Alfonso d'Este I
Senhor de Ferrara 1505/1520 e depois de 1527/1534
Em 1505 o Duque Ercole d'Este I faleceu e foi sucedido por seu filho Alfonso d'Este I, que tinha 29 anos de idade. Durante seu governo ocorreram muitos eventos políticos e guerras, mas também grande crescimento artístico e cultural. Dando continuidade à expansão da cidade iniciada por seu pai, ampliou o castelo e modernizou as cozinhas até salas de estudo.
Com muita astúcia Ercole I tinha negociado o casamento de seus filhos com prestigiadas famílias nobres. Ele negociou o casamento de seu filho Alfonso I com Anna Sforza, porém ela faleceu. Com relutância ele concordou que seu filho Alfonso I se casasse com Lucrécia Borgia.
Filha do Papa Alexandre VI, alguns diziam que Lucrecia mantinha relações incestuosas com o pai e com o irmão, porém o Papa tinha feito notáveis doações territoriais para o Marques e ele não pode interferir.
Aos 21 anos Lucrecia já estava em seu terceiro casamento e era uma mulher tão astuta e inteligente que o Papa em suas ausências confiava-lhe a administração da Santa Sé. Ela entrou para a história como a mulher mais bonita e sedutora de Roma.
Conta-se que ela tinha envenenado seus amantes com um estranho pó que mantinha guardado dentro de um anel. No entanto em Ferrara ela foi admirada por seu refinado senso político, amada pela população e apelidada de "A Mãe do Povo".
Lucrécia e Alfonso I tiveram 4 filhos: o Cardeal Ippolito II, Eleonora, Francesco e Ercole d'Este II. Com a morte da esposa, Alfonso I teve mais dois filhos com uma amante: Alfonso e Alfonsino. Eles não foram reconhecidos como filhos legítimos e sucessores. Alfonsino I faleceu ainda jovem e Alfonso teve 5 filhos: Eleonora, Ippolita, Cardeal Alessandro, Alfonsino II e Cesare que era o mais novo.
Por participar da liga contra Veneza, Alfonso I foi privado das suas posses. Foi excomungado pelo Papa quando tinha 32 anos, mas em pouco tempo obteve a revogação da excomunhão. Porém o Papa recusou a reintegração de posse dos seus bens. Somente com a intervenção do Imperador Carlo V ele conseguiu recuperar seus bens, porém Alfonso I já tinha 54 anos e logo depois morreu, sem poder usufruir de sua fortuna.
No Corso della Giovecca encontra-se a Palazzina Marfisa, uma mansão que pertenceu a Francesco d'Este - filho de Alfonso d'Este I. Francesco d'Este não tinha herdeiros legítimos, por isso estava impedido de suceder seu pai. Porém tinha duas filhas nascidas fora do casamento, Bradamante e Marfisa, que foram educadas como todas as princesas da família.
Tal qual sua avó Lucrécia Bórgia, Marfisa D'Este tinha um charme incomum e também a reputação de ser rebelde. Com sua natureza inquieta e lunática, Marfisa adorava dançar em seus tempos livres. Sem dúvida, era o centro da vida da corte. Ainda jovem casou-se com seu primo Alfonsino II, mas o casamento foi muito breve pois ele morreu em três meses.
Logo depois ela casou-se com um príncipe herdeiro de Massa e Carrara. Com sete filhos, eles moravam na Palazzina Marfisa d'Este, um esplêndido exemplo de residência de classe alta do século 16. A residência era cercada por magníficos jardins, que conectavam a outros palácios conhecidos como Casini di San Silvestro.
Mesmo depois de sua família ter sido obrigada a se mudar de Ferrara, devido à transferência para os Estados Pontifícios em 1598, Marfisa não recuou. Quando o Papa - o novo senhor da cidade - chegou em Ferrara, ela se recusou a prestar-lhe homenagens. Dez anos depois ela morreu na Palazzina. Embora tenha recebido o reconhecimento de muitos por sua caridade, ela sempre era lembrada por sua personalidade rebelde.
Aberta à visitação pública, a Palazzina de Marfisa, com fachada de tijolos vermelhos, grandes janelas e um portal de mármore, tem um só piso, mas é belissimamente decorada. Além do caro mobiliário, há uma valiosa coleção de objetos de arte e outras antiguidades.
Torre dei Leoni
Ippolito D'Este I e Giulio D'Este
Embora Alfonso d'Este I fosse protetor dos poetas, ele era cruel. Ele tinha vários irmãos, entre eles o Cardeal Ippolito D'Este I e Giulio D'Este, que era o irmão mais bonito e mais rebelde. Esses dois irmãos eram amigos, porém foram divididos por um profundo ressentimento e começaram a se odiar porque amavam a mesma mulher.
