29 dezembro 2011

Chieti, juntos por um mundo melhor





Chieti, também chamada Teatina na região de Abruzzo, é uma pequena cidade com uma grande história, cultura e arte. Fundada sobre uma colina, é uma das mais antigas cidades da Itália. Foi a capital do antigo povo Marrucini, uma tribo existente no século 3 a.C.






Segundo as lendas, Chieti teria sido fundada em 1181 a.C. por Aquiles, o grande heroi da Mitologia Grega, que teria chamado a cidade de Tétis em homenagem à sua mãe. Leia mais sobre Aquiles em meu blog Mitologia grega - Click aqui





Próxima ao Mar Adriático, Monte Maiella e Gran Sasso, a cidade é dividida em Chieti Alta e Chieti Scalo. À medida que se avança sobre a sinuosa estrada que leva até o topo da colina, descortina-se uma deslumbrante visão panorâmica de toda a região.



Praça Emanuele II



Palácio da Justiça


 

Igreja San Giustino





Interior da Igreja San Giustino


Chieti Alta é a parte mais antiga da cidade. A Praça Emanuele II no centro histórico é o ponto mais elevado e a principal praça de Chieti onde estão a Igreja de San Giustino, a Torre da Igreja, o Palácio da Justiça e o Palazzo Municipal. 





Porta principal da igreja e Porta Pescara

A cidade que no passado era cercada por uma muralha com grandes portas, permanece apenas com a Porta Pescara como testemunho da época.







Nas estreitas ruas do centro histórico, carros e pedestres convivem em um pequeno espaço onde há muitas lojas e outros inúmeros monumentos, tais como o Teatro Marrucino, a Igreja de San Domenico e o Museu de Arte Costantino Barbella.




Ipogeo, cidade subterrânea de Chieti

Do período romano restam poucas evidências como o Teatro Romano e antigas fontes de banhos termais. No Museu Arqueológico há valiosas esculturas e estátuas romanas do século 3 a.C.

Além dos restos da civilização romana, uma cidade inteira foi descoberta no subsolo logo abaixo do centro da atual Chieti. No tempo dos romanos foi criada uma complexa rede de reservatórios e túneis subterrâneos para garantir o abastecimento de água na cidade. 







Durante a 2a. Guerra Mundial Chieti não foi bombardeada, visto ter sido declarada uma cidade aberta como Roma. A cidade acolheu muitos refugiados das cidades e aldeias próximas e muitos utilizavam esses túneis subterrâneos como abrigo.





Chieti Scalo é a parte nova e mais comercial da cidade conhecida pelos inúmeros universitários que frequentam o campus da universidade e moram nessa parte da cidade. Descendo a colina até o vale, há inúmeros prédios elegantes de construções recentes.





Devido à sua posição na encosta, é uma das cidades da Itália onde há mais ventos. No inverno os ventos trazem a neve e o gelo, mas no verão os ventos amenizam o calor e na primavera trazem a brisa com os cheiros das flores.

Cidade de muitas festas e festivais, todos os anos durante o Natal acontecem na cidade a reconstrução da atmosfera pastoral. A atração principal é um poderoso farol que lança sua luz ao céu sendo visível de vários quilômetros. Essa luz simboliza a estrela de Belém que guiou os magos onde Jesus nasceu.







Em janeiro, durante a Festa de Santo Antonio, uma procissão percorre as estreitas ruas da cidade antiga encenando as tentações sofridas pelo santo. Por ocasião da Festa de San Giustino, vários eventos acontecem na praça e nos bairros da velha cidade, entre eles, a reconstrução histórica com desfile medieval, torneios, apresentações musicais e shows.





Na Festa de Sant'Anna uma pessoa veste um fantoche e durante a execução da dança da Pupa muitos fogos de artificios são queimados partindo do próprio fantoche. A coreografia da dança é realizada de forma a criar um show pirotécnico utilizando elementos cênicos de surpresa.

