30 janeiro 2011

Carrara, a cidade do mármore






Carrara, uma comuna italiana a 100 km de Florença, que se estende desde as montanhas até o mar. Dizem que o nome da cidade provavelmente seja proveniente do termo "kar", que significava pedra na antiguidade. E a cidade faz jus a seu nome. O mármore está presente por todos os lados, indo desde as montanhas até a costa, formando uma praia forrada de mármore.






A produção de mármore da cidade é exportada para todo o mundo, mas também trabalham mármores provenientes de outras partes do mundo. Além das pedreiras de mármore, a cidade tem academias de escultura, artes plásticas, um museu de antiguidades e estatuários. Em alguns ateliês pode-se admirar muitas esculturas em andamento.






Também é possível fazer um tour divertido pelas estradas sinuosas na montanha. O visual é incrível. No topo a bruma dá um ar fantástico aos picos de mármore. É possível entrar com o 4x4 em algumas cavernas e inclusive desembarcar. O chão geralmente é enlameado de lama branca, que costuma agarrar nos sapatos. Só tem um detalhe: a lama seca, vira pó e demora alguns dias para limpar. 

O passeio de carro por dentro de uma caverna é muito bacana, mas pode ser também um pouco claustrofóbico. Porém, não deixe que o medo impeça de acompanhar o processo de extração dos imensos blocos de mármore. Há cavernas nas quais você chega com o seu veículo até a entrada e só ali pega um tour guiado para ver a escavação no interior da montanha. Há também a opção de fazer trilhas a pé pela região.






A cidade atual se originou a partir de um bairro que construído pelos romanos para abrigar os trabalhadores nas pedreiras de mármore, no início do século 2 aC. Suas crenças, o anarquismo e radicalismo geral tornou-se parte da herança do escultores de pedra. Carrara é o berço da Federação Internacional dos Anarquistas (IFA). De acordo com um artigo do New York Times, muitos revolucionários violentos que haviam sido expulsos da Bélgica e da Suíça foram para Carrara em 1885 e fundou o primeiro grupo anarquista na Itália.



 


O mármore de Carrara é famoso desde a Roma Antiga, quando foi utilizado para construir o Panteão de Roma, famoso por sua cúpula. O Panteão original foi construído em 27 a.C. durante a República Romana. No pórtico está escrito: M.Agrippa.L.F. Cos. Tertium.Fecit que significa: Construído por Marco Agripa, filho de Lúcio pela terceira vez cônsul.





Muitas esculturas do Renascimento foram construídas com mármore proveniente de Carrara. David de Michelangelo, uma das mais famosas esculturas do artista renascentista, foi esculpida em uma única peça de mármore. O trabalho, que durou 3 anos, retrata o herói bíblico com realismo anatômico impressionante, sendo considerada uma das mais importantes obras do Renascimento e do autor. Uma placa de mármore registra a casa na Piazza del Duomo, onde Michelangelo costumava se hospedar quando ia fazer compras de mármores na região.





As montanhas que podem chegar a 2.000 metros de altitude são a principal razão para ir até Carrara, mas também vale visitar a cidade que tem um importante porto comercial no Mar Mediterrâneo e vive principalmente do transporte de mármore.  O centro histórico da cidade é uma graça. Como não poderia deixar de ser, estátuas, bancos, vasos de plantas e fontes de rua são todos feitos em mármore. Até as faixas de pedestre, que de longe parecem pintadas de branco, em Carrara são feitas de mármore.





Piazza Alberica: O coração da cidade velha é Piazza Alberica, rodeada por belas construções do século 17/18. O monumento no centro é uma homenagem a Beatrice d'Este, filha do Duque de Ferrara, que se tornou a Duquesa de Carrara. Erguida em 1826 e esculpida por
Pietro Fontana, a escultura retrata a última Duquesa de Carrara com uma mão segurando um cetro e outra estendida sobre a praça.  Na linda praça principal o piso é de mármore. Cercada de palácios e cafés simpáticos,  mesas de mármore ao ar livre acolhem os moradores e visitantes.




