14 dezembro 2022

Vietri sul Mare

 


Vietri sul Mare é uma das mais belas aldeias da Itália. Empoleirada nas encostas da província de Salerno, o pequeno vilarejo tem sempre as janelas abertas para o Mar Tirreno. O mar profundo tem um intenso colorido de azul, que contrasta com as praias de areia, cascalho  e seixos. 




Praias: As praias de Vietri sul Mare estão entre as mais belas praias da Costa Amalfitana. Algumas exigem o pagamento da diária, mas há também praias de uso gratuito. 

Todas elas possuem serviços essenciais para tornar agradável o dia de praia, tal como duchas e chuveiros para quem quiser limpar os pés da areia antes de sair da praia. 




Crestarella: Essa é a praia mais tranquila e mais secreta da Costa Amalfitana. Embora seja uma praia particular, que exige reserva e pagamento antecipado, é uma opção para quem deseja fugir de praias superlotadas durante o verão. Protegida por rochedos, o acesso à essa praia é exclusivo.




A imponente Torre Crestarella que avança sobre o mar, foi no passado uma importante fortaleza de defesa da Costa Amalfitana. Construída em 1569,  no passado era conhecida como Torre del Chiatamone, o mesmo nome do passo estreito que levava de Vietri a Salerno.




Em 1866, através de um decreto do rei Vittorio Emanuele II, a torre foi  leiloada.  Desde então a torre passou a ter uso privado, sendo hoje um espaço onde são realizados muitos eventos, especialmente festas de casamento, e o acesso à sua praia particular.  



Faraglioni de Vietri:  Crestarella está voltada para o Due Fratelli ou Faraglioni de Vietri, que são duas formações rochosas localizadas a poucos metros da praia. 

Diz uma lenda que os Faraglioni surgiram depois que dois cavaleiros estiveram duelando, até que se sentiram exaustos e se apoiaram em duas pedras. Eis que perceberam que o brasão de armas de ambos era idêntico, portanto eles eram irmãos. No mesmo instante surgiu uma enorme onda e eles foram engolidos pelo mar. Daí surgiu o nome "Dois irmãos". 

Existem outras lendas, porém hoje sabemos que essas formações rochosas, são rochedos resultantes da erosão da própria costa pelo mar e pelo clima ao longo dos séculos. 

Muito comuns na costa do Mediterrâneo, essas rochas costumam ser batizadas com diversos nomes, tornando-se uma atração para aqueles que saem em barcos para passeios no mar. 



Encostas de Vietri: Declarada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, a riqueza das paisagens e do patrimônio artístico e cultural de Vietri sul Mare é um convite para quem deseja explorar um recanto tranquilo e cheio de história. 

Historicamente, Vietri sul Mare foi identificada como a antiga Marcina, primeiro assentamento costeiro etrusco-samnita, que se tornou um porto romano e depois conquistada pelos sarracenos ou muçulmanos. 



De fato, as casas construídas em degraus sobre a encosta e ligadas por sinuosas vias são indícios de um local de onde era possível vigiar as praias. A torre vigia é testemunha das incursões na área.

Destruída por vândalos no ano de 455, quase 400 anos depois os moradores retornaram ao local e reconstruíram a cidade. Portanto, a cidade leva o nome de "Vetere" ou "Velho", que posteriormente se transformou em Vietri. 



Igreja de San Giovanni Battista: Suas casas policromadas destacam graças à exuberante vegetação mediterrânea. O ponto de maior destaque é a majestosa cúpula da Igreja de San Giovanni Battista. Com 36 metros de altura, ela é coberta por cerâmica majólica brilhante nas cores verde, amarelo e azul.



Junto à igreja encontra-se a torre sineira. Situada no ponto mais alto, essa igreja foi fundada no século 10 e reconstruída anos mais tarde. Ao longo dos séculos foi remodelada de acordo com vários estilos. 





A fachada, feita no século 16 tem um painel de cerâmica representando San Giovanni Battista com o panorama de Vietri sul Mare ao fundo.  




Em seu interior estão obras valiosas, mas o que mais chama atenção é o belo teto decorado com ouro puro. 




O altar-mor, feito em 1650, tem incrustações de mármore, assim como as fontezinhas de água benta e o pedestal do batistério. Diversas pinturas completam a decoração.  



