19 março 2013

Pizzo Calabro, uma varanda para o mar




Com um inegável charme encima de um promontório e de frente para o Mar Tirreno, Pizzo Calabro é um dos pontos turísticos de destaque na região na Calábria. A cidade está incrustada sobre uma encosta e do alto tem-se uma bela vista panorâmica da cidade e da costa marítima.






A parte alta da cidade é moderna, mas à medida que se desce em direção ao mar, a estrada sinuosa que serpentea a encosta vai revelando o aspecto medieval da cidade. Diz a tradição que a cidade foi fundada por sobreviventes da Guerra de Tróia comandados pelo Capitão Napitium entre 1300 a 1200 a.C.  






Foi o Capitão Napitium que deu seu nome à pequena vila, que ficou sendo conhecida como Napitium. Ali viveram em paz por mais de 1.000 anos até que piratas sarracenos atacaram a cidade obrigando a população a fugir.






Muitos anos depois surgiu a cidade de Pizzo Calabro, que hospedou Santo Antonio de Pádua em 1221, quando ele retornava de uma viagem à África. Para proteger a nova cidade foram construídos muros, fossos e uma ponte. 




Castelo Aragonês


O monumento mais importante da cidade é o Castelo Aragonês, em torno do qual cresceu a cidade. Construído em 1486 por ordem de Ferdinando I d’Aragona, nesse castelo esteve preso Gioacchino Murat, rei de Nápoles e cunhado de Napoleão Bonaparte, antes de ser executado em 1815.






Gioacchino Murat se recusou a ter os olhos vendados e ele mesmo comandou o pelotão de fuzilamento. Suas últimas palavras foram: "Salvem meu rosto, acertem o meu coração".

 Seus restos mortais foram jogados em uma vala comum nas imediações da Igreja de San Giorgio. 

Atualmente no castelo funciona o Museu de Murat. A cada ano, geralmente em outubro, um evento cultural recria os eventos históricos de Gioachino Murat. 


 


Piazza della Repubblica

O monumento dedicado ao Rei Umberto I marca a Piazza della Repubblica, uma verdadeira varanda para o mar que no dialeto local é chamada "u spunduni". 






Charmosos cafés convidam ao descanso e também é a oportunidade de deliciar o imperdível Tartufo de Pizzo, que é um sorvete artesanal típico da cidade. 

Famosos são seus mestres do sorvete com seus segredos e ingredientes com os quais preparam cassatas, bolos e outras especialidades. Famosa também são as passas e uvas premium. 





Junto à praça está a Igreja de San Giorgio Martire, que foi construída em 1632. A cada ano em 23 de abril é realizada a festa dedicada a San Giorgio ou São Jorge, o santo que enfrentou um dragão montado em seu cavalo.







Em 1363 foi construído um grande monastério de rito grego e pescadores erigiam uma igreja barroca depois chamada Chiesa del Carmine. Ao longo do tempo foram surgindo outras igrejas, como a Igreja dell'Immacolata, Igreja de San Sebastiano, San Francesco di Paola. 






Durante a festa de San Francesco a imagem do santo é levada até o cais, onde é feita a benção dos barcos e lançadas flores ao mar em memória dos náufragos. A Igreja do Purgatório e a Igreja Santa Maria delle Grazie do século 17 constituem a chamada Igreja dos Mortos, que era o único lugar onde eram enterrados os mortos.





Marina/Museu del Mare

 Do castelo chega-se à Marina de Pizzo. A praia é pequena mas há muitos lugares para mergulhar. Interessante é o Museo del Mare que reúne 100.000 conchas provenientes de todos os mares do mundo, além de ouriços, estrelas do mar, corais, minerais de vários continentes, antigos utensílios de pesca e peças de barcos antigos.  


 



A pesca é uma das atividades de Pizzo, que é reconhecida pela excepcional qualidade de seu atum all'olio. Durante a manhã é possível admirar os estaleiros onde os barcos são construídos artesanalmente com uma técnica excepcional. Em muitas lojas pode-se ver um grupo de artesãos que trabalham na cerâmica com uma incrível criatividade.