A jovem declarou abertamente sua preferência por Giulio e isso desencadeou a ira do Cardeal Ippolito I, que quis vingar-se tentando matar Giulio com uma punhalada. Ferrante era outro irmão que tinha ambição de assumir o poder. Juntando-se a Giulio, eles tramaram vingar-se do Cardeal Ippolito I e também matar o Duque Alfonso I. Porém a trama foi descoberta e os irmãos foram condenados à forca.
No entanto, quando subiam para a sentença de morte, Alfonso I mudou a sentença e os condenou à prisão perpétua na Torre dei Leoni. Ferrante morreu na prisão e Giulio foi perdoado 53 anos depois, porém ele já estava muito velho e morreu.
Banquetes da Corte
Um reino era considerado grandioso pelos banquetes servidos, por isso os nobres se cercavam dos melhores cozinheiros. Na corte de Alfonso d'Este I existia um grande mestre, Christophoro Messisburgo. Nascido em Ferrara, na verdade Christophoro era como um mordomo administrador e se tornou um famoso Mestre de Cerimônias pela organização de suntuosos banquetes no Castelo Estense.
Em 1529 o mestre serviu um maravilhoso banquete no casamento de Ercole II, que foi composto de inúmeros pratos diferentes com faisão, pombo, coelho, trutas, peixes, mariscos, enguias, massas, carnes, vegetais crus, molhos, bolos, doces e frutas. Os convidados ficaram maravilhados com a quantidade e qualidade do banquete, o que deixou o duque satisfeito e Christophoro muito feliz pelos elogios recebidos.
Depois da morte de Christophoro, em 1549 foi publicado o livro póstumo "Banchetti, compositioni di vivande et apparecchio generale" que era um imaginativo manual de culinária do século 16. Suas receitas revelam o uso indiscriminado de açúcar e canela, pinhões e passas espalhadas em quase todos os pratos.
Naquela época, o açúcar era privilégio dos ricos, além de uma abundância de ervas e especiarias. Em seu livro são revelados pratos da alta cozinha de sua própria invenção, mas também aqueles obtidos pelo rearranjo de receitas populares ou reorganizando tradições estranhas e exóticas para o gosto local da época; uma livre reinterpretação da cozinha no renascimento.
Típico de Ferrara é o Pão Torcido, que apareceu em 1536 durante um jantar oferecido em honra do Duque de Ferrara. Mudando a forma do pão chato, o pão ganhou elegância tornando-se orgulho da gastronomia italiana.
Dizem que o segredo de sua receita está na qualidade da água, dos ingredientes e na fermentação. Os turistas que passam por uma padaria em Ferrara não podem resistir ao tentador cheiro do pão fresco saindo do forno que penetra no ar.
Pampato ferrarese
Dizem que foi o Chef Christophoro Messisburgo quem desenvolveu a receita do Pampapato - o Pão do Papa. Enriquecido com amêndoas, avelãs e frutas cristalizadas, o pão coberto de chocolate era servido como sobremesa para a nobre família Este e para o clero, tornando-se uma tradição de Ferrara.
Na época representava um luxo reservado para poucos, já que o cacau era uma preciosa mercadoria que tinha chegado na Europa através das cortes. Hoje o pampapato pode ser encontrado em diversas padarias e restaurantes de Ferrara.
Ferrara oferece variadas opções gostosas como as pizzas e a Piadina. Porém mais famoso é o "Cappellacci di Zucca Ferraresi", que também era uma das delícias preparadas para os membros da família Este. Ainda hoje são feitos com os mesmos ingredientes de séculos passados, exceto pela adição de especiarias como gengibre e pimenta que eram escassos na época.
Conhecido como "Tortelli di zucca con il Butirro ou Tortelli de abóbora com manteiga", no dialeto local são chamados Caplaz devido ao formato dos chapéus que eram usados pelos camponeses de Ferrara. Feito com abóbora cozida no forno, queijo Grana Padano e temperos, as cuias eram aproveitadas no passado para beber água, vinho ou para preparar pólvora.
As origens do Zia Ferrarese também é da época do renascimento e consta no livro de Christophoro Messisburgo. Esse tradicional salame, que era servido nas refeições do Duque de Ferrara, é baseado em carne de porco e depois temperado é marinado em vinho branco. Dizem que é exatamente o vinho branco produzido no campo ferrarese, que dá o inconfundível sabor ao Zia que é mantido em adega fria por 5 a 6 meses.
continua no post Ferrara 7...
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