30 abril 2019

Paneveggio - a Floresta dos Violinos






No belo Valle di Fiemme, coração do Trentino, está o Parco Naturale di Paneveggio – Pale di San Martino, uma área natural intocada, que também preserva e guarda uma reserva de cervos. 

O parque rodeia o Pale di San Martino, um dos nove grupos de montanha inscritos na lista de bens naturais reconhecidos pela Unesco como um patrimônio da humanidade. 

O território da área natural protegida desenvolve-se principalmente acima da altitude 1500 metros e ocupa uma área de quase 20.000 hectares. 

Sua grande atração é a grande floresta de "Abeto Rosso", que se tornou conhecida como a "Floresta dos Violinos". 

Dessa floresta sai a madeira para manufatura dos instrumentos de cordas mundialmente famosos e usada há 300 anos. 






No século 17, Antonio Stradivari viajou durante dois dias de Cremona - sua cidade natal - até a floresta de Paneveggio para encontrar a madeira perfeita para confeccionar seus instrumentos, que se tornariam mundialmente famosos. Apreciado por sua excepcional qualidade de som, um Stradivarius original pode chegar a valer milhões de dólares.





Stradivarius original

A madeira de abeto é particularmente elástica, transmite melhor o som e seus canais linfáticos são como pequenos tubos de órgão que criam ressonância. Por essa razão, as árvores são cortadas na lua minguante, entre outubro e novembro, quando há menos seiva no tronco.

As melhores árvores podem ser reconhecidas por seus anéis de crescimento muito finos e perfeitamente concêntricos, com fibras retas e finas e pequenos nós. Nos séculos 17/18 luthiers cremoneses fizeram instrumentos que atingiram o máximo de musicalidade. Hoje é quase impossível encontrar espécimes tão perfeitos, mas a demanda por "abetos ressonantes" não falta.  







Mais de 300 anos depois da morte do luthier mais famoso do mundo, as coníferas dessa floresta ainda são usadas para construir violinos, violoncelos, baixos, pianos e guitarras. Os pinheiros que descem montanha abaixo tem raízes relativamente curtas., por isso, caem com mais facilidade. 

Em outubro de 2018, tempestades violentas arrancaram mais de 14 milhões de árvores em toda a área da cadeia montanhosa das Dolomitas, no leste dos Alpes, onde fica a floresta de Paneveggio. Apenas uma árvore de 25 metros de altura com cerca de 150 anos, sobreviveu à tempestade nessa zona específica. 

É quase um milagre que ainda esteja ali, talvez porque tenha sido coberto por outras árvores, ou porque tem raízes longas, o que é incomum. Embora novas árvores estejam sendo plantadas, alguns temem que a tradição centenária esteja ameaçada pelas mudanças climáticas.






Numa oficina de Cremona, onde Stradivari viveu e trabalhou, encontra-se o luthier Stefano Conia, um mestre de 73 anos que constrói violinos há 45 anos. Segundo ele, a uniformidade é o que faz a conífera europeia ser tão adequada para a fabricação de instrumentos. 

Plantar novas árvores não vai ajudar os fabricantes de instrumentos no curto prazo, pois um abeto precisa ter pelo menos 150 anos antes de se tornar um violino. 

Para fazer um violoncelo ou um baixo, a árvore precisa ser ainda mais antiga. Além disso, não é toda árvore derrubada que é selecionada. Geralmente se aproveita apenas uma dentre 20 ou 30 árvores. 





Cervos de Paneveggio

Excursões fascinantes podem ser feitas pelo parque com ajuda de guias alpinos, especialistas, botânicos e guias naturalistas. A partir do centro de visitantes, uma trilha naturalista começa com uma ponte tibetana. 

A poucos passos, um enorme recinto permite observar atentamente um grupo de cervos. Na maior parte do ano eles ficam quietinhos nas pastagens. Porém entre o final de setembro e o final de outubro os cervos emitem sons, chamando as fêmeas para o acasalamento.  