Igreja Piedigrotta

Bem junto ao mar está a famosa Igreja Piedigrotta, que é uma das maiores atrações de Pizzo Calabro. É a expressão máxima da arte popular na Calábria, tendo sido esculpida na rocha em frente à praia por alguns napolitanos que naufragaram na costa de Pizzo em torno do ano de 1680.  






Chamada pelos pizzitani de La Madonneja, conta-se que um navio naufragou nas rochas da costa de Pizzo durante uma tempestade. Lutando contra a fúria das ondas, o navio foi atirado nos rochedos e os marinheiros fizeram um pedido a Nossa Senhora. 






Milagrosamente os marinheiros encontraram a pintura de Nossa Senhora na praia e decidiram construir uma capela para colocar a imagem sagrada.  Durante algum tempo foi apenas uma pequena gruta, até ser descoberta e trabalhada.  






Quase 200 anos depois, Angelo Barone ficou fascinado pela estória contada pelos pescadores e resolveu dar continuidade à obra. No início dos anos 1900,  ele começou a escavar a rocha com apenas uma pá e uma picareta para abrir uma caverna bem grande. Ali ele deixou grandes blocos no meio da gruta, que depois foram sendo esculpidos ao longo de vários anos até a sua morte.






Após a morte de Angelo Barone, seu filho Alfonso Barone deixou sua profissão de pintor e fotógrafo para dedicar-se à igreja sonhada por seu pai. Dormindo na úmida caverna, ele deu continuidade aos trabalhos inacabados e expandiu a caverna criando outras imagens, como San Giorgio e o dragão e o milagre de San Francesco di Paola. 






Depois da morte de Alfonso Barone, seu primo Giorgio Barone que era escultor, restaurou algumas imagens e concluiu o trabalho em 1969. A última peça esculpida foi o rosto do Papa João XXIII e de John Kennedy.






Numa parte da gruta há um presépio completo. Em outras há anjos, querubins, apóstolos e as imagens de Nossa Senhora de Lourdes e os pastores, Santo Antonio e muitos outros. 






As imagens possuem excepcionais olhares e expressões perfeitas, formando um cenário de cores únicas que mudam conforme a luz que entra pelas janelas e pelas fendas na rocha. Um lugar de muita paz...


14 março 2013

Reggio di Calabria




Reggio di Calabria é a maior cidade, mais antiga e a mais populosa da região da Calábria. Situada nas encostas das colinas do Aspromonte e de frente para o Mar Jônico, suas belas praias a tornaram um popular destino turístico muito procurado no verão. É também o centro de transporte para os serviços de ferry que levam até a Sicília.  
 






Orla marítima

Com um largo passeio à beira mar enfeitado por belas palmeiras, a orla é adornada por ricos palácios estilo art nouveau e um jardim botânico com árvores centenárias de frente para o mar. Esse ponto da cidade já foi chamado de "O quilômetro mais belo da Itália". 





Vila Zerbi

Na orla marítima tem destaque o Palácio Zani, Palácio Spinelli e a Villa Zerbi que foi construída em estilo veneziano no século 14. Atualmente a vila funciona como uma galeria de exposição de arte onde se destacam as três estátuas da artista Rabarama. As estátuas chamam atenção não só por seu tamanho, mas pela representação das alegrias e dores do ser humano. 






Reggio Calábria é um grande jardim à beira mar, um dos mais charmosos ao sul da Itália. O clima mediterâneo favorece a cultura de oliveiras, das uvas rubi, hortaliças e frutas, mas principalmente a Bergamotta, uma fruta cítrica que floresce na área costeira do Mar Jônico. Embora floresça em outros lugares, aquelas produzidas em Reggio Calábria tem uma qualidade incomparável. 






A bergamotta brilha nos pomares e quintais, enchendo o ar com sua fragância. Por isso tornou-se o símbolo da cidade. Usada na culinária e na produção de licor, há muito tempo a Bergamotta vem sendo usada para tratar a malária e para combater as pragas da horta. Seu óleo essencial é usado como ingrediente na aromoterapia e na produção de perfumes.





3.000 anos de história


Durante sua história de três mil anos, Reggio Calabria foi uma próspera cidade dos gregos e dos romanos. 

Habitada pelos itálicos até o século 8 a.C. e governada pelo Rei italus, a cidade foi uma das mais importantes cidades da Magna Grécia. 