Durante séculos a cidade foi governada por diferentes reinos. Tomada pelo rei Tommaso Campogregoso, que pertencia à poderosa família Malaspina, a partir de 1473 a cidade de tornou um Grão Ducado. Em 1529 o Grão Duque Antônio Alberico morreu, tendo sido substituído por  seu genro Lorenzo Cybo, que era casado com sua filha Ricardina Malaspina. Nascia assim a Dinastia Cybo-Malaspina, que esteve no governo até 1829. 







Destaca-se na praça o Palazzo del Medico. Com sua cor vermelha intensa e ricos ornamentos barrocos, os salões são decorados em estilo rococó. Rico em mármore e estuque policromado, tem um salão com afrescos feito no início de 1700.





Igreja do Suffragio: Iniciada em 1686 e remodelada no século 19, tem na fachada tem um portal em mármore em estilo barroco estilo, esculpida por Carlo Finelli tem acima um baixo-relevo com a "Madonna e as Almas do Purgatório".







Catedral: A Catedral de Carrara  é do século 12, sendo totalmente revestida de mármore branco. Desde seu início a comunidade de Carrara teve uma espécie de culto da roda, colocando-a como o principal motivo arquitetônico e decorativo da fachada da catedral. Como se fosse uma assinatura., o lema de Carrara é "Fortitudo mea em Rota" que em latim significa "Minha força está na roda".

Pode-se supor que a roda idealmente representa tanto um conceito de viagem eterna como uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento de Carrara, daí a explicação precisa do lema com base em uma resposta dada por Sibilla Eritreia que, quando questionadas sobre o destino de uma cidade disse: Sorte na roda.




Piazza dell'Accademia

Piazza della biblioteca 

Na Academia de Belas-Artes, instalada em um palácio do século 16, pode-se ver moldes de gesso feitos por artistas como Canova e esculturas em mármore negro de Colonatta, que já não existe mais. Na estreita Via Santa Maria, ferramentas nas fachadas das casas coloridas em tons de terra com janelas pintadas de verde indicam os ofícios dos moradores do passado. Outras peças, como colunas e desenhos, destacam suas habilidades.






Colonatta: No verão, a região recebe muitos turistas em busca de sol e mar, mas vale também fazer uma visita ao  vilarejo de Colonatta, no alto de uma montanha. Além de ser uma vila muito lindinha, os produtores estão sempre por ali dispostos a bater papo e explicar como o porco vira lardo.

O  Lardo di Colonatta, uma espécie de bacon branquíssimo servido em fatias finas, é uma especialidade que geralmente está nos cardápios de todos os restaurantes. A gordura vem do lombo do animal, sendo curado por 180 dias em imensos tonéis de mármore junto com azeite, sal, pimenta, alecrim e outros temperos. Se tiver a oportunidade de entrar em uma cave de pedra para ver como é, vá sem medo. O cheiro das especiarias é muito bom. Pode ser comido puro, fatiado como qualquer presunto ou com pão ou salada.





Piazza delle Erbe: A praça que tem seu nome relacionado com o antigo mercado, foi no passado o centro da antiga povoação romana.  Nesse pequeno espaço ficava o cobrador de impostos, o que deu à praça o motivo de rancor de muitas pessoas na Idade Média. Um dos destaques da praça é um portal de mármore, que tem dois pilares com figuras de mouros sobre elas. Na cabeça eles tem um travesseiro, sobre o qual repousa o brasão da família a que pertenciam.







Feira na praça: Atualmente um dos eventos característicos de Carrara é realizado na Piazza delle Erbe, quando os produtores da Toscana fazem o comércio de produtos orgânicos naturais: compotas, produtos hortícolas, frutas, molho de tomate, mel, carne, salsichas, ovos, queijo, pão típico de castanhas, óleos, produtos fitoterápicos e cosméticos, geleias. São fornecidos pelos fabricantes de Carrara, Massa Lunigiana e províncias vizinhas, vendidos diretamente pelos produtores a preços razoáveis, evitando os custos de transportes e de logística, combinando conveniência, dieta adequada e aproximação do produtor e consumidor.