Localizada ao  lado da Igreja, a Arciconfraternita della Santissima Annunziata e del Santissimo Rosario teve origem no século 17. Além da bela fachada decorada com cerâmica pintada, em seu interior há belos afrescos.  



Cerâmica de Vietri: No entanto, o que atrai a atenção dos turistas são as diversas lojas de cerâmica espalhadas por toda a cidade, que trazem um colorido especial, mas que também estão na decoração externa de muitas casas. 



Conhecida internacionalmente por suas tradicionais fábricas de cerâmicas de maiólica ou faiança italiana do Renascimento, elas são únicas desde a Idade Média quando a cidade começou a exportá-las. 



As peças são produzidas com motivos e técnicas que permanecem inalteradas ao longo dos séculos, sendo passadas de geração em geração. As cores amarelo, azul e verde representam o sol, o mar e as plantações do mediterrâneo. 



Os motivos decorativos tradicionais são geometrias simples, formas simbólicas ou atribuíveis a realidades bucólicas, que as habilidades manuais do mestre ceramista no torno e do decorador tornam cada peça única.



Passear pelas ruas e becos permitem chegar a lugares interessantes, como a Cerâmica Pinto mas também descobrir becos com incríveis e encantadores azulejos.



O Corso Umberto I é o lugar certo para admirar azulejos, vasos, pratos e cerâmicas de todos os tipos exibidos pelas inúmeras lojas que se encontram em cada canto de Vietri sul Mare. 



O burro de cerâmica é um dos símbolos da olaria de Vietri. No passado esse animal era indispensável para se locomover pelas ruas estreitas da Costa Amalfitana ou para fazer o carregamento de mercadorias e materiais.




Cerâmica Solimene: A exuberante Fábrica de Cerâmica Solimene exporta seus produtos para todo o mundo.  Localizada em uma posição dominante na entrada da aldeia e com vista para o mar, a estrutura da fabrica é em si uma obra de arte. 



Projetada pelo arquiteto Paolo Soleri, a fábrica é coberta externamente com 20.000 vasos torneados criados na fabricação. Em seu interior, os mestres ceramistas realizam os mesmos movimentos de mais de meio século atrás, quando a história da empresa começou.



Villa Comunale: Bem próximo à Cerâmica Solimene está a Villa Conunale, um dos lugares de onde se tem uma bela vista. O local é perfeito  para descansar e fazer umas fotos. Ao longo dos caminhos arborizados, os murinhos decorados com cerâmicas coloridas são uma graça. 




Descendo a rampa chega-se a um pequeno anfiteatro, por vezes palco de espetáculos, principalmente durante a primavera e o verão.  Esse é o caminho para quem deseja chegar até a Marina de Vietri.




Casas Coloridas: A partir do anfiteatro, descendo em direção à praia, uma rua estreita se destaca pelas cores. Famosa nas redes sociais, as casas coloridas são enfeitadas com cerâmicas e azulejos.  



As decorações incluem motivos religiosos e pagãos, que se misturam com elementos estranhos e bizarros, tal como palhacinhos e bonequinhas. 



Em diversos espaços, como nos pontos mais altos das casas, corredores e nas salas das casas, há sempre um azulejo ou cerâmica de Vietri.



Fora das casas, alguns aproveitam pequenos espaços para criar capelinhas e oratórios, já que nessa região a religiosidade é bastante acentuada. 



E eis que surge um beco, igualmente decorado com cores alegres, que dá acesso direto para a praia. Porém há muito mais a descobrir nas imediações da cidade, tal como a comunidade de Raito.



Villa Guariglia/Museu: Em Raito está a elegante Villa Guariglia, que pertenceu a Raffaele Guariglia - embaixador da Itália e foi doado para a cidade para ser usado como centro de estudos. 



Circundado por um grande parque, hoje o elegante palácio vem sendo usado como sede do Museo della Ceramica Vietrense, tendo em seu interior diversas peças de valor histórico, mas que também destaca o desenvolvido da arte ceramista. 

Molina é um lugarejo das proximidades, que teve seu nome definido devido aos moinhos de água usados para o processamento de cerâmica que, desde a Idade Média, estavam espalhados no Valle del Bonea.

