25 novembro 2021

Va, pensiero / Giuseppe Verdi




Va pensiero, também conhecida como o "Coro dos Escravos Hebreus", é uma composição de Giuseppe Verdi que faz parte do terceiro ato da ópera Nabucco. Inspirada no Salmo 137, ficou conhecida como a obra de arte "judia" de Verdi. 

A obra narra a história do povo judeu exilado sob o jugo de Nabucodonosor, rei da Babilônia, após a perda do Primeiro Templo de Jerusalém. Os acontecimentos históricos são usados como pano de fundo para uma trama de cunho político. Escrita durante a época da ocupação austríaca no norte da Itália, tornou-se uma música-símbolo do nacionalismo italiano da época.





Essa emocionante apresentação foi realizada em 24 de maio de 2015 na Arena de Verona, por ocasião da celebração "100 anos após a grande guerra", tendo sido interpretada por 250 coros de 18 regiões, com 4600 cantores dirigidos por Carlo Pavese.

VA PENSIERO

Va, pensiero, sull'ali dorate  / Vá, pensamento, sobre asas douradas
Va, ti posa sui clivi, sui colli  / Vá, pouse sobre as encostas e as colinas
Ove olezzano tepide e molli  / Onde perfumam tépidos e suaves
L'aure dolci del suolo natal! / Os ares doces do solo natal!

Del giordano le rive saluta  /  Saúda as margens do Jordão
Di sionne le torri atterrate /  E as torres derrubadas de Sião.
Oh, mia patria si bella e perduta   /  Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh, membranza si cara e fatal! /   Oh, lembrança tão cara e fatal!

Arpa d'or dei fatidici vati /  Harpa dourada dos profetas fatídicos,
Perche muta dal salice pendi?/  Por que estás muda pendurada no salgueiro?
Le memorie nel petto raccendi /  Reacende as memórias no peito,
Ci favella del tempo che fu!  /  Que nos falem do tempo que passou!

O simile di solima ai fati  /   Semelhante ao destino de Jerusalém
Traggi un suono di crudo lamento  /  Traga-nos um som de lamento cru,

O t'ispiri il signore un concento  /   Ou que o senhor te inspire uma melodia
Che ne infonda al patire virtu!  /  Que preencha o sofrer com virtude!
Che ne infonda al patire virtu!/   Que preencha o sofrer com virtude!
Al patire virtu!  /   O sofrer com virtude!


21 setembro 2021

Lu e Cuccaro Monferrato

 



Cada cidade tem sua própria beleza, mas as pequenas e encantadoras Comunas Lu e Cuccaro Monferrato seduzem os turistas ainda na estrada. 

O destino do passeio é o próprio itinerário, tanto pela paisagem de ervas aromáticas, como pelas vistas que oferece sobre os Alpes e os Apeninos. 




Campo de Lavanda

Passando pelas colinas, o caminho feito por uma sucessão de subidas e descidas passa por pomares de vinhas, avelãs e pelos aromáticos campos de lavanda, que desabrocham entre a primavera e o início do verão, fazem lembrar paisagens provençais. 




Colheita de Lavanda

Esse é um momento mágico, quando a plena floração transforma a paisagem do Monferrato numa obra de arte. O corte das lavandas geralmente é feito ao final de julho, época em que pode-se visitar as empresas que processam as flores para produzir perfumes e produtos de beleza. 




Big Bench 98 de Lu

Sob esse olhar surgiram as Big bench ou Bancos Gigantes, que estão espalhados por todo o Monferrato. Fruto de uma ideia de Chris Bangle e sua esposa Catherine, eles foram projetados para apoiar o turismo em algumas comunidades do norte da Itália. 

Em Lu encontra-se a Big Bench 98, em azul e amarelo. A partir desse banco gigante os turistas podem contemplar as paisagens típicas da região, mas também sentir a sensação de ser uma criança novamente. 




Big Bench nº 99 de Cuccaro

Em uma colina nos arredores de Cuccaro está o banco gigante nº 99, de onde pode-se apreciar a paisagem em 360 graus. 

O banco com 3 a 4 metros de altura tem uma pequena escada ao lado que permite a subida até o assento e representa um modo de partilhar espaço entre familiares e amigos. 

