29 outubro 2019

Napoli 13 Insólitas atrações de Napoli






Napoli é uma cidade cheia de magia, esoterismo e mistérios. No entanto, esses segredos não estão escondidos em lugares distantes e inacessíveis; eles são uma parte integrante da cidade. 

Facilmente descobertos por aqueles que tem um olho treinado para ver detalhes, explorar alguns desses lugares significa encontrar os segredos fascinantes, surpreendentes e estranhos da cidade. 

Em Napoli o purgatório é um espaço físico. Andando pelas ruelas não é incomum se deparar com pequenas cavernas das almas do purgatório. É preciso procurar cuidadosamente para conseguir ver as escavações nas paredes de tufo ou altares microscópicos. 

As almas do Purgatório são feitas como figurinhas de barro, com metade do dorso envolto em chamas purificantes. As almas são representadas com alguns detalhes que dizem sobre o ofício ou o trabalho que tinham em vida.





"Capuzzella"

Na idade média, além do inferno e do paraíso, o purgatório surgiu como um lugar de remissão de pecados. Para os napolitanos não foi difícil assimilar essa nova verdade. Diz a tradição que os fiéis deviam escolher uma "capuzzella" ou crânio para cuidar, colocando-o em um lenço branco, talvez acrescentando em torno de um rosário.

Andando ao longo da Via Benedeto Croce é impossível não notar a presença de crânios e fêmures em bronze. Ao ser salva, a alma retribuiria a benevolência cumprindo as demandas daqueles que a ajudaram. 

Ainda hoje as pessoas fazem pedidos para resolver pequenos problemas da vida diária, mas também para ganhar na loteria. Se nada acontecer, a capuzzella é levada de volta ao ossuário, onde se adota outra capuzzella...





Igreja del Purgatorio ad Arco

Quem quiser ter uma visão mais profunda da cultura napolitana, não pode deixar de conhecer os lugares de muitos mistérios e lendas de Napoli. Um desses lugares é a Igreja Santa Maria delle Anime Purgatorio ad Arco, um lugar onde o sagrado e profano se unem e onde é possível conhecer um pouco da ligação dos napolitanos com o culto das almas do purgatório. 

Situada na Via dei Tribunali, essa igreja é um dos símbolos da “Napoli nascosta”. Construída em 1616 por um grupo de nobres que anos antes tinham fundado a Congregação de Purgatório ad Arco, a instituição foi criada para ajudar os pobres, doentes e mulheres em dificuldades econômicas e sociais.






A adição do termo “ad Arco” ao nome da igreja indica que ela foi construída perto de uma torre medieval com um grande arco, que foi demolido no início do século 16. 

Em 1980 um terremoto levou ao fechamento da igreja e seu cemitério subterrâneo. Após um grande trabalho de restauração, a igreja foi reaberta em 1992.

A congregação tinha o objetivo de realizar missas diárias para as almas do purgatório. Na parte esquerda do altar está o monumento fúnebre de um dos criadores da igreja, Giulio Mastrillo. 

Diz uma lenda Giulio decidiu construir o complexo do Purgatório depois de ter sido atacado por bandidos, mas salvo por um grupo de almas por ele invocadas naquele momento.






Algo que pode parecer bizarro para muitas pessoas, é o fato de haver junto com as decorações tradicionais crânios humanos e elementos que simbolizam a fugacidade da vida e a chegada a qualquer momento da morte.

No portão de entrada da igreja há dois crânios e dois ossos de bronze cruzados, uma espécie de marca registrada que é repetida na esplêndida fachada barroca e que nos dá a ideia de que algo sinistro e macabro nos espera lá dentro. É justamente esse ar macabro da Igreja do Purgatorio ad Arco de Nápoles que a transformou em uma espécie de atração turística.

Na igreja são realizadas normalmente missas, como em qualquer outro templo católico, mas a parte subterrânea é o lugar que chama mais a atenção. Lá encontram-se túmulos cavados no chão, bem como umas espécies de nichos de madeira com ossos e muitos ex-votos, flores, velas, objetos que testemunham o culto dos defuntos, ao qual os napolitanos ainda hoje estão muito ligados.