Durante a Segunda Guerra Mundial aliados desembarcaram em Vietri, onde foi criada a Comissão Aliada de controle nacional na Villa Guariglia em Raito e onde o rei Emanuele III permaneceu desde agosto de 1944 até abril de 1945.



Le Vigne di Raito: A quase 300 metros acima do nível do mar encontra-se a Viníciola Le Vigne di Raito, que nasceu a partir de um amor à primeira vista, quando sua proprietária estava apenas fazendo turismo pela cidade.

A paixão a levou a adquirir uma pequena porção de terra abandonada lá no alto, onde trabalhou a terra e decidiu plantar uma vinha. O primeiro vinho surgiu em 2007, o Ragis Rosso e posteriormente outros belos vinhos.




Hoje os visitantes são recebidos para um maravilhoso passeio pelo vinhedo, que termina com uma deliciosa degustação de vinhos. Essa é uma experiência única e imperdivel. 




A vinícola foi certificada biodinâmica devido ao uso de métodos sustentáveis e orgânicos. A maior parte do trabalho é feita à mão, e não há uso de fertilizantes ou produtos químicos. 

As uvas que crescem nessas encostas da Costa Amalfitana são especiais, já que ao serem banhadas pelo sol e pela  brisa do mar, elas possuem um sabor único...



08 maio 2022

La Forza Della Vita - Paolo Vallesi



La Forza Della Vita

Anche quando ci buttiamo via per rabbia o per vigliaccheria
per un amore inconsolabile.
Anche quando in casa il posto è più invivibile
e piangi e non lo sai che cosa vuoi.

Credi c'è una forza in noi amore mio forte dello scintillio
di questo mondo pazzo e inutile
È più forte di una morte incomprensibile.
e di questa nostalgia che non ci lascia mai.

Quando toccherai il fondo con le dita
un tratto sentirai la forza della vita
che ti trascinerà con se
Amore non lo sai, vedrai una via d'uscita c'è.

Anche quando mangi per dolore
e nel silenzio senti il cuore
Come un rumore insopportabile
E non vuoi più alzarti
E il mondo è irraggiungibile,
e anche quando la speranza oramai non basterà.

C'è una volontà che questa morte sfida
È la nostra dignità la forza della vita
Che non si chiede mai cos'è l'eternità
Anche se c'è chi la offende
O chi le vende l'aldilà.

Quando sentirai che afferra le tue dita
la riconoscerai la forza della vita
che ti trascinerà con se,
Non lasciarti andare mai, non lasciarmi senza te.

Anche dentro alle prigioni della nostra ipocrisia
Anche in fondo agli ospedali della nuova malattia
C'è una forza che ti guarda e che riconoscerai
È la forza più testarda che c'è in noi
Che sogna e non si arrende mai.

E' la volontà più fragile e infinita
La nostra dignità a forza della vita
Amore mio è la forza della vita
Che non si chiede mai, cos'è l'eternità
Ma che lotta tutti I giorni insieme a noi
Finché non finirà.

Coro: Quando sentirai che afferra le tue dita
La riconoscerai la forza della vita.
La forza è dentro di noi
Amore mio prima o poi la sentirai
La forza della vita
Che ti trascinerà con se
Che sussurra intenerita
Guarda ancora quanta vita c'è!...

22 fevereiro 2022

Ferrara, joia do renascimento 2 - Loggia dei Mercanti

 


Loggia dei Mercanti

Em um dos lados da catedral encontra-se a Loggia dei Mercanti, um centro comercial onde se encontra de tudo um pouco, por isso antigamente era chamada "Loggia degli Strazzaroli".  

Requintadas lojas de grife encontram-se nas imediações da catedral e do castelo, onde você pode encontrar as últimas tendências da moda. Há também outras lojas espalhadas pela cidade, como o comércio da Via Garibaldi e Via Giuseppe Mazzini.



Museu Judaico 

Na Piazza Trento e Triste tem início a Via Giuseppe Mazzini, que teve um papel importante em Ferrara, tanto na área urbana e quanto socialmente. Nessa rua teve início em 1275 o assentamento do povo judeu, que se concentrou nas imediações da Via Mazzini. 

