Lucca é uma simpática cidade da Toscana, que tem seu centro histórico artisticamente cercado pelas muralhas da época do renascimento. A obra que teve início em 1545 só foi concluída em 1650, ou seja, demorou mais de 100 anos para sua finalização.
Até hoje a cidade mantém intacto o seu centro histórico medieval. Suas muralhas com 30 metros de largura e 12 metros de altura abrangem quase 5 quilômetros, sendo formadas por 12 cortinas e 11 baluardos.
Geralmente, as cidades fortificadas tinham quatro entradas principais, uma para cada ponto cardeal. Porém em Lucca havia apenas três portões, que se abriam para o norte, oeste e sul.
O motivo é que no leste estava Firenze, que era a cidade inimiga número 1. Os fiorentinos tentaram conquistar Lucca durante séculos, sem sucesso. Essa ação teve um significado simbólico e desafiador; Lucca era orgulhosamente uma cidade independente e teria resistido ao ataques.
Porta San Pietro: As muralhas possuem diversas entradas, entre as quais tem destaque a Porta San Pietro, Porta Elisa, Porta Santa Maria, Porta San Donato, Porta San Jacopo e Porta Vittorio Emanuele, também chamada Porta Sant'Anna.
Algumas entradas são muito simples, mas outras são ricamente trabalhadas com esculturas, tal como Porta Santa Maria que é dedicada à Virgem Maria e a Porta San Donato que mantém a imagem de San Donato e San Paolino.
Para conhecer melhor as muralhas passe por cima das paredes, mas também desça para conhecer a parte de dentro dos bastiões, que são as "esquinas" das muralhas e que possuem subterrâneos.
São três bastiões: San Paolino, Santa Croce e San Martino. O bastião de San Paolino, recentemente reformado, preserva a estrutura original. No subsolo acontecem eventos e exposições especiais.
O bastião de San Donato não possui subsolo. Localizado entre a Porta Sant Anna e a Porta San Donato, o terreno pantanoso foi considerado inseguro. Junto ao bastião existe um antigo quartel.
ou Piazza del Mercato
Uma das grandes atrações de Lucca é a Piazza dell'Anfiteatro Romano, que representa uma obra prima única da arquitetura italiana e um episódio urbanístico.
Por volta de 180 a.C Lucca era uma colônia romana e uma de suas atrações era um antigo anfiteatro. Pouco restou daquele período histórico, já que o material do anfiteatro foi reciclado em outras construções.
A atual Piazza del Mercato, caracterizada por seus edifícios coloridos e construída sobre o anfiteatro, ainda conserva a sua forma elíptica, típica da arena.
No mesmo lugar também são indicados alguns portões através dos quais os gladiadores e os animais ferozes entravam no anfiteatro. As casas medievais cresceram apoiando-se sobre os potentes degraus do edifício.
Uma das coisas agradáveis de Lucca é a possibilidade de percorrer seus becos e ruelas a pé. A geometria das ruas obedece o traçado de quando a cidade era uma antiga colônia romana.
A Via Fillungo é uma das mais charmosas, repletas de lojas, cafeterias,edifícios históricos e hoteis de alto luxo. Uma das particularidades dessa rua é ver o contyraste dos produtos modernos sendo vendidos em prédios medievais.
Palazzo Pretorio |
Palazzo Mazzarosa |
Palazzo Ducale: Outro belo palácio, que se encontra na Piazza Napoleone é o Palazzo Ducale. Sede do antigo governo de Lucca em meados de 1370, através dos anos passou por muitas reformas.
Em algumas salas do palácio funciona o Museo del Risorgimento, que mantém artefatos preservados desde 1821 até a Primeira Guerra Mundial.
Entre as relíquias mais importantes estão uma bandeira de 1821, objetos ligados a Giuseppe Garibaldi e uma coleção de armas, pinturas, cartas, roupas e objetos do cotidiano. Após uma refinada reestruturação, o museu foi reaberto ao público em 2013.
O Palazzo Pfanner ostenta um dos jardins clássicos mais bonitos da Toscana. Foi construído para ostentar a riqueza da família Moricani, que eram comerciantes de seda e começaram suas obras em 1660.
Entre as relíquias mais importantes estão uma bandeira de 1821, objetos ligados a Giuseppe Garibaldi e uma coleção de armas, pinturas, cartas, roupas e objetos do cotidiano. Após uma refinada reestruturação, o museu foi reaberto ao público em 2013.
Palazzo Pfanner |
O Palazzo Pfanner ostenta um dos jardins clássicos mais bonitos da Toscana. Foi construído para ostentar a riqueza da família Moricani, que eram comerciantes de seda e começaram suas obras em 1660.