Culto delle Anime Pezzentelle

Napoli sempre teve uma relação muito peculiar com a morte e quando a gente visita a cidade dá para notar isso simplesmente observando alguns detalhes nas igrejas e até mesmo nas ruas, como os pequenos altares decorado com um crânio. E se você observar bem, em pequenos buracos nas paredes vai encontrar um crânio pequeno escondido lá no fundo. 

Eu acredito que a cidade tenha se deparado tantas vezes com a morte, seja através de guerras, terremotos, erupções vulcânicas e pestes, que acabou aceitando-a como parte da vida. 

O culto do Purgatório se difundiu em Napoli no início do século 17, por ocasião da Contrarreforma da Igreja Católica que propôs como uma das principais práticas religiosas, estabelecer através dos votos uma ligação litúrgica entre os vivos e os mortos.






Antigamente o hipogeu da igreja era considerado um lugar privilegiado, destinado à comunicação com as almas do purgatório. Apesar desse culto aos mortos nunca ter sido  aceito ou reconhecido pela Igreja Católica, não impediu que a população continuasse a pedir graças às almas.

Para alguns napolitanos, as almas dos mortos influem poderosamente sobre os vivos e são vistas como entidades espirituais do bem, que devem ser honradas, respeitadas e às quais se deve recorrer para obter verdadeiras graças.

Os ossos, mais especificamente o crânio, representam o meio material para estabelecer um contato com o espírito. A alma Pezzentella é aquela a qual se pede uma graça. 

Não é de um parente ou de um amigo falecido, mas uma alma anônima ou abandonada, que é adotada. Por isso as pessoas cuidavam dos nichos, pintando, decorando e colocando azulejos.






Entre todos túmulos e ossos, destaca-se em particular um crânio coberto por um véu de noiva, colocado sobre uma almofada branca e ao qual foi atribuído o nome de Lucia. Ao redor do crânio foi criado praticamente um altar, lugar que nos faz entender o quanto os napolitanos estão ligados a essa tradição de devoção aos mortos.






Muitas pessoas vão ao nicho/altar de Lucia pedir a cura de uma doença ou de um coração partido. De fato, na base do altar se encontram várias flores de plástico, fotografias, terços e objetos pessoais. 

Uma das histórias mais contadas diz que Lucia era uma menina que morreu aos 16 anos de idade. Filha única do príncipe de Ruffano, ela casou contra a própria vontade.

Pouco tempo depois ela contraiu cólera e morreu em 1789. Visto a triste história de amor da moça, as solteironas começaram a pedir um marido à alma de Lucia. Por isso o crânio é coberto por um véu de noiva. Durante as últimas restaurações da igreja foi encontrado um vestido de noiva, certamente proveniente da promessa de alguém para Lucia.





Cimitero delle Fontanelle

Aliás, Napoli é a única cidade no mundo onde um cemitério é visitado como atração turística. Localizado no Rione Sanità, um dos bairros pleno de história e tradição, no passado existiam muitas fontes nesse lugar, que deu origem ao nome: Cemitério delle Fontanelle ou Cemitério das fontes.

O Cimitero delle Fontanelle, um ex-ossario que se estende por mais de 3000 metros quadrados, contém um numero impreciso de sepulturas. Escavado na rocha, sua particularidade não se encontra em nenhum outro lugar. Em cada canto há uma lenda, uma anedota ou curiosidade.

Ligado à história e aos infortúnios do povo napolitano, o Fontanelle teve início no século 16. Antes os mortos eram sepultados nas igrejas, porém devido à falta de espaço as antigas ossadas foram transferidas para as pedreiras junto às fontes.






Quando a peste que assolou os napolitanos em 1654, doentes mortos eram levados para serem enterrados em grandes valas cavadas do lado de fora dos muros da cidade. Devido à falta de uma sepultura digna, a população passou a edificar igrejas nos cemitérios, onde centenas de cadáveres eram empilhados.

