Dorsoduro é um bairro de Veneza, que foi formado sobre ilhas de terra mais estável e mais altas que outras, sendo o nome da área uma referência à crosta dura do terreno. Estendendo desde o porto até a antiga alfândega, nesse percurso existe uma larga avenida que margeia o Canal da Giudecca, onde muitos jovens e turistas sentam para apreciar o belíssimo panorama.
Percorrer a Zattere é um dos melhores passeios em Veneza durante a primavera. Nesse caminho existem diversos bares e sorveterias, que permitem tomar um sorvete ou um café enquanto admira o vai-e-vem dos barcos.
No passado essa parte de Veneza era pouco povoada devido aos ataques piratas, porém hoje é o local de muitas residências, belos palácios, magníficas igrejas e elegantes museus. Considerada atualmente como uma área boêmia, jovem e artística, por ali encontra-se a Universidade e uma das maiores galerias de arte de Veneza.
Ca'Foscari
Universidade Ca'Foscari
Em Dorsoduro estão vários prédios da Universidade de Veneza. Um deles é Palazzo Foscari, que é a sede oficial da Università Ca' Foscari de Venezia. Situado às margens do Grande Canal, no passado existia nesse lugar outro palácio que era chamado Casa delle Due Torri. Tendo pertencido a importantes personalidades, em 1453 o palácio foi adquirido pelo Doge Francesco Foscari, que mandou demolir o antigo palácio e mandou reconstruir o atual palácio em estilo gótico.
Ca'Foscari
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O portão de entrada no canal ao lado é em pedra de Istria. Os relevos lapidados apresentam o brasão da família, que originalmente continha ouro e lapislazuli na decoração. O elemento de maior importância é a loggia do segundo andar, com oito aberturas que criam um espetacular efeito na fachada. No passado, muitos pintores faziam suas telas no segundo piso e visitantes ilustres estiveram hospedados no palácio.
Ca' Foscari
Local de grandes celebrações através dos séculos, no último século o Palácio Ca' Foscari passou por restaurações que transformaram o palácio em salas de aula. A mais recente restauração do Ca'Foscari foi encomendada em 2004, visando cumprir as novas exigências de segurança e praticidade. As salas conhecidas como a "Aula Baratto" e "Aula Berengo" são as mais belas.
Campo Santa Margherita
Nessa região encontra-se o Campo Santa Margherita, que é uma das maiores praças públicas de Veneza. Durante o dia a praça é um belo lugar para relaxar e para as crianças brincarem. Em alguns dias da semana pode-se encontrar uma feira montada ao ar livre. Depois que o sol se põe, entra em cena a vida noturna nos vários bares e cafés.
Devido à proximidade com a universidade, a praça é frequentada sobretudo pelos universitários. O nome da praça vem da antiga igreja Santa Margherita, que é uma das igrejas mais antigas de Veneza. Construída no século 9, dizem que no passado ela tinha 3 andares, com uma grande cúpula e detalhes em ouro.
Igreja Santa Margherita
A atual igreja foi erguida em 1687, sendo dedicada a Santa Margherita de Antioquia que era uma santa muito popular no Oriente. Quando foi fechada em 1808, transformou-se numa fábrica de tabaco e depois passou a ser usada como sala de conferências. Devido ao perigo de desmoronamento, parte da torre do sino foi demolida.
Campo San Pantalon
Junto ao Campo Santa Margherita está o Campo San Pantalon, onde encontra-se a Igreja de San Pantalon, que tem uma fachada simples mas um interior surpreendente. No teto de 400 metros quadrados está retratado o martírio de San Pantaleone, uma obra feita entre 1680/1700 pelo pintor Gian Antonio Fumiani que também está sepultado nessa igreja.
Igreja San Pantaleone ou Pantalon
Igreja Santa Maria dei Carmini
A poucos passos do Campo Santa Margherita encontramos a Igreja de Santa Maria dei Carmini. Construída no século 13, de frente para uma pracinha, ela resistiu à abolição da Ordem Carmelita do Mosteiro.
Ao lado da igreja está a Scuola Grande dei Carmini, que foi no passado uma instituição de caridade. Foi construída originalmente em 1597 no terreno que pertencia aos monges carmelitas. Suas salas ainda mantém o mobiliário original, que consiste em pinturas a óleo, tetos de estuque e esculturas de madeira. A "Sala do Capítulo", onde os frades se reuniam, contém uma belíssima pintura de Tiepolo feita entre 1739/1749. Outras salas também foram decoradas com belas obras primas.