Nos primeiros dias de verão, o morro toma uma cor púrpura e o Big Bench só poderia, portanto, ser de um lilás romântico. 




Vista de Cuccaro

Distantes apenas 3 km uma da outra, Lu e Cuccaro são aldeias típicas do Baixo Monferrato. Empoleiradas no topo de uma colina, suas lindas paisagens despertam todos os sentidos, fazendo com que muitos turistas se interessem em conhecer essas vilas mais de perto. 




Igreja Madonna della Neve

Cuccaro é uma aldeia tranquila, onde parece que o tempo parou. Com cerca de 300 habitantes, durante a semana as ruas quase sempre estão desertas, seja porque estão na lavoura ou porque estão em casa, de onde exalam saborosos aromas de diversas iguarias. O ponto mais alto da aldeia é marcado pela igreja dedicada à Madonna della Neve.




 Igreja Assunzione della Vergine

Na praça da Igreja Assunzione della Vergine também encontra-se o Museu Cristovão Colombo. Cuccaro ostenta as origens da família de Cristóvão Colombo, portanto esqueça o que consta em vários livros que dizem ter ele nascido em Gênova. 




Museu dedicado a Cristóvão Colombo

Isso é o que revela o museu dedicado a Cristóvão Colombo, onde é recontada a história do grande almirante que, navegando praticamente cego, desembarcou pela primeira vez nas Américas pensando que tivesse chegado até as Índias. 

Documentos, achados e testemunhos realizados pela Associazione Studi Colombiani Monferrini, atestam a presença da nobre família feudal nessa região, inclusive indicam a Casa de Colombo em Cuccaro. 

Não se tem a data de nascimento do famoso navegante, mas há respostas fascinantes sobre Cristóvão Colombo e sua tripulação, que marcaram definitivamente o início de uma nova era.




Vista de Lu

As estreitas ruelas de Lu são uma festa para os olhos. Entre igrejas antigas que emergem de um recanto e edifícios históricos que se vão revelando aos poucos, assim se dá a subida que leva ao centro de Lu, cujo nome tem diferentes explicações. 

Basta chegar ao topo da torre, de onde se tem uma vista de 360​​° das suaves colinas de Monferrato, para confirmar o que no passado os romanos diziam: "Esse é um bosque sagrado"...

Para os romanos, Lucus significava bosque sagrado, tendo se tornado o nome latino de vários lugares antigos durante o Império Romano. Mas a essa pequena comunidade deram o nome apenas de Lu, que passou a se chamar Lu e Cuccaro Monferrato após a fusão das pequenas vilas em 2019.




Pomares de Lu

Há também outra hipótese para o nome da cidade. Dizem alguns que na verdade a aldeia teria sido nomeada como LV, ou seja, Legio Quinta, a 55ª milha de César que parou em Monferrato, que posteriormente teria se transformado em LU. 

A planície preserva muitos vestígios de uma povoação romana, onde diversas escavações trouxeram à luz a vastidão do sítio arqueológico. Segundo estudos, a presença de povoamentos humanos ao longo do vale do riacho Grana datam da época romana, entre os séculos 2aC e V dC. 

Após o colapso do Império Romano, toda a área de Monferrato foi atingida pelos ataques dos bárbaros, fazendo com que a população local se transferisse para a colina mais alta da região, onde nasceu a Corte e o Castelo de Lu. 




Torre Cívica de Lu

Na época de Frederico I, mais conhecido como Barbarossa ou Barba Vermelha, foi construído o Castelo de Lu. Localizado na parte mais alta da cidade, embora tenha sido considerado inexpugnável, o castelo foi destruído em meados do século 16. Da construção restaram somente a torre e a concêntrica do antigo castelo, hoje ladeada pela estreita Via Luigi Onetti que leva até o topo da cidade. 

Sabe-se que essa torre estava localizada junto ao antigo castelo, que foi destruído pelos franceses em 1556. Em seu interior havia uma pequena igreja que guardava os restos mortais de San Valerio, mártir e padroeiro da cidade de Lu, que hoje encontram-se numa cripta na Igreja de Santa Maria Nuova. 