Através dos anos o Cimitero delle Fontanelle se tornou o local central para os mortos. Por muito tempo o cemitério permaneceu abandonado, até que em 1872 Dom Gaetano Barbati resolveu colocar em ordem o ossário, que pode ser visitado.





Catacumbas de San Gaudioso

Também no Rione Sanità encontram-se as Catacumbas de San Gaudioso, que são as segundas maiores de Napoli. A entrada é feita através Basílica de Santa Maria della Sanità, na Piazza Sanità.



  



As catacumbas foram estendidas após o enterro do bispo norte-africano Gaudioso depositado no local no ano 451 e incluem tanto elementos cristãos como elementos primitivos do século 17.






De um lado, a intensidade dos primeiros elementos cristãos, como o túmulo de São Gaudioso e os afrescos e mosaicos dos séculos 5/6. Do outro lado, as sepulturas especiais reservadas aos nobres, datadas do século 17. 

Os valiosos afrescos e mosaicos das catacumbas de San Gaudioso apresentam muitos símbolos amplamente utilizados no início da era cristã, como o peixe, o cordeiro e as uvas com ramos.

Devido às numerosas transformações nas catacumbas, que ficaram abandonadas por muito tempo, é difícil determinar com certeza a extensão e o número das câmaras. Uma parte delas foram preenchidas para a construção da basílica. 

Durante o século 17 esse local era destinado apenas às sepulturas de aristocratas, nobres e do clero, cujos túmulos eram criados seguindo um procedimento especial.

Os crânios eram colocados em exposição nas paredes, enquanto o resto do corpo era pintado com afrescos, geralmente com roupas e instrumentos profissionais que representavam o status social do falecido. 

Uma curiosidade é que, o pintor dos afrescos deixou escrito que se recusava a ser sepultado nesse local. O ator Antonio Curtis, vulgo Totó, se inspirou nas catacumbas para escrever seu livro "A Livella".





Catacombe de San Gennaro

Na subida para Capodimonte, ao lado da basílica da Incoronata, encontram-se as Catacumbas de San Gennaro, que se estendem por mais de 5.000 metros quadrados. Extremamente ampla, praticamente é uma cidade subterrânea escavada na colina de Capodimonte.

Apenas uma parte está aberta aos visitantes, que sempre são acompanhados por uma guia. Diz a literatura oficial que, de acordo com as leis gregas e romanas, era proibido enterrar os mortos dentro das muralhas da cidade, razão pela qual as catacumbas teriam começado a ser escavadas na colina de Capodimonte , que era desabitada.






O antigo cemitério foi desenvolvido ao redor das sepulturas de uma rica família romana por volta do século II e foi se desenvolvendo ao longo dos séculos. Após o sepultamento de San Gennaro, todas as pessoas desejavam ser sepultadas junto da tumba do santo.

Esse é um dos fatores que contribuíram para que as catacumbas se tornassem tão grandes. Hoje há cerca de 3000 tumbas, mas calcula-se que existam muito mais, pois ainda há muita coisa para escavar. Ao longo dos séculos os corpos foram transferidos para os cemitérios e por isso as tumbas estão vazias.






As diversas câmaras interligadas e distribuídas por dois níveis foram construídas abaixo do solo. Acredita-se que em algum tempo o nível superior das catacumbas tenha sido um privilégio apenas para as famílias mais abastadas.

Essas catacumbas tem grande valor histórico, mas também artístico devido aos afrescos e mosaicos encontrados em algumas tumbas, que serviam tanto para decorar a tumba, quanto para identificar a idade, a classe social e a profissão das pessoas enterradas ali. O ambiente escuro e frio é iluminado por luzes discretas para não eliminar o misticismo dos corredores subterrâneos.





Basílica de San Pietro in Aram

A morte em Napoli é uma coisa séria, mas nunca definitiva e os lugares dessa devoção além do Cimitero delle fontanelle e da Igreja de Santa Maria das almas do Purgatório in Arco, mas também na Basílica de San Pietro in Aram, que guarda uma história antiga e misteriosa.

