14 março 2013

Reggio di Calabria




Reggio di Calabria é a maior cidade, mais antiga e a mais populosa da região da Calábria. Situada nas encostas das colinas do Aspromonte e de frente para o Mar Jônico, suas belas praias a tornaram um popular destino turístico muito procurado no verão. É também o centro de transporte para os serviços de ferry que levam até a Sicília.  
 






Orla marítima

Com um largo passeio à beira mar enfeitado por belas palmeiras, a orla é adornada por ricos palácios estilo art nouveau e um jardim botânico com árvores centenárias de frente para o mar. Esse ponto da cidade já foi chamado de "O quilômetro mais belo da Itália". 





Vila Zerbi

Na orla marítima tem destaque o Palácio Zani, Palácio Spinelli e a Villa Zerbi que foi construída em estilo veneziano no século 14. Atualmente a vila funciona como uma galeria de exposição de arte onde se destacam as três estátuas da artista Rabarama. As estátuas chamam atenção não só por seu tamanho, mas pela representação das alegrias e dores do ser humano. 






Reggio Calábria é um grande jardim à beira mar, um dos mais charmosos ao sul da Itália. O clima mediterâneo favorece a cultura de oliveiras, das uvas rubi, hortaliças e frutas, mas principalmente a Bergamotta, uma fruta cítrica que floresce na área costeira do Mar Jônico. Embora floresça em outros lugares, aquelas produzidas em Reggio Calábria tem uma qualidade incomparável. 






A bergamotta brilha nos pomares e quintais, enchendo o ar com sua fragância. Por isso tornou-se o símbolo da cidade. Usada na culinária e na produção de licor, há muito tempo a Bergamotta vem sendo usada para tratar a malária e para combater as pragas da horta. Seu óleo essencial é usado como ingrediente na aromoterapia e na produção de perfumes.





3.000 anos de história


Durante sua história de três mil anos, Reggio Calabria foi uma próspera cidade dos gregos e dos romanos. 

Habitada pelos itálicos até o século 8 a.C. e governada pelo Rei italus, a cidade foi uma das mais importantes cidades da Magna Grécia. 

Por sua posição estratégica e importância política, ao longo do tempo manteve-se como uma das grandes metrópoles do Império Bizantino, dos árabes, normandos, suábios, Anjou e aragoneses.





Em sua milenar história, Reggio Calábria teve vários nomes, cada um correspondendo com suas fases históricas. Em seus primordios quando foi povoada pelo povo itálico era chamada Erythrà. 

Na época da Magna Grécia foi nomeada Rhègion e durante um curto período foi chamada Phoebea. Por muito tempo Reggio manteve os costumes e a língua grega.

Seu primeiro nome latino foi Regium e como uma cidade romana passou a ser chamada Régio Giulium. Quando os sarracenos invadiram a região a cidade passou a ser conhecida como Rivàh, mas com a chegada dos normandos passou a ser chamada Risa. Depois disso passou a ser chamada Regols, Reggio e enfim Reggio di Calabria. 







Diversos monumentos enriquecem a orla marítima e representam a história da cidade, além de vestígios arqueológicos que testemunharam a época que os gregos e romanos habitaram a cidade. Entre eles estão os vestígios das termas romanas e das antigas muralhas, um sítio arqueológico com vista para o panorama do Estreito de Messina. 






Há outras escavações arqueológicas em várias partes da cidade, como da Piazza Italia, que desde os tempos dos gregos sempre foi a praça central de Reggio Calabria. Esse era o lugar do antigo forum romano.

Na parte superior da cidade há outros monumentos antigos, como uma necrópole, uma mansão grega e os antigos muros gregos e bizantinos. 

Das montanhas, na parte superior onde está o Parque Aspromonte, tem-se uma bela vista panorâmica sobre o Estreito de Messina, do Monte Etna e das Ilhas Eólias. 





Bronze di Riate

Reggio é a sede da Superintendência Arqueológica da Calábria e do Museu Arqueológico Nacional da Magna Grécia. Uma das exposições mais famosas do museu são as estátuas 

Bronze de Riace, que foram encontradas por mergulhadores no mar Jônico.  Embora elas estejam em Reggio, na verdade elas foram descobertas em Riate.  






As estátuas são duas magníficas obras de arte fundidas em bronze que, segundo historiadores, são do século 5 a.C. sendo exemplos da antiga escultura grega.