A Pupa é uma dança muito antiga que remonta aos antigos rituais pagãos de sacrifício humano, ligados às concepções mágico-religiosas que estavam relacionados a aplacar a ira dos deuses, afastar o mal e propiciar a fertilidade da terra. Sendo o fogo utilizado nos rituais de purificação, acredita-se que afasta as influências negativas e traga proteção à comunidade.






Mas é na Páscoa que as tradições de Chieti atraem milhares de turistas. A procissão da Sexta-Feira Santa é uma das mais antigas da Itália e rica em simbolismo. Percebida como uma manifestação cultural que faz parte das tradições da Italia, em breve se tornará um patrimônio do calendário mundial de eventos.

Esta tradição da Páscoa se tornou famosa devido à lenta procissão pelas ruas sinuosas da velha cidade onde objetos simbólicos e imagens desfilam pela cidade seguida por uma orquestra de 100 cantores do coro, violonistas e flaustistas. Faz parte da tradição os "incappucciati", homens com o rosto coberto por um capuz, um traje típico medieval.






A capa é um sinal de humildade e obscuridade, de modo que o rosto não é reconhecido ficando protegido pelo anonimato das boas obras e serve para anular a divisão de classes sociais criando harmonia entre ricos e pobres, educados e ignorantes.

Outro evento tem por objetivo a harmonia entre povos, é a Festa dei popoli que objetiva diminuir a intolerância, o racismo, a xenofobia e os choques entre culturas. O lema da festa é: Juntos por um mundo melhor...


23 dezembro 2011

Teramo, terra das "Virtudes"





Embora tenha construções modernas, Teramo é uma antiga cidade fundada na época pré-romana. Localizada na região de Abruzzo, em tempos antigos a cidade era conhecida como Interamnia que significa "entre rios". 




Situada na confruência dos rios Vezzole e Tordino, sua origem remota aos séculos 7 e 5 a.C. Os vestígios históricos indicam que a antiga povoação e o comércio foram iniciados pelos antigos etruscos e fenícios.




Túnel Gran Sasso: Devido à difícil comunicação com outros locais no passado, Teramo ficou em isolamento por muito tempo. Foi a construção do túnel de 10 km que passa por baixo do Gran Sasso que permitiu melhor acesso à cidade que tem muitos vales e também belas praias. 





Teramo permite estar numa área de montanha e de mar ao mesmo tempo. Situada entre as montanhas mais altas dos Apeninos e o Mar Adriático, pode-se aproveitar a praia ensolarada e logo chegar aos altos picos do Gran Sasso.





Piazza Martiri della Libertà: Localizada no centro histórico no eixo formado pelas principais vias de acesso, a Piazza Martiri della Libertà é o verdadeiro centro da vida da cidade. 




Fazem parte da praça o Palazzo Vescovile - palácio do bispo, o Palazzo Constantini e o Seminário. O Palazzo Constantini tem grandes alpendres chamados área para fumantes. É o mais antigo café da cidade. A praça é o point da noite onde acontecem diversos eventos culturais, musicais e esportivos.




Igrejas: Na cidade existem inúmeras igrejas, entre elas a Catedral de San Berardo construída em 1158 no lugar da antiga Aprutiensis Santa Maria que foi destruída por um incêndio. As diversas restaurações a tornou um monumento incomum. A atual catedral é o resultado da união de duas igrejas que compõe a praça.






A Igreja Madonna delle Grazie ou Nossa Senhora das Graças, construída fora da muralha da velha cidade, já passou por várias modificações,. Já foi totalmente demolida e reconstruída, mas sua importância se deve mais aos episódios ocorridos do que sua arquitetura. Contam que Teramo teria se libertado do duque de Andrea Acquaviva, quando suas tropas fugiram diante da visão brilhante da Virgem que apareceu vestida de branco.




