13 fevereiro 2017

Venezia 8 - Sestiere Castello




Castelo é o maior sestiere ou bairro de Veneza e também o mais povoado. Essa foi uma das primeiras áreas habitadas de Veneza, quando a população se mudou para as ilhas no século 5/6. Segundo contam, o nome bairro se refere a um antiga fortaleza romana que existia no local e servia para defender a cidade de ataques dos piratas que vinham do mar.

Grandes obras arquitetônicas e artísticas, que lhe deram destaque através dos tempos, ainda atraem muitos turistas. Com um ambiente bem diferente dos outros bairros, nesse espaço tem-se a oportunidade de passear nos jardins e provar deliciosos quitutes.




Riva degli Schiavoni

O acesso para o sestiere Castello é feito principalmente pela Riva degli Schiavoni, uma larga avenida pavimentada que inicia no Palazzo Ducale e finaliza nas proximidades do Arsenale. Constantemente lotada de turistas, ao longo desse caminho há vários hotéis, restaurantes, bares e uma série de construções históricas, tal como o grande monumento de bronze criado em 1887 por Ettore Ferrari em homenagem Vittorio Emmanuele II, o primeiro rei da Itália. 




Construída originalmente no século 9, o nome dessa via é uma homenagem aos eslavos que traziam mercadorias para Veneza de todo o mar Adriático. Os inúmeros quiosques e barracas existentes tem origem no século 15, quando os eslavos e gregos vendiam carnes e peixes secos perto do cais. Embora as barracas ainda existam no mesmo local, há outras mercadorias à venda. Além de doces e lanches, há muitas lembrancinhas venezianas para os turistas.




Bienal de Veneza

Castello tem muitas atrações turísticas e lindos cenários que encantam turistas de todo mundo, mas também promove um grande evento internacional que reúne expositores de todo mundo.




Criada por iniciativa de um grupo de intelectuais venezianos, a "Bienalle di Venezia" foi fundada em 1895, tendo se tornado numa das mais famosas e prestigiadas organizações culturais de todo o mundo.





O evento foi adquirindo caráter internacional, quando vários países passaram a instalar suas exposições nos pavilhões instalados em meio aos jardins do Castello. Incluída na vanguarda que busca apresentar as novas tendências da arte contemporânea, os módulos tem setores específicos: artes, dança, música, teatro, cinema e arquitetura. Atualmente a Bienal de Veneza conta com 95 pavilhões distribuídos em 30 locais de exposição projetados em vários estilos arquitetônicos.



Parque Garibaldi

Junto à Bienal de Artes encontra-se o Parque Garibaldi, que foi construído em homenagem ao corajoso combatente e líder do movimento de unificação da Itália. Construído em 1797, no final do século 19 o jardim foi transformado em um jardim de estilo Inglês, época em que o jardim recebeu novas plantas e foram surgindo as primeiras construções da Bienal de Arte.

 



Logo no início de uma ampla avenida arborizada está o monumento dedicado a Giuseppe Garibaldi, sobre o qual existem muitas lendas. Aliás em Veneza há guias turísticos que oferecem passeios noturnos, exatamente para quem quiser descobrir essas histórias fantásticas.

Em tom sombrio e misterioso, dizem que o monumento foi construído em 1885 apenas com Garibaldi e o leão abaixo. Porém várias pessoas começaram a dizer que tinham sido atingidas à noite por uma sombra.




O mistério permaneceu até que uma dessas pessoas reconheceu o vulto como sendo de um antigo partidário chamado Giuseppe Zolli. O fato é que esse partidário teria prometido estar ao lado de Garibaldi, mesmo depois de sua morte. Por isso os moradores resolveram acrescentar sua escultura sob a estátua de Giuseppe Garibaldi. Contam que a partir dessa data, nunca mais a sombra apareceu...




