27 janeiro 2012

Orta San Giulio, serenidade e meditação





Orta San Giulio no Piemonte é considerada uma das mais belas aldeias da Itália e já serviu de cenário para muitos filmes. Charmosa e imutável ao longo do tempo, a cidade é um oásis de relaxamento e de contemplação da natureza. 

Situada entre a montanha e as margens do Lago Orta, a pequena vila tem cafés ao ar livre e muitos pontos turísticos que propiciam serenidade e meditação.








A Piazza Motta com vista para o lago marca o centro da cidade. Rodeada por pequenos prédios com afrescos e arcadas, o centro é caracterizado por pitorescas ruas estreitas. 

O Palazzo De Fortis Penotti, uma elegante propriedade particular construída em 1747, e antigas casas ladeam a subida pavimentada com pedras até a Igreja de Santa Maria Assunta construída em 1485.








O Palazzo da Comunidade da Riviera di San Giulio remonta a 1582 tendo um pórtico no piso térreo usado para o mercado. O prédio é uma mistura de clássico e rústico, com afrescos na fachada e as escadas irregulares culminam com um campanário. 

Há muitos afrescos nas fachadas dos prédios, dando uma caracterização artística à cidade que combina com os telhados de ardósia e as grades decoradas encontradas em várias casas.







No meio do lago a Ilha de San Giulio consiste em um prédio do antigo seminário construído em 1844 sobre as ruínas de um castelo. Atualmente o seminário é um convento beneditino de clausura de freiras do Mosteiro Mater Ecclesiae que fizeram votos de silêncio. Grades de ferro permitem vislumbrar os jardins e o modo de vida isolado na ilha.






Na ilha também está a Basílica de San Giulio, o mais importante monumento românico de Novara.
Diz a tradição cristã que no ano 390 os irmãos Giulio e Giuliano teriam vindo da ilha grega de Egina. 

Caminhando às margens do lago eles viram a pequena ilha no meio do lago que era habitada por dragões e serpentes. Não encontrando um barco para atravessar o lago, San Giulio espalhou seu manto sobre a água e atingiu a ilha, venceu os monstros e construiu a basilica. Por isso, a cidade é dedicada a San Giulio.







A via principal paralela à margem do lago cruza com algumas ruelas íngremes que levam à Montanha sagrada ou Sacro Monte di Orta, um complexo católico sobre o cume de uma colina sendo um dos nove Montes Sagrados do Piemonte e Lombardia, que são incluídos como Patrimônio da Humanidade.








O projeto original previa 36 capelas mas apenas 20 foram construídas de 1583 a 1788. A construção das capelas segue um itinerário em espiral tendo em seu interior afrescos e imagens que se distinguem pelo realismo das figuras. 

Com obras de alta qualidade dos mais conceituados pintores e escultores, a vegetação do caminho foi feita com critérios ornamentais para coincidir com a arquitetura.







O Sacro Monte di Orta é dedicado a São Francisco de Assis e cada uma das vinte capelas relembra episódios da vida do
santo. 






As cenas do interior das capelas tinham a intenção de ensinar aos camponeses analfabetos, que não conseguiam entender os sermões que ouviam na missa, as virtudes da religião através da vida de São Francisco de Assis.






O caminho termina na Igreja de San Nicolao, uma construção que foi remodelada no século 17 para se assemelhar à Basílica de Assis.


25 janeiro 2012

Arquipélago da Toscana, a sete pérolas do Tirreno



Diz a lenda que quando Vênus emergiu das águas do mar para abraçar o horizonte, sete pérolas se desprenderam do seu colar originando as sete ilhas no Mar Tirreno que formam o Arquipélado Toscano, o maior parque marinho da Europa.

Situadas na parte do Mar mediterrâneo que se estende ao longo da costa da Toscana, o paraíso natural tem mar cristalino com tons diferentes de azul que banham lindas praias e onde mergulham imponentes penhascos.

Constituído pelas  ilhas Elba, Giglio, Capraia, Giannutri, Montecristo, Gorgona e Pianosa, elas são chamadas de "Sete pérolas do Tirreno". Das sete ilhas apenas quatro permitem o turismo. As outras três, apesar de seus atrativos, são áreas protegidas ou reservadas, onde só são permitidas visitas guiadas e autorizadas.












Ilha Elba: É a maior ilha e o mais importante destino turístico do arquipélago. Muito rica em minerais como ferro, magnésio, pirita, hematita, quartzo, gesso, mármore e granito, a cor das praias da ilha segue a cor do mineral local por isso existem praias brancas, castanhas, verdes. Algumas são praias com areia fina, outras com pedrinhas redondas ou rochas de cores diferentes.





