela época, o atual Rio interno do porto de pesca chamava-se Riello. 

Um espetáculo imperdível no mercado de peixe é a antiga tradição, que ainda se mantém viva. As idas e vindas de barcos e pescadores começam no meio da tarde: os barcos carregados de peixe fresco chegam ao Rio Interno e se arrumam no Porto de Pesca.  Logo depois começa o típico "Leilão de ouvidos", que consiste em sussurrar a proposta no ouvido do leiloeiro, esperando que o leilão seja finalmente concedido em voz alta ao maior lance. 

Laguna de Caorle

Os passeios de barco, as rotas de bike ou as caminhadas pela região costeira permitem sentir o vento, a brisa e o aroma do mar. Aves aquáticas estão espalhadas por todos os lados buscando seu alimento, tanto no mar quanto na Lagoa de Caorle, um oásis naturalista de rara beleza. 

Situada a poucos quilômetros da cidade, a lagoa é entremeada de pequenas ilhas. Segundo historiadores, a lagoa já era conhecida desde a pré-história e foi onde os primeiros habitantes de Caorle se estabeleceram.

 

Alimentada pelo rio Lemene, a laguna tem comunicação com o mar Adriático através do canal de Niceloso, que é a ligação com porto de Falconera. No bairro de Falconera encontram-se áreas de camping e também excelentes restaurantes de peixe.

Velhas cabanas dos pescadores na lagoa, chamadas "Casoni dei pescatori", ainda inspiram pintores em suas obras. Em alguns lugares pode-se encontrar esses artistas com seus cavaletes tentando capturar a atmosfera única com suas fotos. 

Ca'Corniani

Outro lugar magnífico, que pode ser facilmente alcançado de bike, é Ca'Corniani. Fundada em 1851, essa antiga fazenda era um terreno pantanoso que foi recuperado e agora é um grande centro multifuncional, onde existe uma rede de caminhadas. 

A fazenda pertenceu à família Corniani, que a adquiriu em 1600. A vila teve o seu esplendor máximo no início de 1900, quando existiam 32 quintas, 230.000 vinhas e 100.000 mil fruteiras e lenhosas. 

Museo Nazionale di Archeologia del Mare 

Outro lugar interessante é o Museo Nazionale di Archeologia del Mare. Situado na Via Strada Nuova, o museu é dividido em duas seções. Na primeira seção estão expostos achados significativos encontrados em Caorle e em sítios vizinhos, que datam da Idade do Bronze, séculos 12/13 a.C.) até a era moderna. 

Ânforas, vasos e moedas contam a história antiga de Caorle. No térreo o museu reconta o passado de Caorle, quando a cidade construía embarcações, inclusive as galeras de Veneza. Na exposição há artefatos pré-históricos, romanos e medievais, que foram descobertos em Caorle ou submersos no fundo do mar.

Há um vídeo filmado no fundo do mar de Caorle, onde um antigo navio romano afundou. Também é possível visitar as escavações arqueológicas da Concordia Sagittaria da época romana e o Museu Nacional da Concordia, porém em Portogruaro, que está mais distante.