De acordo com a tradição, a Igreja de San Pietro in Aram preserva os restos mortais de Santa Candida, cujo crânio se tornou o objeto de veneração. O crânio encontra-se em um pequeno nicho ao lado do altar da quarta capela da igreja. Construída em 1650, a cripta com arte paleocristã está localizada abaixo da igreja.





Complesso Monastico Santa Maria La Nova
ARCA - Museo de arte religiosa contemporânea

Porém algo mais sinistro encontra-se junto à monumental Igreja Santa Maria La Nova. Situada nas imediações da Piazza Bovio, na verdade essa igreja é um mosteiro franciscano que existe desde o século 13.

Em 1268, quando o rei Carlo I d''Anjou decidiu construir o Castel Nuovo no local da antiga igreja, ele cedeu para os frades outro local para construir uma nova igreja. Assim a nova igreja, que antes era chamada Santa Maria ad Palatium, mudou seu nome para Santa Maria La Nova.






Construída em 1279 em estilo gótico e reconstruída após danos provocados por um terremoto e uma explosão, hoje a igreja tem em seu interior uma bela decoração feita com painéis que datam de 1600, além de muitos afrescos e pinturas de artistas famosos.

A igreja faz parte de um complexo monástico, no qual existe um espaço destinado ao ARCA - Museo de arte religiosa contemporânea. Chamado de Claustro San Francesco, parte dos afrescos que representavam as cenas da vida do santo se perderam.





Mausoléu de Drácula em Napoli

No claustro menor, conhecido como Claustro San Giacomo, ainda pode-se ver um ciclo de afrescos onde encontram-se vários mausoléus. Em um desses mausoléus estudiosos da Universidade da Estonia afirmam estar os restos mortais do Lord Vlad III de Valacchia falecido em 1476.

Sabe-se que o Lord Vlad III desapareceu na batalha enquanto lutava contra os turcos, porém há uma teoria de que teria sido enterrado no mausoléu do Claustro de Santa Maria La Nova. Se esse fato é uma lenda, ainda não se sabe, porém há pesquisadores que dizem que os relevos esculpidos no mausoléu que reforçam a teoria.






O Lord Vlad III de Valacchia pertencia à Ordem do dragão, por isso tinha o alcunha de Drácula que significa "filho do dragão". No citado mausoléu há uma escultura em mármore onde aparecem os dragões. Ainda que tudo isso seja apenas uma lenda, há quem afirme que os restos mortais de Drácula estão no mausoléu do Claustro em Napoli...






Porém Vlad III, também conhecido Vlad Tepes ou Drácula não era um vampiro. mas sim um guerreiro que tinha como missão defender o catolicismo e o império contra os muçulmanos, turcos e otomanos. Dotado de muita coragem, Drácula também era conhecido por sua crueldade extrema com seus inimigos políticos e militares.

Sem piedade, ao capturar os seus inimigos ele pessoalmente os empalava e os deixava morrer até perderem a última gota de sangue.  Enquanto suas vítimas sofriam, ele brincava e se divertia. Conta-se que por ter matado 100.000 pessoas, ficou conhecido como um "vampiro com sede de sangue". Em 1476, durante um combate Drácula foi capturado e morto, mas seu corpo nunca foi encontrado...












27 outubro 2019

Napoli 27 Parco Nazionale del Vesuvio




Em qualquer lugar que você estiver em Napoli, o Vesúvio estará sempre à vista. Imponente, grandioso e localizado a 9 km do centro da cidade, quem gosta de curtir a natureza e queira realizar um passeio diferente, com certeza irá se encantar com as belezas do Parco Nazionale del Vesuvio. 

O caminho para chegar ao topo do Monte Vesúvio é feito em duas etapas: a primeira é feita através de ônibus ou carro, porém a segunda etapa deve ser feita através de uma caminhada que exige um pouco de esforço físico. 






A distância a ser percorrida a partir da entrada do parque até a cratera é de aproximadamente 800 metros, no entanto, ainda que o trecho seja curto, o caminho inclinado com pedras e areia pode se tornar escorregadio. Quem preferir pode se apoiar nos corrimãos de madeira, que oferecem mais segurança. 

