04 novembro 2019

Napoli 15 Cidade das 500 abóbadas





Desde o século 13 Napoli é chamada "Cidade das 500 abóbadas". De fato, quem observa o panorama da cidade, logo distingue as torres de suas mais de 500 igrejas e complexos religiosos. Em sua rica herança acumulada ao longo de 17 séculos, Napoli construiu grandes complexos religiosos.

Alguns desses complexos são: a Igreja Gesu Nuovo construída pelos jesuítas no final do século 16, o Claustro Maiolicato delle Clarisse, a monumental Basílica de San Domenico Maggiore, a Capela San Severo, o antigo Mosteiro das SS. Severino e Sossio, o Complexo San Gregorio Armeno, a Igreja de São Lourenço, Igreja Girolamini, mas principalmente a Catedral de Napoli.





Catedral de Napoli

Dedicada a Santa Maria Assunta, a Catedral de Napoli encontra-se escondida na Via Duomo, uma artéria planejada desde os anos 1300 que acabou sendo envolvida pelo crescimento da cidade. A construção da Catedral teve início em 1294 sob as ordens do rei Carlo I Angiò, onde havia duas basílicas antigas: a de Santa Restituta e de Stefania.






Para dar forma à nova construção, uma das basílicas foi demolida e a Basílica de Santa Restituta foi reduzida a uma capela lateral, que faz parte da atual catedral. 

A fachada da Catedral, com aproximadamente 50 metros de altura, contém lindas esculturas e três portais. Porém não é a fachada original, que foi reconstruída em estilo gótico após um terremoto em 1349, que provocou o desabamento da igreja e da torre do sino.






A catedral tem três corredores e o teto do corredor principal é esculpido em madeira dourada. Nos corredores laterais estão capelas e nichos, entre os quais se destacam duas devido ao tamanho e relevância artística.






A capela de Santa Restituta, que no passado teria sido feita por ordem do Imperador Constantino, contém obras de Luca Giordano e esculturas do século 13.






À direita está o acesso ao Batistério de San Giovanni in Fonte, considerado o mais antigo do Ocidente. Na capela do tesouro de San Gennaro, construída no século 17 com mármores finos, afrescos, pinturas e belas esculturas, estão nichos que guardam o busto de prata e as ampolas com o sangue de San Gennaro.  A porta direita da catedral só é aberta apenas para as festividades especiais.





Quem foi San Gennaro? 

A deslumbrante capela de San Gennaro foi consagrada em 1646, tendo a inscrição: "A San Gennaro, al cittadino salvatore della patria, Napoli salvata dalla fame, dalla guerra, dalla peste e dal fuoco del Vesuvio, per virtù del suo sangue miracoloso, consacra". 

Parte indissolúvel da identidade napolitana, San Gennaro nasceu no ano 272 na cidade Miseno. Ainda jovem, graças as suas atitudes de fé e caridade, foi conduzido ao cargo de bispo da cidade de Benevento próximo a Napoli. Naquela época, o império Romano era governado por Diocleciano, que ordenou uma feroz e sangrenta perseguição aos cristãos.





Arena de Pozzuoli
Local de martírio de San Gennaro

Conta a tradição que o San Gennaro foi reconhecido e preso pelos soldados do governador de Campânia, quando se dirigia à prisão para visitar os cristãos detidos. Jogado na arena de Pozzuoli para ser devorado pelos leões junto com outros cristãos, os animais se tornaram dóceis e vieram se deitar aos pés do Santo.

Inconformado, o carrasco manteve os leões famintos por mais de uma semana, mas quando soltou os leões na arena, novamente eles se prostaram aos pés do Santo. Vendo que era impossível condená-lo às feras, San Gennaro foi decapitado em 19 setembro do ano 305 da era cristã.






Como era costume nos martírios da época, os cristãos recolheram um pouco do sangue de San Gennaro numa ampola de vidro, para ser colocada diante de seu túmulo numa estrada entre Pozzuoli e Napoli.

No ano 413 os restos mortais do santo foram transferidos para as catacumbas napolitanas na Colina Capodimonte e depois para Benevento, até que em 1492 foram transferidos para Napoli. Desde 1608 os restos mortais do santo encontram-se na Capela do Tesouro de San Gennaro.





Obelisco em homenagem a San Gennaro

A celebração em homenagem a San Gennaro ou São Januário ocorre três vezes por ano: no primeiro sábado de maio, em 19 de setembro e 16 de dezembro, datas em que são relembrados os milagres e a data da morte de San Gennaro.

No ano 472 da Era Cristã, desesperados com a nova possibilidade da erupção do vulcão Vesúvio, os napolitanos correram ao túmulo de San Gennaro para pedir proteção. Milagrosamente, as lavas estacionaram às portas da cidade de Napoli, poupando-lhe do mesmo destino trágico de Pompéia.






A festa que ocorre em 16 de dezembro celebra o milagre que salvou a cidade. Nesse dia em 1631 o Vesúvio entrou em erupção, assustando a população. Em procissão o relicário de San Gennaro foi levado até a Igreja de Santa Catarina, próxima à montanha flamejante. Por um milagre, imediatamente a erupção cessou, diminuiu o fluxo de lava e a chuva de cinzas.

Durante a epidemia da peste negra, que se espalhou por toda a Europa, os napolitanos pediram ao santo para livra-los da doença e aos poucos a epidemia cessou. Novamente em 1884, quando houve um surto de Cólera, os napolitanos também foram protegidos da doença. Muito venerado na cidade, a todo momento se vê alguém invocando a proteção de San Gennaro.






Todos os anos desde de 1389, durante as três celebrações dedicadas a San Gennaro ocorre a liquefação do sangue do santo, diante dos milhares de devotos que se reúnem em torno da capela. A fim de vencer a incredulidade humana, em 1902 o conteúdo das ampolas foi submetido a um exame.

Diante de testemunhas. Dr. Sperindeo, o cientista que coordenou o exame, declarou: “não há dúvida de que se trata de sangue humano que, uma vez coagulado, não perde o estado sólido transformando-se em líquido por puro milagre"...





Museu do tesouro de San Gennaro

Ao lado da Catedral está o Museu do tesouro de San Gennaro, que conserva inúmeras obras de arte, jóias e prata doados ao longo dos séculos por fieis devotos do Santo padroeiro. Estima-se que o chamado tesouro de San Gennaro seja mais valioso que a própria coroa britânica. 

Composto por mais de 21000 peças, o tesouro é administrado por uma comissão popular. Uma de suas peças mais importantes é o colar de San Gennaro, decorado por quase quatro mil pedras preciosas. Desde 2003, o tesouro é administrado pelo museu anexo à catedral.













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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.