Teatro romano: O teatro romano construído no início do século 2 e a Igreja de Teramo são vestígios da época antiga e símbolo de Teramo. O teatro, que tinha capacidade para 3.000 pessoas, depois da queda de Roma teve seus materiais de construção usados em outros projetos.

Os restos do teatro comprovam a majestade romana. O Anfiteatro romano era um local urbano, mas não se provou ainda que tenha sido local de martírio de cristãos. Acredita-se que tenha sido utilizado para proteger a cidade na Idade Média.





Bairros inteiramente novos estão surgindo em várias partes da cidade e subúrbios, que contrastam com as antigas construções.  O Delfico é um elegante prédio em 1552. Localizado no Corso San Giorgio, foi a residência privada da histórica família Delfico de Teramo. 







O Castello Della Monica nasceu das ideias de Gennaro Della Monica em 1889, após sua viagem a Torino quando ele admirou os castelos ali existente. Construído originalmente numa posição isolada entre as verdes colinas de San Venâncio, atualmente a urbanização envolveu o castelo. 





O antigo manicômio foi considerado o maior hospital psiquiátrico do centro sul da Itália. O prédio construído em 1323 teve uma equipe com os melhores médicos psiquiatras e Marco Levi Bianchini foi um dos mais talentosos do campo psiquiátrica italiana e aluno de Freud. 

A primeira Sociedade Psicanalítica da Itália foi fundada em Teramo em 1925 e na porta do hospital havia uma placa que dizia "Aqui estão os poucos, talvez nem mesmo os reais". 




Praias: Ao longo da costa existem as mais belas estâncias turísticas de Martinsicuro, Adriatica Alba, Tortoreto, Giulianova, Roseto degli Abruzzi, Pineto e Silvi Marina. Roseto é um lugar muito popular em toda a Itália e no mundo. Alguns a chamam de Lido delle Rose ou Praia das Rosas.





Alba Adriática tem o apelido de "Spiaggia d'argento" ou Praia de prata devido ao do alto padrão de qualidade de sua praia. O Lido de Giulianova é o refúgio de verão de muitos turistas europeus.  





Durante o ano há vários festivais em Teramo. Ao final de julho acontece a Sagra de presunto e queijo - o Casereccio - e uma encenação histórica chamada Trionfi. Em Setembro acontece o Magna Teramo, um festival de 3 dias dedicado à descoberta dos sabores e do prazer de comer bem.

O objetivo, além do aspecto cultural e turístico, é apresentar diversas tradições gastronômicas da Itália e principalmente da região de Abruzzo. Além de preservar as tradições locais de cada região, o festival propõe o resgate de antigas tradições além de divulgá-las.

Um dos exemplos, são as típicas iguarias de Teramo: Spaghetti alla chitarra, Mazzarelle, Scrippelle 'mbuse - crepes em caldo de galinha e Timballo, um prato de massa assada parecida com a lasanha.


Virtú di Teramo: 
Em 01 de maio é época de degustar em Teramo um prato muito especial, conhecido como "Virtù de Teramo". A iguaria que no passado era caseira, hoje é servida de forma primorosa em vários restaurantes sendo celebrada como um patrimônio cultural da cidade. A tradição das Virtudes Teramanas sobreviveu ao longo do tempo, um rito popular que visa a reflexão sobre o presente e o passado.

A sociedade rural que deu origem à tradição não existe mais, mas a mensagem continua válida. Na época em que as virtudes nasceram, era preciso fazer das necessidades, as virtudes. Na atualidade pode-se dizer que as virtudes se tornaram uma necessidade.

Virtudes, é um prato preparado pelas mulheres, uma iguaria complexa que exige muita habilidade na cozinha. Os ingredientes básicos são as sobras da dispensa depois do inverno: grãos, massas de vários tipos e as sobras de porco que as mulheres do passado sabiam reciclar. O prato une todas as sobras com verduras frescas da primavera.

