29 setembro 2020

Benevento, terra do licor mágico do amor





No passado Benevento teve grande fama e esplendor, tendo sido conhecida como uma das cidades mais bonitas do sul da Itália. Porém ficou conhecida principalmente pela lenda das "Bruxas de Benevento".  

Segundo contam, quando a cidade foi invadida pelos lombardos o povo de Benevento foi obrigado a aceitar seus rituais pagãos. Daí surgiu a antiga crença da existência de bruxas que haviam se misturado aos ecos dos ritos misteriosos dos lombardos, fora dos muros da cidade e junto da nogueira sagrada. 

Winnili era um povo germânico ou escandinavo que usava barba longa. Como eles eram poucos e querendo parecer que eram muitos, eles mandaram que suas mulheres amarrassem os cabelos na frente do rosto como se fosse uma barba. E assim passaram a ser conhecidos como longobardos, chamados pelos italianos de lombardos. 

A partir de relatos muito imaginativos da saga fascinante que inspirou poetas e aterrorizou os beneventani, os lombardos foram sendo convertidos ao cristianismo. No entanto, os rumores dos eventos misteriosos continuaram. Conta-se que foram vistas muitas mulheres dançando freneticamente ao redor da árvore, criando a lenda de que todas as bruxas do mundo se reuniam em Benevento. 

Segundo relatam, elas eram conhecidas como Dianare ou Gianare e seu culto era centrado nas Deusas Diana, Hécate e Prosérpina. Elas celebravam seus rituais nas noites de Lua Cheia em volta da famosa nogueira de Benevento e, no dialeto da Campania, elas eram chamadas Janarra. Conta-se que até alguns séculos atrás, as bruxas costumavam dançar e cantar antes de decolar nas noites enevoadas de inverno.




Strega, o Licor do amor


Em 1860 Giusepe Alberti criou o Licor Strega ou Licor da Bruxa. Dizem que ele era portador de uma velha receita secreta que reúnia 50 tipos de ervas e especiarias de diversas partes do mundo como hortelã, canela, anis, pimenta jamaicana, mirra além do açafrão que dá ao licor a cor amarela. 

Até hoje a fórmula permanece em segredo e para alcançar fama ele resolveu associar ao seu licor o mito das bruxas de Benevento. Consumido puro ou usado em coquetéis, o licor também é apreciado como ingrediente para acompanhar sorvetes, saladas de frutas, doces e bolos. 

Esse típico licor italiano, doce e saboroso, é tão encantador quanto a lenda que o cerca. Chamado de Licor do Amor, diz uma lenda que quando duas pessoas apaixonadas bebem Strega juntas, elas permanecem unidas para sempre!...  



16 março 2020

Albino, uma pequena cidade tomada pelo medo do Coronavirus





Albino é uma pequena e tranquila cidade aos pés das montanhas da província de Bergamo, onde sempre pairou a tranquilidade. Situada no Valle Seriana, os turistas geralmente se hospedam nessa área na época do inverno. 

Também chamado Valle D'Oro devido ao seu grande comércio, muitos moradores trabalham na fábrica de tecido de Albino. A cidade é tranquila, porém essa tranquilidade deu lugar ao medo imposto pela pandemia provocada pelo Covid19.  








Desde que o primeiro italiano foi repatriado da China no princípio de fevereiro, a infecção causada pelo Coronavirus era considerada uma epidemia presente somente na cidade chinesa de Wuhan. 

O doente foi levado para Roma, cidade bem distante do norte da Itália, mas não tardou para que toda a Itália se colocar em estado de alerta, depois que outros casos foram aparecendo em Milão e nas cidades próximas.

Por precauções as pessoas foram aconselhadas a permanecerem em casa. Alguns que apresentaram sintomas da doença foram medicados e colocados em isolamento em casa. 






Esse foi o caso de Luigi Carrara de 86 anos e de sua esposa Severa Belotti de 82, que ficaram confinados em casa por oito dias sem acompanhamento médico. Infelizmente a situação se agravou e os dois foram levados a um hospital, vindo a falecer em 10 de março.

Ambos tiveram graves complicações respiratórias em decorrência do Covid-19. Luigi morreu às 8h00 e sua esposa faleceu às 11h00. Seu filho Lucca lamentou que eles tenham morrido sozinhos. 

