21 dezembro 2012

Greccio, lugar do 1º presépio da história



Greccio é uma antiga cidade sobre as montanhas na região de Lazio, que surgiu junto de um castelo do qual restou apenas a torre que hoje é o campanário da Igreja de San Michele. O charme da antiga cidade medieval está na sua simplicidade tendo destaque na história de São Francisco de Assis. Em vários pontos da cidade há painéis em homenagem ao santo que morou na cidade em seus últimos anos de vida. 






Empoleirado na rocha de uma colina arborizada, o santuário é um dos mais importantes na história da ordem franciscana. A uma distância de 2 km da pequena aldeia, pode-se visitar os dormitórios dos monges e a célula primitiva onde São Francisco dormia.  Uma capela foi construída sobre a rocha onde surgiu o 1º presépio da história. Todos os anos há uma cerimônia em memória desse evento na cidade.







Segundo a tradição, visando desencorajar os peregrinos de aventurar-se numa viagem arriscada à Terra Santa, em dezembro de 1223 São Francisco de Assis criou em Greccio o 1º presépio da história numa gruta próxima à cidade. O povo preparou os círios para iluminar aquela noite e diante da manjedoura cantavam louvores pela celebração do nascimento de Jesus.





Recriando um cenário igual a Belém, ali foi celebrada a Santa Missa de Natal. Após o rito da Eucaristia, sobre a manjedoura uma visão admirável surgiu diante de todos: um menino despertou suavemente de seu sono profundo. E assim o Menino Jesus ressuscitou no coração de muitos que o tinham esquecido e a sua imagem ficou para sempre gravada em suas memórias. 



13 dezembro 2012

Capua, a terra de gladiadores




Cápua é uma cidade próxima a Nápoles, onde o tempo passa devagar. Não há o agito de carros e pessoas nas ruas, mas guarda uma das mais fascinantes histórias do passado. Com muitos palácios e castelos, a cidade é um patrimônio de arte escondido ao longo de percursos menores e pouco conhecidos. 






Porém é imperdível para quem quiser reviver as fortes emoções do período romano e da Idade Média. Situada na curva do rio Volturno, as pontes ligam as duas partes da cidade. No século IV a.C., Cápua era a maior cidade da Itália. 






A antiga ponte, que testemunhou a presença dos romanos em Cápua, era o principal acesso à cidade. A antiga entrada é marcada pelas Torres Frederico II. 
O Castelo de Carlos V foi construído em 1542 para reforçar a defesa da cidade.
 



Piazza dei Giudici

O centro histórico é rico em monumentos e palácios históricos, tal como o Palácio Antignano que é a sede do Museu Campano, o Palácio Ettore Fieramosca com seu bonito portal, o Palazzo Lanza e o Palazzo di Capua.  






O Palazzo del Governatore, o Palazzo della Gran Guardia e a Igreja Matriz compõe a Piazza dei Giudici. Do período antigo resta a Ponte Romana, a Porta Napoli e as Torres de Federico II. 


 

Castelo de Pedras


A chamada Cápua Nova teve início em 856 como capital do Principado longobardo de Capua, que acabou nas mãos dos Normandos em 1059. 

Nessa época foi construído o Castello Principi Normanni ou Castelo de Pedras junto à Sala delle Armi ou Sala das Armas. 

Situado próximo à Piazza Medaglie D'Oro, o nome do castelo deriva das pedras do antigo anfiteatro que foram usadas na construção. 




Igrejas


Embora a cidade seja pequena, há inúmeras igrejas espalhadas por todo lado. Uma delas é a Catedral de Santi Stefano e Agata construída em 856 e reconstruída duas vezes. A Igreja e Convento de Santa Caterina foram construídos em 1383. 

Alguns anos depois, o claustro foi financiado por famílias nobres de Capua, por isso a igreja tem os brasões de armas esculpidos na base das colunas e no interior da igreja. A Igreja e antigo Convento da Anunciação são unidos por uma ponte.

Montevergine é um antigo mosteiro dado aos monges beneditinos, onde funciona um seminário. A Igreja de Santa Maria delle Grazie ou Santella foi construída em 1761 para comemorar o milagre da Virgem que teria terminado o massacre ordenado por Cesare Borgia. Há ainda dezenas de outras igrejas e capelas, que eram das famílias nobres de Capua.


 


Santa Maria Capua Vetere


Na antiga Cápua, hoje chamada Santa Maria Capua Vetere, está um dos anfiteatros mais espetaculares da Itália. 






Projetado para acomodar um grande número de pessoas, antecedeu a construção do Coliseu de Roma, que só foi construído quase 100 anos depois. 







Arqueólogos afirmam que o anfiteatro acomodava 100.000 pessoas. A multidão de espectadores era controlada por um sistema de numeração de ingressos, que visava coincidir com números de porta e por escadas que levavam diretamente para os vários níveis, sendo o mesmo sistema que ainda é utilizado nos estádios esportivos. 