Não existe uma receita única, prevalece apenas a habilidade de transformar uma longa lista de ingredientes e preparar um minestrone, uma sopa suculenta e equilibrada. Este prato tem um gosto de alquimia. De fato, o número 7 se repete insistentemente na receita. São 7 ervas frescas, 7 vegetais frescos, 7 primeiros frutos do jardim, 7 tipos de massas frescas, 7 massas secas e 7 especiarias. Em seguida, são 3 tipos de carne de porco, 3 ovos, 3 punhados de farinha além do queijo, pão e azeite.

É uma receita que mostra a necessidade da economia, da reutilização e da reciclagem dos alimentos. Também é um momento de compartilhamento e inclusão de toda a comunidade. Tradicionalmente as famílias ofereciam as Virtudes aos vizinhos e parentes; esquecer de alguém era motivo de desfeita.

As Virtudes nos ensinam que a comida é algo precioso e que o aproveitamento das sobras podem dar origem a resultados extraordinários. Também nos trazem de volta o significado social da comida, uma reciprocidade que em tempos de crise se torna um elemento econômico. A mensagem das Virtudes é evitar desperdiçar comida, lembrando que muitos outros passam fome pelo mundo...


22 dezembro 2011

Sulmona, a cidade dos confeitos





Situada na região de Abruzzo, Sulmona tem origem muito antiga que se perde nas lendas. Segundo contam, a cidade teria sido fundada por Solimo, o companheiro de Enéias que fugiu quando Tróia foi destruída de acordo com a mitologia grega. 




Os primeiros relatos de Sulmona datam da época romana, tendo a cidade surgido em 43 a.C. Assim como outras cidades do centro da Itália, Sulmona sofreu com as invasões bárbaras além de contínuas devastações e saques. Apenas com a chegada dos Suevi e Frederico II, Sulmona assumiu um papel político de importância no Império Svevo.



Antigas portas

Durante o governo do imperador Frederico II foi construído um aqueduto na cidade, uma das mais importantes construções de Abruzzo. Os históricos prédios indicam a existência de uma cidade considerável, entre eles estão os vestígios de um anfiteatro e de thermas, todos eles localizados fora dos portões da cidade moderna.







A cidade tem inúmeras portas, cada uma indicando a direção de uma cidade próxima. Porta Filiamabili, Porta Japasseri, Porta Bonomini e Porta Romana que indicava a saída para Roma. Era chamada de Pinciara porque dava acesso às olarias que fabricavam tijolos e telhas. Uma de suas curiosidades é uma inscrição latina que até hoje gera polêmica quanto à sua interpretação.





Uma de suas antigas entradas da época romana leva em direção a inúmeros palácios históricos, entre eles, Palazzo Tabassi, Palazzo Sanità, Palazzo Sardi e Palazzo Meliorati. 






A avenida principal da cidade liga a catedral e praças principais, sendo ladeada por elegantes galerias cobertas, lojas, cafés, palácios e igrejas. A Catedral de San Panfilo Catedral, padroeiro da cidade, foi construída em 1075. 





Ermitário de Sant'Onofrio

Incrustrado nas encostas da montanha perto de Sulmona, o Ermitário de Sant'Onofrio preserva a memória de Pedro Angelerio ou Pietro da Morrone, o monge eremita que ali viveu e se tornou papa em 1294. 

Sob o nome de Celestino V, foi o único papa demissionário da história considerado o Papa da grande rejeição e citado por Dante na Divina Comédia. O complexo é acessível através de um caminho íngreme a 620 metros de altura. 




Abadia Morronese


A Abadia de Morronese, um grande complexo religioso fundado por Celestino como uma capela em 1241, foi ampliado e transformado em convento. 





Cerca de 3 km da cidade, no sopé do Monte Morrone existem algumas ruínas de alvenaria reticulada, que tradicionalmente acredita-se seja a villa de Ovídio. Hoje são mais identificadas como o santuário de Hércules Curinus.





