09 julho 2017

Firenze 8 - Roteiro de Compras


A moda italiana

Em Firenze nasceu a moda italiana, que aconteceu durante o primeiro desfile de alta moda que aconteceu em 1951 e incluiu Firenze nos maiores circuitos de moda do mundo. Tudo começou quando Giovanni Battista Giorgini resolveu apresentar criações de alguns estilistas para compradores americanos. A partir de então a moda italiana começou a ganhar importância. Ainda hoje o Palazzo Pitti mantém as salas onde foram realizados os desfiles e o Museo del Costume.

Em Firenze a moda é uma arte, um patrimônio cultural da cidade onde se encontram ateliers e outlets de marcas exclusivas, como Ferragamo, Gucci, Chanel, Prada, Dior, Enrico Coveri, Patrizia Pepe, Emilio Pucci, Roberto Cavalli, Ermanno Scervino e muitos outros. E é percorrendo o Triângulo da Moda, formado pela Via degli Strozzi, Via Tornabuoni e Via della Vigna Nuova, que se descobre as mais belas coleções recém lançadas.




A Via Tornabuoni é um tributo às mulheres, representadas pelas famosas fiorentinas Lucrezia Tornabuoni e Giovanna degli Albizi, a esposa de Lorenzo Tornabuoni que ficou conhecida na Idade Média por sua extraordinária beleza. É obrigatório na Via Tornabuoni passar pela loja de Roberto Cavalli. Na Via della Vigna Nuova encontra-se a Gucci e depois a Dolce Gabbana.




Depois de uma breve visita à loja da Ferrari, a sugestão é seguir para as lojas da Bvlgari, Damiani, Louis Vuitton e Cartier. Seguir o roteiro de compras significa descobrir as últimas coleções logo após os grandes desfiles. Para os sapatos, a pedida são os Fratelli Rossetti na Piazza della Repubblica ou na Via della Vigna Nuova. Também pode-se escolher uma das bolsas coloridas da Braccialini, os inimitáveis chápeus da Borsalino e relógios da Chopard.





Na animada Via del Calzaiuoli está a Coin, uma loja de departamentos que tem em seus 4 andares marcas como Emporio Armani, Hugo Boss, Levi's, Ferrè e outros. Na Piazza della Repubblica encontra-se La Rinascente, que também tem marcas famosas, além de perfumaria e artigos para casa. No último andar tem um bar cafeteria com uma linda vista da cidade.





Boutique e Museu Ferragamo

Na Via de Tornabuoni está a boutique e o Museo Ferragamo, que está instalado no Palazzo Spini Ferroni, um palácio medieval construído em 1289 junto à Ponte Santa Trinità. Em sua época, era considerado o maior e o mais suntuoso palácio privado de Firenze, sendo talvez por isso que muitos artistas retrataram o palácio em suas telas.

O museu contém uma coleção com mais de 10.000 sapatos feitos pela casa de moda, mostra de estilos em voga no século anterior, bem como fotografias, jornais, desenhos e modelos de madeira de alguns pés de celebridades.

O estilista Salvatore Ferragamo nasceu em 1898 e logo descobriu seu talento criativo, depois de uma viagem de navio para os Estados Unidos. Depois de abrir uma pequena loja na Califórnia, ele conquistou o mundo do cinema. Ao retornar para a Itália, escolheu Firenze para ser a sua cidade e se tornou uma referência.







Museu Gucci

Também interessante é o Museo Gucci, que conta um pouco da história da marca e da evolução da moda. Fundada em Firenze por Guccio Gucci em 1921, o Museo Gucci permite mergulhar na atmosfera ao longo do tempo em que o diálogo moda, arte, história, criatividade e engenhosidade se misturam.

O museu se divide em 3 andares organizados por temas. A Sala Viaggio é dedicada à exposição de baús, malas e acessórios. No segundo andar fica o mundo floral, vestidos de noite e bolsas. O terceiro andar é dedicado ao lifestyle. Além de uma loja exclusiva, há um bookshop de moda e uma ótima cafeteria italiana.





Museu Roberto Capucci 

Na Villa Bardini, abaixo do Piazzale Michelângelo, está o Museu dedicado a Roberto Capucci, um estilista fiorentino que em 1950 fundou sua casa de moda. Inaugurado em Outubro de 2008 com a exposição temporária “Back to the Roots”, agora é um museu permanente com esboços, fotografias e sobretudo os famosos vestido-esculturas que tornaram célebre Roberto Capucci. Ainda muito jovem Capucci foi homenageado pelo francês Christian Dior, que o chamou publicamente de "o melhor criador de moda italiana".