Campo San Barnaba
Essa é uma das praças mais bonitas de Veneza e onde encontra-se a imensa Igreja de San Barnaba. Foi construída à beira do Rio San Barnabá no século 9, porém a igreja original foi destruída pelo fogo em 1105. Embora tenha sido restaurada em outras épocas, a forma atual dessa igreja, com colunas gregas na fachada, resultou de uma reconstrução em 1776.
Entre os séculos 15/16 nessa área habitavam pessoas de baixa renda, mas também nobres em decadência que eram chamados Barnabotti. Apesar de serem falidos, eles continuavam a manter seu lugar no Conselho de Veneza e tinham influência política. Sendo proibidos de manter negócios comerciais, muitas vezes eram suscetíveis à corrupção e compra de votos.
Ainda que a igreja esteja fechada e só abra para exposições, vale conhecer essa pequena praça que é muito animada devido aos quiosques, lojas de roupas e brinquedos, bares, restaurantes e gelateria. No canal ao lado há sempre movimento de barcos indo e vindo ao longo do dia. Geralmente uma barca, que vende legumes, fica ancorada ali perto junto à Ponte dei Pugni, que tem uma interessante história.
Ponte dei Pugni
A discreta Ponte dei Pugni ou Ponte dos Punhos foi palco de uma das tradições épicas da Sereníssima República: a Lotta dei Pugni ou Luta dos Punhos no século 17. Na época existia em Veneza dois clãs rivais: os Castellani que pertenciam à San Pietro di Castello e os Nicolotti de San Nicolo dei Mendicoli.
A rivalidade era antiga e eles usavam até pequenos detalhes nas roupas para diferenciar a que lado pertenciam. Todos os anos, entre setembro e dezembro, milhares de pessoas se reuniam em volta da ponte para ver o enfrentamento entre eles. Os melhores lutadores de cada clã eram colocados nos cantos das pontes. O objetivo era trocar socos até derrubar o adversário no canal frio e cheio de esgoto que passava abaixo.
Ponte dei Pugni - pintura de Joseph Heintz
Tal como as lutas de boxe que existem hoje, o público que cercava a ponte e se dependurava pelas janelas, ia ao delírio. Esse espetáculo popular era muito aguardado na cidade, que até deram origem para lutas em novos lugares. Por quase um século essas lutas mantiveram a tradição, porém os embates que tinham começado como diversão acabaram se tornando em briga generalizada.
Além de socos, as brigas passaram a ter pedras atiradas e até o uso de facas que resultava em tragédias. Com isso, as lutas foram oficialmente banidas. A última "Lotta dei Pugni" foi em setembro de 1705. Porém, mesmo depois da proibição, os feitos heroicos dos Castellani e dos Nicolotti nas Lutas de Punhos foram temas para poesias, lendas e pinturas, como a tela "Lotta dei Pugni” de Joseph Heintz no século 17.
Igreja San Nicolò dei Mendicoli
Ao lado do Instituto Universitário de Arquitetura encontra-se a Igreja de San Nicolò dei Mendioli ou São Nicolau dos Mendigos, que é a segunda igreja mais antiga de Veneza. Localizada num dos lugares pouco conhecidos pelos turistas, essa igreja é uma preciosa obra de arte.
O interior dessa igreja é magnífico. Além do grande órgão barroco, fascinantes afrescos retratam a vida São Nicolau. No passado essa área era habitada por camponeses pobres que se abrigavam sob o pórtico da igreja, surgindo daí o termo "dei mendicoli" ou "dos mendigos".
Segundo a lenda, a igreja foi fundada no século 7 sobre as ruínas de uma fortaleza antiga, provavelmente romana. Ao longo dos anos foi reconstruída, sendo que a última restauração em 2002/2003 conseguiu retornar a construção ao mesmo estilo da época. A torre de sino em estilo bizantino é embelezada por um antigo relógio feito à mão.
Igreja San Raffaele Arcangelo
Igreja San Raffaele Arcangelo
Nessas imediações também está a Igreja de San Raffaele Arcangelo ou Anzolo Raffaele, que foi construída numa das áreas mais antigas da cidade. Situada à beira de um canal estreito, dizem que essa é uma das oito igrejas que San Magno construiu na cidade no século 7.