Torre Cívica de Lu

Desse local há maravilhosa vista panorâmica de Monferrato. Devido à sua posição estratégica, Lu se tornou bastante cobiçada ao longo dos séculos. Em diversas ocasiões conflitos e guerras de sucessão acabaram levando toda a região de Monferrato à miséria. 

Felizmente em 1708 Amedeo II de Sabóia conquistou todo o território de Monferrato. A partir disso, a história da comuna de Lu se fundiu com a da nobre família Saboia, dinastia que prevaleceu sobre parte da França e norte da Itália  por quase 1.000 anos.

 



Igreja dedicada a San Giacomo

No século 13 foram construídos em torno do castelo a Câmara Municipal e diversas igrejas. Aliás, a religiosidade é uma característica marcante da cidade, que apesar de ser pequena possui inúmeras igrejas. 

Devido a essa religiosidade, muitas mães tinham o desejo de que um de seus filhos se tornasse um sacerdote ou que uma de suas filhas se comprometesse com o serviço do Senhor.

Movidas por esse desejo, em 1881 as mães começaram a se reunir todas as terças-feiras para rezar pelas vocações. E eis que desta pequena cidade 323 jovens decidiram se dedicar à vida religiosa.




Pintura de Guala "Os cânones de Lu"

De cada família dois ou três irmãos se tornaram religiosos, porém ficaram mais conhecidos os nove filhos da família Rinaldi, da qual sete filhos se tornaram sacerdotes e duas filhas decidiram se tornar missionárias Salesianas. 

Um deles foi Filippo Rinaldi, eleito terceiro sucessor de Dom Bosco. Beatificado pelo Papa João Paulo II em 1990, seus restos mortais estão na cripta da Basílica de Maria Auxiliadora em Torino. No Museu de Arte Sacra de San Giacomo encontra-se a famosa pintura de Guala, "Os cânones de Lu", uma das obras-primas do século 18. 




Fachada da Igreja de San Giacomo

Junto ao museu está a igreja dedicada a San Giacomo. Construída nas imediações das muralhas do castelo no início do século 13, sua atual arquitetura é resultado de uma reestruturação, que lhe deu a bela fachada em estilo barroco e interior em tons de verde e rosa. A parte posterior da igreja permaneceu conforme projeto original.




Igreja de San Nazario

Outra muito antiga é a Igreja de San Nazario. Segundo documentos, sua construção teve início em 1298 nas imediações do castelo. Em 1448 a família Bobba mandou construir uma suntuosa capela na igreja, que após várias intervenções resultou na capela de Nossa Senhora de Lourdes. Na mesma rua encontra-se a Igreja barroca dedicada à Madonna do século 17.




 Igreja barroca dedicada à Madonna

Embora a cidade seja pequena, em seu perímetro e nas imediações encontram-se dez igrejas, exceto a Igreja de San Biagio, que é uma das mais antigas, mas já não tem função eclesiástica. 

Construída no século 15 foi vendida a particulares, mas em seu interior ainda há vestígios de estuques e pinturas de grande valor. Em 2020 a torre sineira desabou. 




Igreja de Santa Maria Nuova

Entre todas tem destaque a Igreja de Santa Maria Nuova, uma imponente construção que surpreende em meio às ruas estreitas. 

Construída em estilo gótico em meados do século 15 sobre a antiga San Pietro, nela encontra-se a Cripta de San Valerio - padroeiro da cidade. 

Caso esteja nas imediações de Lu em 22 de janeiro, não perca a Festa dedicada a San Valerio. 

Celebrada anualmente, inúmeras atividades são organizadas pelos moradores, inclusive a procissão, que marca o final do evento percorrendo as ruas do centro histórico.




Creme de avelãs Corilu

Embora o Monferrato seja o lar de alguns dos melhores vinhos italianos, uma especialidade de Lu são suas gostosas avelãs. Tradicionalmente cultivadas em suas colinas desde o século 15, a cooperativa produz o famoso creme de avelãs Corilu. 


11 maio 2021

Musica leggerissima / Colapesce, Dimartino





Festival San Remo 2021
Musica Leggerissima (Colapesce e Dimartino)
4º lugar - Festival de Música Sanremo 2021 


Se fosse un'orchestra a parlare per noi, 
sarebbe più facile cantarsi un addio
Diventare adulti sarebbe un crescendo di violini e guai.
I tamburi annunciano un temporale il maestro è andato via.