Outro museu interessante é o Museo Torrini, que mantém uma maravilhosa coleção de jóias antigas. Entre as exposições destacam-se raros exemplos de ourivesaria do Renascimento, um grupo de broches do século 18 e pedras semipreciosas. è notável a coleção de relógios de bolso do dos speculos 18 a 20. Por ser de propriedade de uma joalheria, as visitas só são permitidas com hora marcada.





Escolas de Moda 

Em Firenze também encontra-se algumas das mais importantes escolas de moda da Itália. Uma delas é a Polimoda, que figura entre as melhores escolas de moda da Europa. Além de oferecer a formação de profissionais altamente qualificados em moda, também organiza cursos de verão e mestrado, além de cursos de design e marketing de moda.

Outra é a Università degli Studi di Firenze ou a Scuola Laboratorio di Moda na Via G.Verdi e o Istituto Europeo di Design. Firenze tem uma grande história de artesanato com o couro. A Scuola dei Cuoio ou Escola do Couro é uma das mais antigas, tendo sido criada após a Segunda Guerra Mundial. Desde 2005 a Alta Scuola di Pelletteria Italiana é uma referência nacional para a formação e especialização na área de artigos luxuosos em couro.





Aliás, em Firenze encontra-se uma incrível variedade de artigos de couro de grande qualidade e design, incluindo sapatos, bolsas e outros acessórios. Muitas lojas especializadas em couro estão entre a Piazza Santa Croce e Borgo dei Greci, mas também no Mercado de San Lorenzo. Firenze também oferece alternativas para aqueles que estão com um orçamento mais curto, mas querem ficar na moda.

Alguns outlets situados em uma distância razoável de Firenze, como o “The Mall”, oferecem produtos de griffes italianas famosas com descontos. Outro destaque são as lojas gourmets. Há também alguns elegantes brechós de luxo, onde são encontradas bolsas e roupas. Uma opção de rua de comércio que foge da confusão do centro e que oferece uma visão do quotidiano fiorentino é a Via Vincenzo Gioberti que fica perto de Santa Croce.




Restaurantes em Firenze

Além de moda, Firenze tem uma infinidade de bons restaurantes. Comer bem na Toscana é uma tradição. Aliás, não é segredo que em toda Itália há um profundo respeito por cada ingrediente, pois, além de sabor a comida deve exalar um magnífico perfume que convide à degustação.

Um detalhe é que geralmente tem receitas próprias de inverno e de verão. Geralmente serve-se os pratos com verduras, frutas e outros ingredientes próprios da estação; tudo abençoado pelo azeite extra virgem de olivas toscanas.





Diferente de outros lugares, nos restaurantes fiorentinos não tem couvert. Geralmente vem o primo piato, um carboidrato que pode ser sopa, arroz ou macarrão. O secondo piato é sempre uma proteína, que pode ser carne ou peixe. O contorno vem com a verdura, que pode ser servida junto com o secondo piato. Por fim vem o queijo, a sobremesa, a fruta, o café, o licor...

Porém não é obrigatório todo esse percurso gastronômico. Quem quiser, pode pedir apenas a massa ou uma proteina com salada. Não se usa sucos e refrigerantes durante as refeições, porque interfere no sabor da comida. Geralmente servem água com ou sem gás e um vinho à escolha do cliente.





Quase todos os restaurantes de Firenze são trattorias, um ambiente informal com menu tipicamente Toscano. As mesas podem ser individuais, mas existem alguns que tem grandes mesas, onde se senta junto com outros clientes.

Não sinta constrangimento. Se tiver oportunidade, inicie uma conversa. Entre massas e pizzas, um dos melhores pratos é a bistecca alla Fiorentina, mas é bom saber que ela vem selada por fora e mal passada no meio. Se não gosta de carne mal passada, esqueça a bistecca.

Geralmente o preço de uma refeição gira em torno de 30 a 50 euros por pessoa, mas existem também restaurantes elegantes que chegam a cobrar 150 euros por pessoa. Em todos, vinho paga-se a parte. Porém, fique atento aos horários. A maioria dos restaurantes só serve o almoço entre 12h00 e 14h00. Fora isso, somente panini, tramezzini, pizza ou Mc Donald's.

Uma boa dica para quem estiver com orçamento apertado é trocar o jantar por uma apericena econômica. Você paga uma bebida entre 8 e 10 euros e tem acesso à um buffê de comidinhas muito boas: saladas, pizzas, queijos, massas e até mesmo risottos. O happy hour tem se tornado um costume na Itália.





Mercados

Outro modo de economizar durante as viagens é recorrer às frutas e saladas cruas. Um destino favorito dos turistas é o Mercado de San Lorenzo, que é o maior e mais importante mercado da cidade.

Ocupando uma área desde a Piazza San Lorenzo até a Via dell’Ariento, nele pode-se encontrar roupas, casacos, chapéus, cintos, carteiras e outros artigos em couro e lembrancinhas. No Mercado Central, além de frutas e legumes, também encontra-se uma Praça de Alimentação, onde pode-se degustar o melhor da culinária toscana.