Aliás na Itália encontram-se os guetos judaicos mais antigos do mundo. A origem da palavra gueto é veneziana, já que o gueto mais antigo do mundo encontra-se instalado em Veneza desde 1516. Tendo se tornado por séculos como referência da cultura judaica, em Ferrara existe também um museu dedicado à cultura hebraica.

Centrado no tema do Torá – a Bíblia hebraica, no museu há uma coleção de objetos tradicionais e de culto, móveis antigos, decorações dos rolos da Torá, documentos e impressos. Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos judeus que moravam em Ferrara foram presos pelos nazistas e levados para os campos de concentração, de onde jamais retornaram...   



Palazzo San Crispino 

Em frente à Piazza Trento e Trieste está o Palazzo San Crispino. Também conhecido como o Oratório dos Sapateiros, a loggia foi construída em 1257, quando o terreno pertencia à Catedral e foi cedido à Arte dei Callegari ou Arte dos Sapateiros. 

O oratório foi dedicado aos Santos Crispino e Crispiniano, por esses santos terem sido sapateiros. Os dois apoiaram a fé cristã e durante as perseguições do Império Romano aos cristãos, eles foram condenados à morte. A pintura que retrata os santos foi feita em 1750.

A aparência atual do Palazzo San Crispino deve-se a alguns trabalhos de restauração realizados no século 19, que lhe deram sua aparência neoclássica com as arcadas no térreo. As esculturas em sua fachada retratam importantes figuras da história da cidade. 

Também localizada nas proximidades da Piazza Trento e Triestre, a Piazzetta Sant'Anna foi originalmente um claustro dentro do primeiro hospital da cidade, que foi criado no século 15. No local existia um oratório dedicado a Sant'Anna, por isso o mesmo nome foi dado ao espaço. Numa das celas do claustro esteve preso o poeta Torquato Tasso devido à sua suposta loucura.    



 Teatro Nuovo de Ferrara 

Junto à Piazza Trento e Triste encontra-se o Teatro Nuovo de Ferrara, que tem uma programação variada. Construído em 1925 e reformado em 2015, o teatro tem formas clássicas. Seu interior é finamente decorado. Com capacidade para 400 pessoas, metade das cadeiras estão dispostas em linha reta, enquanto as restante seguem o formato oval. Porém, diferente de outros teatros, não há balcões.

   


Teatro Comunale

Muitos teatros foram construídos na cidade ao longo dos tempos, porém havia a necessidade de construir um teatro sofisticado e elegante para atender à demanda de ricos, nobres e intelectuais. Assim teve início em 1773 a construção do Teatro Comunale nas imediações do Castelo Estense. 



A obra demorou 23 anos para ser concluída e o teatro foi inaugurado em 1798 com a ópera Gli Orazi. Devido à necessidade de reparos, além da ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial, o teatro permanceu fechado. A partir de 1961 o teatro passou por restaurações que devolveram ao local o seu antigo esplendor. Hoje o espaço interno é surpreendente. 



Restaurado entre 1960/1980 o teatro em formato de ferradura tem capacidade para 1.000 pessoas. Os balcões alcançam até o teto finamente afrescado. Uma particularidade desse teatro é o seu pátio interno. Chamado de Rotonda Foschini, na antiguidade permitia que as carruagens entrassem pelo pórtico, deixassem os convidados protegidos da chuva e do frio e podiam sair em outra rua, mas esse espaço e circulação não é mais usado. 


continua em Ferrara 3...


Ferrara, joia do renascimento 5 - Girolamo Savonarola

 


Nicolò d'Este III

Senhor de Ferrara entre 1393 a 1441) 

Alberto d'Este V morreu sem ter herdeiros, por isso foi sucedido por seu irmão Nicolò d'Este III em 1393. Homem de ação, o novo Marquês se tornou-se um estadista sagaz e ambicioso. 

Sempre trabalhando muito para manter o território Ferrarese, que era em sua maior parte pantanoso e improdutivo, foi durante seu governo que Ferrara converteu-se em um importante centro cultural recepcionando vários Papas. 

Embora a cidade tenha sido cedida para a família Este mediante um alto pagamento anual, a Santa Sé mantinha um estrito domínio, às vezes fazendo absurdas exigências ou interferindo até mesmo na vida particular das famílias. 