Igreja San Francesco di Paola

À frente do parque está a Via Garibaldi, uma ampla avenida pavimentada margeada por belos palácios, lojas e bons restaurantes. Nessa via encontra-se a Igreja de San Francesco de Paola, que teve origem a partir de um oratório. 




No passado nesse local havia uma igreja dedicada a San Bartolomeo. Porém em 1588 a igreja foi dada à Ordem de San Francesco di Paola, que remodelou a igreja e mudou seu nome. Em seu interior há várias telas que retratam a vida de San Francesco. Branca, simples e sem grandes adornos, na fachada existe um falso relógio feito com uma pintura.



Capella Lando

Onde hoje encontramos o Parque Garibaldi havia no passado algumas igrejas e conventos muito antigos, que foram demolidos para abrir espaço para a criação dos jardins. A intenção era dotar a cidade de uma ampla área verde, o que propiciou a criação da Bienal mas também de uma bela área de lazer.





Foram demolidas as Igrejas de San Domenico, San Niccolo di Bari e San Antonio di Castello, que era mais conhecida como Igreja de Sant'Antonio Abbate. Nessa igreja, construída em 1346, ficavam as relíquias de dois doges sendo um deles o Doge Pietro Lando. Por isso o arco que restou da igreja ficou conhecido como a Capella Lando. 


 


Igreja San Giuseppe di Castello ou Sant'Isepo

Nas proximidades dos jardins da bienal existem várias igrejas menores, que embora não tenham grandes obras artísticas, possuem grande valor histórico. Uma delas é a Igreja de San Giuseppe di Castello, que teve o início de sua construção em 1512 mas só foi concluída em 1563 graças a doações da família Grimani.





Isso explica o mausoléu da família, onde estão os restos mortais do Doge Marino Grimani, de sua esposa Morosini e de muitos outros. Os afrescos que cobrem todo o teto dá sensação de ser mais alto do que é, graças à tecnica utilizada que destacam as falsas colunas.




Igreja Sant'Elena

Nas imediações dos jardins está a Igreja de Sant'Elena, que se encontra no lado mais sereno de Veneza. Fundada em 1200 e reconstruída em 1435, nessa igreja repousa os restos mortais de Santa Elena, que foi a mãe do Imperador Constantino.




Fechada durante a invasão napoleônica e reconstruída em 1928, o interior é simples e iluminado por altas janelas. Nesse lugar onde antes existia somente a igreja e o convento, recentemente foram incorporadas novas construções, inclusive o estádio "Pierluigi Penzo". 




É comum ver famílias a passear e várias pessoas caminhando ao final do dia, jovens conversando e casais românticos apreciando o movimento. A extensa área verde é quase uma extensão dos jardins a bienal. Longe do barulho turístico do centro, por ali pode-se participar da autêntica rotina veneziana. 




Arsenal de Veneza

 As docas servem para os barcos à vela e para a escola naval. Ampliado nos séculos 14/16, o Arsenal se transformou em um dos estaleiros mais importantes do mundo e a base da potência marítima de Veneza.





Tendo desenvolvido métodos de produção em massa de navios de guerra, a construção era mais rápida e com menos madeira. Com isso eles conseguiam fabricar um navio por dia. 





A porta principal do Arsenal é a Porta Magna, que foi construída em 1460 e foi a primeira estrutura neoclássica construída em Veneza.





Dois leões trazidos da Grécia postos ao lado foram adicionados em 1687. Um dos leões, conhecido como o Leão do Pireu, é notável por ter sido desfigurado com grandes runas gravadas no século 11 por soldados mercenários escandinavos. 






Galpões do Arsenale

Com a conquista de Veneza pelas tropas de Napoleão, o Arsenale entrou em declínio. Napoleão mandou destruir as muralhas e utilizou o bronze dos canhões para criar obras monumentais para honrar a Revolucão Francesa. Atualmente administrado pelo exército, alguns espaços são usados como espaço para exposição da Bienal.  