Metti un po' di musica leggera perché ho voglia di niente, 
anzi leggerissima, parole senza mistero, allegre, ma non troppo.
Metti un po' di musica leggera nel silenzio assordante
Per non cadere dentro al buco nero, 
 che sta ad un passo da noi, da noi più o meno.

Se bastasse un concerto per far nascere un fiore
Tra i palazzi distrutti dalle bombe nemiche nel nome di un Dio
Che non esce fuori col temporale Il maestro è andato via.

Metti un po' di musica leggera perché ho voglia di niente 
anzi leggerissima, parole senza mistero, allegre, ma non troppo.
Metti un po' di musica leggera nel silenzio assordante
Per non cadere dentro al buco nero,
 che sta ad un passo da noi, da noi...

Rimane in sottofondo dentro ai supermercati
La cantano i soldati I figli alcolizzati i preti progressisti 
La senti nei quartieri assolati Che rimbomba leggera.

Si annida nei pensieri, in palestra
Tiene in piedi una festa anche di merda
Ripensi alla tua vita alle cose che hai lasciato
Cadere nello spazio della tua indifferenza animale.

Metti un po' di musica leggera; Metti un po' di musica leggera.
Metti un po' di musica, metti un po' di musica,
Metti un po' di musica leggera, Metti un po' di musica leggera
Nel silenzio assordante per non cadere dentro al buco nero
Che sta ad un passo da noi, da noi, piu meno...





20 abril 2021

Bella Ciao - Orchestra Roma


Bella Ciao

Una mattina mi sono alzato
Oh Bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
Una mattina mi sono alzato e ho trovato l'invasor...

Oh partigiano, portami via
Oh Bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
Oh partigiano, portami via che mi sento di morir...

E se io muoio da partigiano
Oh ella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E se io muoio da partigiano tu mi devi seppellir...

E seppellire lassù in montagna
Oh Bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E seppellire lassù in montagna 
sotto l'ombra di un bel fior...

Tutte le genti che passeranno
Oh Bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
Tutte le genti che passeranno
Mi diranno: Che bel fior...

E quest'è il fiore del partigiano
Oh bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E quest'è il fiore del partigiano morto per la libertà...



Bella Ciao é uma canção popular italiana que se tornou símbolo de resistência contra o fascismo de Benito Mussolini, durante o período da Segunda Guerra Mundial na década de 1940/1950, mas também celebra a libertação da Itália do domínio das tropas nazistas. 

Criada em homenagem aos "Partigiani" ou "partidários", membros do movimento de resistência italiana, ainda hoje essa canção faz parte das celebrações do dia 25 de abril, o "Giorno della Liberazione".  

A cada ano, em 25 de abril nas ruas e praças de cidades italianas são realizados shows, eventos e manifestações para marcar esta importante data histórica da Itália. 


26 março 2021

Festa Italiana della Liberazione a Montese






Todos os anos a população de Montese, uma pequena cidade da Emilia Romagna, se reúne para homenagear os soldados brasileiros que estiveram na Batalha de Montese. 

Ao final da Segunda Guerra Mundial, entre os dias 14 e 15 de abril de 1945, os combatentes brasileiros junto com a 1a. Divisão Blindada Americana travaram um duro combate. Nas montanhas repousam os restos mortais de muitos soldados brasileiros. 

Canção do Expedicionário

Você sabe de onde eu venho? 
Venho do morro do engenho, das selvas, dos cafezais. Da boa terra do coco, 
da choupana onde um é pouco, dois é bom, três é demais. 
Venho das praias sedosas, das montanhas alterosas, dos pampas, do seringal, 
das margens crespas dos rios, dos verdes mares bravios da minha terra natal.

Por mais terras que eu percorra, não permita Deus 
que eu morra sem que volte para lá. 
Sem que leve por divisa esse "V" que simboliza a vitória que virá. 
Nossa vitória final, que é a mira do meu fuzil, 
a ração do meu bornal, a água do meu cantil, 
as asas do meu ideal, a glória do meu Brasil...