Enquanto seus pais estiveram doentes, ele foi impedido de visita-los em casa e no hospital. Na verdade, ele também estava confinado em sua casa junto com sua esposa e seus dois filhos. Sem sequer poder dizer adeus aos seus entes queridos, abraçá-los e  tentar dar algum conforto, 

Lucca não sabe explicar aos filhos a veloz partida de seus avós. Essa é a face cruel desse vírus, que tem afetado e separado centenas de famílias na Itália, o país da Europa mais afetado pela pandemia que infectou mais de 12.000 pessoas, das quais mais de 1.000 faleceram até esse momento. (Fonte Jornal Corriere della Sera)



06 janeiro 2020

Napoli 1 Piazza Plebiscito





Napoli é uma das cidades mais fascinantes da Europa. Romântica, atraente e caótica, a cidade possui um extraordinário patrimônio artístico e cultural. Sua história, sua música e seus encantos naturais estão presentes em todos os recantos. A cidade nunca perde o esplendor presente em seus elegantes palácios, monumentos, amplas praças e inúmeras igrejas, que tornam a cidade num verdadeiro museu a céu aberto. 







Conhecer Napoli significa ouvir seu dialeto como uma cantiga, sentir o odor do mar que se espalha pelo ar e  o sabor do iodo transportado pelo vento juntamente com a magia desse lugar. É sentir o perfume do manjericão, do alho conservado nos balcões, dos tomates e da pizza napolitana, que é a melhor da Itália.






É preciso descrever Napoli mil vezes, pois são muitas as contradições. Napoli tem uma beleza genuína, pura, absoluta, total... Cantores, poetas, escritores e músicos, cada um em seu tempo tentaram definir Napoli através de suas composições, mas isso è algo quase que impossível.  Napoli se descreve por si própria, pois não è somente uma cidade; Napoli è um mundo a parte.

Napoli é o caos do transito, o rumor das motocicletas, o grito das crianças e dos vendedores que fazem de tudo para chamar atenção dos fregueses da feira. Napoli é uma frenesia diária de tudo e de nada. Napoli é um pouco italiana e um pouco estrangeira, uma mistura de muitos povos que ali estiveram.

Passear em Napoli significa passar por caminhos percorridos por grandes mestres da arte e da arquitetura, que transformaram a cidade numa verdadeira obra de arte que espelha o seu passado. Significa ser transportado pelos perfumes e ser abraçado pela aura napolitana, um modo de ser e de viver... E quem visita Napoli, um dia a descobre!...





Piazza del Plebiscito 

Principal praça de Napoli e cartão postal da cidade, a ampla Piazza del Plebiscito é margeada por imponentes construções. Local de importantes manifestações culturais e artísticas, é onde as crianças se divertem jogando bola. O nome dessa praça teve origem no plebiscito, que anexou a cidade de Napoli ao Ducado de Saboia em 1860.




Basílica San Francesco di Paola

Quem chega nessa praça logo tem seu olhar atraído pela Basílica San Francesco di Paola, que é uma versão napolitana do Panteão de Roma. Construída em 1817, a fachada curvada e as mais de 30 colunas formam um semicírculo ao redor da praça, emoldurando a maravilhosa basílica.




No interior da basílica há um maravilhoso altar em lápis lazuli, que foi construído em 1641. Imagens de vários santos e muitas pinturas complementam a decoração. Uma impressionante cúpula de 53 metros, com uma janela central, ilumina a igreja.




Palazzo reale

Do outro lado da praça está o Palazzo Reale, um dos quatro palácios que serviram de residência para os antigos reis de Nápoles entre 1730 e 1860. Construído no ano 1600, a fachada contém os brasões reais e 8 nichos externos ocupados por gigantescas esculturas.





As esculturas da fachada representam os 8 reis que governaram Nápoli, desde o século 12 até a unificação italiana: Ruggero il normanno, Federico II di Svevia, Carlo I d’Angiò, Alfonso V d’Aragona, Carlo V d’Asburgo, Carlo III di Spagna, Gioacchino Murat ed infine Vittorio Emanuele II di Saboia, que foi o primeiro rei da Itália unida. 






Após o Risorgimento o Palazzo Reale se tornou a residência em Napoli dos soberanos da Casa de Saboia. Decorado em 1888, por vontade do rei Umberto I e de sua esposa Margherita di Saboia, a entrada do palácio dá acesso ao Pátio de Honra, onde há uma bela fonte com a estátua da Fortuna, por isso é chamada Fontana della Fortuna.





No interior do Palazzo Reale, de um lado estão os jardins e do outro lado o Pátio das Carruagens e o Pátio do Belvedere. 

Interessante é caminhar pelas 29 salas e admirar os aposentos reais, assim como as luxuosas mobílias, esculturas, pinturas e a maravilhosa Biblioteca Nazionale Vittorio Emanuele III. 

Com 1.500.000 de obras literárias, além de manuscritos e outras obras, essa é uma das três maiores bibliotecas da Itália.