Existem também outros mercados menores, como o Mercado Sant'Ambrósio, onde se pode comprar frutas frescas, verduras, carnes, peixes, massas, queijos e até roupas, sapatos e eletrodomésticos. Feirinhas também acontecem em alguns dias da semana no Parque delle Cascine e na Piazza Santo Spirito. No terceiro domingo de cada mês, acontece a "La Fierucolina", um mercadinho que comercializa produtos orgânicos, mas também comidas e vinhos produzidos de forma artesanal.




Winex - Museo del Vino

Quem aprecia um bom vinho não pode deixar de visitar o Winex - Museo del Vino, onde é possível entrar na história do vinho. Localizado na Via Martelli próximo ao Duomo, é imperdível. Com mais de 500 objetos históricos, de autêntica origem etrusca, romana e medieval, enólogos expõem palestras que levam os visitantes ao mundo encantado do vinho, indo desde o tempo dos etruscos até os dias atuais. Isso permite conhecer as técnicas de produção, os sabores e tradições, tudo isso desgustando um legítimo vinho toscano.  





Bucchette del Vino ou Bucca del Vino

Ao andar pela cidade é fácil notar pequenas janelinhas na fachada de alguns palácios antigos. Feitas como uma miniatura das grandes janelas, no passado elas eram conhecidas como "Bucchette del vino", porque através delas os cidadãos entregavam um punhado de moedas nas tabernas e adquiriam uma caneca do melhor vinho tinto das vinhas locais.




Essas pequenas aberturas também serviam para burlar a lei. Como havia restrições para o funcionamento do comércio, os latifundiários da época usavam a pequena abertura para fazer a venda de seus produtos. Dessa época há uma inscrição sobre uma porta na Via delle Belle Donne. Com o passar dos anos, poucas janelinhas pernameceram.

Algumas foram destruídas ou encobertas. Nem sempre são fáceis de reconhecer, algumas foram aproveitadas como placas. Desde o ano passado uma associação vem incentivando a preservação dessas janelinhas. É divertido procurar por elas. Na Via Maggio, nas imediações do Palazzo Pitti há muitas delas, assim como na Via dei Bardi e Lungarno Torrigiani. Numa elegante porta da Via del Giglio 25 ainda resta uma com a inscrição "vendita di vino".





Loggia Mercado Novo

Outro local interessante é o Mercato Nuovo, onde pode-se encontrar muitos artigos de couro e souvenirs. Quando a loggia foi construída em 1547, nesse local havia o comércio de seda. Os fiorentinos eram famosos por fazerem a tintura da seda desde a idade média. No século 18, por comercializar objetos e chapéus de palha,  passou a ser chamado Mercado da Palha.





Hoje o mercado é chamado Loggia del Porcellino, isso porque tem à sua frente a Fontana del Porcellino, uma fonte que tem a réplica da escultura de javali de bronze feita no século 17 pelo artista Pietro Tacca. O original foi enviado para o museu, evitando assim que fosse destruído.

Diz a lenda popular que tocar o nariz do javali traz boa sorte, mas para obter a realização de um desejo, deve-se colocar uma moeda na boca do javali. Se a moeda cair na grade da fonte, indica boa sorte. 



Pedra da Vergonha 

Outra curiosidade desse mercado é a Pedra da Vergonha ou Pedra do Escândalo, uma roda de cores branco e verde de mármore, colocada no centro da Loggia do Mercado. Nessa pedra eram punidos os devedores insolventes durante a Idade Média. O castigo consistia em acorrentar e abaixar as calças dos condenados, que deviam bater as nádegas repetidamente nesta pedra. Dizia o estatuto: "Ostendendo putenda, et percutiendo lapidem culo nudo.”

Em outras cidades existia o “bonorum cessio culo nudo super lapidem”, ou “dar os bens a nádegas nuas” sobre uma pedra. Daí o devedor deveria dizer: “cedo bona“, ou seja, dou meus bens para o pagamento. Na Idade Média, as pessoas tinham horror ao débito, pois existiam formas humilhantes de punir o devedor. Ninguém gostava de ser chamado de mal pagador ou como diziam os italianos "essere con il culo a terra". Para eles isso era uma vergonha.

E de onde vem a esse termo "vergonha"?  Segundo alguns estudiosos, Vergonha vem da palavra em latim Gogna, um equipamento de tortura usado principalmente para punir quem cometesse algum ato imoral ou tinha algum débito não pago. Na verdade, a tortura maior era passar pela situação humilhante em praça pública, quando as pessoas se aglomeravam para ver a Gogna. Daí surgiu o termo "Vergonha"...







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