Eu venho da minha terra, da casa branca da serra e do luar do meu sertão. 
Venho da minha Maria, cujo nome principia na palma da minha mão. 
Braços mornos de Moema, lábios de mel de Iracema estendidos para mim.
Ó minha terra querida, da Senhora Aparecida e do Senhor do Bonfim.

Por mais terras que eu percorra, não permita Deus 
que eu morra sem que volte para lá. 
Sem que leve por divisa esse "V" que simboliza a vitória que virá. 
Nossa vitória final, que é a mira do meu fuzil, 
a ração do meu bornal, a água do meu cantil, 
as asas do meu ideal, a glória do meu Brasil...

Você sabe de onde eu venho? 
É de uma Pátria que eu tenho no bôjo do meu violão. 
Que de viver em meu peito foi até tomando jeito de um enorme coração. 
Deixei lá atrás meu terreno, meu limão, meu limoeiro. 
Meu pé de jacarandá. Minha casa pequenina lá no alto da colina onde canta o sabiá.

Por mais terras que eu percorra, não permita Deus 
que eu morra sem que volte para lá. 
Sem que leve por divisa esse "V" que simboliza a vitória que virá. 
Nossa vitória final, que é a mira do meu fuzil, 
a ração do meu bornal, a água do meu cantil, 
as asas do meu ideal, a glória do meu Brasil...

Venho de além desse monte 
que ainda azul no horizonte onde o nosso amor nasceu. 
Do rancho que tinha ao lado um coqueiro que, coitado de saudade já morreu. 
Venho do verde mais belo, do mais dourado amarelo, do azul mais cheio de luz. 
Cheio de estrelas prateadas que se ajoelham deslumbradas fazendo o sinal da cruz.

Por mais terras que eu percorra, não permita Deus 
que eu morra sem que volte para lá. 
Sem que leve por divisa esse "V" que simboliza a vitória que virá. 
Nossa vitória final, que é a mira do meu fuzil, 
a ração do meu bornal, a água do meu cantil, 
as asas do meu ideal, a glória do meu Brasil...




02 janeiro 2021

Torino 9.1 - Castelos e palácios de Torino

 



Castelo Valentino

Inserido no coração do Parco Valentino, o Castello Valentino é testemunha do passado da nobre família Sabóia, cujo brasão da Casa di Savoia se destaca na fachada.  

Comprado pela família Savoia em 1275, o castelo tem dois lados diferentes: um em estilo barroco com um grande pátio e a outra fachada voltada para o rio.






Todo o estilo do Castelo del Valentino refletiu o gosto da Madame Real Marie Christine de France. 

O castelo já existia há muito tempo, até que a duquesa Christine Marie de France, esposa do rei Vittorio Amadeo I di Saboia, encomendou a ampliação do castelo entre 1630-1660, tendo sido a sua residência preferida. Na corte ela realizava grandes festas. 






Marie Christine se casou com o Duque Vittorio Amadeo I quando tinha apenas 13 anos. Nascida em 1606 e educada na corte francesa, ela havia introduzido a cultura francesa na corte de Sabóia. 

Certo dia seu marido foi participar de um jantar e ao retornar faleceu inesperadamente. Após a morte de seu marido a duquesa passou a governar Torino e mudou-se para o Palazzo Madama, onde faleceu em 1663. 






Durante muitos anos o Castelo Valentino permaneceu abandonado, mas foi o abandono do castelo que permitiu conservar os afrescos originais da época. Há poucos anos foi aberto o esplêndido salão do zodíaco, representando o rio Po com as características de Poseidon. 

Ao lado do castelo está o Jardim Botânico. Restaurado em 1860, o castelo já foi ocupado pela Faculdade de Engenharia de Torino w hoje é a sede da Faculdade de Arquitetura da Universidade Politénica de Torino. 






Villa Regina

Muitos palácios e castelos nas imediações de Torino eram usados pela família Saboia como residências temporárias ou pertenciam a algum ramo da família. Um desses palácios é a Villa Regina. 






Situado no alto da colina perto de Torino,  a magnifica construção se destaca. Originalmente foi construído como residência do Cardeal Maurizio di Saboia. Em 1684 foi herdado por Anne Marie d'Orleans, esposa do Duque Vittorio Amadeo II. 