Curiosamente, de Napoli veio uma Imperatriz para o Brasil. Descendente do rei Carlos VII, Teresa Cristina de Bourbon casou-se por procuração em Nápoles com o Imperador D. Pedro II em 1843. 

Considerada como a mãe do povo brasileiro, a ela foram feitas inúmeras homenagens, tal como o nome das cidades brasileiras como Teresópolis, Teresina e outras.




Cappella Palatina 

Também chamada Cappella Reale dell'Assunta e situada junto ao complexo do Palazzo Reale, na Capela Palatina construída em 1643 há mobiliários antigos e outras peças que fazem parte da história de Napoli. Há também um presépio que contém quase 400 peças, tendo sido modeladas por artistas napolitanos entre os séculos 18 e 19. 




Monumentos equestres 

Os dois monumentos equestres, que se destacam na praça, são dedicados aos reis Carlo di Bourbon e seu filho Fernando di Bourbon que governaram Nápoles. Com apenas 18 anos de idade, em 10 de maio de 1734 Carlo di Bourbon entrou em triunfo pela velha porta Capuana montado num cavalo.





Família Bourbon
(quadro do Museu Capodimonte)  

Foi Carlo de Bourbon que deu início à construção de diversos palácios em Napoli e a um dos palácios mais luxuosos da Europa, o Palácio de Caserta. Também mandou construir o Palácio de Portici, o Teatro San Carlo e o Palácio de Capodimonte. Renovou o Palácio Real e mandou construir a Fábrica de Porcelana de Capodimonte.

Também criou a Academia Ercolanesi e o Museu Arqueológico Nacional de Napoli, que ainda funciona nos dias de hoje. Durante seu reinado ele estimulou as escavações arqueológicas, época em que as cidades romanas de Herculano (1738), Estábia e Pompeia (1748) foram redescobertas. Seu filho Fernando o sucedeu e governou Napoli em três períodos, entre 1759 e 1816.






Palazzo Salerno / 
Palazzo della Preffetura 

Em cada um dos lados da Piazza del Plebiscito encontram-se os palácios gêmeos, que surgiram em 1809 após a supressão de antigos mosteiros por ordem do rei Gioacchino Murat. 

De um lado está o Palazzo Salerno, que pertenceu entre 1825/1851 a Leopold J.J. Principe de Salerno, filho do rei Ferdinando I. Com a anexação de Napoli ao recém-formado Reino da Itália em 1860, o palácio tornou-se a sede do comando militar das províncias napolitana. O outro é o Palazzo della Prefettura.




Gran Caffè Gambrinus

No piso térreo da Prefeitura de Napoles encontra-se o histórico Gran Caffè Gambrinus, que é considerado um dos cafés mais encantadores e elegantes do mundo. Fundado em 1850, originalmente era chamado de "Gran Caffè".

Devido às suas várias aberturas, também foi conhecido como o "Café das Sete Portas". Por suas belas instalações passaram reis e rainhas, políticos e artistas famosos, tornando-se um ponto de encontro da aristocracia da cidade, graças ao trabalho de excelentes chefs de pastelaria e bartenders de toda a Europa.





Teatro San Carlo 

Junto ao Palazzo Reale encontra-se o Teatro San Carlo, que foi inaugurado em 1737 e inteiramente reconstruído após um incêndio em 1816. Na época era a maior casa de ópera do mundo, com capacidade para mais de 3000 pessoas.




O interior do teatro tem o formato de ferradura, mas sua aparência definitiva surgiu depois de várias reformas. 

Primeiro teatro lírico da Europa ainda em funcionamento e um dos mais belos do mundo, o teatro possui uma rica decoração em dourado e veludo vermelho. 

Decorado com temas clássicos, há uma ligação direta com o palácio real, mas a entrada oficial se dá pela Via San Carlo.





Galleria Umberto I 

Em frente ao Teatro San Carlo encontra-se a famosa Galleria Umberto I, que tem uma maravilhosa arquitetura. Em seu interior é impressionante o teto abobadado de vidro.  




Sustentado por 16 arcos de ferro, são maravilhosos os mosaicos com figuras do zodíaco que irradiam do ponto central da galeria. 





Nomeada na época da construção em 1891 em homenagem ao rei Umberto I, em seu interior há boutiques de grife, elegantes cafés, sorveterias e um frenético movimento.




Giardini del Molosiglio

Ao lado do Palazzo Reale encontra-se o Giardini del Molosiglio, uma grande área verde que foi construída em 1920 para embelezar a área costeira de Napoli. 

Seu nome deriva do termo espanhol Molosillo, que significa "pequeno cais". Dentro desse parque estão belas fontes monumentais, como a Fontana dei Papiri, Fontana das Conchas e a Fontana dei Leoni.