Pretendendo ter privilégios junto à Santa Sé, o Duque Nicolò III organizou em 1438 o Concílio Ecumênico, que pretendia unir as Igrejas do Oriente e do Ocidente, época em que a cidade tinha se tornado um importante centro cultural. 




Casa de Stella dell'Assassino

Nicolò III casou com uma jovem de 15 anos, mas ela faleceu algum tempo depois sem deixar-lhe filhos. Com sua amante favorita, Stella dell'Assassino, ele tinha 3 filhos adolescentes: Ugo, Borso e Leonello.

O sobrenome "dell’Assassino" devia-se ao fato do pai de Stella ser originário da cidade de Assis, ou seja, Assisino, que resultou em Assassino. Mas também pode ter derivado dos membros da famosa "Seita dos Assassinos"... 

A casa de Stella ainda pode ser vista na Via Cammello, uma construção imponente que hoje serve como sede da Contrata di Santa Maria in Vado. Era nessa casa que o Duque Nicolò III vivia seu amor secreto. 



Condenação de Parisina

Apesar de suas amantes, Nicolò III resolveu casar com Parisina Malatesta, que pertencia a uma família nobre. Também conhecida como Laura Malatesta, na época Parisina tinha apenas 14 anos de idade enquanto Nicolò III tinha 31 anos. Ela residia na Torre Rigobello e nas salas sob a biblioteca ela reorganizou seu novo lar. 

Durante uma viagem para visitar sua família, Nicolò III insistiu que ela fosse acompanhada de seu filho Ugo d'Este que tinha 20 anos. Os dois jovens se tornaram amantes e quando retornaram as empregadas do castelo denunciou-os. 

Ao descobrir o caso Nicolò III mandou que Parisina e Ugo fossem trancados na masmorra do castelo, antes de serem decapitados. A trágica história de amor inspirou escritores e músicos de óperas. Parisina morreu deixando duas filhas gêmeas: Lucia d'Este e Ginevra d'Este, que também  morreram na adolescência. 

Nicolò casou-se novamente e teve dois filhos: Ercole I e Segismundo I, mas foram seus filhos ilegítimos que o sucederam.  Apesar de ser um político hábil e sagaz, protetor das artes e de músicos, Nicolò III tinha acumulado muitos rivais e morreu envenenado durante a refeição da noite de natal...


Leonello d'Este / Senhor de Ferrara 1441/1450

Leonello era um filho ilegítimo Nicolò d'Este III, porém sucedeu seu pai e assumiu o poder em 1441. De gosto seleto e amante das artes, ele se cercou dos melhores artistas e mestres. Durante seu curto reinado artistas famosos estiveram na corte, como Piero della Francesca e Leon Battista Alberti. Em homenagem a seu pai ele encomendou o monumento equestre que encontra-se junto à entrada do antigo Palazzo Ducale.  

Leonello deu um novo impulso à Universidade de Ferrara, tornando-a um polo de atração para estudantes estrangeiros e acadêmicos enviados para lecionar em todas as faculdades. Embora tenha se casado por duas vezes, ele morreu sem ter os filhos herdeiros com os quais tanto sonhava, por isso ele foi sucedido por seu irmão Borso d'Este.


Borso d'Este /

Senhor de Ferrara 1450/1471

Borso d"Este era um homem de ação. Ambicioso, ele era o membro mais influente da família Este. Apesar de tentar promover a família, ter interesse pelas artes e música e ser muito apreciado por seus súditos, Borso era um sonhador de sonhos impossíveis. 

Certa vez ele apareceu com um projeto para construir uma montanha a partir do nada. Duramente criticado, teve de desistir de seu projeto. No entanto durante seu governo algumas obras enriqueceram a Catedral, como a porta esculpida. 

A corte de Borso foi o centro da chamada Escola de Pintura de Ferrara, onde ele oferecia a artistas e músicos o seu patrocínio.  Também fundou a Certosa e mandou fazer os afrescos Palazzo Schifanoia. 

Apesar de ser avarento no gasto com a cultura, ele é especialmente recordado pela famosa Bíblia com o seu nome, um dos mais famosos trabalhos em miniatura do renascimento na Itália. Borso d'Este morreu sem deixar herdeiros e foi sucedido por seu irmão Ercole I. 