Às vezes pode surgir uma nuvem, algo bem comum a uma altitude de 1.281 metros acima no nível do mar. Em dias mais quentes, logo as nuvens se vão e cedem lugar para uma vista maravilhosa de todo o golfo. Paredões cobertos com vegetação emolduram o cenário, deixando o visual ainda mais incrível.






Chegar até a boca de um vulcão pode parecer loucura, mas é impossível descrever a sensação de estar diante de uma cratera de 600 metros de diâmetro e 300 metros de profundidade. Por estar ainda em atividade é possível ver as fumacinhas saindo entre as rochas e sentir o cheiro de enxofre pelo ar. 

Porém não é preciso ter medo, pois o vulcão é monitorado durante 24 horas por dia pelo Observatório Vesuviano, que registra qualquer possibilidade de atividade sísmica. Mesmo sendo considerado o vulcão mais perigoso do mundo, em seu entorno vivem mais de 3 milhões de pessoas.  






O Vesúvio é o único vulcão na Europa continental a ter entrado em erupção nos últimos 100 anos. A última erupção ocorreu em 1944, tendo ocorrido outras vezes no mesmo século, como em 1929 e 1906. 

Através dos tempos, muitas outras erupções foram registradas, mas nenhuma foi tão violenta como a erupção que ocorreu em 24 de agosto do ano 79, surpreendendo uma população estimada em quase 20.000 habitantes, que não sabia que aquela montanha era um vulcão ativo. A explosão do Vesúvio foi tão violenta que pode ser observada inclusive em Roma a 200 km de Pompéia. 




 

Pompéia 

Pompéia era uma cidade culta, calma e próspera, onde a produção de uvas e lã garantiam o sustento das pessoas. Nos templos as pessoas prestavam homenagem aos deuses greco-romanos Apolo, Júpiter, Vênus e à deusa egípcia Ísis. 

De repente uma enorme explosão assustou a cidade, que jamais poderia supor que numa erupção as pedras incandescentes pudessem cair sobre a cidade como balas de pequenos canhões, numa distância de 25 km. Os que sobreviveram à queda das pedras morreram asfixiados pelo gás tóxico lançado pelo Vesúvio e, após três dias, Pompeia, Ercolano e Stabia estavam soterradas. 






As pessoas que conseguiram sobreviver escapando por embarcações, quando retornaram nada mais encontraram. Após ter sumido do mapa, Pompéia permaneceu enterrada até o século 18. 

Quase 1700 anos depois, escavações revelaram objetos de arte, pinturas e mosaicos espalhados por mais de 1 milhão de metros cúbicos de construção, afrescos, mosaicos, grafites nas ruas, templos, tabernas, teatro, mansões etc.






Escavações revelaram posteriormente as termas e um sistema hidráulico para transportar a água por toda a cidade, através de aqueduto do rio Abellinum. Seus vestígios revelam como era a vida na cidade naquele tempo, com as ruas de pedra que até hoje conservam as marcas das carruagens romanas. 

A rara característica do fato de ter sido encoberta somente por cinzas, e não por lava, mostra uma impressionante cidade conservada. De fato os corpos encontrados petrificados, ainda nas mesmas posições da época, constituem-se uma visão mórbida e triste e registram até mesmo a expressão facial de horror e surpresa. 






As pinturas e afrescos mantiveram-se praticamente com a mesma vivacidade de suas cores originais e, excetuando-se as madeiras que se queimaram, todas as alvenarias e pedras das construções permaneceram intactas. 

Segundo narrou um historiador da época, Plínio o Jovem que assistiu à erupção a distância, era possível ouvir o lamento das mulheres, o choro das crianças e o grito dos homens.






A cidade que pertenceu ao berço da moderna civilização ocidental - as cidades romanas, tem uma fascinante similaridade com as metrópoles atuais: ruas pavimentadas e planejamento urbano projetado para prover uma cidade extremamente organizada. 