Vale dizer que Lucca foi no passado uma das cidades mais famosas pela produção de seda do mundo ocidental. Graças a esse comércio, Lucca se tornou uma cidade rica.
Em 1680 a família dos Controni comprou a propriedade em 1680 e mandou adicionar a suntuosa escadaria. Somente no século 19 os Pfanner adquiriram o palácio e adicionaram sua personalidade ao local.
Em seu interior existem afrescos incríveis, além de uma curiosa coleção de instrumentos cirúrgicos, que pertenceram a Pietro Pfanner, que foi médico cirurgião e ex-prefeito da província de Lucca.
Com uma enorme quantidade de estátuas barrocas de deuses da mitologia romana, no salão principal do prédio há uma exposição de trajes usados pelos nobres nos séculos 18/19, muitos deles em seda, um tecido nobre que colocou Lucca em destaque.
Dessa torre tem-se uma bela vista da cidade. No passado Lucca contava com cerca de 250 torres, mas essa foi uma das poucas que resistiram ao passar dos séculos.
Sua construção teve início em 1370 pela família Guinigi, que mais tarde doou a torre para o governo. Nessa época, as famílias demonstravam sua nobreza e poder aquisitivo construindo edifícios magnânimos, sendo a Torre Guinigi um exemplo disso.
Com cerca de 44 metros, a torre é um dos símbolos de Lucca. Porém, subir até o topo não é para qualquer um. São 255 degraus, mas a peculiaridade do lugar vale qualquer esforço.
Lá no alto, um curioso detalhe chama atenção. Pequenos carvalhos insistem em crescer num local tão inusitado e pouco provável - no topo da torre.
Há também outras, como a Igreja de San Michele in Foro, com uma fachada composta por diferentes fileiras de colunas de mármore retorcidas.
Museu Villa Guinigi
Há vários museus na cidade, sendo um deles o Museu Villa Guinigi que preserva muitas obras de arte e objetos arqueológicos da Idade do Ferro, da cultura etrusca e do período medieval.
Situado em um palácio, que foi construído em 1413 para Paolo Guinigi - Senhor de Lucca, a partir de 1530 passou por uma reforma e seu grande parque foi loteado.
A cidade de 100 igrejas
Lucca é chamada "Cidade das 100 igrejas", mas é provável que já não existam tantas assim. Porém em vários pontos da cidade pode-se encontrar uma igreja. Entre as mais famosas tem destaque o Duomo di San Martino.
O início de sua construção no século 11 era em estilo românico, mas acabou passando por reformulações góticas e renascentistas com o passar dos anos. Em vários pontos é possível notar símbolos maçônicos e esotéricos.
Uma particularidade do Duomo de Lucca é a sua fachada, que curiosamente não é simétrica como a maioria das fachadas de igrejas. Olhando atentamente pode-se notar que, partindo dos seis arcos centrais, de um lado há mais cinco arcos, enquanto junto à torre são somente três arcos.
Conta-se que isso ocorreu devido à sua demorada construção, em diversas épocas por diferentes artistas. Quando Guidetto da Como construiu a fachada, entre 1204 e 1233, a torre campanaria já existia, o que acabou atrapalhando a construção da quantidade de arcos iguais.
No pilar próximo à torre existe um labirinto esculpido. A inscrição ao seu lado faz referência ao mito de Teseu e Ariana no labirinto do Minotauro. Mas o que faz uma história mitológica na entrada de uma igreja cristiana?
Dizem ser uma ligação com os Cavaleiros Templários devido à semelhança com o desenho do piso da Catedral de Chartres na França. Por fim, uma terceira hipótese fala que é a representação do “Labirinto do Pecado”, onde após entrar, é difícil sair.
Na fachada está a escultura de San Martino, considerado o santo protetor da cidade. Segundo contam, San Martino viveu no século 4 à serviço do exército romano na Gália.
Durante uma ronda noturna San Martino encontrou um mendigo que sentia muito frio. Imediatamente San Martino cortou seu próprio manto ao meio e cobriu o mendigo.
Na noite seguinte São Martinho sonhou com Jesus vestido com o manto que havia dado ao mendigo. Ao acordar encontrou seu manto novamente inteiro. A partir desse fato, San Martino se converteu ao cristianismo e mais tarde se tornou um bispo.
No interior da catedral encontra-se a a antiguissima escultura do Volto Santo, que segundo a tradição representa o verdadeiro rosto de Jesus. Trata-se de uma escultura em madeira do Cristo crucificado, com 2,5 metros de altura.