Rivolta delle donne: A Piazza delle Erbe já foi palco para as mulheres de coragem de Carrara. Durante a 2a. Guerra Mundial os alemães determinaram que a população deveria evacuar a cidade e seguir para o mar. Na época a população de Carrara na época era composta quase exclusivamente de mulheres, idosos e crianças. Quando os primeiros cartazes foram afixados nas ruas de Carrara, as mulheres se recusaram a abandonar suas casas e reagiram com tenacidade às dificuldades.

Durante o inverno elas tinham apenas o sal, única matéria prima à disposição para trocar por farinha e outros alimentos com as mulheres da Emilia Romagna. O mar de Carrara dava às mulheres o sal, uma moeda de troca valiosa. Elas ferviam a água até que restasse apenas o sal no fundo das panelas. Com a carga de sal, elas subiram os caminhos da montanha andando descalças sobre os ásperos cacos de mármore afiados e foram em busca de comida empurrando os carrinhos de mão.

Depois de quase duas semanas voltaram exaustas, magras e sangrando, mas com sua carga de alimentos. Em meio aos bombardeios, perigos e armadilhas, muitas foram derrubadas por metralhadoras, outras por exaustão e outras tiveram sua carga roubada. Mas com tenacidade, sem parar, fizeram chegar o pão à cidade que tinha fome. Na manhã seguinte, as mulheres se reuniram na Piazza delle Erbe e, segurando faixas e gritando palavras de ordem, que de alguma forma inspiravam a si mesmas, elas seguiram para a sede do comando alemão.

Apesar da insistência e ameaças para que desistissem do seu intento, elas não recuaram. Mesmo diante das metralhadoras, as mulheres gritavam: "Não deixem a cidade!". O comando alemão suspendeu a ordem de evacuar a cidade e as mulheres retornaram às suas casas. A força e coragem dessas mulheres venceu a fome com sacrifício e, apesar dos massacres, devastação e represálias, elas fizeram das montanhas Apuanas, uma cidadela inexpugnável da liberdade. A cada ano, relembram esse episódio com apresentações teatrais em Carrara.


23 janeiro 2011

Vulcão Etna na Sicilia



O Vulcão Etna situado na Sicilia, está entre as províncias de Messina e Catânia. É um dos vulcões ainda ativos, com 45 km de diâmetro, sendo o maior e mais alto da Itália e da Europa, com 3.322 metros de altura. Ocasionalmente pode ser bastante destrutivo, mas normalmente, as erupções não oferecem grande risco à população que vive nas localidades próximas. Porém a cada erupção, coloca as cidades vizinhas em constante estado de alerta.



Os solos vulcânicos ao redor do Etna propiciam bons campos para a agricultura, com vinhedos e hortas espalhados nas encostas da montanha e em toda planície da Catânia. A última grande erupção do vulcão Etna foi acompanhada de mais de 200 pequenos terremotos em maio de 2008, entrando novamente em erupção em janeiro de 2011.

O Etna já era conhecido na Roma Antiga. Os árabes, que viveram na região por um longo período, chamavam a montanha Gibel Utlamat - "a montanha de fogo", que mais tarde gerou a corruptela Mons Gibel. O nome do vulcão em siciliano é Mongibeddu.





As frequentes e por vezes dramáticas erupções, fizeram da montanha um tema recorrente na mitologia clássica, traçando-se paralelos entre o vulcão e vários deuses e gigantes das lendas do mundo romano e grego. Éolo, o rei dos ventos, teria confinado os ventos em cavernas sob o Etna. Segundo o poeta Ésquilo, a causa das erupções deve à prisão do gigante Tifão sob o vulcão. Outro gigante, Encélado, revoltou-se contra os deuses e foi morto e sepultado sob o Etna.

Diz-se ainda que Vulcano, Hefesto para os gregos, deus do fogo e da forja, tinha sua fundição sob o Etna e atraiu o deus de fogo Adrano para fora da montanha, enquanto os Ciclopes mantinham uma forja em que fabricavam raios para que Zeus os usasse como armas. Supõe-se que no submundo grego, Tártaro, encontrava-se abaixo do Etna. No mundo católico, acredita-se que o Etna entrou em erupção devido ao martírio de Santa Lucia fazendo com que os muçulmanos posteriormente a invocassem contra ameaças do fogo e relâmpagos.