Doado para o estado em 1994, hoje o castelo encontra-se aberto para visitação do público, cujos recursos servem para custear a manutenção da magnifica construção. Acima do castelo está o Pavilhão Solinghi, onde se reuniam os intelectuais da Academia fundada pelo cardeal.   





                                     Reggia de Venaria Reale

Outros belos palácios situam-se em locais mais distantes, como a Reggia de Venaria Reale, a Pallazina de Caça em Stupinigi que servia como residência de verão e os castelos em Moncalieri, Raconigi e Rivoli. Além de sua imponência e beleza, cada um guarda uma história interessante.






Localizada na comuna de Venaria Reale, essa foi uma das principais Residências da Casa de Savoia no Piemonte. 

É provável que tenha sido a maior de todas elas. Foi projetada e construída entre 1658-1679 por encomenda do Duque Carlos Emanuele II, que tinha a intenção de fazer da bela mansão a base para as batidas de caça.






Com uma extensão de 80.000 m2, o enorme complexo inclui o parque onde foi construído uma espécie de colar que evoca diretamente o Colar da Ordem Suprema da Santíssima Anunciação, símbolo da Casa de Savoia.

Em seu interior encontram-se estuques, estátuas e milhares de pinturas. Os extensos bosques junto à mansão se estendem por uma centena de quilômetros até as montanhas alpinas. 






Ao longo dos anos foram surgindo muitas casas de trabalhadores que desejavam habitar nos arredores do palácio real, o que levou à criação da comuna autônoma da Província de Torino. 

Restaurada através dos anos, recentemente a Reggia di Venaria Reale viu renascer as suas ambientações naturais, porém somente uma parte da mansão está aberta para visitação pública. 





Palazzina de Caça de Stupinigi

Localizada em Stupinigi, uma comuna na periferia de Torino, o palácio faz parte do circuito de residências da Casa de Saboia, tendo sido proclamado Património da Humanidade pela Unesco. 

Sua construção teve início a partir de um pequeno castelo, mas foi o duque Vittório Amadeu II que promoveu em 1730 a transformação do complexo numa palazzina digna da nova figura Real. 





Com inúmeros quartos e salas, na palazzina destaca-se o grande salão. Localizado no coração da construção, durante alguns anos o salão hospedou um elefante indiano macho, que fora oferecido a Carlos Félix - rei da Sardenha entre 1821 e 1831. 

O elefante Fritz tornou-se famoso, porém após alguns anos confinado, o elefante enlouqueceu e destruiu tudo à sua volta.  

Os sinais da destruição ainda são visíveis nas partes de madeira. Em vista disso o elefante foi abatido e doado ao museu zoológico da Universidade de Torino, cujos restos mortais encontram-se no Museu Regional de Ciência Natural. 





Castello di Racconigi

O imponente Castello Reale de Racconigi foi a residência preferida de Carlo Emanuele I de Saboia e de todos os reis da Itália. Sabe-se que o palácio já existia no ano 1.000, mas somente passou para os domínios da Casa di Savoia em 1620. 






Na época o castelo era uma sólida fortaleza em tijolos, com quatro grandes torres, fosso e ponte levadiça, até que em 1676 Emanuele Felisberto di Saboia encomendou sua completa transformação em Villa de Recreio, uma espécie de residência de verão.

Quando a obra foi concluída, em 1684 Emanuele se casou com Maria Caterina d'Este, filha de Borso d'Este - Duque de Ferrara, transformando o castelo em sua residência. Herdado por seus descendentes, através dos anos o castelo foi remodelado várias vezes. 






Nesse castelo nasceu em 1904 Umberto II, o último monarca italiano que recebeu o palácio como oferta de casamento. O item de decoração encomendado por ele foi o reagrupamento dos retratos de família e das mais nobres dinastias da Itália, o que originou cerca de 3.000 quadros. 

Junto ao castelo existe um parque com cerca de 180 hectares, fontes e jardins com canteiros floridos. Em 1980 Umberto II cedeu a imponente estrutura ao Estado, tornando-se anos mais tarde um centro de arte e cultura.  Desde 1997 o castelo faz parte do Patrimônio da Unesco. 