A ilha  é dividida em 8 aldeias: Portoferraio, Campo nell'Elba, Marciana, Marciana Marina,  Rio Marina, Rio nell'Elba, Porto Azzurro e Capoliveri. Há raras belezas escondidas, como as cidades medievais, antigas minas além das maravilhas do mar e da culinária baseada em sabores autênticos.






Portoferraio é a capital de Elba e se localiza na planície central da ilha, sendo também onde está o porto principal para os ferries. Abrigado dos ventos, o local de ancoragem na grande baía de Portoferraio não é visível do mar aberto.

A costa oeste de Elba é rochosa e inóspita, onde estão as cabanas de montanha. O farol Polveraia é facilmente reconhecido sendo o único ponto importante desta área. Ao norte, o porto de Marciana Marina é reconhecido por uma grande torre redonda na base de um cais, mas é Porto Azzurro que se evidencia como estância turística.






De origem muito antiga, muitos acontecimentos históricos ocorreram na ilha Elba. Conhecida pelos gregos, etruscos e cartagineses, a mitologia grega cita a ilha como um local onde Jasão e os Argonautas pararam durante sua busca ao velocino de ouro.

Mas foram os etruscos que descobriram e exploraram as riquezas das minas de Elba. Quando os romanos conquistaram a ilha, descobriram a utilidade das pedreiras de granito e dos banhos de lama curativa de San Giovanni.





Em seu breve exílio na Ilha de Elba, Napoleão Bonaparte se esforçou muito para melhorar as condições de urbanismo e implementar a melhor da produção de vinho. Hospedado na ilha por 10 meses em 1846, Napoleão tinha duas residências: a Villa dei Mulini ou Vila dos Moinhos, chamada assim devido aos moinhos existentes na parte velha de Portoferraio.

Havia ainda outra casa de campo situada na periferia, a Villa de San Martino. Embora a casa fosse pequena e modesta, dizem que Napoleão não queria sair da ilha devido ao seu fantástico vinho, o Alleático - Pasito de Elba. As uvas que crescem na margem do Mediterrâneo recolhem o sabor a mar e unido à vindima tardia, tornam o sabor do vinho sem igual.








Ilha Giglio: É a segunda maior ilha do arquipélago. Muito montanhosa, a pitoresca costa da ilha tem rochas e grandes penedos altos e aguçados. Entre eles formam-se diversas baias de areia em águas de cor verde-esmeralda, sendo o local preferido dos mergulhadores mas temido pelas embarcações.

Existem muitas rochas submersas que podem causar danos aos cascos dos navios. A costa da ilha, com 27 km de comprimento, é marcada por altos rochedos e falésias de onde se abrem diversas baías, como Arenella, Cannelle, Caldane e Campese.

A estância turística da ilha está concentrada em Campese, que é maior aldeia da ilha protegida pela Torre Medicea. O ponto mais alto é Poggio della Pagana, a quase 500 metros do nível do mar. Coberta pela vegetação mediterrânea que se alterna entre pinhais e vinhedos, das vinhas é produzido o vinho conhecido no local por Ansonaco.








Giglio foi habitada no passado pelos etruscos que exploraram as minas ferro. Conquistada pelos romanos, muitas colunas e partes nobres de edifícios da Roma antiga foram construídas com granitos trazidos de Giglio. Na ilha há ruínas de uma vila romana, uma vila medieval e o Castelo dos Sarracenos no alto de uma colina que são marcos do seu passado.

A Rocca Aldobrandesca, protegida por uma enorme muralha medieval com suas três torres, tinha a função de proteger a região dos ataques de piratas. Três portões de entrada para o castelo são feitas de granito maciço que dá acesso às casas multicoloridas em ruas muito estreitas.








Ilha Capraia: De origem vulcânica, a ilha tem costas altas nas baias de rara belezam mas não existem praias. Existe apenas um pequeno centro habitado, onde há um ar puro e um aroma inconfundível das ervas frescas do mediterrâneo.

O nome à ilha foi dado pelos romanos. Frequentada por banhistas e mergulhadores, o fascinante fundo do mar com muitos seres marinhos tem ainda muitas ruínas arqueológicas.

Conta a lenda que os ferozes sarracenos desembarcaram na ilha para esconder um rico tesouro saqueado nas águas do arquipélago. Porém eles nunca voltaram para retomar o tesouro e algumas moedas de ouro foram encontradas nas rochas despertando a cobiça de muitos aventureiros.








Ilha Giannutri: A pequena ilha, com um pouco mais de 2 km², tem o formato da letra C e apenas alguns habitantes. Com um bar, uma pizzaria e um minimercado, não existem hoteis e é proibido acampar na ilha, mas a proximidade com outras cidades a torna um lugar muito especial.

Sem praias e com muitas rochas, o local é protegido por leis que visam controlar o urbanismo para preservar o rico patrimônio natural onde o silêncio e a tranquilidade só são quebrados pelos murmúrios do mar.