Piazza Garibaldi


A Piazza Garibaldi, conhecida como uma das maiores da Itália, tem ao centro uma fonte construída em 1823. Cercada por muitos prédios históricos como igrejas, monastérios, o aqueduto medieval e o Portal San Francesco della Scarpa. 





Ao fundo as montanhas do Majella e Morrone formam um cenário natural de rara beleza. Majella é chamada de mãe das montanhas de Abruzzo e seu nome deriva da deusa Maia.





Giostra Cavalleresca

Na praça acontece o mercado duas vezes por semana e também os principais eventos de Sulmona, um deles é o Palio, um festival em estilo medieval com corrida de cavalos conhecida como Giostra Cavalleresca.






O Torneio de Cavalaria Sulmonese, que ocorre entre o final de Julho e a primeira semana de Agosto, remonta a 1484 uma tradição da época dos Suevos. Ao contrário das disputas antigas, as Giostras atuais tem o espírito de competição saudável e reunião de diferentes culturas.





Madonna che Scappa

Outro evento é a cerimônia da Madonna che Scappa, que envolve a procissão da imagem na praça durante a Páscoa. Por volta do meio dia as pessoas se aglomeram na praça para assistir a encenação que se repete todo ano mas sempre se reveste de muita emoção devido ao seu simbolismo.

Uma das fraternidades leva as imagens de São Pedro e São João Evangelista até a Igreja e são recebidos pela Virgem Maria ainda vestida de luto depois da sexta-feira santa. Vestida de Preto, a Virgem sai da igreja e vai até a fonte da praça onde encontra o Cristo ressuscitado.

Nesse momento ela é libertada do manto negro e se torna vestida de verde brilhante. No final da corrida há fogos de artifício ao som da banda, o aplauso do povo e do abraço emocional de todos os membros das fraternidades. Este é o momento mais emocionante da Páscoa que revive a esperança.




Confetti

Famosas em Sulmona e uma das especialidades da confeitaria italiana conhecida como Confetti, são as amêndoas revestidas de açúcar e tradicionalmente usadas para presentear amigos e parentes em casamentos e ocasiões especiais. 





O príncipe William e Kate Middleton foram presenteados com os Confetti de Sulmona que serão servidos em seu casamento. Usadas também como decoração, existem duas principais fábricas da cidade e várias lojas vendem esses confeitos. Os artesãos locais criam flores e outros motivos decorativos com os confeitos.








Palermo, a jóia do mediterrâneo



Palermo é uma das cinco maiores cidades da Itália e o principal centro cultural, histórico e econômico da Sicília. Rica em sua história e cultura, muitos turistas são atraídos pelo seu ar mediterrâneo e sua famosa culinária. Disputada no passado por fenícios, árabes, normandos e espanhóis, a influência de todos desses povos são notáveis nos hábitos, na arquitetura e na culinária siciliana.

Com mais de 2700 anos de existência, a cidade foi fundada pelos fenícios e chamada pelos antigos gregos como Panormus. Foi parte da República Romana, do Império Romano e do Império Bizantino por mais de 1.000 anos. Esteve sob domínio árabe durante 200 anos. Tornou-se capital do reino da Sicilia e uniu-se ao reino de Nápoles para formar as duas sicilias até a unificação da Itália.







Os sicilianos são expansivos e se expressam de forma enfática, mostrando um forte sangue latino nas veias. Nas estreitissimas ruas antigas da cidade carros, lambretas, motos e pedestres disputam um espaço. Com muitos grafites nas paredes, os prédios antigos entram em contraste com as roupas secando no varal improvisado nas varandas dos apartamentos. Tudo isso faz parte da originalidade do povo siciliano: alegres, festeiros e muito religiosos.

Cidade de grande expressão religiosa, Santa Rosália, chamada de La Santuzza, é a padroeira de Palermo. Dizem que Santa Rosália pertencia a uma nobre família mas decidiu retirar-se para viver solitária no Monte Pellegrino onde morreu sozinha em 1166.