Museo Storico Navale 

O museu reconta a rica história marítima de Veneza. Situado no Campo San Biagio, é considerado um dos melhores museus do seu gênero e o mais importante museu naval da história da Itália. O museu foi criado em 1815, quando os austríacos, que ocuparam a cidade na época, decidiram arquivar os modelos de navios históricos construídos no Arsenale.

A porta principal é cercada por duas enormes âncoras de navios austríacos apreendidos durante a Grande Guerra. O piso térreo é dedicado à artilharia utilizada pelo exército veneziano, bem como fortalezas venezianas. Há também uma exposição da segunda guerra mundial, caracterizada por torpedos. Um desses torpedos afundou o navio Rainha Elisabeth durante a Segunda Guerra Mundial.





Junto ao Museu Naval encontra-se a ex-Igreja de San Biagio, que foi construída em 1052 para uso de imigrantes gregos. Porém, só em 1470 o Concílio permitiu que a igreja fosse usada pela grande comunidade ortodoxa grega. Até então eles eram considerados hereges. 

No decorrer dos anos as instalações se tornaram pequenas para a congregação, surgindo daí a Igreja de San Giorgio dei Greci em 1539. A igreja ainda tem a mesma aparência do passado, sendo atualmente parte do museu naval.








Muitos outros artefatos navais foram adicionados à coleção, que desde 1958 está abrigada em um celeiro histórico do século 15. Uma parte é dedicada a Angelo Erno, um almirante do século 18 que é conhecido na Itália por suas batalhas e por suas tentativas de reorganizar o Arsenale. Considerado com o último grande herói naval da Itália, há também uma exposição dedicada ao Almirante Francesco Morosini do século 17, conhecido por ter expulsado os turcos do Peloponeso.








O museu relembra também a Batalha de Lepanto em 1571, época em que os venezianos esmagaram a frota turca. Em destaque o "Bucintoro", uma barcaça cerimonial folheada a ouro que era usada pelos Doges de Veneza. Também é fascinante a coleção de navios modelo, alguns com até dois metros de comprimento e detalhes incrivelmente intrincados.





No terceiro andar há uma exposição de navios mercantes, artes de pesca tradicionais e história dos gondoleiros, além de várias gôndolas ornamentadas. Entre elas está a gôndola de Peggy Guggenheim, que foi doada ao museu após sua morte em 1979.






O quarto andar é dedicado à conexão entre a Marinha Italiana e a Marinha Sueca, com modelos de navios suecos em exibição. Um quarto adjacente apresenta uma grande e valiosa coleção de conchas do mar, algumas delas em tamanho gigante.




 Igreja San Pietro di Castello

Nas imediações do Arsenale encontra-se o Campo San Pietro, um lugar tranquilo e longe da agitação dos lugares turísticos de Veneza. Cercado pelo gramado verde e muitas árvores, na pequena ilha chamada Olivolo está a Igreja de San Pietro in Castello.




Com um ambiente cheio de luz que dá destaque e ilumina suas diversas obras de arte, até a construção da Basílica de San Marco essa era a principal igreja de Veneza. Muito antes nesse local havia uma igreja do século 7. A basílica atual resultou da reconstrução no século 16.




Tendo passado por diversas restaurações, a basílica ainda conserva o antigo altar-mor e a torre de sino em pedra de Istria, um elegante trabalho de Codussi. Contam que nessa igreja havia no passado uma festa que celebrava casamentos, juntando pelo menos 12 casais em 31 de janeiro.

E foi numa dessas festas que um grupo de piratas invadiu o local e sequestrou as 12 noivas, que depois foram salvas pela guarda de Veneza. E assim, para celebrar a ocasião foi instituída uma festa da qual participava o Doge, quando havia uma procissão com 12 jovens. Também dizem que nesse campo foi assassinado o Doge Domenico Morosini, durante uma emboscada. 