Com aproximadamente 2,00 metros de altura, olhos de vidro incrustados, dentes de prata e lábios banhados de cobre, as duas estátuas apresentam um absurdo realismo. Uma dessas obras é atribuída a Fídias, considerado o maior escultor da Grécia Antiga. 






Outro notável escultor em bronze foi Klearkhos ou Clearco que nasceu em Reggio di Calabria. Foi professor do célebre Pitágoras e era o pupilo dos coríntios Eucheirus. 

Seu único trabalho é uma estátua de Zeus feita em chapas de bronze rebitadas. Dizem que ele foi um dos aprendizes de Dédalo, que aparece na mitologia grega como o pai de Ícaro que morreu quando tentou voar até o sol com suas asas de cera. 




Estreito da Arena


Entre o mar e o passeio margeado pelos postes da liberdade está o Estreito da Arena, um teatro a céu aberto no estilo grego onde são organizados eventos culturais e divertimento. 






O Teatro Comunale Francesco Cilea, no Corso Garibaldi, é um lugar imperdível para quem gosta de música clássica, onde se pode assistir uma legítima ópera italiana. 






Em frente à arena há um monumento dedicado a Vittorio Emanuele III  que desembarcou nesse local pela primeira vez em 31 julho 1900. 

Alguns monumentos relembram fatos históricos como o Monumento ao Marinheiro, Monumentos aos Mortos na Guerra além de muitos outros dedicados às pessoas que se destacaram na cidade. 




Catedral
 
Há um monumento que celebra o desembarque de São Paulo Apóstolo na cidade, o fundador da Igreja Católica, e um pequeno Museo San Paolo conserva uma coleção de itens artísticos da época medieval. 

A Catedral de Reggio é o maior templo da Calábria e acredita-se que teve origem no ano 56 quando o apóstolo São Paulo peregrinava pela cidade.

Construída e reconstruída diversas vezes desde 1061, a Catedral é dedicada a Santa Maria Santissima Assunta in Cielo. 

Entre outras igrejas, nos bairros estão a Igreja de San Gaetano Catanoso que foi canonizado em 2005 e a Igreja de San Francesco di Paola, o padroeiro da Calábria. 




Piazza del Castello


Na Piazza del Castello está a Chiesa degli Ottimati ou Igreja dos Optimates. Construída no estilo bizantino, a igreja contém objetos medievais de interesse artístico. A Cattolica dei Greci foi a principal igreja da cidade na época Bizantina e situava na Piazza Itália. Depois do terremoto foi reconstruída junto ao castelo. 






O castelo foi originalmente construído antes do ano 540 e ampliado em 1459. Usado como prisão depois do terremoto de 1783 e destruído pelo terremoto de 1908, grande parte do castelo foi demolido e deixado apenas duas torres circulares. 






Restaurado a poucos anos, embora tenha restado apenas uma parte do castelo ainda expressa a grandeza de seu tempo. Atualmente o castelo é usado como um espaço para exposições temporárias de arte e eventos culturais.




Terremoto de 1783

A cidade possui aspecto moderno com ruas e avenidas retilíneas, mas nem sempre foi assim. O aspecto urbano do centro histórico resultou de dois terremotos catastróficos em 1783 e 1908, que marcaram a história de Reggio Calabria. Muitos locais históricos são na verdade uma reconstrução, tal como a catedral, alguns palácios e outras construções. 

O terremoto de 1783 foi considerado como a maior catástrofe que atingiu o sul da Itália no século 18. Segundo contam, em 05 de fevereiro de 1783 ouviu-se um horrível rugido vindo das profundas entranhas da terra que foi seguido de um forte tremor que devastou a cidade. Nos dois meses seguintes a terra tremeu continuamente tendo sido registrados mais de 1.000 abalos sísmicos.

O impacto do sismo duradouro mudou totalmente o cenário político e econômico da cidade. Em alguns lugares as antigas fontes sumiram para aparecer em outros lugares. 

Deslizamentos bloquearam os rios transformando-os em pântanos trazendo a epidemia de malária e quem sobreviveu teve que conviver com a falta de água potável. Algumas cidades das imediações jamais foram reconstruídas, restando apenas lembranças desse trágico acontecimento.


