Em toda a extensão da Via Duomo, além da Catedral de Napoli estão muitas outras igrejas, imponentes palácios e belos museus. Num passado distante essa via não era tão larga assim. Era chamada pelo povo de Vico del Tari ou Vico del Pozzo Bianco, onde havia um templo em honra do deus Apolo.
Durante a Idade Média passou a ser chamada Viccolo del raggio del Sole, quando surgiu a Basilica de Santa Restituta. Somente no século 19 o rei Ferdinando II Bourbon aprovou o projeto para alargar a rua. Conhecida hoje como dei Musei, percorrer a região é uma boa ideia para encontrar alguns dos mais ricos patrimônios de Napoli.
Nessa via se destacam o Complesso monumentale Donnaregina - Museo Diocesano e Museo Madre, Museo del Tesoro di San Gennaro, Monumento Nazionale dei Girolamini, Museo Pio Monte della Misericordia, Complesso monumentale di San Severo al Pendino e Museo civico “Gaetano Filangieri.
Museu Diocesano
O Museu Diocesano, que reúne um patrimônio eclesiástico anteriormente inacessível ao público, está instalado no Complexo Santa Maria de Donnaregina. Inaugurado em 2007, essa realidade artística também permitiu a reabertura da igreja barroca que permaneceu fechada por muitos anos.
A exposição do museu é dividida em dois andares. No piso térreo estão as obras mantidas na igreja e no andar superior há várias salas de exposições temporárias.
O caminho do museu é composto pelos temas significativos da fé cristã vivida pelos napolitanos, como a representação de San Gennaro e da Virgem Maria. Móveis, afrescos, esculturas e joias, fazem parte do acervo.
Além dos temas religiosos, nesse museu há grandes espaços para a organização de eventos como conferências, reuniões, concertos, apresentações e seminários. Valiosas pinturas também podem ser apreciadas dentro da igreja, como as duas gigantescas telas barrocas de Luca Giordano; o Casamento de Caná e o Milagre da Multiplicação dos Pães.
Igreja Santa Maria de Donnaregina Vecchia
A sede do Museu Diocesano encontra-se na Igreja Santa Maria Donnaregina Nuova, porque existe outra igreja de mesmo nome, chamada Igreja Santa Maria de Donnaregina Vecchia.
As duas igrejas fazem parte de um complexo, sendo internamente interligadas. Um pequeno pátio serve de acesso para a requintada Donnaregina Vecchia, que além de ter uma bela arquitetura, também contém grandes fragmentos de afrescos.
Da área do coro aberta aos visitantes, tem-se uma bela vista de toda a igreja. Segundo registros a antiga igreja foi construída no ano 780 bem perto das muralhas que cercavam a cidade, porém um forte terremoto em 1293 causou danos estruturais. Logo a esposa do rei Carlos II de Anjou financiou a construção de um novo complexo adjacente, que se tornou o Complexo Santa Maria Donna Regina Nuova.
Igreja Santa Maria Donna Regina Nuova
Embora seja chamada de nova, toda a estrutura data dos anos 1600. A fachada da igreja contém uma escadaria e as esculturas retratando os santos André e Bartolomeu.
O interior dessa igreja é magnifico, com seis capelas laterais e uma rica decoração em mármore barroco, além das gigantescas telas barrocas de Luca Giordano; o Casamento de Caná e o Milagre da Multiplicação dos Pães.
Os belos afrescos executados entre 1307/1320 retratam em dois níveis a história da vida de Cristo e dos Apóstolos. No nível inferior existem uma sucessão de episódios, além dos afrescos da crucificação e a Anunciação na entrada. Destaque para o maravilhoso teto.
MADRE - Museu de Arte Contemporânea
Nos três andares do Palazzo Donnaregina estão as exposições do Madre ·Museu de arte Contemporanea Donnaregina. Fundado pelos suábios no século 13 e reconstruído em 1325 pela rainha Maria da Hungria, tudo o que resta do antigo mosteiro e da antiga igreja estão organizados numa exposição especial.
Originalmente o edifício ocupava uma grande área, até que ser comprado pelo Banco de Napoli no século 19. Ao ser adquirido pelo Governo da Campânia foi transformado em um museu.
Atualmente é administrado pela Fondazione Donnaregina, tendo uma seção de exposições, uma biblioteca, uma livraria/ cafeteria. Nesse espaço de 7200 metros quadrados, respira-se arte e cultura.
Palazzo Miradois
Situado em frente à catedral, no século 16 o Palazzo Miradois pertencia à família Miradois, nobres juristas que detinham a posse de várias propriedades em Napoli.
Embora sua entrada não tenha nenhum detalhe, chama atenção as escadarias que são acessadas a partir do pátio. Nesse palácio residiu Crescenzo Gamba, que esteve envolvido na construção do Complexo Girolamini.