Igreja Sant"Anna

Na saída de San Pietro encontra-se a Igreja Sant'Anna. De grande valor histórico, em 1240 foi construída junto a um convento e mais tarde entregue as monjas beneditinas. Com um estilo simples, foi renovada em 1630 e desconsagrada durante a ocupação francesa. A partir de 1807 foi transformada em uma faculdade e hospital da Marinha.




Igreja de San Martino

Saindo do Arsenal, logo adiante está a bela Igreja de San Martino em tijolos aparentes. Fundada no século 7 e reconstruída por duas vezes, seu interior é muito elegante.




Esculturas de anjos e pinturas tornam o ambiente agradável. Na fachada há uma "bocca di leone", que na antiguidade servia para delação de crimes.




San Martino, um bispo do século 4, é um santo celebrado em muitos lugares na Itália. Diz a lenda, que durante um inverno San Martino dividiu seu casaco ao meio para aquecer um mendigo. Imediatamente o sol se fez mais forte e aqueceu a todos. Por isso San Martino é retratado com um manto curto.

Depois das primeiras geadas, quando o clima se torna muito agradável e as temperaturas sobem um pouco, é chamado de "verão de San Martino". Dizem que nesse dia o mosto se torna vinho. Por tradição, nesses dias são abertos os barris para o primeiro teste do vinho novo.




Doce de San Martino

No dia da Festa de San Martino em 11 de novembro, típicos são os docinhos em forma do santo a cavalo, que é dado às crianças. Para ganhar guloseimas, as crianças de Veneza marcham pela cidade batendo em latas, pedindo doces nas lojas e cantando: San Martìn xen'dà in sofita, a trovar la so novissa, la so novisa no'a ghe g'era, San Martin xe'nda col cur par tera... E col nostro saketìn, viva, viva San Martin...





Igreja de San Giovanni Battista in Brágora

Saindo de San Martino é preciso vencer um labirinto de becos para chegar até uma praça onde está a Igreja de San Giovanni Battista in Brágora. Há muitas hipóteses, mas não se tem certeza da origem do termo "in Bragora". Fundada no século 8, logo depois a igreja recebeu as relíquias de San Giovanni ou São João Batista. 




A aparência atual resultou da reforma finalizada em 1505, quando foi acrescentada a fachada em estilo gótico. Em seu interior há belas obras de arte, feitas principalmente por Alvise Vivarini e seu tio Bartolomeo Vivarini. Dizem que Vivaldi foi batizado nessa igreja, supondo portanto que sua família devia morar nas proximidades.




Igreja Sant'Antonin

Essa igreja está ao lado de uma via pavimentada que não lhe dá destaque. Apenas alguns detalhes e a torre do sino denunciam a existência da igreja. Fundada no século 7 e dedicada a Santo Antonio Abade, foi reformada em 1668 e fechada em 1982. Reaberta em 2010, vale admirar as pinturas do teto e das capelas.





Scuola Dalmata di San Giorgio degli Schiavoni

Na época do domínio napoleônico, que suprimiu várias instituições religiosas, a Scuola Dalmata di San Giorgio conseguiu manter intacto seu patrimônio financeiro e artístico.





Construída no início do século 16 pelos colonizadores da Dalmácia chamados Schiavoni, a Scuola Dalmata dei Santi Giorgio e Trifone, também chamada Scuola di San Giorgio degli Schiavoni, é uma das únicas escolas que se mantém em atividade até hoje. Em seu interior há uma série de obras de arte, entre as quais um célebre ciclo de pinturas de Vittore Carpaccio.




Igreja de Santa Maria della Visitazione ou La Pietà

Foi na bela Igreja de Santa Maria della Visitazione, mais conhecida como Ospedale della Pietà, que o grande compositor Vivaldi deu aulas para meninas e compôs a maioria de seus concertos. Situada ao longo da Riva Degli Schiavoni, foi ampliada em 1388.

Por diversas vezes passou por restaurações, até ser totalmente reconstruída entre 1745/60. Projetada por Giorgio Massari, o posicionamento dos coros foi aconselhado por Vivaldi, mas a fachada só foi terminada em 1906. No interior há várias esculturas notáveis.