A autoria da peça é desconhecida, mas lendas locais atribuem o trabalho a Nicodemos, que ajudou José de Arimatéia no sepultamento do messias cristão.
Na catedral também estão obras de pintores italianos importantes como Michelangelo, Jacopo Pintoresco, conhecido como Il Furioso, por causa de seus trabalhos dramáticos, e o florentino Fra Bartolomeo.
Construída onde havia um antigo Foro Romano, exibe uma fachada muito interessante feita em três fileiras de colunatas trabalhadas, com decoração predominantemente pagã.
A Igreja de San Frediano, construída em 1022, tem a fachada decorada por um mosaico colorido do século 13 e retrata figuras de apóstolos.
A Igreja de San Frediano, construída em 1022, tem a fachada decorada por um mosaico colorido do século 13 e retrata figuras de apóstolos.
Toda a área perto da Igreja de San Frediano conserva ainda as antigas armações das entradas de muitas lojas e laboratórios artesanais.
Ao percorrer a elegante e pitoresca rua, casas e torres são embelezadas por elementos em ferro batido.
Terra natal do grande músico Giacomo Puccini, que compôs Madame Butterfly e La Boheme, quem quiser assistir um concerto, de abril a outubro há o Festival Puccini.
A casa onde nasceu o mestre italiano foi transformada em um museu aberto ao público. Ali é possível conhecer o seu ateliê, o escritório e contemplar objetos como a echarpe de seda usada pelo compositor ou uma carta escrita por Richard Wagner e endereçada a Puccini.
Teatro del Giglio
O teatro municipal foi fundado no século 17, tendo recebido o nome de Teatro del Giglio em homenagem á dinastia Bourbon, cujo brasão possui três lírios dourados. É um dos teatros públicos mais antigos da Itália.
Tordelli Lucchesi |
Lucca foi fundada pelos lígures numa ilha do rio Serchio, desde o século 5 aC. Depois ocupada pelos etruscos, no século 13 foi um importante centro de produção de lã e centro financeiro internacional.
Tendo caído sob o controle dos Pisanos, no século 17 Lucca perdeu progressivamente a sua importância econômica. Além disso, pestes que atingiram a região.
Porém hoje Lucca é uma das maiores produtoras de azeites e dos melhores vinhos da Itália. Uma das especialidades da cidade é o Tordelli Lucchesi (macarrão em forma de meia-lua recheado de carne) e um pão doce de origem pobre chamado Buccellato. Simplesmente, imperdível!...
Fora das muralhas Lucca exibe uma vida moderna com todas as suas facilidades, largas avenidas onde se encontram grandes lojas, excelentes restaurantes e luxuosos hotéis. Portanto, reserve um tempo para percorrer a cidade.
Mas o melhor dos passeios fora das muralhas são as visitas às vinícolas, onde pode-se degustar vinhos em um pátio panorâmico com vista para o vinhedo nas colinas de Lucca.
Não perca o passeio pelas adegas e ter a chance de experimentar uma variedade de vinhos e azeites. Dependendo da época do ano, os visitantes são guiados pelas etapas de produção e explicados os procedimentos de preparação do vinho...
Ciao Lucia,
ResponderExcluirtutto bene?
Lucca é mesmo uma cidade molto bella, aliás como toda a região da Toscana.
Você é de Minas, certo?
Estou no Brasil há mais de um ano e ainda não visitei esse estado. Tenho muita vontade de conhecer as cidades históricas. E eu adoro pão de queijo e outros doces da sua terra. Todos falam que a comida mineira é muito boa.
A presto.
Un abbracccio,
davide
Lucca é uma bela cidade, onde nasceu meu bis nono Michele Bacci que deixou sua terra natal e imigrou para o Brasil vindo morar na cidade de Bento Gonçalves no estado do Rio Grande do Sul. Aqui casou com Theodolinda Maccari e tiveram 9 filhos. Seu objetivo era voltar a Lucca e rever seus familiares, mais uma doença o levou jovem ainda, deixando de realizar seu sonho de voltar para sua QUERIDA LUCCA a qual tinha grande saudades.Esta é um pouco da saga de meu bis nono que foi de todos imigrantes italianos que vieram para o Brasil...trabalhar na America e voltar a Itália, mais o destino não permitiu.
ResponderExcluirEstou lendo o magnífico livro "Viaggio in Italia" de Guido Piovene, que também aborda a linda e curiosa cidade de Luca. Minha avó paterna é Augusta De Luca, mas é do Borgo Luca em Osigo, comune de Fregona, ao norte da Província de Treviso. Parabens a Lucia ( neme de minha mãe) de Belo Horizonte, que também conheço e admiro. Jorge Daros - Criciúma - SC
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