Por sua posição estratégica e importância política, ao longo do tempo manteve-se como uma das grandes metrópoles do Império Bizantino, dos árabes, normandos, suábios, Anjou e aragoneses.





Em sua milenar história, Reggio Calábria teve vários nomes, cada um correspondendo com suas fases históricas. Em seus primordios quando foi povoada pelo povo itálico era chamada Erythrà. 

Na época da Magna Grécia foi nomeada Rhègion e durante um curto período foi chamada Phoebea. Por muito tempo Reggio manteve os costumes e a língua grega.

Seu primeiro nome latino foi Regium e como uma cidade romana passou a ser chamada Régio Giulium. Quando os sarracenos invadiram a região a cidade passou a ser conhecida como Rivàh, mas com a chegada dos normandos passou a ser chamada Risa. Depois disso passou a ser chamada Regols, Reggio e enfim Reggio di Calabria. 







Diversos monumentos enriquecem a orla marítima e representam a história da cidade, além de vestígios arqueológicos que testemunharam a época que os gregos e romanos habitaram a cidade. Entre eles estão os vestígios das termas romanas e das antigas muralhas, um sítio arqueológico com vista para o panorama do Estreito de Messina. 






Há outras escavações arqueológicas em várias partes da cidade, como da Piazza Italia, que desde os tempos dos gregos sempre foi a praça central de Reggio Calabria. Esse era o lugar do antigo forum romano.

Na parte superior da cidade há outros monumentos antigos, como uma necrópole, uma mansão grega e os antigos muros gregos e bizantinos. 

Das montanhas, na parte superior onde está o Parque Aspromonte, tem-se uma bela vista panorâmica sobre o Estreito de Messina, do Monte Etna e das Ilhas Eólias. 





Bronze di Riate

Reggio é a sede da Superintendência Arqueológica da Calábria e do Museu Arqueológico Nacional da Magna Grécia. Uma das exposições mais famosas do museu são as estátuas 

Bronze de Riace, que foram encontradas por mergulhadores no mar Jônico.  Embora elas estejam em Reggio, na verdade elas foram descobertas em Riate.  






As estátuas são duas magníficas obras de arte fundidas em bronze que, segundo historiadores, são do século 5 a.C. sendo exemplos da antiga escultura grega.

Com aproximadamente 2,00 metros de altura, olhos de vidro incrustados, dentes de prata e lábios banhados de cobre, as duas estátuas apresentam um absurdo realismo. Uma dessas obras é atribuída a Fídias, considerado o maior escultor da Grécia Antiga. 






Outro notável escultor em bronze foi Klearkhos ou Clearco que nasceu em Reggio di Calabria. Foi professor do célebre Pitágoras e era o pupilo dos coríntios Eucheirus. 

Seu único trabalho é uma estátua de Zeus feita em chapas de bronze rebitadas. Dizem que ele foi um dos aprendizes de Dédalo, que aparece na mitologia grega como o pai de Ícaro que morreu quando tentou voar até o sol com suas asas de cera. 




Estreito da Arena


Entre o mar e o passeio margeado pelos postes da liberdade está o Estreito da Arena, um teatro a céu aberto no estilo grego onde são organizados eventos culturais e divertimento. 






O Teatro Comunale Francesco Cilea, no Corso Garibaldi, é um lugar imperdível para quem gosta de música clássica, onde se pode assistir uma legítima ópera italiana. 






Em frente à arena há um monumento dedicado a Vittorio Emanuele III  que desembarcou nesse local pela primeira vez em 31 julho 1900. 

Alguns monumentos relembram fatos históricos como o Monumento ao Marinheiro, Monumentos aos Mortos na Guerra além de muitos outros dedicados às pessoas que se destacaram na cidade. 




Catedral
 
Há um monumento que celebra o desembarque de São Paulo Apóstolo na cidade, o fundador da Igreja Católica, e um pequeno Museo San Paolo conserva uma coleção de itens artísticos da época medieval. 

A Catedral de Reggio é o maior templo da Calábria e acredita-se que teve origem no ano 56 quando o apóstolo São Paulo peregrinava pela cidade.

Construída e reconstruída diversas vezes desde 1061, a Catedral é dedicada a Santa Maria Santissima Assunta in Cielo. 