Igreja San Zaccaria

Uma das mais belas igrejas de Veneza é a Igreja dedicada a San Zaccaria - o pai de San Giovanni, cujos ossos foram enviados no século 9.  Esse gesto foi um presente para Veneza dado pelo Imperador Bizantino Leo V, enquanto a igreja estava sendo construída. A basílica original, construída no século 10, foi destruída por um incêndio quando dezenas de freiras morreram sufocadas.




O grande pomar, que pertencia à igreja, foi dado pelas freiras para a construção da Piazza San Marco. Por isso o Doge mandou construir a igreja atual em 1444, mas a construção só foi concluída em 1504 e a igreja consagrada em 1543.





Grandes telas de Tintoretto e Giovanni Bellini podem ser admiradas, sendo os afrescos da abóbada feitos por Andrea del Castagno. Uma inscrição revela que foram pintados em 1442, tendo sido pagos pela freiras que pertenciam às ricas famílias Foscari, Donato e Giustiniani.





O convento das freiras beneditinas ao lado da igreja, foi por um tempo o único em Veneza. Muitas das abadessas eram filhas de doges, por isso sempre havia a visita do Doge. Porém fatos trágicos marcaram a praça diante da igreja. No ano 864 o Doge Pietro Tradinico foi atacado por conspiradores na entrada do Campo San Zaccaria.






Temerosas, as freiras tiveram que esperar até o anoitecer para recuperar seu corpo para o enterro. Na verdade três doges foram assassinados nas ruas em torno de San Zaccaria e muitos doges foram enterrados nessa igreja no século 12. Fechado por Napoleão em 1807, atualmente é um quartel dos Carabinieri.



Igreja Ortodoxa San Giorgio dei Greci

É admirável essa igreja que foi construída para a comunidade grega em 1539. Com um rico interior bem trabalhado, chama atenção sua bela arquitetura renascentista e a sua grande cúpula central. Também desperta curiosidade o campanário que foi construído torto.

Desde 1052 os gregos já estavam em Venezia, porém eram proibidos de praticar livremente sua religião em Veneza. Após terem recebido autorização do Papado, a antiga igreja de San Biagio se tornou pequena para a congregação. Assim foi construída a Igreja de San Giorgio dei Greci. 




Em 1948 foi assinado um acordo cultural entre Itália e Grécia, permitindo o estabelecimento do Istituto Ellenico de Estudos Bizantinos e Pós-Bizantinos em Veneza. Atualmente é o único centro de pesquisa da Grécia fora da própria Grécia. Já na antiguidade existia a Scuola de San Nicolò, que atendia gregos pobres, desde 1678 até o início do século 20.

Esse espaço foi transformado no Museu Bizantino Sagrado, que é o único de seu gênero de ícones bizantinos e pós-bizantinos. A coleção, que foi formada através de doações de membros da irmandade, contém parâmetros bordados a ouro, pequenas embarcações de grande valor histórico e artístico e obras de arte que foram trazidas de Constantinopla.




Campo San Lorenzo

San Lorenzo é um campo espaçoso, arejado, tranquilo e pleno de histórias, onde encontra-se a Igreja e o Convento San Lorenzo. Segundo a tradição essas construções surgiram nos séculos 6/7, graças ao patrocínio da família Partecipazio. O mosteiro se tornou um dos mais ricos de Veneza, tanto devido aos legados do falecido Partecipazio como dos dotes de noviços.

Em certa época a congregação foi proprietária de quase trinta construções no centro histórico e algumas áreas de terra. Na ex-Igreja de San Lorenzo estiveram os restos mortais de Marco Polo e de vários músicos. Porém numa época de restauração, as cinzas se espalharam pelo chão e se perderam.

Foi também durante a restauração no século 17, que dois potes cheios de moedas de ouro foram encontrados. Presume-se que os potes foram enterrados no local por uma abadessa, que teve a intenção de protegê-los contra a rebelião popular de 1172, quando foi morto seu irmão que era um doge.