Avariada e reconstruída diversas vezes, ao longo dos anos a igreja foi tomando novas formas. A última reconstrução foi concluída em 1639, mas a decoração interna só foi concluída em 1749. Acima da porta de entrada está uma escultura do Arcanjo Rafael. Recentemente essa igreja passou por uma restauração, o que retirou seu aspecto envelhecido. Alguns não aprovaram a iniciativa, mas belos afrescos antigos ainda podem ser admirados em seu interior.
Igreja de San Sebastiano
Passeando na Zattere, a ampla zona marginal leva em direção à Igreja de San Sebastiano, uma modesta construção do século 16 que pode não despertar atenção, mas que tem em seu interior inúmeras pinturas de Paolo Veronese. Boa parte dos afrescos é dedicada à história de San Sebastiano. Elas estão em toda parte no seu interior: no teto, nas paredes, na nave e na sacristia. Até o próprio Veronese encontra-se sepultado nessa igreja.
Igreja Ognissanti
Outra nessas proximidades é a Igreja de Ognissanti ou de Todos os Santos, que teve o início de sua construção em 1505 sobre uma antiga igreja de madeira. A igreja só foi consagrada em 1586, isso porque a verba tornou a construção lenta e demorada. Em 1806 o convento foi suprimido pelas tropas de Napoleão, tendo se tornado em casa de idosos no final do século 19. Atualmente faz parte da Università Ca'Foscari.
Igreja delle Eremite
A pequena Igreja delle Eremite, também chamada Romite, faz parte de um complexo que inclui o Convento Santa Maria Immacolata. Dedicada à Sagrada Família, essa igreja foi erguida em 1693. Descrita como uma igreja suntuosa, sabe-se que há belas pinturas no teto. Em 1810 a igreja foi fechada e entregue para restauração em 1990. Porém ainda não está aberta à visitação.
Squero San Trovaso
A poucos passos da Zattere encontra-se o Squero di San Trovaso, que é o mais famoso estaleiro de gôndolas de Veneza. Nesse lugar pitoresco funciona a única oficina autorizada para reparação de gôndolas da cidade. Nela trabalham artesãos que fabricam e restauram essas emblemáticas embarcações.
O estaleiro funciona desde 1600 e até hoje a construção de uma gôndola é feita artesanalmente, o que exige muita experiência. Também é preciso muita experiência para manobrar uma gôndola. Quando se vê a elegância dos gondoleiros, é difícil imaginar os diversos impulsos que o gondoleiro emprega com o corpo para dirigir e equilibrar o barco.
Gôndolas de Veneza
Segundo informam, uma gôndola tem 10 metros de comprimento e 1,40 metros de largura. Pesa 350 kg e é composta por cerca de 280 partes de madeira. O ferro na proa serve para equilibrar o peso do gondoleiro. A lâmina cortada como um pente de 6 dentes significam os 6 sestieri ou bairros de Veneza. A peça mais valiosa, o suficiente para ser considerada uma verdadeira obra de arte é a "muleta", um suporte para o remo que pode tomar diferentes posições.
Igreja San Trovaso
Um pouco adiante do estaleiro está a igreja de San Trovaso, cujo nome teve origem na contração do nome de três santos: San Protasio, San Gervasio e San Crisogno, um antigo santo romano martirizado em Aquila. Construída no século 10 e reconstruída no século 17, o estado atual da construção resultou de uma ampla restauração em 1987.
O interior é decorado com obras de Tintoretto e Jacopo Palma. Situada num campo, essa igreja tem duas entradas idênticas. Segundo contam, isso foi necessário para que as duas facções rivais, Castellani e Nicolotti, não entrassem em luta quando fossem à igreja. Essa rivalidade está relacionada com a Ponte dei Pugni, onde essas facções se enfrentavam.
Igreja dei Gesuati
Situada na marginal Zattere ao lado dos ancoradouros do ferry, a pequena Igreja de Santa Maria della Visitazione também é chamada Artigianelli ou San Geronimo dei Gesuati. Foi construída sobre uma antiga igreja de 1494, que teria sido erguida por monges da Toscana.