Entre outras igrejas, nos bairros estão a Igreja de San Gaetano Catanoso que foi canonizado em 2005 e a Igreja de San Francesco di Paola, o padroeiro da Calábria. 




Piazza del Castello


Na Piazza del Castello está a Chiesa degli Ottimati ou Igreja dos Optimates. Construída no estilo bizantino, a igreja contém objetos medievais de interesse artístico. A Cattolica dei Greci foi a principal igreja da cidade na época Bizantina e situava na Piazza Itália. Depois do terremoto foi reconstruída junto ao castelo. 






O castelo foi originalmente construído antes do ano 540 e ampliado em 1459. Usado como prisão depois do terremoto de 1783 e destruído pelo terremoto de 1908, grande parte do castelo foi demolido e deixado apenas duas torres circulares. 






Restaurado a poucos anos, embora tenha restado apenas uma parte do castelo ainda expressa a grandeza de seu tempo. Atualmente o castelo é usado como um espaço para exposições temporárias de arte e eventos culturais.




Terremoto de 1783

A cidade possui aspecto moderno com ruas e avenidas retilíneas, mas nem sempre foi assim. O aspecto urbano do centro histórico resultou de dois terremotos catastróficos em 1783 e 1908, que marcaram a história de Reggio Calabria. Muitos locais históricos são na verdade uma reconstrução, tal como a catedral, alguns palácios e outras construções. 

O terremoto de 1783 foi considerado como a maior catástrofe que atingiu o sul da Itália no século 18. Segundo contam, em 05 de fevereiro de 1783 ouviu-se um horrível rugido vindo das profundas entranhas da terra que foi seguido de um forte tremor que devastou a cidade. Nos dois meses seguintes a terra tremeu continuamente tendo sido registrados mais de 1.000 abalos sísmicos.

O impacto do sismo duradouro mudou totalmente o cenário político e econômico da cidade. Em alguns lugares as antigas fontes sumiram para aparecer em outros lugares. 

Deslizamentos bloquearam os rios transformando-os em pântanos trazendo a epidemia de malária e quem sobreviveu teve que conviver com a falta de água potável. Algumas cidades das imediações jamais foram reconstruídas, restando apenas lembranças desse trágico acontecimento.


 


Terremoto em 1908


Em 28 de dezembro de 1908 a região foi novamente atingida por um violento terremoto seguido de um tsunami devastador com ondas de até 10 metros que arrasaram Reggio Calabria e outras cidades do sul da Itália. 

Considerado como o pior desastre natural na Europa, muitas pessoas foram surprendidas pelo tsunami quanto tentavam buscar abrigo na praia ou tentavam ajudar os feridos.

Além da destruição de muitas cidades da "ponta da bota", estima-se cerca de 80.000 mortos. Foi a partir dessa época que surgiram as construções art nouveau. 

Ainda durante a reconstrução, a cidade foi seriamente danificada pelos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial em 1943. No entanto essas destruições ficaram apenas na lembrança. Totalmente reconstruída, hoje Reggio é uma das mais belas cidades da Itália. 




Lendas e Mitos

Terra de feitiços, magia, ninfas, monstros e herois, Reggio Calabria alimenta sua magia, suspensa entre o sonho e a realidade. Entre muitos mitos e lendas, Reggio Calabria é chamada Cidade da Fata Morgana ou Fada Morgana.

Segundo a antiga lenda, a meia-irmã do Rei Artur era uma fada que conseguia mudar de aparência. Ela chegou na Sicilia a bordo de um navio e, depois de deixar seu irmão Arthur ao pé do Monte Etna, a jovem se colocou entre o Monte Etna e o estreito de Messina onde os marinheiros tinham medo de passar durante as tempestades.

Conforme a lenda, algumas vezes Morgana surgia das águas numa carruagem puxada por sete cavalos e jogava pedras na água. Com sua magia, Morgana fazia o mar se tornar um cristal e sobre ele aparecia refletida a imagem de casas, pessoas e palácios criando uma cidade irreal. A miragem enganava os marinheiros que acreditavam estar chegando na cidade de Reggio, quando na verdade saltavam para morrer no mar.

