23 fevereiro 2012

Gorizia, uma ponte entre culturas

 



Ao sopé dos Alpes, na fronteira entre a Itália e a Eslovênia, está a cidade de Gorizia numa planície com vista para os Morros Collio conhecidos pelo seu excelente vinho. Protegida dos ventos frios que afetam a maioria das cidades vizinhas, Gorizia mantém um clima mediterrânico ao longo do ano.  





Vinícolas 

Gorizia é um destino turístico para os amantes do vinho. O ponto de referência são empresas locais que oferecem passeios e roteiros turísticos dedicados à descoberta dos tesouros das vinícolas, da cultura do vinho em adegas com salas de degustação, pequenas tabernas e fazendas.






A cidade está  inserida entre duas áreas de produção de vinhos DOC das mais prestigiadas na Itália: o Collio e Isonzo que são reconhecidas internacionalmente pela qualidade de seus vinhos brancos de excelência, graças à fertilidade do solo especial das encostas.




Gusti di Frontiera

Gorizia é também uma terra de incríveis sabores. Na última semana de setembro, a cidade se transforma em uma ponte entre cntre culturas convidando todas as tradições culinárias da Europa e das 20 regiões italianas em toda a sua supreendente variedade.








Durante três dias diversos países como França, Eslovênia, Alemanha, Áustria, Croácia, Sérvia, Montenegro, Albânia e regiões da Itália apresentam o melhor da gastronomia e do vinho durante o Festival "Gusti di Frontiera".




  


Piazza della Vittoria, conhecida pelos Eslovenos como Travnik que significa Prado, é o centro tradicional da cidade onde se realizam a maioria dos eventos. Na praça, a igreja de San Inazio de Loyola é a mais importante de Gorizia. Construída pelos jesuítas entre 1680-1725, foi restaurada muitas vezes. É também onde encontra-se a Fonte de Netuno e diversos palácios.







Popular resort da região do Friuli, a cidade engloba uma ampla variedade de paisagens, assim como vestígios históricos e artísticos que mostram influências alemãs, eslavas e latinas. O nome da cidade vem do esloveno Gorica, que significa pequena colina. 







Originada a partir da torre vigia de um castelo para controlar o rio Isonzo, Gorizia era uma pequena vila perto da Via Gemina, a antiga estrada romana que ligava Aquileia e Emona. Apesar de muitos monumentos terem sido destruídos durante as guerras, há inúmeros palácios, igrejas e belas praças.  








O Castelo de Gorizia do século 11 é o coração antigo da cidade. Situado na colina, proporciona uma bela vista sobre Gorizia, seus arredores e parte da Eslovênia. Perto do castelo há importantes museus, como o Museu de Moda e Artes Aplicadas, a Galeria de Imagens e a Coleção Arqueológica.



 



Cidade medieval, que remonta ao século 10, Gorizia foi no passado uma das cidades mais ricas do Império Austro-Húngaro. Com muitos parques e áreas verdes, as colinas a oeste de Gorizia foram cenário de intensos combates entre o exército italiano e o Austro-Húngaro.







Monumento em Oslavia: A própria cidade foi seriamente danificada e a maioria dos seus habitantes fugiram em 1916, ficando a cidade sob controle do Império Austro-Húngaro. Em 1918 a cidade foi ocupada pelas tropas italianas tornando-se oficialmente parte da Itália em 1920.






Perto da cidade, em Oslavia, está o santuário dedicado aos mais de 57.000 mortos na 1a. Guerra Mundial. Construído em 1938, no imponente monumento cilíndrico estão os restos mortais de soldados italianos sendo a maioria de pessoas desconhecidas. Todas as noites o sino toca em honra dos mortos e em 8 de agosto de cada ano há uma cerimônia em memória destes soldados.








Fronteira Utália/Eslovênia: Durante o regime fascista na Itália, todas as organizações eslovenas foram dissolvidas e proibido o uso público da língua eslovena. Muitos eslovenos emigraram para outros locais, principalmente para a América do Sul, mas os que permaneceram estiveram sob o domínio dos alemães nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. 







Após a ocupação nazista em setembro de 1943, a maioria dos judeus que moravam em Gorizia tentaram refugiar-se em outras cidades. Porém, muitos judeus de Gorizia foram capturados e enviados para os campos de concentração em Auschwitz.







Após a guerra, a cidade foi dividida: uma parte da cidade ficou incorporada à Itália e outra parte de vários bairros periféricos com seus monumentos foram entregues à antiga República Socialista da Iugoslávia. 

Importantes marcos da cidade como o Mosteiro Kostanjevica, o Castelo Kromberk, a Sveta Gora - local de peregrinação, o antigo cemitério judeu e a estação ferroviária do norte foram mantidos no outro lado da fronteira.





Estação transalpina


Do lado da Eslovênia, a outra parte é chamada de Nova Gorica. Apesar de ser uma cidade fronteiriça, Gorizia não foi atravessada pela fronteira. Essa imagem decorre principalmente da presença em território esloveno de edifícios antigos que pertenciam a Gorizia, incluindo a antiga estação ferroviária da linha, que ligava a cidade de Gorizia ao Império Austro-Húngaro na capital Viena.







Embora a situação em Gorizia tenha sido muitas vezes comparada com Berlim durante a Guerra Fria, a Itália e a Iugoslávia sempre tiveram boas relações. Os eventos culturais e desportivos favoreceram o espírito de convivência harmoniosa que permaneceu até a dissolução da Iugoslávia. Dentro do edifício da estação ferroviária funciona o Museu de Fronteiras, que mantém uma exposição contando a história de Gorizia no período de 1945-2004. 







Até 2007 a praça era dividida por uma fronteira internacional entre Itália e Eslovênia. A livre circulação foi aprovada a 100 metros de distância da praça. Em frente ao edifício da estação há uma grande praça decorada com um mosaico, uma representação metafórica e poética da explosão pacífica do marco que, tempos atrás marcava a fronteira entre Gorizia e Nova Gorica. Hoje simboliza a integração europeia. 



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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.