Provavelmente construído nos anos 50 a.C., em toda a estrutura há escadas e rampas, como também elevadores que traziam animais e gladiadores através das câmaras debaixo da arena. Interessante são as pedras da construção cortadas sem os benefícios das máquinas modernas. 





Há uma extensa rede de túneis abaixo do piso do estádio com aberturas retangulares que permitiam entrar a luz do sol para iluminar os corredores. Com complexa alvenaria, o anfiteatro é uma verdadeira maravilha da engenharia.  





Gladiadores de Capua


A antiga Cápua foi a cidade mais importante da Campânia, ligando-se a Roma através da Via Appia, que era a  mais importante das estradas militares da Itália. 

A cidade era próspera, com vinhos, especiarias e ungentos além da fabricação de artefatos de bronze, por isso era considerada uma cidade de opulência, luxo e conforto. 

Em Cápua também estava a Escola de Gladiadores. Muitos escravos eram comprados ou capturados para serem gladiadores e lutar nas arenas para entreter o público. 

Isso fazia parte da política "Panis et Circenses" ou Pão e Circo criada pelos antigos romanos, que consideravam que a comida e diversão para o povo diminuiria a insatisfação popular contra os governantes. Espetáculos sangrentos eram promovidos nas arenas, enquanto o pão era distribuído gratuitamente.




Spartacus

Um desses gladiadores foi Spartacus que tinha sido um soldado romano, mas tendo desertado foi capturado e vendido como escravo. Devido à sua força descomunal, foi levado para a escola de gladiadores de Cápua.

Inteligente e culto, ele se reuniu com outros 200 gladiadores, que também eram escravos, e se revoltaram contra sua vida de miséria e maus tratos. Visando acabar com a revolta, eles foram entrincheirados no alto de penhascos por uma legião de romanos. 

No entanto, usando as videiras, eles fizeram escadas e desceram pela retaguarda atacando a tropa. Uma nova tropa foi enviada levando ursos ferozes, mas Spartacus venceu-os e apoderou de todas as armas e bagagens. 

Ao longo do caminho, outros escravos se juntaram a eles formando um exército de 60.000 rebeldes. Numa tática militar Spartacus seguiu para os Alpes evitando outros confrontos, assim pretendia chegar à Gália e Trácia onde estariam livres. 

Porém os escravos que o acompanhavam passaram a saquear os vilarejos e ainda entraram em confronto com uma tropa. Esse foi um erro irreparável. Os que sobreviveram foram crucificados e deixados ao longo da Via Appia para servir de exemplo aos escravos. 




Guerras Púnicas


Na antiguidade Cápua era aliada de Roma na luta contra Cartago, uma potência da Tunísia que disputava o controle do Mar mediterrâneo. Dessa disputa originaram-se as três Guerras Púnicas que levaram à destruição de Cartago. 

A rivalidade entre Roma e Cartago era antiga e o general cartaginês Amilcar Barca fizera seu filho Anibal com apenas 9 anos jurar ódio eterno e a destruição de Roma.

Anibal cresceu e tornou-se um dos melhores guerreiros de seu exército vencendo várias guerras. No ano 218 resolveu que atacaria o grande Império Romano. Reuniu mais de 100.000 guerreiros com 37 elefantes, transpôs as terras dos Alpes cobertas de neve e chegou até a Itália. 

Venceu várias batalhas e por onde passava destruía legiões romanas, apesar de seu contingente ser menor do que o inimigo. A poderosa Roma que se achava invencível a cada dia perdia muitos de seus soldados e cavalaria. 

Num só dia 50.000 soldados foram mortos no campo de batalha. Era iminente a derrota da soberba rainha das nações e a marcha triunfal de Anibal sobre Roma derrubando sua supremacia. 

No entanto, ao invés de lançar-se sobre a cidade que estava indefesa, Anibal retirou-se para Cápua com sua tropa para descansar apesar das sugestões de seus oficiais que insistiam em prosseguir.  




Delícias de Cápua


Junto de sua tropa Anibal entregou-se à vida ociosa e devassa em Cápua, desfocando de seus objetivos e deixando seus soldados desmotivados. Entregando-se à vida fácil e confortável em Cápua, Anibal cometeu um erro irreparável. 

Ao facilitar o repouso e o relaxamento de seus valentes soldados concedendo-lhes tudo quanto quisessem, julgava que eles adquiririam assim um redobrado vigor, no entanto esse não foi o resultado. De tanto descansar no meio dos prazeres, eles amoleceram e perderam o desejo de vencer. 

Durante esse tempo os romanos reagruparam suas forças e iniciar uma hábil contra-ofensiva, hostilizando a retaguarda africana e cortando-lhe o aprovisionamento. Aníbal jamais chegaria a entrar em Roma. 

Aníbal confiou demais em suas próprias forças e se considerou vitorioso sem ter atingido seu objetivo final. Todas as suas lutas e dificuldades anteriores perdera o sentido. Deste fato histórico surgiu a expressão "As delícias de Cápua" que passou a ser uma frase feita para a atitude de quem com a vitória próxima, esmorece e perde...





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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.