Quando os frades dominicanos estiveram em Veneza em 1669, foi erguida uma nova igreja chamada de Santa Maria del Rosario. Tendo recebido a doação de uma preciosa coleção de livros, a igreja foi transformada numa biblioteca pública em 1750. Porém devido ao roubo dos livros a igreja ficou abandonada.
Já em 1923 Dom Luis Orione passou a usar a igreja como um orfanato, por isso a igreja passou a ser chamada "Artigianelli". Nos nichos da fachada grandes esculturas retratam as quatro virtudes. Junto à igreja existe um claustro. Após uma grande restauração em 1995, a igreja voltou a ser usada pela Comunidade religiosa de São Luís Orione. Eventualmente é utilizada para concertos ou exposição de artes.
Igreja Spirito Santo
Pequena e simples, a antiga Igreja Spirito Santo situada na marginal Zattere foi reconstruída em 1506. Fechada em 1806, tornou-se numa escola e depois num armazém de tabaco. Atualmente é uma propriedade particular e permanece sempre fechada.
Igreja Sant Agnes
Bela é a Igreja Sant Agnes, rústica e com tijolos aparentes. Dizem que ela foi erguida no século 10 e reconstruída diversas vezes. Durante as restaurações o telhado, os mosaicos, os altares e afrescos foram destruídos. Além disso, durante a invasão das tropas napoleônicas em 1810 a igreja foi usada como armazém e depósito de carvão. Somente em l872 a igreja foi recuperada e reaberta ao culto.
Campo San Vio
No movimentado Campo San Vio havia no passado uma igreja dedicada a San Vio, que foi construída em 912. Fechada em 1808, logo depois foi considerada perigosa e demolida. Fragmentos da antiga igreja foram usados para construir o oratório atual, que atualmente é de propriedade particular.
Basílica de Santa Maria della Salute
Imponente, exuberante e simbólica, a Basílica de Santa Maria della Salute em estilo barroco se destaca por sua fachada branca. Construída em 1687 às margens do Grande Canal, a basílica tem suas origens na promessa feita pelos venezianos para que terminasse a peste que assolava a cidade em 1630.
No alto as cúpulas e as torres sineiras se destacam no horizonte. As escadarias tomam conta da grande praça. Na fachada há quatro nichos que contém a imagem de quatro apóstolos: San Marco, San Giovanni, San Luca e San Matteo. Acima anjos e arcanjos completam a decoração. No interior estão belíssimas obras de Ticiano, Tintoretto e Canaletto, que decoram o altar mor e as 6 capelas. Ao redor da cúpula na parte interna existem esculturas em madeira representando os profetas.
Basílica Santa Maria della Salute
Todos os anos, em torno do dia 21 de novembro é realizada a festa dedicada a Santa Maria della Salute ou Nossa Senhora da Saúde, quando uma longa ponte flutuante é estendida provisoriamente sobre o Grande Canal. Nesse dia uma grande multidão se aglomera para celebrar a santa. Como de costume em toda a Itália, é também a oportunidade de degustar pratos regionais.
Abazia San Gregório
Mesmo estando ao lado da Basílica della Salute, muitas vezes a bela igreja gótica dedicada a San Gregório passa despercebida. Fundada em 806 e dada aos monges beneditinos em 989, a igreja foi reconstruída em meados do século 15 resultando na atual fachada.
O complexo foi suprimido pelos franceses em 1806 e os edifícios transformaram-se em uma oficina de refinação de metal para a Casa da Moeda em 1818. Devido ao seu triste estado, em 1968 passou por uma restauração e agora é usado para laboratório para restauração de artes.
Palácios de Veneza
Muitos palácios de Dorsoduro chamam atenção, não só pela arquitetura mas também pela decoração, tal como o Palácio Orio ex-Salviati de 1903 e o Barbarigo de 1886, que possuem belos desenhos na fachada feitos com aplicação de mosaicos feitos em vidro de Murano. Também se destacam palácios em estilo gótico, como os Palácios Loredan, Mula Morosini e outros.
Palazzo Ca' Dario
De fato é muito intrigante o que aconteceu com cada um dos seus proprietários. Depois da morte de Giovanni Dario em 1494, a casa passou para a filha Marietta cujo marido suicidou depois de uma perda financeira. Tempos depois, o palácio foi herdado pelo filho de Marietta, que foi encontrado morto em Creta.
