09 agosto 2023

Borgo Parrini, a " pequena Barcelona" da Itália




Localizada nas imediações de Palermo, Borgo Parrini é uma pequena aldeia que atrai muitos turistas e curiosos da Sicília e de toda a Itália. 





Descrita como a "Pequena Barcelona", ​basta passear por suas ruelas floridas e calçadas de paralelepípedos, para que você se sinta cercado pelo modernismo do artista catalão Antoni Gaudì.





Hoje Borgo Parrini parece uma galeria de arte.  As casas brancas com portas e janelas coloridas, além das esculturas cobertas de mosaicos de vidro no estilo de Gaudí e majólicas, criaram uma atmosfera espanhola.







Pintura de rostos famosos podem ser encontradas nas paredes externas das casas, tal como o rosto de Frida Kahlo ou citações inspiradoras de visionários, como o Papa João Paulo II e Gandhi.




Porém, nem sempre foi assim. Entre os séculos 19/20 muitas pessoas vislumbraram oportunidades de vida diferente e muitas famílias mudaram-se para grandes cidades.


 



Por muito tempo a cidade ficou abandonada, até que Giuseppe Gaglio, um dos moradores do povoado, decidiu decorar e tornar únicas as casas da aldeia. Inspirado na arte de Antoni Gaudi, ele tornou a aldeia fantasma num destino turístico imperdível.






Tanto nas formas quanto nas cores, vivas e brilhantes, caminhando pelas ruas da vila encontram-se esculturas em mosaicos de vidro e majólica, além de flores por todos os lados. A cada dia, novas obras vão surgindo...





Algumas casas possuem curiosos motivos decorativos internos, que remetem aos costumes do passado, podendo ser visitadas mediante uma pequena taxa. Há também uma coleção de manufaturas criadas por artistas locais.




A pequena aldeia foi fundada entre os séculos 16/17,  XVI e XVII, quando os padres do noviciado jesuíta de Palermo, chamados Parrini, compraram essas terras agrícolas e ali construíram um engenho. 



Entre as casas coloridas, decoradas e embelezadas com belos murais, junto à entrada da vila encontra-se a pequena Igreja dedicada Santa Maria del Rosario, que foi construída pelos padres no século 18.




Logo depois, casas para colonos e vários armazéns se juntaram para criar a aldeia. Quando a ordem religiosa foi extinta, essas terras foram passadas para as mãos do príncipe francês Henri d'Orléans - duque de Aumale. 




O Duque incentivou a produção do Moscatello dello Zucco, vinho comercializado em toda a Europa. Ainda hoje o vinho de cor dourada é produzido utilizando as antigas vinhas da região.




Outra especialidade de Parrini é o seu delicioso pão artesanal,  que há muitos anos faz sucesso na região. Administrado pela Senhora Santa, que ali trabalhou até morrer aos 94 anos, hoje quem atende é Antonio, seu filho mais velho.  




Em todos os dias o pão é preparado de acordo com a receita da mãe, além de biscoitos que são assados no forno alimentado com cascas de amêndoas perfumadas. A deliciosa Cassatelle, recheada com creme de ricota, é preparada nos finais de semana. 




No verão, a melhor hora para visitar Borgo Parrini é durante a manhã, antes de seguir para as belas praias entre Terrasini e Cinisi. No final da tarde o clima fica surreal quanto surge o maravilhoso pôr do sol...


24 junho 2023

Pisa, a cidade do saber...



Pisa é uma cidade linda e cheia de história para contar. Situada às margens do Rio Arno, é uma das maiores cidades da Toscana. Sua conexão com o mundo se dá através do seu Aeroporto Internacional Galileo Galilei, podendo ser alcançada sem muitas conexões.



Scuola Normale Superiore

Ao mesmo tempo moderna e antiga, a cidade orgulha do seu passado como potência mundial, principalmente durante o período da República Marítima. Durante a Idade Média Pisa foi uma comuna italiana livre, destacando-se na área cultural.  