O pequeno paraíso reserva surpresas para mergulhadores que podem apreciar destroços de navios naufragados em águas transparentes. No passado os romanos construíram um porto e as belas vilas patrícias.

Local de muitos golfinhos, corais e rosas do mar, a ilha também tem suas lendas. Dizem que a ilha é dominada por fantasmas. Com a morte de Gualtiero Adami que viveu por 40 anos em Giannutri, sua esposa enlouqueceu tornando-se uma criatura selvagem que, segundo a lenda, até hoje uiva sobre os penhascos nas noites de Lua Cheia.







Ilha Montecristo: Muitas pessoas já ouviram falar da Ilha de Montecristo, mas poucos conseguiram chegar até lá. A ilha poderia ter permanecido no anonimato se não fosse a visita de Alexandre Dumas que, encantado com suas belezas naturais, a descreveu em seu livro "O Conde de Montecristo".

Conhecida por gregos e romanos, conta-se que St. Mamiliano - bispo de Palermo se refugiou nessa ilha, onde matou um dragão e construiu um mosteiro. Há uma lenda sobre um tesouro escondido pelos monges, mas na verdade trata-se de peças sacras que já foram encontradas.

Por ser uma área protegida e reservada, não são permitidas visitas, nem pescar ou navegar em um raio de 3.000 milhas. Habitada por muitas cabras selvagens, provavelmente levadas para lá na época dos fenícios, os vorazes animais mudaram a paisagem das grandes rochas. Lá moram apenas dois guardas e suas famílias. As autorizações de visita à ilha são restritas a explorações científicas e estudos.








Ilha Gorgona: É a menor ilha do arquipélago toscano. Com um pouco mais de 2 km² é habitada apenas por antigos pescadores. Nela está instalada uma colônia penal reservada apenas para condenados de delitos menores, que funciona como um centro de reeducação social.

Os presos vivem em um cárcere aberto e se dedicam a aprender uma profissão, cuidam da horta, dos animais e da fermentação de vinho. Não são permitidas visitas à ilha exceto aos convidados dos habitantes, porém depende de uma autorização especial do Ministério da Justiça Italiano.

No verão pequenos grupos podem visitar a ilha acompanhados de um barco patrulha até Cala Scirocco e Cala Martina, locais cobertos de mata mediterrânea que servem de refúgio a coelhos selvagens, gaivotas e muitos pássaros.









Ilha Pianosa: Seu nome significa plana ou planície, tendo as mais bonitas baias e falésias de todo o arquipélago. Já tendo sido uma prisão de segurança máxima para criminosos perigosos, atualmente a ilha é uma área protegida onde só são permitidas visitas guiadas.

A ilha faz parte da história da Itália por ter sido o local onde o imperador Augusto baniu seu neto Agripa Póstumo para impedí-lo de herdar o trono, porque tinha preferência para ser sucedido por seu neto Tibério.

Algum tempo depois o imperador Augustus arrependeu-se e tinha intenção de buscar seu neto para pedir-lhe perdão. No entanto, Augustus morreu sem conseguir buscar Agripa na ilha e sem incluí-lo em seu testamento. Tibério assumiu o trono e ordenou a execução de Agripa.






07 janeiro 2012

Lecce, a capital do estilo barroco



 
Lecce é a principal cidade da península salentina, o "calcanhar da bota". Situada na região da Puglia, entre o Mar Jônico e o Mar Adriático, nas imediações de Lecce estão algumas das mais lindas praias do sul da Itália.
 
Cidade moderna, com amplas avenidas e conjunto de prédios de arquitetura arrojada que contrastam com os vestígios de antigas civilizações, Lecce é conhecida pela riqueza do seu estilo barroco presente em vários templos, monumentos e palácios no centro histórico. 
 







Origem de Lecce: Fundada há mais de 2000 anos pelos Messápios vindos da Grécia, Lecce foi ao longo dos anos parte do Império Romano, Bizantino, Normando e Espanhol. Diz uma lenda que ali existia uma cidade chamada Sybar antes da histórica Guerra de Troia.
 
De acordo com a Mitologia Grega, após a morte do Rei Minos de Creta alguns cretenses resolveram ir à Sicília para vingar a morte do seu rei, porém devido ao cerco da cidade alguns cretenses decidiram retornar a Creta. Leia mais sobre Mitologia Grega - Click aqui  
 
No meio da viagem eles foram surpreendidos por uma grande tempestade que destruiu seus barcos perto dos rochedos.  Sem poder retornar à Creta, eles nomearam a região de Messápia e fundaram as cidades de Hyria, Uzentum - atual Ugento, Brundisium - atual Brindisi e Rudiae - atual Lecce.
 