Castelo di Moncalieri

O Castello Real de Moncalieri foi encomendado por volta do ano 1200 por Tomás I de Sabóia, que desejava ter uma fortaleza para controlar o acesso a Torino. 

No século XV o duque Amedeo IX de Sabóia mandou ampliar a estrutura para transforma-la em uma residência ducal. Essa era a residência favorita do rei Vittorio Amedeo II, que ali faleceu em 1732. 






Em 1798, quando as tropas francesas invadiram a cidade, Moncalieri foi o primeiro castelo a ser ocupado, tendo servido como quartel, hospital militar e prisão, enquanto a área do parque foi usada como um cemitério. 

De volta às mãos da família Saboia, foi feita uma grande restauração do complexo. Considerado um dos castelos mais assombrados da Italia por presenças espirituais, em 2017 o castelo acolheu a primeira edição do Festival Internacional de Esoterismo. 





Castelo de Rivoli 

O imponente Castelo de Rivoli ocupa uma posição estratégica no Valle di Susa e atualmente é a sede do Museu de Arte Contemporânea, tendo um acervo com inúmeras obras de grandes artistas. 

O museu mantém um histórico da arte contemporânea no mundo e um espaço para exposições sazonais. Seus aposentos contém afrescos interessantes que retratam um gosto eclético da nobreza, sendo duas salas decoradas com elementos da mitologia grega. 

A nobre família Sabóia tinha predileção por decorações com elementos mitológicos gregos, que podem ser notados nas residências da família e nas construções das igrejas e teatros. 

Talvez devido à lenda que conta sobre a criação de Torino, os nobres pretendiam registrar o acontecimento em seus palácios e assim eternizar o relato para gerações posteriores. 





Segundo uma antiga lenda contada pelo poeta grego Ovidio, Torino foi fundada por Phaethon ou Faetonte. Ele era filho do glorioso deus Hélius e da ninfa Climene, que prometeu jamais recusar um pedido de seu filho. Quando Faetonte cresceu ninguém acreditava que ele era filho do resplandente sol, por isso ele foi procurar por seu pai em seu luminoso palácio onde nunca chegava a noite. 

Faetonte pediu para estar no lugar de seu pai pelo menos por um dia, guiando seu carro de luz guiado pelos corceis. Helius não queria concordar, mas diante da promessa feita antes do nascimento de seu filho ele concordou, advertindo ao filho de que deveria ter muito cuidado tanto na subida do dia quanto na descida antes da noite. 

Porém Faetonte era jovem demais para entender toda a sabedoria das advertências.  Logo que a Aurora abriu as portas do leste, Faetonte partiu cheio de entusiasmo. Durante alguns momentos de puro êxtase, Faetonte sentiu-se o próprio senhor do firmamento. Subitamente algo se modificou e Faetonte perdeu o controle dos cavalos, que passaram muito perto das florestas incendiando o mundo, deixando Faetonte envolvido num calor infernal. 

Nesse momento a Mãe Terra lançou um grito que ecoou junto aos deuses. A salvação do mundo dependia de uma rápida ação e Zeus lançou um raio contra o imprudente condutor fulminando-o no mesmo instante. O misterioso rio Eridanus recebeu os restos mortais de Faetonte. 

Suas irmãs, as Helíades, vieram chorar sua morte e se transformaram em álamos junto às margens do rio Eridanus, que era o nome dado pelos gregos ao atual rio Pó. E cada lágrima delas, ao cair, cintilava em suas águas como reluzente gota de âmbar. As Náiades gravaram em seu túmulo: " Aqui jaz Faetonte. Grande foi sua ousadia e sua glória. De sua altura foram maiores os seus sonhos!... "





Lendas do Castelo de Rivoli

Todo castelo que se preze tem sua histórias, lendas e segredos.  E o Castelo de Rivoli não é diferente. Sabe-se que o castelo é muito antigo e que já existia no século 11, quando foi adquirido pela família Sabóia. Foi o primeiro lugar na Itália onde esteve o Santo Sudário, que foi trazido da França por uma hóspede da família Saboia.

