11 abril 2012

Parma, terra de sabores e muita cultura




Ao norte da Itália na região da Emilia Romagna, a histórica e elegante cidade de Parma com seus belos prédios medievais é sinônimo de arte, finos sabores e muita cultura. Em Parma está uma das universidades mais antigas do mundo, sendo também a terra onde nasceram os grandes maestros Giuseppe Verdi e Arturo Toscanini. 





Dividida em duas partes pelo Rio Parma que atravessa a cidade, as pontes lhe dão um charme todo especial. De um lado predomina o aspecto moderno, do outro lado predomina o Centro histórico onde é proibido de transitar de carro.

O lento caminhar se mistura a muitas bicicletas nessa cidade ampla, plana e tranquila. Além das maravilhosas praças, há muitos parques e jardins. O charme se completa com lojas elegantes, abundância de bons restaurantes e bares estilosos.





Há inúmeros palácios de interesse histórico, entre eles o Palazzo del Governatore que tem na fachada um nicho com a Virgem Maria e um relógio astronômico. Situado na Praça Garibaldi que homenageia Giuseppe Garibaldi, é o coração da cidade e um ponto de partida para conhecer Parma.

A história de Parma é marcada pelo destino de duas famílias: os Farneses e os Bourbons e pode ser narrada por seus monumentos. Ocupada pelos etruscos na antiguidade, na época do domínio grego Parma era chamada de Crisópolis ou Cidade do Ouro.

Seus tesouros eram guardados em Parma e também pela fertilidade de suas terras. Mas o crescimento da cidade foi realizado pelos romanos que fizeram de Parma uma famosa colônia. Após a queda do Império Romano, a cidade passou ao domínio bizantino.




Durante longo tempo a cidade foi invadida e destruída por diversos povos, até que foi concedida ao Papa Clemente VII.
Depois de sua morte, o Cardeal Alessandro Farnese foi eleito Papa sob o nome de Paulo III e assumiu o poder em Parma.

Durante o Ducado dos Farneses, que durou quase 2 séculos, Parma viveu seu maior esplendor. O último duque de Parma Antonio Farnese morreu em 1731 sem deixar descendentes e o ducado foi transmitido à sua sobrinha Isabel Farnese casada com Felipe de Bourbon.

Iniciava-se assim em Parma a dinastia dos Bourbons, família da qual descendeu Dom Pedro I que se tornou Imperador do Brasil. Filho de Carlota Joaquina de Bourbon que foi obrigada a casar-se com Dom João VI de Portugal aos 10 anos de idade, ela ainda foi obrigada a viver no Brasil, terra que ela detestava.

A dinastia dos Bourbons em Parma durou até 1859, época da unificação dos reinos da Itália, exceto durante os anos de 1816 a 1847 quando Maria Luisa, a esposa de Napoleão Bonaparte, se tornou duquesa de Parma. Amada pelo povo, Maria Luisa não acompanhou o marido em seu exílio e naqueles tempos foi considerada uma das melhores governantes de Parma.





No centro histórico, o Palazzo della Pilotta foi construído como residência dos Farneses que governaram Parma por quase 200 anos. É uma das construções mais emblemáticas de Parma encomendada pelo duque Ottavio Farnese em 1547. Constituído de um conjunto de prédios que foram sendo anexados ao longo do tempo, as obras se estenderam até 1611 e permaneceu inacabado.

O palácio foi remodelado em 1813 quando Filipe de Bourbon assumiu o ducado, época em que foram acrescentados outros prédios dando origem ao grande palácio existente até hoje. O curioso nome do palácio se origina do jogo basco que era praticado em um dos seus pátios.


A grande Praça da Paz ocupa o espaço deixado pelas partes do palácio que foram destruídas durante a Segunda Guerra Mundial. No palácio está o Museu Nacional de Arqueologia que foi criado por Filipe de Bourbon a conselho de seu irmão que comandava escavações em Pompéia e Herculano. O museu é considerado um dos mais importantes no norte da Itália. No local funciona também uma Galeria de Artes e a Biblioteca Palatina.





No primeiro andar do palácio há um hall que originalmente era destinado à sala de armas, tendo sido adaptado e transformado no Teatro Farnese que em sua época era o maior do mundo. Construído em tempo recorde, foram utilizados materiais leves como madeira e pinturas em gesso a pedido de Ranuccio Farnese I.

Ele queria celebrar com pompa a visita de Cosimo Medici II, Grão duque da Toscana.
Era um evento de grande importância política para Ranuccio, que teve a oportunidade de fortalecer seus laços com a família Medici firmando um contrato de casamento entre as duas famílias ducais. Porém Ranuccio não sobreviveu para ver a inauguração do teatro, que aconteceu em 1628 com um espetáculo alegórico por ocasião do casamento entre Margherita Medici e o duque Edoardo Farnese.