A fama do palácio se consolidou quando um rico comerciante adquiriu o palácio e logo foi à falência. Ao longo dos anos, as pessoas que foram morar no palácio morreram misteriosamente. Finalmente foi adquirido por uma empresa multinacional, que ainda hoje tem a sua posse. Talvez sejam apenas coincidências, mas a má fama permaneceu...
Palazzo Ca'Rezzonico
Esse é um dos palácios mais lindos do Grande Canal, tendo um interessante museu dedicado à produção artística dos anos de 1700. Considerado uma obra prima do estilo barroco que predominou na cidade no século 17, o prédio tem uma fachada de grande efeito cenográfico. Repleta de estátuas e colunas, elas acentuam o jogo de sombra e de luz.
Palazzo Ca'Rezzonico
Construído em 1649 a pedido da nobre família Bon, o arquiteto faleceu sem concluir a obra. Dificuldades financeiras obrigaram os proprietários a vender o imóvel para a família Rezzonico, que finalizou o palácio quase 100 anos depois com um novo projetista. Os três andares do suntuoso palácio possuem belas obras de arte originais, além de objetos de outros palácios e coleções de diversas famílias venezianas.
Palazzo Ca'Rezzonico
Palazzo Ca'Rezzonico
A escadaria de honra é uma prévia para a surpreendente sala do baile. Na época, famílias nobres venezianas convidavam os maiores pintores para decorar seus palácios, por isso no Ca’Rezzonico pode-se admirar tetos afrescados por renomados artistas. Algumas salas tem as paredes cobertas por veludos, tecidos da época e tapeçarias.
Palazzo Ca'Rezzonico
Palazzo Ca'Rezzonico
Destacam-se as obras de arte dos pintores venezianos. Os quadros de Pietro Longhi descrevem a atmosfera aristocrática do período, as festas e os costumes da nobreza. No terceiro andar existe uma ampla pinacoteca, com um extenso acervo de obras de artistas dos períodos entre 1400/1900. Quase todas as obras são da escola veneziana, tendo ainda uma coleção que retrata cenas do quotidiano, paisagens, quadros religiosos e cenas lindíssimas da mitologia.
Palazzo Ca'Rezzonico
Palazzo Ca'Rezzonico
O palácio ainda conserva a decoração e o mobiliário, as coleções de cerâmica e porcelana, os espelho e os candelabros originais. Também há uma curiosa atração; uma antiga farmácia com objetos em cerâmica maiólica e frascos para medicamentos feitos na Ilha de Murano. Os enormes e suntuosos lustres de Murano também enfeitam o teto dos salões.
As elegantes estantes de madeira escura contrastam com os antigos vasos que continham as especiarias e ervas utilizadas no preparo de fórmulas e remédios. No book shop, além de livros específicos sobre arte, é possível encontrar ampla bibliografia e guias sobre Veneza. Das janelas das salas pode-se ver Veneza do alto.
Galleria dell'Accademia
Em Dorsoduro está uma das galerias de arte mais importantes de Veneza e um dos museus de arte mais importantes da Itália: a Galleria dell'Accademia. Situada no Campo della Carità, o complexo da galeria inclui a Igreja e Scuola Santa Maria della Carità e o Convento dos Cônegos Lateranenses, que formam a Academia de Belas Artes.
Galleria dell'Accademia
Galleria dell'Accademia
Galleria dell'Accademia
Passear pelas salas significa descobrir uma exuberante coleção de obras venezianas e vênetas dos períodos bizantino, gótico e do renascimento. Muitos dos artistas presentes na Academia influenciaram a história da arte europeia.
A espantosa coleção foi iniciada por Giovanni Battista Piazzeta em 1750. Fundada com o objetivo de desenvolver atividades didáticas e de restauro, quando Napoleão invadiu a cidade em 1797, muitas obras de arte foram confiscadas e levadas para a França. Outras ficaram em Veneza para e acabaram na Galeria da Academia, que foi inaugurada como galeria de arte em 1817.
Scuola Santa Maria della Carità
Scuola Santa Maria della Carità |
Na Scuola Grande di Santa Maria della Carità pode-se admirar as suntuosas obras de artistas da época. Além das monumentais salas da Scuola, uma das obras mais impressionantes ocupa uma parede inteira. É a "Cena da casa di Levi" de Paolo Veronese. A obra foi feita para substituir um trabalho de Tiziano que foi destruído após um incêndio no refeitório do convento di Santi Giovanni e Paolo.