Complexo dei Girolamini
Bem próximo à Catedral encontra-se a monumental Igreja dei Girolamini ou Igreja San Filippo Neri, que é uma das igrejas mais bonitas de Napoli. Decorada em ouro, mármore e madreperola, seu interior concentra uma grande quantidade de obras de arte. Sua rica biblioteca, que é a mais antiga biblioteca pública de Napoli e a segunda na Itália, reunindo milhares de livros.
Declarado Monumento Nacional em 1866, o Complexo dei Girolamini, composto pela igreja e o convento, é considerado um dos mais importantes museus da cidade. Foi fundado em 1586, quando seguidores de São Jerônimo, conhecidos como Girolamini, se estabeleceram na cidade.
De início havia apenas uma pequena igreja e um convento, que foram ampliados com a demolição com alguns palácios nas imediações. Ao longo dos séculos a igreja foi enriquecida com obras de arte. A fachada foi concluída pelo famoso arquiteto Ferdinando Fuga.
Essa igreja esteve fechada por muito tempo, porém a partir da restauração foi aberta ao público com apresentação das belas obras de Luca Giordano. As várias capelas da igreja são dedicadas a diversos santos da igreja católica. Destaque para a Tábua dos dez mandamentos escrito em hebraico.
Igreja San Giuseppe dei Ruffi
Essa é outra igreja da Via Duomo, que foi construída a partir de 1604. Depois de várias adições posteriores, ela foi concluída mais de 100 anos depois. Nesse período vários artistas e arquitetos trabalharam na obra e na decoração, talvez seja por isso que existem diversos estilos. A fachada com um pórtico saliente é precedido por uma escadaria.
Pio Monte della Misericordia
Embora Pio Monte della Misericordia seja citado como uma igreja, na verdade é um museu onde há belíssimas obras de arte. Erguida em 1602 por iniciativa de um grupo de nobres, a entrada em pedra cinza situa-se numa pracinha, onde se ergue o obelisco de San Gennaro.
Seu interior em forma octognal mantém uma penumbra difusa, tendo uma iluminação especial que dá destaque às telas. Existem diversas pinturas de Luca Giordano, Carlo Sellitto, Fabrizio Santafede etc.
Uma de suas telas mais famosas é "Sette opere di Misericordia" de Caravaggio, que foi criada em 1607 e causa grande impacto. Não basta ver, mas sentir o que o artista quis expressar.
Basílica San Giorgio Maggiore
A monumental Basílica de San Giorgio Maggiore foi construída como uma Igreja Paleocristã entre provavelmente no ano 324, tendo sido ao longo da Idade Média uma das quatro paróquias de Nápoles.
Em 1640 um incêndio destruiu grande parte da igreja, que teve de ser reformada mas manteve algumas partes da antiga igreja. No século 19 um projeto de reurbanização acabou alterando a sua forma original.
Chamada a princípio de Igreja San Severo, em homenagem ao bispo, só se tornou dedicada a San Giorgio depois da guerra entre o Ducado de Nápoles e o reino lombardo da Itália.
Chamada a princípio de Igreja San Severo, em homenagem ao bispo, só se tornou dedicada a San Giorgio depois da guerra entre o Ducado de Nápoles e o reino lombardo da Itália.
Entre suas várias relíquias estão o afresco de San Giorgio de 1645 e a outra tela de San Severo, que ressuscita um homem morto. Impressiona o fato das cores que se mantiveram vivas.
Igreja Santa Maria Stelle alle Paparelle
Ao lado da Basílica de San Giorgio Maggiore encontra-se a Igreja de Santa Maria Stella alle Paparelle erguida em 1519. O nome "ao paparelle" que foi acrescido à denominação da igreja, deve-se a um orfanato para meninas pobres, que recebiam ajuda da Senhora Luisa Paparo. Porém essa igreja foi desconsagrada e foi despojada das esculturas que decoravam a fachada.
Igreja de San Severo al Pendino
Logo adiante encontra-se a Igreja de San Severo al Pendino fundada em 1448. Reconstruída em 1620 e tempos depois transformada, da estrutura original pouco restou. Usada como abrigo durante a Segunda Guerra Mundial, a igreja foi desconsagrada, sendo hoje um local para exposições artísticas e conferências.
Palazzo Como / Museu Filangieri
Quase ao final da Via Duomo encontra-se o Palazzo Como hoje sede do Museu Gaetano Filangieri, que leva o nome do seu criador. Gaetano era um príncipe e amante das artes, tendo reunido uma coleção pessoal de 2500 peças, entre porcelanas, achados arqueológicos, manuscritos preciosos, pinturas e armamento.
Reaberto em 2015 depois de alguns anos fechado, a sala Agata localizada no primeiro andar é famosa por seu piso de azulejos majolica. Também encontram-se as porcelanas da famosa Coleção Perrone, doadas ao Museu no período pós-guerra, e muitas pinturas de autores napolitanos de diferentes épocas.
Entre as peças e pinturas expostas encontra-se um retrato de Gaetano Filangieri, que foi juntada à exposição pelo próprio colecionador.
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