15 janeiro 2011

Lucca, cercada pelas muralhas




Lucca é uma simpática cidade da Toscana, que tem seu centro histórico artisticamente cercado pelas muralhas da época do renascimento. A obra que teve início em 1545 só foi concluída em 1650, ou seja, demorou mais de 100 anos para sua finalização. 




Até hoje a cidade mantém intacto o seu centro histórico medieval. Suas  muralhas com 30 metros de largura e 12 metros de altura abrangem quase 5 quilômetros, sendo formadas por 12 cortinas e 11 baluardos. 

Geralmente, as cidades fortificadas tinham quatro entradas principais, uma para cada ponto cardeal. Porém em Lucca havia apenas três portões, que se abriam para o norte, oeste e sul. 

O motivo é que no leste estava Firenze, que era a cidade  inimiga número 1. Os fiorentinos tentaram conquistar Lucca durante séculos, sem sucesso. Essa ação teve um significado simbólico e desafiador; Lucca era orgulhosamente uma cidade independente e teria resistido ao ataques.




Porta San Pietro: As muralhas possuem diversas entradas, entre as quais tem destaque a Porta San Pietro,  Porta Elisa, Porta Santa Maria, Porta San Donato, Porta San Jacopo e Porta Vittorio Emanuele, também chamada Porta Sant'Anna. 



Porta Santa Maria




Porta San Donato

Algumas entradas são muito simples, mas outras são ricamente trabalhadas com esculturas, tal como  Porta Santa Maria que é dedicada à Virgem Maria e a Porta San Donato que mantém a imagem de San Donato e San Paolino. 




Para conhecer melhor as muralhas passe por cima das paredes, mas também desça para conhecer a parte de dentro dos bastiões, que são as "esquinas" das muralhas e que possuem subterrâneos.




São três bastiões: San Paolino, Santa Croce e San Martino. O bastião de San Paolino,  recentemente reformado, preserva a estrutura original. No subsolo acontecem eventos e exposições especiais.

O bastião de San Donato não possui subsolo. Localizado entre a Porta Sant Anna e a Porta San Donato, o terreno pantanoso foi considerado inseguro.  Junto ao bastião existe um antigo quartel.






Estando a 12 metros acima da cidade, as muralhas foram transformadas em um passeio alto sobre os tetos das casas, o que permite conhecer e ver a cidade do alto. Mas é andando pelas ruazinhas medievais estreitas de Lucca, que torna possível ver os belos monumentos de Lucca.




Piazza dell´Anfiteatro Romano 
ou Piazza del Mercato
 
Uma das grandes atrações de Lucca é a Piazza dell'Anfiteatro Romano, que representa uma obra prima única da arquitetura italiana e um episódio urbanístico. 

Por volta de 180 a.C Lucca era uma colônia romana e uma de suas atrações era um antigo anfiteatro. Pouco restou daquele período histórico, já que o material do anfiteatro foi reciclado em outras construções.




A atual Piazza del Mercato, caracterizada por seus edifícios coloridos e construída sobre o anfiteatro, ainda conserva a sua forma elíptica, típica da arena. 

No mesmo lugar também são indicados alguns portões através dos quais os gladiadores e os animais ferozes entravam no anfiteatro. As casas medievais cresceram apoiando-se sobre os potentes degraus do edifício.



 

Via Fillungo 

Uma das coisas agradáveis de Lucca é a possibilidade de percorrer seus becos e ruelas a pé. A geometria das ruas obedece o traçado de quando a cidade era uma antiga colônia romana. 

A Via Fillungo é uma das mais charmosas, repletas de lojas, cafeterias,edifícios históricos e hoteis de alto luxo.  Uma das particularidades dessa rua é ver o contyraste dos produtos modernos sendo vendidos em prédios medievais.



Palazzo Pretorio


Palazzo Mazzarosa

Lindos palácios estão espalhados por toda parte. Um deles é Palazzo del Podestà ou Palazzo Pretorio, que teve sua construção iniciada em 1494. Dentro da loggia existe um monumento dedicado a Matteo Civitali que projetou a construção. Notável é o relógio na fachada.






Palazzo Ducale: Outro belo palácio, que se encontra na Piazza Napoleone é o Palazzo Ducale. Sede do antigo governo de Lucca em meados de 1370, através dos anos passou por muitas reformas. 

