21 setembro 2021

Lu e Cuccaro Monferrato

 



Cada cidade tem sua própria beleza, mas as pequenas e encantadoras Comunas Lu e Cuccaro Monferrato seduzem os turistas ainda na estrada. 

O destino do passeio é o próprio itinerário, tanto pela paisagem de ervas aromáticas, como pelas vistas que oferece sobre os Alpes e os Apeninos. 




Campo de Lavanda

Passando pelas colinas, o caminho feito por uma sucessão de subidas e descidas passa por pomares de vinhas, avelãs e pelos aromáticos campos de lavanda, que desabrocham entre a primavera e o início do verão, fazem lembrar paisagens provençais. 




Colheita de Lavanda

Esse é um momento mágico, quando a plena floração transforma a paisagem do Monferrato numa obra de arte. O corte das lavandas geralmente é feito ao final de julho, época em que pode-se visitar as empresas que processam as flores para produzir perfumes e produtos de beleza. 




Big Bench 98 de Lu

Sob esse olhar surgiram as Big bench ou Bancos Gigantes, que estão espalhados por todo o Monferrato. Fruto de uma ideia de Chris Bangle e sua esposa Catherine, eles foram projetados para apoiar o turismo em algumas comunidades do norte da Itália. 

Em Lu encontra-se a Big Bench 98, em azul e amarelo. A partir desse banco gigante os turistas podem contemplar as paisagens típicas da região, mas também sentir a sensação de ser uma criança novamente. 




Big Bench nº 99 de Cuccaro

Em uma colina nos arredores de Cuccaro está o banco gigante nº 99, de onde pode-se apreciar a paisagem em 360 graus. 

O banco com 3 a 4 metros de altura tem uma pequena escada ao lado que permite a subida até o assento e representa um modo de partilhar espaço entre familiares e amigos. 

Nos primeiros dias de verão, o morro toma uma cor púrpura e o Big Bench só poderia, portanto, ser de um lilás romântico. 




Vista de Cuccaro

Distantes apenas 3 km uma da outra, Lu e Cuccaro são aldeias típicas do Baixo Monferrato. Empoleiradas no topo de uma colina, suas lindas paisagens despertam todos os sentidos, fazendo com que muitos turistas se interessem em conhecer essas vilas mais de perto. 




Igreja Madonna della Neve

Cuccaro é uma aldeia tranquila, onde parece que o tempo parou. Com cerca de 300 habitantes, durante a semana as ruas quase sempre estão desertas, seja porque estão na lavoura ou porque estão em casa, de onde exalam saborosos aromas de diversas iguarias. O ponto mais alto da aldeia é marcado pela igreja dedicada à Madonna della Neve.




 Igreja Assunzione della Vergine

Na praça da Igreja Assunzione della Vergine também encontra-se o Museu Cristovão Colombo. Cuccaro ostenta as origens da família de Cristóvão Colombo, portanto esqueça o que consta em vários livros que dizem ter ele nascido em Gênova. 




Museu dedicado a Cristóvão Colombo

Isso é o que revela o museu dedicado a Cristóvão Colombo, onde é recontada a história do grande almirante que, navegando praticamente cego, desembarcou pela primeira vez nas Américas pensando que tivesse chegado até as Índias. 

Documentos, achados e testemunhos realizados pela Associazione Studi Colombiani Monferrini, atestam a presença da nobre família feudal nessa região, inclusive indicam a Casa de Colombo em Cuccaro. 

Não se tem a data de nascimento do famoso navegante, mas há respostas fascinantes sobre Cristóvão Colombo e sua tripulação, que marcaram definitivamente o início de uma nova era.




Vista de Lu

As estreitas ruelas de Lu são uma festa para os olhos. Entre igrejas antigas que emergem de um recanto e edifícios históricos que se vão revelando aos poucos, assim se dá a subida que leva ao centro de Lu, cujo nome tem diferentes explicações. 

Basta chegar ao topo da torre, de onde se tem uma vista de 360​​° das suaves colinas de Monferrato, para confirmar o que no passado os romanos diziam: "Esse é um bosque sagrado"...

Para os romanos, Lucus significava bosque sagrado, tendo se tornado o nome latino de vários lugares antigos durante o Império Romano. Mas a essa pequena comunidade deram o nome apenas de Lu, que passou a se chamar Lu e Cuccaro Monferrato após a fusão das pequenas vilas em 2019.




Pomares de Lu

Há também outra hipótese para o nome da cidade. Dizem alguns que na verdade a aldeia teria sido nomeada como LV, ou seja, Legio Quinta, a 55ª milha de César que parou em Monferrato, que posteriormente teria se transformado em LU. 

A planície preserva muitos vestígios de uma povoação romana, onde diversas escavações trouxeram à luz a vastidão do sítio arqueológico. Segundo estudos, a presença de povoamentos humanos ao longo do vale do riacho Grana datam da época romana, entre os séculos 2aC e V dC. 

