19 maio 2016

Valloria, a aldeia das portas pintadas





Incrustada nas altas montanhas da Liguria, a pequena aldeia medieval de Valloria é conhecida como "Il paese delle porte dipinte" ou "Aldeia das portas pintadas".

Em cada canto existe uma casa com uma porta colorida por uma linda obra de artistas locais e internacionais, que transformaram os becos de Valloria numa verdadeira galeria de arte. 

Valloria é o único lugar no mundo onde as portas não servem para fechar, mas para abrir sua mente e a imaginação para mundos, paisagens, memórias e sentimentos.






Mas como fazer um grande evento numa praça muito pequena? 
E como fomentar o interesse dos turistas? 


Tudo começou quando um grupo de amigos resolveu revitalizar a aldeia, evitando assim que ela fosse destinada à degradação, já que a migração da população para as áreas urbanas era um fato. 

Mesmo residindo e trabalhando em outros lugares, eles não esqueceram suas raízes e sempre voltavam para descansar em sua terra, até que tiveram a engenhosa ideia de organizar uma festa.

em 1994 surgiu a brilhante ideia de convidar pintores de reputação nacional ou internacional, para pintar as antigas portas de madeira das casas, adegas, estábulos e celeiros. 

A princípio os artistas não se mostraram muito interessados, mas depois de quinze anos já existiam mais de uma centena de portas pintadas. 

Entre as vielas e ruas estreitas, ao longo das escadas ou sob os arcos de pedra das casas, as cores animam a monotonia das paredes.








 

 

 


 

 


 







Paisagens, cenas da vida quotidiana, imagens simbólicas, grafites e esculturas se sucedem sem interrupção, criando uma galeria de arte única a céu aberto. 

Cada porta é iluminada por um holofote cronometrado, que permite a visualização mesmo nos dias de inverno ou nas noites frias de verão, criando uma atmosfera cheia de charme graças à cumplicidade da arquitetura medieval.








 

 


  





De acordo com a Associazione Amici di Valloria, atualmente já existem 149 obras e muitos artistas se dispõem para colaborar com o seu trabalho nesse projeto fascinante. 

Todos os anos, durante a primeira semana de julho e de agosto, novas portas se tornam parte desta coleção de arte incomum, que se desenvolve num ambiente de uma grande festa. 

Com o slogan "Valloria fai Baldoria", a iniciativa inclui propostas culturais e gastronômicas e atrai muitos turistas italianos e estrangeiros.





Praça principal

Logo na entrada da cidade, na praça principal encontra-se a Igreja barroca de SS. Gervasio e Protasio, que tem a fachada da igreja e com seu pequeno adro de seixos voltados para o vale e de onde se tem uma bela vista panorâmica.







Nessa igreja há uma bela obra de Casanova pintada em 1523, retratando a Virgem Maria. Segundo a tradição, essa igreja foi construída sobre as ruínas de um templo pagão em meados do século 5. 





Consta que os antigos habitantes de Valloria admiravam o Deus Sol e a cebola, numa mistura do sagrado e o profano. Existe também a Igreja de San Giuseppe, que oferece um vislumbre do vale.





As três fontes

Graças à irmandade de Santa Cruz, que criou um aqueduto em 1715 para trazer a água potável até as três fontes, tornando Valloria uma das primeiras vilas desenvolvidas na Ligura. 

Situadas na praça principal, ainda hoje uma das fontes jorra água, tendo acima um painel com a história e lendas de Valloria.



 





Segundo uma lenda, há muitos anos passados existia uma aldeia perto de um castelo. Ao ser  invadida por vorazes formigas que atacavam os bebês nos berços, para escapar delas os habitantes fugiram e chegaram até as montanhas, onde fundaram Valloria. Dizem que no castelo só restaram ruínas.





Museu de coisas esquecidas

O oratório de Santa Croce, que mantém uma inscrição da construção em 1526, atualmente é a sede do Museo delle cose dimenticate ou Museu de coisas esquecidas. Com objetos que pertenceram ao quotidiano do passado, pode-se ter uma ideia das atividades para as quais usamos hoje aparelhos elétricos.







A ambientação reconstitui atividades domésticas e artesanais, como também recorda as ferramentas para o cultivo das oliveiras, a colheita das azeitonas e a produção do azeite. 

Um objeto que chama atenção é um velho instrumento musical, que é uma mistura de órgão e piano. Construído de forma artesanal Giacomo Pisani (1886-1959), ele foi um genial artista e inventor autodidata.





Azeite DOC

Valloria sobreviveu ao tempo e continua a viver graças ao amor de sua gente. Imersa em oliveiras que cobrem as encostas, a antiga aldeia chamada no passado de Vallis Aurea ou Vale de Ouro, tem a cor do melhor azeite da Ligúria e está mais brilhante do que nunca.






Com uma maturação tardia, essas azeitonas costumam ser colhidas em janeiro, depois da maioria das safras da Itália. Usadas na produção de refinados azeites DOC, essas azeitonas tem um excelente sabor e delicioso aroma.






A pintura numa parede na entrada da cidade é uma homenagem ao cultivo das oliveiras. Típica da Liguria e adaptada ao solo das montanhas, a Taggiasca se diferencia da maioria das oliveiras italianas.  
Além das oliveiras, Valloria é lugar de hortas que cultivam muitos legumes, verduras e frutas.






Nessa pacífica vida lenta, antes que o sino anuncie o meio-dia, se ouve as pegadas daqueles que retornam do campo com vegetais recém escolhidos. 

Vaguear pelos becos significa sentir a vida da aldeia, com seu aroma de legumes fritos saindo de uma janela e se espalhando ao redor lembrando que é quase hora do almoço... 








3 comentários:

  1. Lúcia, boa noite!
    Fiquei encantada com as portas desta bela cidade, na Liguria. São estes locais que me encantam, longe das grandes cidades.
    Um abraço.

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  2. Menina de Cristo... como se diz nas Minas Gerais...
    Que blog fantástico... aliás... "ques" blogs fantásticos....a Itália deve ser algo simplesmente fantástico, terra de meu pai e meus avós... e que eu nunca pude visitar!!
    Blog fantástico...
    Um doce beijo do Marco Aurélio Minafra, de Uberlânida...aliás, de BH!

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.