Ercole d'Este I / 
Senhor de Ferrara 1471/1505

Ercole d'Este I era filho legítimo de Nicolò III e assumiu o poder em 1471. Com seus 40 anos e uma primorosa educação na corte aragonesa, ele estudou artes militares e cavalaria. Além de seu apurado gosto pela arquitetura e belas artes, Ercole I foi um dos mais significativos patronos do renascimento.  Em poucos anos ele mandou construir palácios, estradas, praças e conventos. 

A cidade dobrou de tamanho e a maioria dos palácios de Ferrara foram construídos durante seu governo. De uma pequena cidade medieval surgiu uma joia do renascimento urbanístico. Dois anos depois de assumir o poder, Ercole I casou com Eleonora d'Aragona. O casal teve seis filhos: Alfonso I, Isabella e Beatrice, Ferrante, Ippolito I e Segismondo II. Com sua amante, ainda teve dois filhos ilegítimos: Lucrécia e Giulio.


Beatrice d'Este

Palazzo Costabili / Museu Arqueologico Nacional

Ercole d'Este I era um nobre astuto e logo tratou de negociar o casamento de suas filhas com outros nobres. Com Ludovico Sforza, um nobre de Milão, ele negociou o casamento e sua filha Beatrice d'Este.O casal foi morar no Palazzo Costabili, que atualmente é utilizado pelo Museu Arqueológico Nacional. 

Em sua galeria estão vários tipos de objetos de excelente qualidade artística que mostram os estreitos laços culturais da Grécia antiga.  Há grandes vasos em que são retratados cenas da vida cotidiana, cenas mitológicas ou cenas que retratam a guerra de Tróia. Fascinante é o salão de ouro, que retrata a riqueza do povo etrusco no final do século 5. 



Isabella Este Gonzaga  /Senhora de Mantova

Com Francesco Gonzaga - Senhor de Mantova, Ercole I negociou o casamento de sua filha Isabella. Mulher de grande inteligência, bom gosto e amor às artes, ela mantinha tintas para que os pintores trabalhassem em obras de arte para ela. Conselheira do marido, ela vivia corrigindo seus erros diplomáticos, mas sua grande ambição era governar Mantova. Quando seu marido foi capturado, ela realizou seu sonho tornando-se a Senhora de Mantova. 



Girolamo Savonarola

Junto ao castelo encontra-se um monumento dedicado ao Frei Dominicano Girolamo Savonarola, que nasceu em Ferrara em 1452. Intelectual, estudioso de filosofia e medicina, ele decidiu renunciar à vida mundana opondo-se à imoralidade nas classes sociais. 

Disposto a combater as fraquezas humanas, seus sermões atraiam a atenção e causavam impacto no povo. Ele não interferia na política, mas conclamava o povo para uma vida cristã. Muitas pessoas queimaram publicamente seus artigos de luxo influenciado pelas palavras de Savonarola, fato que ficou conhecido como "Fogueira das Vaidades". 



Essa influência e suas violentas pregações contra os crimes da Igreja de Roma, trouxeram conflito com o Papa Alexandre VI e com nobres famílias e príncipes de cidades italianas. Em consequência, Savonarola foi excomungado e condenado à morte por ordem do Papa. 

Apesar dos pedidos de clemência feitos por Ercole D'Este I, Savonarola foi enforcado e teve seu corpo queimado na praça pública de Firenze. A cada ano Savonarola é homenageado em Firenze com o evento La Fiorita.   

Ercole I foi um dos nobres italianos que trouxe músicos e compositores europeus para a Itália. Famosos compositores europeus trabalharam para ele e dedicaram-lhe músicas. Entusiasta era música sacra e do teatro.

Em 1503 ele solicitou ao compositor que acabara de contratar, para escrever um testamento musical estruturado na meditação que Savonarola escrevera na prisão, Infelix ego. O resultado foi a obra prima "Miserere", provavelmente tocada pela primeira vez durante a Semana Santa de 1504 e cantada pelo próprio duque a partitura de tenor. 


continua no post Ferrara 6... 


Related Posts with Thumbnails

Seguidores

Related Posts with Thumbnails

Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.