Após o colapso do Império Romano, toda a área de Monferrato foi atingida pelos ataques dos bárbaros, fazendo com que a população local se transferisse para a colina mais alta da região, onde nasceu a Corte e o Castelo de Lu. 




Torre Cívica de Lu

Na época de Frederico I, mais conhecido como Barbarossa ou Barba Vermelha, foi construído o Castelo de Lu. Localizado na parte mais alta da cidade, embora tenha sido considerado inexpugnável, o castelo foi destruído em meados do século 16. Da construção restaram somente a torre e a concêntrica do antigo castelo, hoje ladeada pela estreita Via Luigi Onetti que leva até o topo da cidade. 

Sabe-se que essa torre estava localizada junto ao antigo castelo, que foi destruído pelos franceses em 1556. Em seu interior havia uma pequena igreja que guardava os restos mortais de San Valerio, mártir e padroeiro da cidade de Lu, que hoje encontram-se numa cripta na Igreja de Santa Maria Nuova. 




Torre Cívica de Lu

Desse local há maravilhosa vista panorâmica de Monferrato. Devido à sua posição estratégica, Lu se tornou bastante cobiçada ao longo dos séculos. Em diversas ocasiões conflitos e guerras de sucessão acabaram levando toda a região de Monferrato à miséria. 

Felizmente em 1708 Amedeo II de Sabóia conquistou todo o território de Monferrato. A partir disso, a história da comuna de Lu se fundiu com a da nobre família Saboia, dinastia que prevaleceu sobre parte da França e norte da Itália  por quase 1.000 anos.

 



Igreja dedicada a San Giacomo

No século 13 foram construídos em torno do castelo a Câmara Municipal e diversas igrejas. Aliás, a religiosidade é uma característica marcante da cidade, que apesar de ser pequena possui inúmeras igrejas. 

Devido a essa religiosidade, muitas mães tinham o desejo de que um de seus filhos se tornasse um sacerdote ou que uma de suas filhas se comprometesse com o serviço do Senhor.

Movidas por esse desejo, em 1881 as mães começaram a se reunir todas as terças-feiras para rezar pelas vocações. E eis que desta pequena cidade 323 jovens decidiram se dedicar à vida religiosa.




Pintura de Guala "Os cânones de Lu"

De cada família dois ou três irmãos se tornaram religiosos, porém ficaram mais conhecidos os nove filhos da família Rinaldi, da qual sete filhos se tornaram sacerdotes e duas filhas decidiram se tornar missionárias Salesianas. 

Um deles foi Filippo Rinaldi, eleito terceiro sucessor de Dom Bosco. Beatificado pelo Papa João Paulo II em 1990, seus restos mortais estão na cripta da Basílica de Maria Auxiliadora em Torino. No Museu de Arte Sacra de San Giacomo encontra-se a famosa pintura de Guala, "Os cânones de Lu", uma das obras-primas do século 18. 




Fachada da Igreja de San Giacomo

Junto ao museu está a igreja dedicada a San Giacomo. Construída nas imediações das muralhas do castelo no início do século 13, sua atual arquitetura é resultado de uma reestruturação, que lhe deu a bela fachada em estilo barroco e interior em tons de verde e rosa. A parte posterior da igreja permaneceu conforme projeto original.




Igreja de San Nazario

Outra muito antiga é a Igreja de San Nazario. Segundo documentos, sua construção teve início em 1298 nas imediações do castelo. Em 1448 a família Bobba mandou construir uma suntuosa capela na igreja, que após várias intervenções resultou na capela de Nossa Senhora de Lourdes. Na mesma rua encontra-se a Igreja barroca dedicada à Madonna do século 17.




 Igreja barroca dedicada à Madonna

Embora a cidade seja pequena, em seu perímetro e nas imediações encontram-se dez igrejas, exceto a Igreja de San Biagio, que é uma das mais antigas, mas já não tem função eclesiástica. 

Construída no século 15 foi vendida a particulares, mas em seu interior ainda há vestígios de estuques e pinturas de grande valor. Em 2020 a torre sineira desabou. 




Igreja de Santa Maria Nuova

Entre todas tem destaque a Igreja de Santa Maria Nuova, uma imponente construção que surpreende em meio às ruas estreitas. 

Construída em estilo gótico em meados do século 15 sobre a antiga San Pietro, nela encontra-se a Cripta de San Valerio - padroeiro da cidade. 

Caso esteja nas imediações de Lu em 22 de janeiro, não perca a Festa dedicada a San Valerio. 

Celebrada anualmente, inúmeras atividades são organizadas pelos moradores, inclusive a procissão, que marca o final do evento percorrendo as ruas do centro histórico.




Creme de avelãs Corilu

Embora o Monferrato seja o lar de alguns dos melhores vinhos italianos, uma especialidade de Lu são suas gostosas avelãs. Tradicionalmente cultivadas em suas colinas desde o século 15, a cooperativa produz o famoso creme de avelãs Corilu. 


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