Scuola Superiore Sant'Anna

Hoje o movimento da cidade deve-se principalmente às suas três universidades, que se destacam entre as mais importantes universidades italianas: a Scuola Normale Superiore, a Scuola Superiore Sant' Anna e a Università di Pisa. 



Universidade de Pisa

Fundada em 1343, a Università di Pisa é considerada como uma das mais antigas da Europa e uma das mais prestigiadas da Itália. Com diversos centros de pesquisa de alto nível, tem destaque o Orto Botanico, que é o mais antigo da Europa.



Orto e Museo Botânico

O Orto Botânico dell'Università di Pisa é um amplo espaço que foi criado em 1544 pelo Grão Duque Cosimo I Médici, tendo sido posteriormente transferido para seu local atual. Além do jardim há o Museo di Storia Naturale.



Galileu Galilei

Galileu Galilei, físico, matemático e astrônomo ficou marcado na história como um dos maiores cientistas de todos os tempos. Em sua época foi aluno e professor da Universidade de Pisa, tendo nos legado as três Leis dos Movimentos dos Corpos. Ainda hoje o famoso físico é uma referência, o que atrai estudantes de todo mundo para essa universidade.



Dia de San Ranieri / padroeiro de Pisa

Pisa respira jovialidade e a cidade universitária está sempre cheia de estudantes. Nas noites de sexta-feira e sábado, os estudantes tomam as ruas e transformam qualquer encontro numa grande festa. 



Aliás, um excelente dia para estar em Pisa é 16 de junho. Todos os anos, os pisanos celebram San Ranieri de uma maneira belíssima e inusitada: todas as luzes são apagadas e substituídas por velas.  As luzes das velas refletidas no rio transformam a cidade em um belo cenário.




Luz e escuridão se encontram em um evento magnífico. Cerca de 100.000 velas são colocadas em copos de vidro fixados em molduras de madeira pintadas de branco, chamada de Biancheria.

Afixadas sobre a arquitetura dos edifícios, pontes, igrejas e torres com vista para o rio Arno. Ainda são colocadas muitas velas flutuantes no Rio Arno criando um jogo encantador de luz e reflexos.




A tradição remonta a um antigo evento. Em 25 de Março de 1688, na capela da Catedral de Pisa, foi solenemente colocada uma nova urna contendo o corpo de San Ranieri, padroeiro da cidade, que morreu em 1161. 

O Grão Duque Cosimo III di Medici queria que a velha urna contendo a relíquia fosse substituída por outra mais moderna e suntuosa. Essa troca da urna foi ocasião para uma festa memorável. 

Naquela época jáexistia a tradição de iluminar a cidade com lamparinas a óleo durante os eventos solenes. Porém, foi durante a transferência da urna que nasceu a tradição de San Ranieri, que foi chamada pela primeira vez de "Luminara". 



Palio di San Ranieri

No dia seguinte acontece o Palio de San Ranieri, uma regata que dá continuidade à celebração do padroeiro da cidade. A regata lembra a façanha de Lepanto, quando a frota dos Cavaleiros de Santo Stefano foi ao embarque da nau capitânia da frota muçulmana.

Cada barco representa um dos quatro bairros da cidade, que são distinguidos por suas cores. A rota tradicional é contra a corrente do Rio Arno num total de 1.500 metros, sendo aplaudida por um grande público. 




A vitória final não é atribuída pela ordem de chegada dos barcos. Após a ancoragem na linha de chegada, o timoeiro junto com a sua tripulação deve subir uma das quatro cordas para chegar ao topo de um mastro de dez metros de altura, para pegar o paliotto, símbolo da vitória.

O paliotto azul atribui a vitória. O de cor branca o segundo lugar. O da cor vermelha é do terceiro lugar. Um par de patos é o reconhecimento reservado para a equipe que terminar em último lugar... 



Rio Arno

Hoje a cidade é apenas cortada pelo Rio Arno, porém descobertas arqueológicas revelaram a existência de um grande porto da época romana no seu subsolo. Nessas descobertas foram encontradas diversas embarcações de vários modelos.