Segundo contam, quando Palermo foi atacada por uma terrível peste nos anos de 1600, Santa Rosalia teria aparecido para uma pessoa doente e teria dito que seus ossos que estavam numa caverna poderia salvar a cidade. Um caçador trouxe os restos mortais da Santa Rosália e imediatamente a peste cessou na cidade. Em vista disso, a cidade lhe rende homenagens sempre em 15 de julho.







Palermo tem uma das mais lindas igrejas da Itália. A Catedral de Palermo é um complexo arquitetônico caracterizado pelos diferentes estilos devido a um longo histórico de modificações e restaurações. Um pequeno furo em uma das cúpulas menores funciona como câmera Pinhole projetando a imagem do sol no chão ao meio-dia. Há uma linha no chão perorrendo precisamente de norte a sul.

As extremidades da linha marcam os solstícios de verão e inverno. Os signos do zodíaco mostram as datas ao longo do ano. A finalidade do instrumento foi para padronizar a medição do tempo e do calendário. A convenção na Sicília teria sido que o dia de 24 horas seria medido a partir do momento do nascer do sol. Também determinava quando ocorria o Equinócio Vernal e assim marcar a data correta para a Páscoa.







Palermo tem inúmeras igrejas, entre elas a Martorana construída sob a forma de um compacto quadrado, que foi sendo ampliada em diferentes épocas. As Igrejas de San Cataldo e Santa Maria dell'Ammiraglio, fazem parte da Piazza Bellini. A Igreja di San Giovanni degli Eremiti é notável por suas brilhantes cúpulas vermelhas que mostram claramente a persistência de influências árabes na Sicília. Desde sua reconstrução no século 12, foi enriquecida por um luxuoso jardim, sendo a parte mais preservada do antigo mosteiro. A Igreja de San Giuseppe, próxima ao Quattro Canti, é um dos exemplos do barroco siciliano e muitas outras.





Quattro Canti é uma pequena praça no cruzamento das principais vias antigas dividindo a cidade em seus bairros. Os edifícios no canto diagonal tem fachadas barrocas que torna o formato da praça quase octagonal. Cada canto tem uma fonte com estátuas das quatro estações, os quatro reis espanhóis da Sicília e das padroeiras de Palermo: Cristina, Ninfa, Olivia e Ágata. Foi um dos primeiros centros urbanos na Europa.

Cidade cheia de vida e de variedades, a proximidade da Sicília com a África trouxe muito para sua cultura. Isso fica evidente quando se vê muitas mulheres usando um tradicional vestido africano além da influência árabe muito presente na culinária e na cultura. Mas Palermo não perdeu seu modo italiano, onde o catolicismo e a hora da sesta são levadas a sério.









O descontraído estilo de vida do mediterâneo é algo fascinante. Com suas praias banhadas pelo mar Tirreno, cada praia de Palermo é diferente e tem um encanto especial. Algumas tem bares e restaurantes especialidades em mariscos, outras são semi isoladas.

De paisagem variada e colorida, Mondello é a praia mais importante. Perto da cidade, do Monte Pellegrino a 600 m de altura tem-se um belo panorama da cidade, suas montanhas e o mar. As cavernas nos penhascos do Monte Pellegrino foram habitadas em tempos neolíticos e possuem alguns desenhos nas paredes. No entanto, a história de Palermo só foi registrada 4.000 anos mais tarde.





Piazza Marina e seus arredores é uma das partes mais interessantes de Palermo. A área é conhecida como La Kalsa e era originalmente um bairro árabe. É o lugar de inúmeros palácios aristocráticos, igrejas e praças.