Dada a complexidade de cenários e seu elevado custo, o teatro foi usado apenas algumas vezes em casamentos ou importantes visitas. Com capacidade para 3.000 pessoas e um local de honra reservado aos duques, o teatro caiu em decadência após 1732 e ainda foi atingido por bombardeios em 1944 durante a segunda guerra mundial. Reconstruído de acordo com o projeto original, os níveis do auditório para o palco são ligados por dois arcos triunfais pintados e decorados, sobre os quais se destacam as estátuas equestres em gesso de Alessandro Farnese e Ottavio Farnese.




O Parco Ducale foi construído sob a ordem do duque Ottavio Farnese como símbolo de poder ducal. Em meados do século 16 o Duque comprou as terras nas imediações do palácio e encomendou um jardim inspirado nas vilas romanas.




Com o fim do ducado, a casa dos Farneses caiu em decadência e abandono. O palácio foi recuperado em 1769 para celebrar o casamento do duque Ferdinando de Bourbon, novas modificações foram feitas e após a unificação da Itália tornou-se uma área pública arborizada.





Outro parque arborizado, que hoje muita gente utiliza para caminhadas ou para praticar esportes, é chamado Cittadella. A fortaleza em forma de um pentágono com muralhas, era cercada por fossos com água no passado.



A construção da estrutura maciça foi concluída em 1599 e usada durante séculos pelos Duques de Parma apenas como quartel, uma prisão para delitos políticos e local de tortura. O pórtico da entrada em mármore tem o símbolo das armas dos Farneses.





A Piazza del Duomo é a maior expressão artística de Parma com a Catedral, o Batistério e o Palácio do Bispo. A Catedral de Parma é uma verdadeira obra-prima arquitetônica da Idade Média e uma das maiores da Itália. 

Emblema da cidade, a construção foi concluída no século 12 tendo uma cúpula octogonal, algo incomum para sua época. O interior da catedral é repleto de afrescos de Parmigianino e belas esculturas decoram a fachada principal, o campanário e o Batistério.




Parmigianino é o apelido que Girolamo Mazzola ganhou devido ao seu tamanho e pouca idade. Nascido em Parma em 1503 e proveniente de uma família com tradição artística, ainda muito jovem mostrou um prodígio capaz de realizar obras delicadas.

Sua primeira obra prima foi feita aos 16 anos e aos 20 já era um pintor renomado. Sua pintura se tornou monumental ao longo do tempo, com muitos aspectos misteriosos e em algumas há um simbolismo que refletem sua paixão pela alquimia.




O Batistério reúne arquitetura e escultura, sendo uma das maiores expressões da arte medieval italiana. Sua construção octognal foi iniciada no final do século 12 em mármore rosa e cor creme tendo uma série de painéis esculpidos com formas de animais reais e imaginários que eram símbolos da vida e da natureza na época medieval. 

O interior do batistério tem esculturas e pinturas até o teto, destacando-se as representações das estações do ano e dos signos zodiacais. Com 6 andares, é um dos prédios medievais mais elegantes do mundo.





Um esplêndido exemplo da arquitetura renascentista em Parma é a Igreja de Santa Maria della Steccata cuja construção durou 6 anos e foi concluída 1527. 

Decorada com afrescos pintados por renomados artistas, na cripta da igreja repousam os restos mortais de príncipes, duques e de vários membros da família Farnese.

Entre eles se destacam Alessandro Farnese, Ranuccio e Ranuccio II Farnese, Francesco Farnese e também de Filipe de Bourbon. Existem ainda inúmeras igrejas menores mas igualmente extraordinárias em sua decoração.





As construções medievais demonstram a preocupação que os nobres tinham em proteger sua família, seus súditos e propriedades. Em Parma, as antigas muralhas da cidade tinham cinco portas de entrada, sendo que algumas ainda são parcialmente visíveis.

A Porta San Francesco, também chamada Barriera Bixio, era de onde saiam os pelegrinos que iam a Roma. A Porta Santa Croce para quem ia em direção a Piacenza e ainda a Porta San Michele. As muralhas foram retiradas para permitir a expansão da cidade, restando uma parte. A Porta San Barnabé foi retirada e a Porta Nuova que contradizendo seu nome é a mais antiga da cidade.





Assim como ocorre em várias cidades da Itália, em setembro é realizado o Palio de Parma ou Corsa della Scarlatto, um resgate das tradições medievais da cidade que teve origem em 1314. Naquela data, quando foi anunciado o noivado de Ghilberto Correggio - filho do senhor de Parma e Magdalena Rossi - filha do senhor de Pádua, foi permitido também que todos os exilados retornassem à cidade. O casamento terminou as rivalidades entre a família Correggio e Rossi, que aspiravam o poder e viviam em constantes conflitos.




Com desfiles em trajes medievais ao ritmo da marcha dos tambores, os Sbandieratori fazem emocionantes coreografias trocando bandeiras em sincronia. Há representação de músicos e antigos ofícios, vislumbre da vida medieval, além de danças medievais, malabaristas e simulação de lutas de espadas. Nas competições, o objetivo é conquistar o Palio, um precioso standart dado aos vencedores. Cada equipe representa uma das cinco antigas portas da cidade, com as suas respectivas cores e símbolos.