Pintura de Gentile Bellini


A Festa de San Lorenzo acontece em 10 de agosto, uma tradição antiga que foi marcada por um evento inusitado. Contam que durante uma procissão a Santa Cruz caiu nas águas, tendo sido salva por Andrea Vendramim. A grandeza do episódio foi tema da obra de Gentile Bellini, "Milagre da queda Cruz no Rio di San Lorenzo", que encontra-se na Galleria dell'Accademia.





San Francesco della Vigna

Em 1253 os frades franciscanos receberam a doação de um local onde existia uma plantação de uvas para construir a igreja. Por isso lhe deram o nome de Igreja San Francesco della Vigna. Anos depois a igreja foi reconstruída, quando o arquiteto Andrea Palladio acrescentou uma bela fachada no século 16.





Situada no Campo San Francesco della Vigna, seu interior tem a simplicidade e a sobriedade das igrejas franciscanas. As grandes colunas ao lado da igreja suportam a passagem entre o Palácio da Nunziatura e o convento. Localizada próximo à Fondamenta Nuove, poucos turistas descobrem esse local tranquilo.



Cristo Re della Celestia

Nessa região também está a Igreja Cristo Re de La Celestia, que encontra-se no lugar onde antes havia uma antiga igreja anexa a um convento. Reconstruída em 1569 depois de uma explosão no Arsenal, foi fechada durante a ocupação francesa, transformada em quartel e depois numa escola. Em 1950 foi reconstruída e reaberta para celebrações religiosas. Atualmente é a sede do Instituto das Monjas Franciscanas de Cristo Rei, mas raramente é aberta ao público.




Igreja Santa Giustina

Às margens do Canal Santa Giustina encontra-se a Igreja de Santa Giustina, que foi construída originalmente no século 11. Reconstruída no século 15, o convento foi suprimido em 1896 e posteriormente transformado em escola.

Devido à ligação do canal com a laguna, as águas desse canal são mais agitadas. Por ser uma via de acesso para quem vem de outras ilhas, nesse canal há muito movimento. Um detalhe interessante é que na fachada estão três pequenos túmulos de membros da familia Soranzo, que teriam financiado a sua construção.




Santa Maria del Pianto

Também chamada "Delle Cappuccini" ou "das sete dores", essa igreja encontra-se a poucos metros da Fondamente Nove. Construída entre 1647/1659 a bela construção em forma octognal foi fechada em 1810, quando foram retiradas todas as suas obras de arte. Infelizmente essa igreja encontra-se abandonada, não sendo possível visita-la. Envolta por um alto muro, dizem que a construção apresenta problemas estruturais.




San Lazzaro dei Mendicanti

A antiga Igreja de San Lazzaro dei Mendicanti atualmente serve como Capela do Hospital Cívico de Veneza. Situada bem próximo às margens da Fondamenta Nove, essa igreja está relacionada com o hospital para leprosos criado em 1224. Concluída em 1631, no campanário há um relógio de sol. Em seu interior há obras de Veronese e Tintoretto. Alguns mausoléus são da família Rezzônico.



Igreja Santa Maria dei Derelitti

Construída em 1600, a Igreja de Santa Maria dei Derelitti ou Ospedaletto está situada numa rua estreita, tendo a fachada coberta pelos telamons e pelas virtudes no alto. Há poucos anos essa igreja foi parcialmente destruída por incêndio, momento em que perdeu algumas obras artísticas. Atualmente encontra-se fechada à visitação.



Igreja San Zanipolo

A Basílica dei Santi Giovanni e Paolo, também chamada San Zanipolo, é uma das maiores igrejas de Veneza. A primeira igreja neste local foi ordenada pelo Doge Jacopo Tiepolo, que fez a doação do terreno depois que sonhou com um rebanho das pombas brancas que voavam sobre a área.