Algumas delas intactas e ainda estavam junto com a mercadoria que transportavam. Há 20 séculos o estuário encontrava-se a 4 km do mar onde estava o maior porto romano; hoje está a 17 km do mar. 




Durante boa parte da Idade Média, a poderosa armada de Pisa garantiu-lhe o domínio do Mediterrâneo ocidental, que trouxe grande riqueza para a cidade e base para a revolução cultural de Pisa. 

Porém a partir de 1284, o porto da cidade passou por um processo de assoreamento, iniciando assim o declínio de seu poderio. Diz a tradição, que nesse porto San Pietro desembarcou para pregar o Evangelho, antes de seguir para Roma. Naquele tempo, Pisa estava à beira-mar, na foz do rio Arno.



Pontes de Pisa / Ponte Mezzo

Até o século 12 Pisa tinha apenas uma ponte de madeira sobre o rio, que posteriormente foi substituída por uma ponte de pedra. No entanto, uma inundação do Rio Arno acabou provocando o desabamento da ponte. 

Uma nova ponte foi construída, que recebeu o nome de Ponte di Mezzo. Posteriormente foram construídas outras pontes, tal como a Ponte Cittadella, Ponte Solferino, Ponte della Fortezza, Ponte Vittoria, Ponte della Bocchette e outras.



Ponte Mezzo / Gioco della Ponte

No último domingo de junho é realizada a competição "Gioco della Ponte", que remonta à Idade Média. Envolvendo apenas membros dos distritos rivais, o grupo tenta disputar a ponte. Para isso eles empurram um carrinho a partir dos lados opostos até o meio da ponte. A disputa acaba quando uma das equipes se retira e concede a vitória à outra. 

Continua post Região Toscana Pisa 2...


Pisa, a cidade do saber 2

 


Piazza dei Miracoli

Na principal praça de Pisa encontra-se a Catedral, a Torre inclinada, o Batistério e o Camposanto Monumentale, que é o Cemitério de Pisa. 

Construída a partir do século 11, só foi finalizada no século 19, ou seja, a obra demorou oito séculos para ser finalizada, mas trouxe um lindo resultado.

Considerada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, os monumentos ali presentes representam o nascimento, a vida e a morte do homem.



Cattedrale di Santa Maria Assunta 

A bela catedral é uma das igrejas mais lindas do mundo. Sua construção teve início em 1064, porém as obras foram paralisadas em 1095 devido à falta de verbas. 




Com a doação do imperador bizantino a obra foi concluída e a igreja foi consagrada em 1118. Dizem que o dinheiro foi obtido após uma batalha no sul da Itália, o que propiciou investir mais na decoração.  



Pouco tempo depois de concluída a planta foi ampliada, quando foi modificada sua fachada, que impressiona pelos detalhes. Em 1595 a catedral passou por um grande incêndio, época em que foi reformada. Nessa época recebeu as portas de bronze.




Em sua rica construção exterior foram reutilizados materiais de antigos monumentos romanos e numerosos objetos de bronze, de forma a enfatizar o poder da cidade de Pisa. Seu estilo ainda incorporou elementos de tradições árabes e bizantinas, como o grifo de bronze que se encontra em cima do telhado. 




A chegada do grifo em Pisa foi atribuída a inúmeras vitórias militares pisianas dos séculos 11/12. Embora possa parecer pequeno, na verdade o grifo tem mais e 1 metro de altura. Foi uma novidade no seu tempo e ainda hoje é uma maravilha para o olhar.




Quase 100 anos depois, a igreja recebeu novas pinturas e relevos. No século 19 as esculturas originais da fachada foram removidas para o Museo dell'Opera del Duomo, sendo substituídas por réplicas.




Os 27 quadros, que cobrem a capela-mor atrás do altar principal, retratam episódios do Antigo Testamento. A catedral também preserva um precioso acervo de aparatos litúrgicos do século. Em um dos muitos altares laterais estão os restos mortais de San Ranieri, o santo padroeiro da cidade.