As ruas desembocam sempre num templo e ainda são visíveis os sinais vermelhos pintados nas paredes que anunciavam a próxima luta de gladiadores e slogans políticos para a próxima eleição que jamais se realizou, como também os murais de mulheres nuas no bordel "Vico del Lupanare".






As ruínas dão a visão de vilas, fontes, templos, edifícios públicos e uma grandiosidade que assinalam a fartura que Pompéia vivia, com casas e mansões luxuosas que possuíam átrios ajardinados, iluminação natural, ventilação e ótimas instalações. 

Os templos para os deuses romanos conviviam com os bordéis. Desenhos obscenos de posições sexuais serviam de opção para o cliente apontar e pedir determinado serviço. Havia um clube chamado Terma, onde os habitantes reuniam-se à noite sob lâmpadas a óleo.






Das construções monumentais tem destaque um anfiteatro com capacidade para 5.000 pessoas, além de banhos e banheiros públicos, mercado, opções de lazer e salões de jogos. Os boêmios frequentavam as tavernas que se prolongavam por uma rua através de um balcão. 

Entretanto, durante o domínio dos romanos, em vez de teatros e musicais dos tempos dos gregos, eles preferiam as lutas sanguinárias dos gladiadores que gozavam de popularidade semelhante à dos astros do esporte dos tempos atuais e tinham até torcida organizada.








26 outubro 2019

Napoli 12 Museus científicos



MUSA - Museu Universitário delle Scienze e Arti 

Entre os museus existentes junto ao Museu Arqueológico, destacam-se os museus científicos, entre os quais o MUSA - Museu Universitário delle Scienze e Arti que oferece uma verdadeira viagem no mundo da anatomia. 

Muito interessante para quem se interessa por medicina ou tenha curiosidades a respeito do corpo humano, nesse museu existem algumas peças muito especiais. 

Enriquecido com alguns crânios encontrados durante as escavações arqueológicas de Pompeia, como as famosas cabeças das Valquíria, há também informações sobre técnicas de enterro, como o Footballs usado durante as epidemias do século 19. 

Instalado no Complesso di Santa Patrizia, do qual faz parte a Università degli Studi della Campania Luigi Vanvitelli, embora seja um museu fascinante não é recomendável para crianças ou pessoas muito sensíveis, já que algumas peças da exposição tratam de mal formações e outras anomalias. Destaca-se uma pequena mesa feita com órgãos do corpo humano.





MAS - Museu Storia da Medicina / Farmacia 
Ospedale degli incurabile 

Outro museu interessante é o histórico hospital fundado em 1521 pela nobre catalã Maria Lorenza longo, que teria sido vítima de uma doença que a paralisou, por isso o hospital é dedicado ao doente incurável. 

Chamado anteriormente de Ospedale degli incurabile e destinado a ajudar os pobres e doentes, desde 2010 se tornou o MAS - Museu Storia da medicina, onde estão documentos, mobiliário, esculturas e instrumentos hospitalares, além da farmácia, a Igreja do povo e o Jardim Medici.






Ainda em funcionamento o hospital possui uma ampla biblioteca e quatro salas de exposições, mas também preserva algumas lendas e histórias macabras. 

Conta-se que na época de sua fundação a cidade foi atingida pela peste e outras doenças infecciosas, por isso muitas ordens religiosas e membros da nobreza napolitana tentaram dar conforto e ajuda à população. Isso explica o grande número de conventos e hospitais. 

Graças a muitas doações, durante o século 17 o complexo foi ampliado e dividido em dois salões, um laboratório e uma sala de recepção. As paredes dos quartos são cobertas por armários de nogueira e os pisos são de azulejos em majolica e terracota. 

Cada seção tem prateleiras contendo vasos policromados, originalmente datados de 1747-48 retratando cenas bíblicas. Esses vasos perfeitamente preservados contêm pomadas, xaropes e outros remédios.






O teto da farmácia é decorado com afrescos representando cenas da guerra de Tróia. O pátio possui duas fontes históricas, as escadarias monumentais e o "poço louco", um poço onde as pessoas em um estado de agitação eram abaixadas para acalmá-las. 