Em algumas salas do palácio funciona o Museo del Risorgimento, que mantém artefatos preservados desde 1821 até a Primeira Guerra Mundial.

Entre as relíquias mais importantes estão uma bandeira de 1821, objetos ligados a Giuseppe Garibaldi e uma coleção de armas, pinturas, cartas, roupas e objetos do cotidiano. Após uma refinada reestruturação, o museu foi reaberto ao público em 2013.



Palazzo Pfanner

O Palazzo Pfanner ostenta um dos jardins clássicos mais bonitos da Toscana. 
Foi construído para ostentar a riqueza da família Moricani, que eram comerciantes de seda e começaram suas obras em 1660. 

Vale dizer que Lucca foi no passado uma das cidades mais famosas pela produção de seda do mundo ocidental. Graças a esse comércio, Lucca se tornou uma cidade rica. 

Em 1680 a família dos Controni comprou a propriedade em 1680 e mandou adicionar a suntuosa escadaria. Somente no século 19 os Pfanner adquiriram o palácio e adicionaram sua personalidade ao local. 

Em seu interior existem afrescos incríveis, além de uma curiosa coleção de instrumentos cirúrgicos, que pertenceram a Pietro Pfanner, que foi médico cirurgião e ex-prefeito da província de Lucca. 

Com uma enorme quantidade de estátuas barrocas de deuses da mitologia romana, no salão principal do prédio há uma exposição de trajes usados pelos nobres nos séculos 18/19, muitos deles em seda, um tecido nobre que colocou Lucca em destaque.




Torre Guinigui

Dessa torre tem-se uma bela vista da cidade. No passado Lucca contava com cerca de 250 torres, mas essa foi uma das poucas que resistiram ao passar dos séculos. 

Sua construção teve início em 1370 pela família Guinigi, que mais tarde doou a torre para o governo. Nessa época, as famílias demonstravam sua nobreza e poder aquisitivo construindo edifícios magnânimos, sendo a Torre Guinigi um exemplo disso.

Com cerca de 44 metros, a torre é um dos símbolos de Lucca. Porém, subir até o topo não é para qualquer um. São 255 degraus, mas a peculiaridade do lugar vale qualquer esforço. 

Lá no alto, um curioso detalhe chama atenção. Pequenos carvalhos insistem em crescer num local tão inusitado e pouco provável - no topo da torre.




Museu Villa Guinigi

Há vários museus na cidade, sendo um deles o Museu Villa Guinigi que preserva muitas obras de arte e objetos arqueológicos da Idade do Ferro, da cultura etrusca e do período medieval. 

Situado em um palácio, que foi construído em 1413 para Paolo Guinigi - Senhor de Lucca, a partir de 1530 passou por uma reforma e seu grande parque foi loteado.




A cidade de 100 igrejas

Lucca é chamada "Cidade das 100 igrejas", mas é provável que já não existam tantas assim. Porém em vários pontos da cidade pode-se encontrar uma igreja. Entre as mais famosas tem destaque o Duomo di San Martino.

O início de sua construção no século 11 era em estilo românico, mas acabou passando por reformulações góticas e renascentistas com o passar dos anos. Em vários pontos é possível notar símbolos maçônicos e esotéricos. 

Uma particularidade do Duomo de Lucca é a sua fachada, que curiosamente não é simétrica como a maioria das fachadas de igrejas. Olhando atentamente pode-se notar que, partindo dos seis arcos centrais, de um lado há mais cinco arcos, enquanto junto à torre são somente três arcos. 

Conta-se que isso ocorreu devido à sua demorada construção, em diversas épocas por diferentes artistas. Quando Guidetto da Como construiu a fachada, entre 1204 e 1233, a torre campanaria já existia, o que acabou atrapalhando a construção da quantidade de arcos iguais.






No pilar próximo à torre existe um labirinto esculpido.  A inscrição ao seu lado faz referência ao mito de Teseu e Ariana no labirinto do Minotauro. Mas o que faz uma história mitológica na entrada de uma igreja cristiana? 