Essa lenda surgiu devido à ilusão de ótica provocada pelo fenômeno da refração da luz solar no ar. Em condições climáticas extremas, quando se olha de Messina para Reggio tem-se a ilusão que a cidade está flutuando sobre o mar. Essa miragem, que deve-se a uma inversão térmica, foi relatada muitas vezes em contos de fadas que falavam de castelos e cidades que flutuam no ar ou sobre as águas...






06 março 2013

Benevento, terra do licor mágico do amor




Benevento é uma das antigas cidades da Itália que, segundo lendas, foi fundada pelo heroi Diomedes depois da destruição da lendária cidade de Troia. Situada numa região montanhosa da região da Campânia, na verdade a cidade foi uma das capitais do valente povo Samnita chamada inicialmente de Maleventum - Maus ventos - e depois Beneventum - Bons Ventos - nome que foi dado pelos romanos. 





Rocca dei Retorri

Cidade de amplas praças e largas avenidas, ao longo do Corso Garibaldi há vários prédios antigos e onde estão o Palácio do Governo e outras autarquias. Um dos monumentos é uma parte do antigo castelo, mais conhecido como Rocca dei Rettori. Esse é o ponto mais alto e o antigo lugar de poder onde se reuniam os reitores que governavam a cidade em nome do papa.



Palazzo del governo
Ponto de encontro da Via Appia, a antiga torre remonta ao ano 871. O castelo construído em 1320 e a partir de 1500 foi usado como prisão. Ao lado da Rocca há um parque público, que é um oasis verde para relaxar e descontrair. Com um lago onde patos e gansos passeiam, fonte, quiosque, do parque tem-se uma visão do outro lado da cidade com as montanhas ao fundo.





 Arco do Triunfo

O Arco do triunfo, que é um importante monumento histórico da época romana, foi dedicado ao Imperador romano Marcus Ulpius Nerva Traianus e marcava o início da Via Traiana que ligava a cidade até o porto de Brindisi.  Construído no ano 114, é um dos melhores exemplos da arte romana e um dos arcos romanos mais antigos da Europa. 






Composto de vários painéis em pedra calcárea, cada painel tem esculturas em relevo que representam o incansável trabalho feito pelo imperador em nome da paz e bem estar das províncias. Ao lado do arco está a Igreja Sant'Ilario Porta aurea construída entre os séculos 6 e 7. A igreja parece duas torres quadradas sobrepostas.





Teatro romano


Termas romanas em ruínas


Ponte Romana

No século 2, quando Beneventum era uma das mais importantes colônias romanas, o Imperador Adriano mandou construir o Teatro Romano com capacidade para 20.000 espectadores. Restaurado e transformado em local de eventos, atualmente é usado para apresentações teatrais, de dança e ópera. É um dos mais importantes e bem preservados monumentos de Benevento, sendo admirado por sua grandeza. Há também as antigas termas em ruínas.



Porta Arsa

A Ponte romana, construída na época dos romanos, era uma das passagens da Via Appia. A estrutura da ponte é original o que evidencia a capacidade construtiva da época. Também chamada de Ponte do Leproso, na Idade Média existia nas imediações um leprosário que acolhia as pessoas que sofriam com lepra. Da época medieval restaram partes das muralhas que cercavam a cidade e a Porta Arsa. 




Piazza Orsini

Situada numa região sujeita a terremotos, diversos abalos sísmicos destruíram a cidade em várias épocas. O evento de maior magnitude ocorreu em 1688 criando cenários relatados como apocalípticos. A antiga cidade desmoronou enterrando mais de 2.000 pessoas sob escombros nas ruas e becos do centro histórico, que hoje mantém construções antigas ao lado de imóveis mais novos criando um interessante mosaico de estilos.

Por muitos anos Benevento foi um enclave papal e pragas, fomes e terremotos caracterizaram a vida na cidade no século 17. Porém o Cardeal Orsini, que foi salvo por um milagre, resolveu reconstruir a cidade por conta própria. Depois do terremoto de 1688, para ajudar aos pobres ele mandou construir uma fonte no coração da cidade que recebeu seu nome: Piazza Orsini.

Durante a reconstrução ocorreu um novo terremoto, porém o cardeal não desistiu e se dedicou a reconstruir novamente a cidade. Alguns anos depois, o cardeal foi eleito Papa Bento XIII. Devido ao seu amor pela cidade, ele inaugurou vários templos e claustros na cidade incentivando aos sacerdotes para continuarem ajudando aos doentes e idosos.