Batistério de Pisa

Adiante da catedral encontra-se o Batistério de Pisa, que é o maior do mundo. Construído em 1152, foi dedicado em homenagem a San Giovanni. Sua cúpula é considerada uma das maiores construções do seu gênero de toda a Itália.



Com aproximadamente 55 metros de altura 108 metros de circunferência, chama a atenção por seus detalhes. A porta de bronze toda trabalhada é uma obra de arte de grande valor. 



Seu portal tem decorações em relevo, mas seu interior é quase desprovido de ornamentos. Uma fonte octogonal sustenta uma escultura de San Giovanni. A acústica do local é especialmente curiosa, gerando ecos que se prolongam por vários segundos.



Torre de Pisa

A inclinação da torre impressiona, assim como a subida na torre com seus degraus tortos, que oferece uma experiência única. Acredita-se que a inclinação da famosa Torre de Pisa se deve ao fato de existir um estuário maior que o atual.




Famosa em todo mundo, a Torre de Pisa começou a ser construída em 1174, tendo sido projetada para abrigar o sino da Catedral. Quando três dos oito andares estavam prontos, notou-se uma ligeira inclinação. 




Em razão de um afundamento do solo, tentou-se compensar a falha fazendo os outros andares um pouco maiores do lado mais baixo, só que a estrutura afundou ainda mais pelo excesso de peso. Concluída em 1350, atingiu 56 metros de altura.




Hoje sua inclinação chega a cinco graus e aumenta uma média de 20 milímetros por ano. Foi fechada ao público em Janeiro de 1990 e um trabalho na base conseguiu diminuir a inclinação em 1,3 centímetro. Calcula-se que nesse ritmo será recuperada até 2250. 



Por algum tempo a entrada na torre foi suspensa, tendo sido reaberta em dezembro de 2001. Em determinadas épocas é permitido subir à noite e ter uma bela visão da praça. 




Porém prepare-se: são 294 degraus de mármore numa escada em espiral ao redor da torre. Pessoas com problemas cardíacos são aconselhadas a nem tentar a empreitada.




Fontana dei Putti 

Junto da torre de Pisa encontra-se a Fontana dei Putti, uma obra em mármore construída no século 17 por Giovanni Cybei.




Angelo Caduto

Em meio ao jardim, diante do Museo d'Opera encontra-se a bela escultura Angelo Caduto. Instalada em 2012, é um dos destaques da praça. Essa obra foi feita pelo artista polonês Igor Mitoraj. 




Lupa Capitolina 

No gramado atrás da torre está a Lupa Capitolina, uma bela escultura de bronze que simboliza a loba amamentando Rômulo e Remo. Segundo o mito italiano, eles foram os fundadores de Roma. 



Camposanto Monumentale

Na Piazza dei Miracoli também encontra-se o Camposanto Monumentale ou Cemitério Monumental, que faz parte de um contexto histórico da cidade. 



A construção teve início em 1277, mas só foi concluída em meados de 1464. Através dosanos passou por várias modificações, portanto nada do que se vê é original da época.



Com vários arcos nas paredes externas e algumas portas, há também três capelas chamadas Capela Ammannati, Capela Aulla e Capela dal Pozzo, sucessivamente. Seu nome teve origem numa época em que acreditava-se, que em sua construção teria sido usada terra santa vindo durante a 4ª cruzada.



Belos afrescos decoram a parte interna. Embora seus restos mortais não se encontrem no Camposanto, alguns nomes da ciência aparecem homenageados, como os grandes gênios italianos Galileo Galilei e Leonardo Pisano, que ficou mais conhecido como Fibonacci.  




Museo dell’Opera del Duomo

Construído no século 13, esse prédio já foi utilizado por seminário, uma academia de belas artes e um convento. Desde 1986 o espaço se tornou um museu, onde estão tesouros da Catedral de Pisa e obras produzidas por artistas de Pisa no período medieval.  


Continua no post Região Toscana Pisa 3 ... 



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Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.