Por muitos séculos, a medicina foi considerada uma bruxaria, com muitos remédios obscuros e rituais sinistros. A farmácia ainda contém algum mistério na arquitetura, como as figuras escondidas e símbolos em mármore nas decorações das portas, arquitraves e colunas.






Acredita-se que sejam símbolos maçônicos. O Museu da história da medicina e da saúde documenta o desenvolvimento e as descobertas da medicina ao longo dos séculos. Na verdade, ele mostra como eram avançados os remédios em Nápoles no século 16 em comparação com o resto do mundo na época.

Na exposição existem muitos instrumentos e artefatos cirúrgicos raros, como uma farmácia portátil do século 18, garrafas de alimentação e um dos elencos mais detalhados do corpo humano, datado de 1730-40. Esse modelo foi usado por estudantes de medicina e mostra perfeitamente as veias, os ossos e os músculos.






Também interessante são as máscaras que os médicos usavam para atender aos pacientes atingidos pela praga que assolou a população em 1656. Considerada castigo divino, a Peste Negra foi uma das maiores epidemias que assolou a humanidade. Iniciada na China em 1330, a epidemia se alastrou pela Europa, matando 25 milhões de pessoas. 

Na época da grande epidemia, com receio da contaminação muitos médicos fugiram e deixaram os doentes a cargo dos frades e freiras. Ao levarem os doentes para serem tratados nos conventos, a doença vitimou centenas de religiosos.





Museu de Paleontologia 

Para quem se interessar, há também o Museo di Paleontologia. Localizado  no Largo San Marcellino, junto ao Mosteiro dei Santi Marcellino e Festo construído entre 1567 e 1595, é considerado um dos lugares mais bonitos da arquitetura de clausura.

Nos corredores do museu você pode ver os pisos de valor extraordinário. Parte do atual patrimônio paleontológico remonta ao início de 1800, destacando-se a Sala dos Dinossauros. Uma bomba incendiária lançada durante a Segunda Guerra Mundial destruiu parte de uma importante coleção de peixes.





Museu de Antropologia

A um quarteirão adiante, na Via Mezzocanone encontra-se o Real Museu de Antropologia. Criado em 1881 pela Universidade de Nápoles e aberto ao público pela primeira vez em 1994, as salas de exposições estão localizadas no histórico Colégio Massimo dei Jesuítas. 

As coleções do museu documentam paleobiologia e a pré-história dos povos do sul da Itália, mas também há coleções arqueológicas pré-históricas de todas as partes do mundo. Herança inestimável são os esqueletos humanos epipaleolíticos datados de 11000-12.000 anos atrás. Há também esqueletos de mamíferos e alguns instrumentos muito antigos.





Museu Zoológico

Também localizado no primeiro andar do Collegio Massimo dei Gesuiti, o Museu Zoológico em seus dois séculos de história reflete cultura naturalista. Entre os espécimes do maior interesse histórico e científico estão: a pomba da Ilha Norfolk agora extinta e a coleção de macacos sul-americanos. Há também coleções composta por mais de 30.000 espécimes de moluscos, crustáceos e peixes.





Museo Mineralogico

O Real Museo Mineralogico tem sede na prestigiosa Biblioteca del Collegio Massimo dei Gesuiti. Instituído por Ferdinando IV di Bourbon em 1801, o que o distingue de outros museus é que desde a sua criação se dedica exclusivamente ao fascinante mundo dos minerais. 

As 25.000 exposições são divididas em várias coleções, sendo composta por minerais de muitos lugares no mundo, algumas de beleza e grandeza raras. Alguns cristais tem formas perfeitas, entre eles se destaca um par de cristais de quartzo ialino de Madagascar de 482 kg, doados por Carlos III de Bourbon em 1740.





Museo di Fisica

Instituído oficialmente no ano 2000, o Museu de Física hoje ocupa o antigo refeitório do Collegio Massimo dei Gesuiti. Localizado na Via Mezzocannone, há instrumentos de várias épocas.