A igreja original foi concebida em 1246 para acomodar o grande número de pobres que eram recebidos pela congregação. Com o seu crescimento, a antiga estrutura foi demolida para a construção de uma igreja maior. No entanto, levou quase um século para construir a nova igreja, que finalmente foi consagrada em 1430.





Construída em estilo gótico com a fachada coberta por tijolos vermelhos, o interior da basílica é magnífico. Decorada com telas de artistas venezianos notáveis, nessa igreja estão os mausoléus de muitas famílias nobres. Nela foram sepultados 25 doges, comandantes e outros homens famosos da República, como os grandes pintores Gentile Bellini e Giovanni Bellini.




 

Ao lado da basílica encontra-se a estátua equestre do mercenário Bartolomeo Colleoni di Verrocchio, que deixou toda a sua fortuna para a cidade sob a condição de ter um monumento em sua honra ao lado da Basílica de San Marco. As autoridades venezianas mandaram fazer o monumento em 1480, porém mandaram colocar junto ao Ospedale San Marco, uma forma encontrada para atender ao último pedido de Colleoni.



Scuola Grande San Marco

Junto à basílica encontra-se a Scuola Grande di San Marco, que foi no passado uma das seis confrarias que promoviam as obras de caridade na cidade. Fundada em 1260 para fins humanitários, originalmente funcionava num prédio gótico que foi destruído por um incêndio no século 15.




O atual palácio foi projetado em 1488 e concluído em 1495. A fachada dividida em duas seções, cada uma tem sua própria porta de entrada. No portal direito há relevos esculpidos da vida de São Marcos. Séculos depois descobriu-se que parte da fachada era dourada em folha de ouro, uma indicação de que seus membros gastaram muito dinheiro na construção deste edifício que homenageou o santo padroeiro de Veneza.

Situada numa das maiores praças de Veneza, a confraria funcionou até 1808 até se tornar um hospital militar. A partir de 1819 foi transformado em hospital cívico, por isso resta pouco de sua estrutura original. A última restauração foi concluída em 2000/2004. Ao lado do hospital, no Rio dei Mendicanti ficam estacionados barcos-ambulâncias.



Campo San Lio

Situada no Campo San Lio  a caminho de Rialto, a Igreja de San Lio tem o exterior simples e sem detalhes, mas mantém no interior uma bela decoração com obras de Ticiano, Tiepolo, Jacopo Palma e Peter Lombard. Erguida no século 9 pela família veneziana Badoer, em 1783 foi reestruturada. O órgão é do século 18.



Santa Maria della Fava

Seguindo em direção a Rialto chega-se à Igreja Santa Maria Consolazione. Também chamada Santa Maria della Fava, foi construída em 1500 pelos fiéis para acomodar uma pintura da Madonna.





No início do século 18 a antiga igreja foi demolida para dar lugar a uma nova estrutura, que foi concluída em 1750. A fachada não tem adornos, mas em seu interior encontram-se belas telas de Tiepolo, diversas imagens e um belo órgão de tubos de 1754.




Igreja San Zaninovo

Situada numa pracinha diante de um poço, a Igreja de San Giovanni Novo ou San Zaninovo foi fundada no século 10. Reconstruída em 1762, a fachada permaneceu inacabada. Em seu interior colunas coríntias que dividem as capelas laterais.



Campo Santa Maria Formosa

Essa é uma das maiores praças de Veneza, que foi no passado um dos principais locais de encontros na cidade. Ainda hoje é onde as crianças sempre estão a brincar enquanto alguns adultos conversam ou leem o jornal. O tempo parece parar enquanto se aprecia esse local agradável e de muita tranquilidade.



Igreja Santa Maria Formosa



Igreja Santa Maria Formosa

Rodeada por belos palácios, o centro da praça é marcado pela Igreja de Santa Maria Formosa. Erguida em 1492 sobre uma antiga igreja, segundo a tradição o nome "Formosa" refere-se a uma suposta aparição de uma lindíssima santa. Na alta torre as horas são marcadas por um sol, num relógio sem números.