 
Praça Sant'Oronzo: Conquistada pelos romanos no século 3 a.C. passou a ser chamada Lupiae devido a ocupação dos Lapyge. Após a queda do Império Romano do ocidente, a cidade foi invadida por vários povos. Ainda pode ser vista uma parte de um anfiteatro romano com capacidade para 25.000 pessoas no centro histórico da cidade.
 
Na Praça de Sant'Oronzo está a imagem do santo e a antiga Capela de São Marcos. Segundo contam, em 1656 a população foi assolada por uma peste que causou 1.000 vítimas. O povo pediu a intervenção de Santo Oronzo, que libertou o povo da peste tendo sido por isso eleito o padroeiro da cidade.
 
 










 
 
Portais do Centro Histórico: O centro histórico é marcado pelos grandes portais de acesso à parte antiga cidade:
  • Porta Napoli com um arco do Triunfo construído em 1548 em honra de Carlos V.
  • Porta Rudiae que deve o seu nome à antiga cidade messápica que existia próxima a Lecce.
  • Porta San Biagio que foi dedicada ao bispo, que morreu decapitado pelos romanos por não renunciar à sua fé.


 

 
Igreja Grega: Quando os Normandos tomaram a cidade no século 11, Lecce se tornou uma das cidades mais importantes do sul da Itália. A Igreja de S.S. Niccolò e Cataldo, mais conhecida como igreja grega, é um exemplo da arquitetura Italo-Normana de 1180. As imagens dos santos foram adicionadas quase 600 anos depois. 
 
 
 
 
 
 
 
 

Estilo Barroco: Lecce possui um importante patrimônio artístico, graças a uma das grandes riquezas da cidade: a Pedra Lecce. Por ser muito macia, maleável e  adequada para esculturas, permitiu que a cidade tivesse inúmeras esculturas de querubins, flores, animais e outros adornos nos pórticos, palácios e nas inúmeras igrejas da cidade.
 













Basílica Santa Croce: Uma das mais bonitas é a Basílica de Santa Croce que foi construída em 1353 e demorou quase 350 anos para ser concluída. A fachada com uma rica decoração está ligada a um antigo convento, onde hoje funciona o Palácio do Governo.










 

Praça da Catedral: A praça é cercada pela Catedral, a Torre do Sino, o Palácio Episcopal e o antigo seminário que hoje é o Museu de Arte Sacra. A Catedral, que é uma das arquiteturas mais impressionantes de Itália, teve sua construção iniciada em 1144 e foi reconstruída quase 100 anos depois.
 
 
 
 
Tradições: O isolamento da região por muitos anos ajudou a preservar alguns antigos costumes influenciados principalmente pelos gregos, o que deu origem a tradições e lendas que permanecem vivas nas festas, na música, na dança e também no dialeto Griko ainda utilizado por algumas pessoas.
 
Terra de muita arte, tradição e cultura, Lecce também é a terra de muitos sabores. Criada por um mosaico de diferentes civilizações, a península salentina foi moldada e mudada pelos povos que ali residiram tornando-a uma terra fértil para o trigo, pomares e oliveiras.
 
Segundo a mitologia grega, Atena plantou a primeira oliveira que para os gregos era uma árvore sagrada. Foram os gregos que trouxeram as oliveiras para a Puglia, que se tornou a maior produtora do melhor azeite de oliva da Itália.
 
 
 
 
Culinária salentina: O grão e o azeite extravirgem são a base da alimentação conhecida Dieta mediterrânea, além de uma grande variedade de verduras e hortaliças, carnes e peixes.  
 
A cozinha tradicional salentina valoriza todos os recursos alimentares presentes em sua própria terra. Considerada por muito tempo uma cozinha pobre e simples, a grande criatividade capaz de surpreender os paladares mais exigentes tornou a culinária salentina reconhecida internacionalmente. 
 
A região da Puglia é um grande jardim perfumado, onde os vegetais têm cores e sabores únicos. Combinados com massa caseira, legumes, a boa carne e peixes frescos do mar, trazem sensações de paladar inesquecíveis.
 
 
 
 
 
Dois mares: Jônico e Adriático, os dois mares que banham essa região,  oferecem oportunidades incríveis para aqueles que gostam de estar em contato com a natureza, seja para praticar esportes, seja para ter a emoção de explorar o charmoso e misterioso ambiente do mar. 
 
As profundidades em alguns lugares de até 90 metros e as formas de vida que colonizam esta parte do mar, criam um fascinante jogo de cores.  Para aqueles que optam por se divertir permanecendo acima do nível da água, há muitos lugares para praticar windsurf ou kitesurf.
 
Há agências que organizam excursões e passeios de bike para quem quiser descobrir as maravilhas naturais da região. Muitas trilhas e fantásticas histórias relatam um modo de vida calmo e tranquilo longe do frenesi das grandes cidades.