O Palazzo Steri, também conhecido como Palazzo Chiaramonte, é uma típica fortaleza muito comum entre as poderosas famílias medievais. Construído em 1307, além de ter testemunhado muitas lutas entre famílias locais e os soberanos, a Piazza Marina presenciou a execução de muitas pessoas durante a Inquisição que criou raízes em Palermo.









O Palazzo dei Normanni, um dos mais belos palácios italianos, provavelmente foi construído sobre uma fortaleza árabe onde está a famosa Capela Palatina. Uma galeria de arte funciona no Palazzo Abbatellis e a Piazza Magione, onde hoje é um parque gramado com árvores, foi uma área fortemente bombardeada durante a 2ª Guerra Mundial e seus prédios demolidos.

No Palazzo Ziza, do árabe Al-Azizah que significa o esplêndido, faz juz a seu nome. O interior do Zisa é muito mais que um ambiente finamente decorado e se assemelha ao palácio de um sultão onde hoje funciona o Museu islâmico. No século 12 o Ziza era o principal palácio de um parque real que incluia o Cuba e o Cubola.

O parque que se estende 1 km do Ziza ao Cuba era uma área aberta fora dos portões da cidade. Conhecido no passado como Paraiso terrestre, o parque foi iniciado em 1166 pelo rei William I que morreu sem conhecer o parque. Nesse parue havia muitos animais silvestres e era onde Bocaccio se inspirava. Viveiros com pássaros exóticos ficavam espalhados entre os jardins.

Riachos artificiais separavam as atrações em pequenas ilhas ligadas por pequenas pontes para que o rei e seus convidados não molhassem os pés enquanto passeavam. Até 1575 permaneceu intacto e era para onde as pessoas se refugiavam para respirar ar puro e fugir da peste que assolava a cidade.

O Palazzo Cuba é uma versão menos elaborada do Ziza. Cuba deriva do árabe Caaba referindo-se a uma estrutura de cubo ou quadrada. Foi construído em 1180 pelo rei William II para servir como uma espécie de palácio de verão e edifício principal dos jardins reais. O prédio não tem telhado e estudiosos acreditam que talvez tenha sido construído sem telhado para melhorar a ventilação. Esses magnificos castelos serviam de residência aos reis de Palermo.



Em Palermo há um tenebroso Museu da morte. As Catacumbas dos Capuchinhos de Palermo tem um dos museus mais originais do mundo onde estão guardados os restos mortais de 8.000 mortos, a maioria da elite de Palermo, do clero, da nobreza e outros. As catacumbas existem desde 1599 quando foi enterrado um monge com reputação de santo para ser orado e visitado, o irmão Silvestro de Gubbio. Com o crescimento, foi necessário ampliar sendo adpatado com um tipo de cripta sob a igreja do mosteiro.

Tendo se tornado uma tradição local, muitos deixavam instruções no seu testamento como gostariam de ser sepultados. As catacumbas dos Capuchos foi oficialmente fechada para sepultamentos em 1882 e somente pedidos excepcionais foram autorizados. No século 17 descobriu-se que a singularidade do solo e da atmosfera das catacumbas dos capuchos evitavam a decomposição dos corpos.

A parte mais famosa e emocionante das Catacumbas é a Capela de Santa Rosália. No centro da capela, em um caixão de vidro, está o corpo de Rosalia Lombardo que morreu aos 2 anos de pneumonia. Um reconhecido embalsador conseguiu uma fórmula que manteve em segredo e o corpo de Rosália foi mantido intacto. Recentemente uma equipe de especialistas teve acesso ao corpo e usando métodos científicos conseguiu determinar a formulação desenvolvida pelo médico Alfredo Salafia. A grande diferença dos métodos tradicionais é que ele adicionou aspirina.









O Teatro Massimo na Piazza Giuseppe Verdi marca a fronteira entre o centro da cidade velha e a parte moderna e comercial de Palermo. Fechado por mais de 25 anos aguardando restauração, nesse teatro já se apresentaram grandes nomes da música, como Pavarotti e Maria Calas. É o maior teatro da Itália e o terceiro maior da Europa.