Ponte dell'Accademia
A Ponte dell'Accademia, situada bem à frente do complexo da galeria de belas artes, é uma das quatro pontes que atravessam o Grande Canal. A primeira ponte foi construída em 1854. Devido à sua proximidade com o Convento, no passado era chamada de Ponte della Carità. Foi reconstruída em 1932 e em 1948, época em que passou a ser chamada Ponte dell'Accademia. .
É a única ponte de madeira que atravessa o Grande Canal com a sua arcada impressionante de 48 metros. Com alguns elementos metálicos, tem sido sobretudo ponto de encontro entre casais para colocarem os famosos cadeados de amor, uma tendência que percorre várias pontes da Itália. Da ponte tem-se uma bela vista panorâmica. Enquanto os jovens sentam-se nas margens para apreciar o movimento, artistas imortalizam a cidade de amplos cenários.
Coleção Peggy Guggenheim
Em 1948 a simpática e excêntrica senhora Marguerite “Peggy” Guggenheim resolveu morar em Veneza, levando com ela algumas peças de sua vasta coleção pessoal. Residindo no Palazzo Venier dei Leoni e sendo herdeira de um milionário, dedicou sua vida à arte moderna. Dizem que é fácil fechar os olhos e imaginar Peggy descendo as escadas do Palazzo Venier em direção ao jardim com seus cães.
Quem chega no museu através do Grande Canal de Veneza se depara com uma das peças mais excêntricas de Peggy. "Anjo da Cidade" é uma obra de Marino Marini de 1948, que consiste de uma estátua de bronze representada por um homem nu sobre um cavalo. Peggy não tinha medo de controvérsias e essa peça mostra um homem visivelmente excitado pelas possibilidades no horizonte, enquanto monta em um cavalo.
A vida inquieta de Peggy se assemelha bastante com as obras expostas na sua galeria, que contém Picasso, Mirò, Duchamp, Braque, Chirico, Dalì, Magritte, Chagal, Kandinsky, Mondrian, Ernst, Klee e outros. Trata-se de um dos maiores museus de arte moderna do mundo, cujas obras foram acumuladas ao longo de seus 81 anos.
Algumas salas mantiveram a disposição original da época em que Peggy vivia ali. No seu quarto está exposta a cabeceira de sua cama e os brincos muito extravagantes que ela usava. A entrada da casa e a sala de jantar também mantiveram a alguns elementos da disposição original. As janelas voltadas para o Grande e a maravilhosa varanda oferecem uma estonteante paisagem de Veneza.
Peggy era uma figura muito excêntrica. Se vestia de forma original e amava ser fotografada no trono bizantino em granito no jardim da casa. Falecida em 1979, nos jardins há uma placa memorial que marca o local onde Peggy foi enterrada. A protetora da arte moderna recebeu um decreto honorário da cidade de Veneza para ser enterrada embaixo das esculturas de Giacometti em seus jardins, local onde também estão enterrados seus animais de estimação.
Atualmente o museu é administrado pela Fundação Solomon R. Guggenheim, criada por seu tio Solomon Robert Guggenheim e pela artista Hilla von Rebay. Esculturas e intervenções de arte moderna e contemporânea tornam o espaço do jardim bonito e agradável, onde pode-se sentar e admirar o espaço, antes e depois da visita.
Peggy Guggenheim |
Punta dela Dogana
Junto à Basílica de Santa Maria della Salute está a Punta della Dogana ou Ponta da Alfândega, que engloba o complexo aduaneiro, o Palazzo Grassi e a Fundação Pinault Foundation François, que é um centro de excelência para a arte contemporânea na Itália e no mundo. Situada no encontro entre o Grande Canal com o Canal da Giudecca, desse lugar pode-se vislumbrar um magnífico cenário.
Construída no século 17 para controlar mercadorias e barcos que transitavam em Veneza, é composta de dois andares. Dizem que há alguma coisa mágica na Punta della Dogana. No alto da torre há uma bola de ouro apoiada por dois atlas. A escultura representa a Fortuna e gira para indicar a direção do vento, que ora sopra para um lado ora sopra para outro. Simbolicamente, mostra que a fortuna pode mudar...