Lagos Colbricon

Nas trilhas de Paneveggio é possível admirar a espetacular floração de orquídeas selvagens e Rododendrons. Os lagos Colbricon, rodeados por rododendros, estão entre as mais extraordinárias paisagens naturais do parque. Andar em meio à natureza é uma maneira de libertar a mente e fonte de ideias inesperadas. 

Na verdade, a mente é o comando para o nosso corpo. É a diferença entre fazer e adiar. Entre ver na cor ao invés de preto e branco. O caminho é a chave para o acesso para descobrir a parte mais profunda de nós mesmos. É o contato com o nosso eu mais profundo, com essa parte do inconsciente, onde na vida cotidiana não estamos autorizados a acessar.





Passo Rolle

Situado a 1980 metros acima do nível do mar, Passo Rolle é o lar de um pequeno aglomerado de casas com alguns hotéis, restaurantes, bares e lojas no sopé do magnífico anfiteatro do Pale di San Martino, a porta sudoeste das Dolomitas. É um excelente ponto de partida para sair em passeios e caminhadas pela montanha.  



Cristo Pensante de Castellazzo




De Passo Rolle chega-se ao Monte Castellazzo, um dos lugares que já foi palco de guerra e que agora se tornou um importante destino de excursão, graças à sua sugestiva jornada do Cristo Pensante. 

Localizado em uma posição estratégica, o Monte Castellazzo encanta até mesmo aqueles que viveram por ali uma vida inteira e com certeza também encantará você.

A história do Cristo Pensante teve início em 15 de agosto de 1984, quando Pino Dellasega comprou uma pequena imagem de Jesus feita em madeira na cidade de Varsóvia. 

Nos anos dominados pelo comunismo, aquela imagem permaneceu junto do fogão na casa de Dellasega por quase trinta anos. Num dia de verão, durante uma caminhada em Val Venegia, ele encontrou um muçulmano orando. Naquele momento, Pino desencadeou a determinação de querer levar o pensamento de Cristo ao pico do Monte Castellazzo.






Ele sabia que não seria fácil, pois a montanha está localizada no meio de um parque natural e era também uma área de proteção integral. O Cristo foi esculpido em mármore branco por Paolo Lauton. 

A cruz, feita de corten de ferro, foi feita por Pierpaolo Dellantonio. No dia 16 de junho de 2009, através da Força Aérea Italiana, a imagem de Cristo foi colocada entre as rochas dolomíticas, tornando-se sua catedral, onde as cores seriam colocadas pelo nascer e pelo pôr-do-sol.

Ali é um lugar onde você será capaz de pensar, fazer perguntas e encontrar respostas. Sentar  ao lado do Cristo Pensante nos faz entender como o homem pequeno é e quão grande é o Universo. 

E quando o sol for dormir para dar lugar a um manto de estrelas, você entenderá que não estará olhando para a natureza, mas será você quem estará observando você. Nesse momento, você se sentirá um pouco mais rico e pensará em tudo com outra lógica.




Forte Dossaccio

Construído entre 1890 e 1895 a uma altitude de 1.838 metros, o Forte Dossaccio é uma paragem obrigatória do parque pelo seu encanto e beleza. Totalmente restaurado, tornou-se um local para atividades culturais.





O trágico acontecimento da primeira guerra mundial tocou a região de Trentino de forma direta e tornou o Valle di Fiemme num cenário de guerra. 

O parque realizou algumas intervenções importantes que permitiram promover a memória da grande guerra e a valorizar o território, em particular os sítios ligados a este conflito. 






Um "Museu ao ar livre" consiste em itinerários para visitas a trincheiras, caminhadas e estações. 

Projetado para combates de longa distância e destinado a bloquear uma possível invasão italiana através do Val di Travignolo e da próxima passagem de San Pellegrino, durante os combates o forte esteve muito perto da linha de frente, mas nunca teve um papel ativo. Em 1915 já estava completamente desarmado. 


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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.