Catedral de Santa Maria de Episcopio 

Entre as igrejas da cidade, a Catedral de Santa Maria de Episcopio na Piazza Orsini é o principal local de culto de Benevento. Foi o primeiro templo cristão erguido no século 7. A imponente fachada da igreja foi construída inteiramente em mármore branco e do alto estátuas de leões e bezerros vigiam a praça. A Igreja foi destruída durante a Segunda Guerra Mundial e tem sido incessamente restaurada. 




Basilica di Maria Santissima delle Grazie

A porta de bronze, que também sofreu estragos durante a guerra, passou por um processo de recuperação e só retornou à igreja há poucos anos. Com diversos cenários da biblia, a porta de século 12 tem valor inestimável. Também foi restaurada a monumental Basilica di Maria Santissima delle Grazie. Anexada a um convento franciscano, a igreja foi construída em meados de 1840 em estilo neoclássico.  





Museo del Sannio

A Igreja de Santa Sofia faz parte do antigo mosteiro onde hoje funciona o Museo del Sannio que reúne uma rica coleção de achados arqueológicos e outras peças medievais. A igreja teve a fachada reconstruída em estilo barroco após ter sido danificada por um terremoto. 

Hoje existem duas colunas que enfeitam a fachada, porém o interior da igreja ainda é original com várias colunas que sustentam os arcos internos. Localizada na Praça Matteoti, em frente à igreja há uma fonte com um monumento decorado com quatro leões em homenagem a Charles Maurice de Talleyrand, que foi um príncipe regente de Benevento. 





Bruxas de Benevento

No passado Benevento teve grande fama e esplendor, tendo sido conhecida como uma das cidades mais bonitas do sul da Itália. Porém ficou conhecida principalmente pela lenda das "Bruxas de Benevento". 

Segundo contam, quando a cidade foi invadida pelos lombardos o povo de Benevento foi obrigado a aceitar seus rituais pagãos. Daí surgiu a antiga crença da existência de bruxas que haviam se misturado aos ecos dos ritos misteriosos dos lombardos, fora dos muros da cidade e junto da nogueira sagrada. 

Winnili era um povo germânico ou escandinavo que usava barba longa. Como eles eram poucos e querendo parecer que eram muitos, eles mandaram que suas mulheres amarrassem os cabelos na frente do rosto como se fosse uma barba. E assim passaram a ser conhecidos como longobardos, chamados pelos italianos de lombardos. 

A partir de relatos muito imaginativos da saga fascinante que inspirou poetas e aterrorizava os beneventani, os lombardos foram sendo convertidos ao cristianismo. No entanto, os rumores dos eventos misteriosos continuaram. Conta-se que foram vistas muitas mulheres dançando freneticamente ao redor da árvore, criando a lenda de que todas as bruxas do mundo se reuniam em Benevento.

Segundo relatam, elas eram conhecidas como Dianare ou Gianare e seu culto era centrado nas Deusas Diana, Hécate e Prosérpina. Elas celebravam seus rituais nas noites de Lua Cheia em volta da famosa nogueira de Benevento e, no dialeto da Campania, elas eram chamadas Janarra. Conta-se que até alguns séculos atrás, as bruxas costumavam dançar e cantar antes de decolar nas noites enevoadas de inverno.




Strega, o Licor do amor

Em 1860 Giusepe Alberti criou o Licor Strega ou Licor da Bruxa. Dizem que ele era portador de uma velha receita secreta que reúnia 50 tipos de ervas e especiarias de diversas partes do mundo como hortelã, canela, anis, pimenta jamaicana, mirra além do açafrão que dá ao licor a cor amarela. Até hoje a fórmula permanece em segredo e para alcançar fama ele resolveu associar ao seu licor o mito das bruxas de Benevento.

Consumido puro ou usado em coquetéis, o licor também é apreciado como ingrediente para acompanhar sorvetes, saladas de frutas, doces e bolos. Esse típico licor italiano, doce e saboroso, é tão encantador quanto a lenda que o cerca. Chamado de Licor do Amor, diz uma lenda que quando duas pessoas apaixonadas bebem Strega juntas, elas permanecem unidas para sempre!... 





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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.