A Piazza Ruggero Settimo com Piazza Castelnuovo é a praça mais importante em Palermo. As duas praças são chamadas de Praça Politeama em virtude do Teatro Politeama que faz parte da praça. Famosa também é a Praça Pretória, chamada de Praça da Vergonha, que foi construída em 1555. Composta de várias estátuas de ninfas nuas, sereias e sátiros, naquela época foi motivo de vergonha devido à nudez exposta nas estátuas.





Todos os anos durante o Festival Anual da Morgana - o festival internacional de Marionetas de Palermo - sicilianos e visitantes celebram uma arte tradicional que faz parte da cultura local com carrinhos pintados ou cannolli - o Opra dei Pupi - Teatro de Bonecos. Há muitos espectáculos de marionetas em torno de Palermo além do Museu de Marionetas. Leia mais sobre a Opra dei Pupi neste blog - click aqui.

Há muitos lugares para visitar em Palermo sendo impossível esgotar as opções. A cidade é toda monumental mas uma maneira de conhecer realmente a cidade é indo ao mercado da Piazza Ballarò, o mais antigo mercado dos mercados árabes de Palermo. Para os sicilianos cozinhar é uma arte e as raízes árabes do mercado ainda são evidentes. Palermo foi no passado uma das cidades mais esplêndidas do mundo muçulmano, superada apenas por Bagdá.



As especialidades culinárias da Sicilia levam a uma viagem no tempo e pela cultura de épocas passadas. É uma referência às influências de muitos povos, recebidas desde a pré-história. Gregos, normandos, bizantinos, árabes, romanos, todos deixaram uma contribuição e ajudaram a compor o jeito de viver dos sicilianos que, no geral, são muito ligados à família, adoram sol e comida.

Canela, noz-moscada, frutas cítricas, açafão, pimenta, damascos, tomate, muitos pescados e bons vinhos compõem uma parte da culinária siciliana. Palermo é a terra do famoso vinho doce Marsala, que já foi o vinho mais famoso da ilha. Feito com uvas brancas muito maduras e envelhecido em armazéns no porto de Marsala, tem uma intensa cor rubi. A pequena e rochosa ilha de Pantelleria, também chamada de ilha dos ventos, produz o conceituado Passito, um moscato típico feito com uvas Zibebo.





Tradicionalmente vendido pelos ambulantes apenas em Palermo, o Sfincione é tipo uma pizza mais alta e fofa, com molho de tomates, cebola e queijo tipicamente siciliano, o Caciocavallo. Outras iguarias famosas de Palermo são Caponata - um antipasto local feito de berinjela e outros ingredientes, o Aracine - um bolinho de arroz, o pane ca milza - um pão recheado com miúdos de vitela, além dos Panelle e Crocchè, dois tipos de pasteis para comer com pão e limão, algo muito comum em Palermo.

Outras delícias são a Cassata, o canollo - um tubo de massa frita com recheio doce e os lindos marzipãs, um doce de origem árabe preparado com amêndoas moídas, açúcar, clara de ovos que podem ser moldado em qualquer formato. Local de uma culinária muito genuína, muitos restaurantes pertencem às famílias que convertem o térreo de sua casas em uma loja ou bar. Quase sempre dirigida pelos avós e netos, há um jeito muito simpático de receber seus clientes.

A história de Palermo é uma das três maiores e mais antigas da Itália, junto com Roma e Nápoles. Viver na cidade parece um desafio embora os Palermitanos já estejam habituados com o racionamento de água potável que é fornecida apenas algumas horas do dia ou a cada 2 dias. A qualidade do ar registra níveis de poluentes maior do que qualquer grande cidade italiana apesar dos protestos da população. Algumas vezes o trânsito se torna caótico mas, apesar das inconveniências, Palermo continua a ser uma jóia do Mediterrâneo.