Palazzo Ruzzini Priuli

Muitos palácios desse campo pertenceram a nobres famílias. Um deles é o Priuli Ruzzini ou Loredan Ruzzini Priuli, que é um dos palácios mais imponentes e bem preservados do Campo Santa Maria Formosa. Foi construído no século 16 para ser a residência da nobre família Ruzzini, da qual pertencia o Doge Carlo Ruzzini.

Por força de um testamento, ficou estabelecido que o palácio deveria ser habitado perpetuamente pelos herdeiros. Com a extinção de todos os herdeiros, em 1801 o Conde Pietro Priuli tornou-se proprietário do palácio, ao qual acrescentou seu nome. Até o início do século 21 a construção esteve em profundo abandono, até ser restaurada para se tornar em um luxuoso hotel.

 


Palácios Donà

O complexo da família Donà é conhecido devido ao grande portal que tem uma bela escultura de anjos na entrada. Constituído de três residências aristocráticas, a construção em estilo gótico foi feita entre os séculos 15/16.



Casa Vernier

Junto ao complexo Donà está a casa onde viveu o Doge Sebastiano Venier eleito em 1571. Depois que foi remodelado passou a ser utilizado para atividades comerciais.




Palazzo Malipiero Trevisan

O belo Palazzo Malipiero Trevisan tem a entrada através de uma ponte particular. Atualmente dividido em diversos apartamentos, tem ainda no segundo andar alguns afrescos do século 18 em bom estado. Ao lado encontra-se o antigo Palazzo Vitturi do século 13, que foi reformado e hoje é utilizado para atividades comerciais.




Museu de Arte e Mobiliário

Junto ao Campo Santa Maria Formosa está o belo Palazzo Querini Stampaglia, que atualmente é a sede de um dos museus de mobiliário mais preservados da Europa. Situado no Campiello Querini, o museu foi criado em 1869 pelo Conde Giovanni Querini, último descendente da família.






Contando com diversos ambientes, cada salão tem um nome: salão de almoço, salão da música, salão de retratos, salão banheiro etc. Além de uma interessante exposição de móveis antigos, porcelanas e esculturas, há também uma enorme biblioteca que tem mais de 350.000 volumes. A coleção de 400 pinturas inclui obras de Bellini, Antonio Canova, Giambattista Tiepolo e muitos outros do século 15/17.




Museu do Palazzo Grimani

Alguns palácios de Veneza pertencem aos herdeiros das antigas famílias que ali residiram. Outros palácios foram destinados para outros fins, como o Palazzo Grimani que foi transformado em galeria de arte. Com diversos ambientes, o grande destaque em seu interior é a "Sala di Psiche".


  


Tendo servido de residência para o Doge Antonio Grimani (1434/1523), belos afrescos ainda podem ser notados. Todo o acervo do museu pertenceu à família Grimani, tendo sido acrescidas outras doações ao longo dos tempos. Depois de um longo processo de restauração, o museu se transformou numa obra magnífica.



Libreria Acqua Alta

Bem próximo ao Museu Grimani está a exótica "Libreria Acqua Alta", onde é possível encontrar livros novos e usados, em italiano, francês, inglês e muito mais. Um detalhe interessante é que livros velhos e enciclopédias são transformados em escadas, que propiciam uma bela vista do canal.




Vale a caminhada para entrar no mundo do proprietário Luigi Frizzo, que decidiu parar de viajar pelo mundo e fincar raízes em Veneza. A pequena loja reivindica a fama de ser a livraria mais bonita do mundo, algo que está bem declarado no cartaz em frente.





Livros empilhados do chão ao teto criam um labirinto de múltiplos espaços, onde alguns gatos passeiam. Banheiras, barcos a remos, canoas e gôndolas servem como prateleiras de livros. É a decoração que salva os livros quando ocorre o fenômeno da Acqua Alta...








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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.