Um dos moradores do castelo foi Amadeus VI de Saboia, chamado de Conde Verde devido à capa verde que usava. Ele foi morar no castelo em 1330 e a partir daí seus descendentes moraram no castelo por séculos. 

Um desses descendentes era o Duque Emanuele Filiberto I de Saboia que pretendia casar com a herdeira do trono da Inglaterra, porém devido a um acordo de paz ele foi obrigado a casar com Margherita de Francia em 1557.

Além de Margherita já ter 36 anos, considerado na época como uma idade tardia para casamento, ela era uma moça sem sorte. Sempre que combinavam o seu casamento acontecia algo que acabava cancelando as núpcias. 

Até que negociaram seu casamento com o duque e no dia marcado para as núpcias não foi diferente, pois seu irmão que era um rei sofreu um sério acidente. Temendo que o duque cancelasse o casamento e deixasse a princesa "solteirona", a família de Margherita tratou de apressar a cerimônia ainda que tivesse de realizá-la sem festas.






Uma preocupação do duque Emanuele Filiberto I era ter um filho que herdasse o trono, mas depois de 5 anos esperando que a esposa engravidasse o duque mandou buscar o astrólogo Nostradamus que morava em Torino. 

Nostradamus traçou o horóscopo e previu que a criança nasceria muito fraca, magra e sem vitalidade. Viveria um longo tempo mas morreria em Jerusalém quando "enfrentasse o 7", algo que ninguém soube decifrar.

Realmente a criança nasceu em 1562 e teve uma saúde frágil, tendo inclusive sido apelidada de "corcunda" devido aos seus ombros arqueados. A criança recebeu o nome de Carlo Emanuele I de Savoia e, quando seu pai morreu ele tornou-se Duque de Saboia e herdou o reino de Chipre e Jerusalém.  

Porém devido à profecia de Nostradamus ele evitava ir a Jerusalém. Apesar de sua prudência a profecia se tornou realidade. Carlo Emanuele I de Saboia morreu 1 ano antes de completar 70 anos, em um palácio que se situava na Via Jerusalém de uma pequena aldeia do Piemonte. Era o seu destino, do qual ele não conseguiu fugir!...





Outra história aconteceu no castelo um século depois. Depois da morte de seu pai Vittorio Amadeo II tornou-se duque, mas por ter apenas 9 anos sua ambiciosa mãe, Maria Jeane di Saboia, tornou-se a regente. 

Eles moravam no Palazzo Madama no centro de Torino e assim que ele completou 13 anos sua mãe tentou negociar seu casamento com a filha de Dom Pedro II, rei de Portugal. Para fugir da negociação, o esperto menino fingiu-se doente e o casamento foi cancelado. 

Ao atingir a maioridade Vittorio Amadeo II assumiu o ducado e, não aguentando as interferências de sua mãe, afastou-a do poder em 1684. Em seguida o jovem duque casou-se com a herdeira Anne Marie Orleans. Teve um filho que morreu vítima de varíola e logo depois perdeu a esposa. 

Devido às essas perdas Vittório Amadeo II tornou-se muito triste e austero. Passou a repudiar o luxo e o esplendor da corte, preferindo as coisas simples e prometeu punir qualquer ostentação de riqueza de seus súditos. 

E ainda que enfrentasse grandes guerras com os franceses, em 1706 ele casou-se novamente. Ao vencer a batalha, o duque deu um grande impulso a Torino mandando construir vários palácios, castelos e a Basílica de Superga. 

Entretanto, quando seu filho Carlo Emanuele III nasceu, o duque foi informado de que o menino não poderia ser o seu herdeiro porque não era o primogênito. Em 1730 o duque abdicou do trono para garantir o futuro de seu filho, mas aconselhou que ele evitasse grandes despesas e as pompas reais.

Apesar dos conselhos de seu pai, Carlo Emanuele III retomou as grandes festas e bailes na corte. Por não concordar com as atitudes do filho, Vittorio Amadeo II tentou retomar o poder. Porém foi preso por seu filho nas masmorras do Castelo de Rivoli onde enlouqueceu. Algum tempo depois ele faleceu e seus restos mortais jazem na Basílica de Superga que havia mandado construir. 


Continua no post: Piemonte Torino 9.2







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Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.