 


Terremoto em 1908


Em 28 de dezembro de 1908 a região foi novamente atingida por um violento terremoto seguido de um tsunami devastador com ondas de até 10 metros que arrasaram Reggio Calabria e outras cidades do sul da Itália. 

Considerado como o pior desastre natural na Europa, muitas pessoas foram surprendidas pelo tsunami quanto tentavam buscar abrigo na praia ou tentavam ajudar os feridos.

Além da destruição de muitas cidades da "ponta da bota", estima-se cerca de 80.000 mortos. Foi a partir dessa época que surgiram as construções art nouveau. 

Ainda durante a reconstrução, a cidade foi seriamente danificada pelos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial em 1943. No entanto essas destruições ficaram apenas na lembrança. Totalmente reconstruída, hoje Reggio é uma das mais belas cidades da Itália. 




Lendas e Mitos

Terra de feitiços, magia, ninfas, monstros e herois, Reggio Calabria alimenta sua magia, suspensa entre o sonho e a realidade. Entre muitos mitos e lendas, Reggio Calabria é chamada Cidade da Fata Morgana ou Fada Morgana.

Segundo a antiga lenda, a meia-irmã do Rei Artur era uma fada que conseguia mudar de aparência. Ela chegou na Sicilia a bordo de um navio e, depois de deixar seu irmão Arthur ao pé do Monte Etna, a jovem se colocou entre o Monte Etna e o estreito de Messina onde os marinheiros tinham medo de passar durante as tempestades.

Conforme a lenda, algumas vezes Morgana surgia das águas numa carruagem puxada por sete cavalos e jogava pedras na água. Com sua magia, Morgana fazia o mar se tornar um cristal e sobre ele aparecia refletida a imagem de casas, pessoas e palácios criando uma cidade irreal. A miragem enganava os marinheiros que acreditavam estar chegando na cidade de Reggio, quando na verdade saltavam para morrer no mar.

Essa lenda surgiu devido à ilusão de ótica provocada pelo fenômeno da refração da luz solar no ar. Em condições climáticas extremas, quando se olha de Messina para Reggio tem-se a ilusão que a cidade está flutuando sobre o mar. Essa miragem, que deve-se a uma inversão térmica, foi relatada muitas vezes em contos de fadas que falavam de castelos e cidades que flutuam no ar ou sobre as águas...






8 comentários:

  1. *Calábria !!! Cidade várias vezes REconstruída !

    Cidade de Fídias e da Fada Morgana ! Cidade rica

    em acontecimentos históricos !!! :))

    *Lúcia, fiquei com vontade de conhecer A

    Catedral de Reggio !!! :))

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  2. *Lúcia, não consegui postar um comentário meu no seu blog

    "Mitologia Grega" !!! Eu li dois textos : o da Medusa e sobre

    o Perseu que matou a Medusa ! Não sei o porquê, mas, não consegui

    - de jeito nenhum !!! >.< - postar lá os meus comentários !!!

    (Lá diz que preciso entrar com OUTRA conta do Google ! Não

    entendi !!! O.O ).

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  3. Lúcia, parabéns pelo seu blog.
    Vou viajar à Itália e gostaria de
    conversar mais sobre pontos muito específicos,
    o que vc acha?
    obrigado
    rogerio

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  4. Lúcia, parabéns pelo seu blog.
    Vou viajar à Itália e gostaria de
    conversar mais sobre pontos muito específicos,
    o que vc acha?
    obrigado
    rogerio

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  5. Lúcia, parabéns pelo seu blog.
    Vou viajar à Itália e gostaria de
    conversar mais sobre pontos muito específicos,
    o que vc acha?
    obrigado
    rogerio

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  6. Lúcia, parabéns pelo seu blog.
    Vou viajar à Itália e gostaria de
    conversar mais sobre pontos muito específicos,
    o que vc acha?
    obrigado
    rogerio

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  7. Meus avós Luigi e Rosina, pais do meu pai, nasceram nesta região da Itália.
    Conta a história de família que meu avô saiu de Reggio di Calabria com 16 anos de idade, provavelmente após o tsunami ocorrido em 1908, eu creio. eugenioclementedegaetano@gmail.com

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  8. Meu avô Luigi veio para a Argentina atrás de sua prima Rosina. Ela já havia se mudado para o Brasil. De lá da Argentina veio para o Brasil. Se casou com Rosina, formou uma linda família e nunca mais voltou para a Itália.

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.