Construído em 1829 o Teatro Regio, originalmente conhecido como Teatro Ducale, foi uma das principais obras do ducado e está associado ao compositor de óperas Giuseppe Verdi e ao maestro Arturo Toscanini, ambos nascidos na província de Parma. É um dos teatros mais belos da arquitetura italiana e mais célebre por suas tradições musicais onde se apresentou Paganini.




Verdi nasceu em 1813 nas proximidades de Parma, tornando-se um dos compositores italianos mais influentes e mais famosos do século 19. Nenhum outro compositor de ópera italiana conseguiu ser tão popular quanto Verdi. Suas composições se imortalizaram nas óperas: La donna è mobile em Rigoletto, Va pensiero - o Coro dos Escravos Hebreus em Nabucco, Libiamo ne' lieti calici - a canção da bebida em La Traviata e a Grande Marcha em Aida.

Embora suas obras tenham alcançado sucesso, sua vida pessoal foi um fracasso. Seus filhos morreram precocemente com um pouco mais de 1 ano de idade e logo depois sua esposa faleceu. Algum tempo depois, ele se casou com uma cantora de ópera e compôs inúmeras outras óperas tendo sido os melhores anos de sua vida.

Porém Verdi se apaixonou por Teresa Stolz, mulher de seu amigo, tendo escrito a ópera Aida inspirado em seu amor proibido. Dizia-se que eles mantiveram um secreto romance até o falecimento da esposa de Verdi, quando enfim aos 84 anos conseguiu viver junto com Teresa. Porém foi uma curta felicidade. Em janeiro de 1901 Verdi faleceu, legando à humanidade as mais belas composições de todos os tempos.





Famosa por sua culinária, os produtos de Parma são destacados pela alta qualidade sendo o queijo parmesão, presunto crú, salames, cogumelos secos e vinho considerados um dos melhores do mundo.

A vocação gourmet de Parma, terra de sabores por excelência, provém de antigas tradições. Conta-se que Verdi era um amante da boa comida e que a sua cozinha na Vila de Sant'Agata era uma forja fumegante de aromas e sabores inesquecíveis para convidados e familiares.

Paraíso gastronômico, pode ser considerada a capital do sabor e da boa mesa cujas tradições são recontadas nos museus de alimentos. São quatro museus nas imediações de Parma que retratam a tradição de preparo além de utensílios e estranhos objetos antigos.







O Museu del Pomodoro em Colecchio, também chamado "Oro rosso" ou Ouro vermelho, é dedicado ao tomate, produto imprescindível na culinária italiana.







O Museu do Salame em Felino mostra todo o processo de preparação do salaminho que é feito há mais de dois séculos. O salame de Parma ou salame italiano representa uma das formas mais antigas de conservar a carne.





O Museu do Parmigiano em Soragna é dedicado ao queijo parmesão. Reverenciado como um dos melhores queijos do mundo, o Parmigiano-Reggiano é considerado o Rei dos Queijos devido ao seu sabor marcante. 




Evidências históricas revelam que desde os anos 1200 o Parmigiano de Parma já tinha a mesma aparência e sabor. As tradições das receitas são passadas de pai para filho, usando os mesmos ingredientes típicos e genuínos.







O Museu do Prosciutto di Parma em Langhirano conta a história do presunto de Parma. É o mais nobre produto da antiga arte de conservar as carnes, resultado de receitas familiares transmitidas através das gerações. Produzido há mais de 2.000 anos, o legítimo presunto de Parma exala um aroma irresistível.





Além de ser a terra do melhor presunto do mundo, Langhirano tem interessantes lendas e uma delas está relacionada o Castelo de Torrechiara erguido no alto de uma colina em 1448. 

Conta-se que o Conde Pier Maria Rossi casou-se aos 15 anos por interesses de família. Quando atingiu a maioridade, ele apaixonou-se pela esposa de outro nobre e para viver o romance proibido, o conde ergueu o magnífico Castelo de Torrechiara.

Com uma rica decoração em seu interior, o quarto dos amantes foi denominado como Camera d'oro ou quarto de ouro. Decorado com afrescos em ouro, as iniciais do casal entrelaçadas foram colocadas sobre a inscrição: "Nunc et Semper" que significa Agora e para Sempre...


11 comentários:

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  4. Opá, Amei a matéria, foi linkar com o meu blog se não importar. :D Abraços e até breve. Ah caso queira visite meu blog ronimagnos.com, vou falar um pouquinho de Parma.

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  5. Vale a pena visitar e as imagens são elucidativas...vivi lá 2 meses que foram muito queridos para mim. Parma é linda e depois...toda a sua história riquíssima...,o Presunto, o Culatelo e todos os enchidos, os queijos, a comida! As paisagens, enfim, adorei.

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