Dizem ser uma ligação com os Cavaleiros Templários devido à semelhança com o desenho do piso da Catedral de Chartres na França. Por fim, uma terceira hipótese fala que é a representação do “Labirinto do Pecado”, onde após entrar, é difícil sair.





Na fachada está a escultura de San Martino, considerado o santo protetor da cidade.  Segundo contam, San Martino viveu no século 4 à serviço do exército romano na Gália. 

Durante uma ronda noturna San Martino encontrou um mendigo que sentia muito frio. Imediatamente San Martino cortou seu próprio manto ao meio e cobriu o mendigo. 

Na noite seguinte São Martinho sonhou com Jesus vestido com o manto que havia dado ao mendigo. Ao acordar encontrou seu manto novamente inteiro. A partir desse fato, San Martino se converteu ao cristianismo e mais tarde se tornou um bispo.


 


No interior da catedral encontra-se a a antiguissima escultura do Volto Santo, que segundo a tradição representa o verdadeiro rosto de Jesus. Trata-se de uma escultura em madeira do Cristo crucificado, com 2,5 metros de altura. 

A autoria da peça é desconhecida, mas lendas locais atribuem o trabalho a Nicodemos, que ajudou José de Arimatéia no sepultamento do messias cristão. 

Na catedral também estão obras de pintores italianos importantes como Michelangelo, Jacopo Pintoresco, conhecido como Il Furioso, por causa de seus trabalhos dramáticos, e o florentino Fra Bartolomeo.






Há também outras, como a Igreja de San Michele in Foro, com uma fachada composta por diferentes fileiras de colunas de mármore retorcidas. 





Construída onde havia um antigo Foro Romano, exibe uma fachada muito interessante feita em três fileiras de colunatas trabalhadas, com decoração predominantemente pagã.





A Igreja de San Frediano, construída em 1022, tem a fachada decorada por um mosaico colorido do século 13 e retrata figuras de apóstolos. 

Toda a área perto da Igreja de San Frediano conserva ainda as antigas armações das entradas de muitas lojas e laboratórios artesanais. 

Ao percorrer a elegante e pitoresca rua, casas e torres são embelezadas por elementos em ferro batido.





Museu Puccini

Terra natal do grande músico Giacomo Puccini, que compôs Madame Butterfly e La Boheme, quem quiser assistir um concerto, de abril a outubro há o Festival Puccini. 

A casa onde nasceu o mestre italiano foi transformada em um museu aberto ao público. Ali é possível conhecer o seu ateliê, o escritório e contemplar objetos como a echarpe de seda usada pelo compositor ou uma carta escrita por Richard Wagner e endereçada a Puccini.





Teatro del Giglio

O teatro municipal foi fundado no século 17, tendo recebido o nome de Teatro del Giglio em homenagem á dinastia Bourbon, cujo brasão possui três lírios dourados. É um dos teatros públicos mais antigos da Itália.





Tordelli Lucchesi

Lucca foi fundada pelos lígures numa ilha do rio Serchio, desde o século 5 aC. Depois ocupada pelos etruscos, no século 13 foi um importante centro de produção de lã e centro financeiro internacional. 

Tendo caído sob o controle dos Pisanos, no século 17 Lucca perdeu progressivamente a sua importância econômica. Além disso, pestes que atingiram a região. 

Porém hoje Lucca é uma das maiores produtoras de azeites e dos melhores vinhos da Itália. Uma das especialidades da cidade é o Tordelli Lucchesi (macarrão em forma de meia-lua recheado de carne) e um pão doce de origem pobre chamado Buccellato. Simplesmente, imperdível!...






Fora das muralhas Lucca exibe uma vida moderna com todas as suas facilidades, largas avenidas onde se encontram grandes lojas, excelentes restaurantes e luxuosos hotéis.  Portanto, reserve um tempo para percorrer a cidade.




Mas o melhor dos passeios fora das muralhas são as visitas às vinícolas, onde pode-se degustar vinhos em um pátio panorâmico com vista para o vinhedo nas colinas de Lucca. 

Não perca o passeio pelas adegas e ter a chance de experimentar uma variedade de vinhos e azeites. Dependendo da época do ano, os visitantes são guiados pelas etapas de produção e explicados os procedimentos de preparação do vinho...




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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.