24 dezembro 2016

Venezia 1 - A sereníssima







Veneza é uma das cidades mais fantásticas do mundo. Cantada por poetas, é considerada um paraíso destinado aos sonhadores e àqueles a quem sobrou algum sentimento mais duradouro. Porque poetas e sonhadores vivem do incomum, do implausível e do mágico, o que se só encontra nesse pequeno recanto, único e original.






Nessa cidade flutuante, caminhar pelas margens dos rios e passar pelas pontes arqueadas é garantia de interessantes descobertas. Cada cenário prende a atenção, mas também é necessário deixar-se guiar pelos sentidos. Há coisas que só existem em Veneza.






Com suas gôndolas e seresteiros, tornou-se o máximo romantismo. Ouvir a água que bate no casco das gôndolas ao longo dos canais, inspirar o aroma das comidas e provar do bom vinho ao ar livre significa sentir a vida veneziana. 

Você pode ficar horas só vendo os barcos e as gôndolas passarem de um lado a outro, mas também pode entrar em um deles para fazer um romântico passeio.






Deslize diante dos belos palácios e não deixe de visitar as centenas de igrejas, que são verdadeiros tesouros. Veneza é o lugar onde o homem brincou de ser Deus e construiu a mais bela cidade feita com as próprias mãos. Sua existência não é apenas triunfo da engenharia;  Deus a colocou em equilíbrio. Acredite!  Ninguém sai de Veneza indiferente...





Ponte Libertà

Por muitos anos o centro histórico de Veneza esteve isolado da terra firme, até que em 1846 foi construída a ponte ferroviária. Quase 100 anos depois foi inaugurada a Ponte della Libertà. Com quase 4 km de extensão passou a ligar Veneza ao continente, trazendo o tráfego rodoviário até a entrada do centro histórico de Veneza.





Piazzale Roma

Embora Veneza tenha poucos habitantes, em qualquer época do ano a cidade é sempre muito movimentada devido à grande quantidade de turistas. Na Piazzale Roma está o Terminal de ônibus e o único e obrigatório estacionamento para veículos. A partir desse ponto não é permitido e nem é possível o uso de carros, motocicletas, bicicletas, patinetes, skates etc.





Ponte Calatrava

À frente do piazzale encontra-se a Ponte della Costituzione, também chamada Ponte Calatrava. Projetada pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, a ponte liga o Piazzale Roma com a praça da Estação Santa Lucia. 

Inaugurada em 2008, muitos não concordaram com o projeto moderno que constrasta com estilo arquitetônico de Veneza, o que gerou muita polêmica durante a sua construção.

Com esqueleto feito de aço e parapeito de vidro temperado, a ponte tem um arco de 81 metros de comprimento, 9 metros de largura e altura máxima da água de 10 metros. 

Embora seja um lindo projeto arquitetônico, muitos reclamam que o pavimento feito de vidro costuma causar acidentes em dias de chuva e neve. Além disso, quem deseja passar pela ponte deslizando as malas com rodinhas encontra muita dificuldade.





Estação Santa Lucia

Ao sair da estação, se prepare: você está entrando no mundo mágico de Veneza. Atualmente assentada sobre 121 ilhas, recortadas por 150 canais e ligadas por 409 pontes, nessa esplêndida cidade sem carros as pessoas se deslocam através de centenas de embarcações que deslizam sobre a laguna.



Tráfego no Gran Canale


Gran Canale



Gran Canale

O Gran Canale é a principal artéria da cidade e a todo momento pode-se ver inúmeros barcos indo de um lado a outro. Como não há outro meio de transporte, pelos canais encontram-se barcos carregados de frutas, legumes, cereais, bebidas, móveis, materiais de construção e outras mercadorias. Serviços, como coletores de lixo, ambulâncias, funerárias, polícia e grupos de salvamento também funcionam através de barcos.




Vaporetto


Há embarcações privadas, mas a maioria dos venezianos viaja nos vaporettos, uma espécie de ônibus aquático que circula no Grande Canal e faz viagens regulares ao longo das rotas principais da cidade e entre ilhas. Esse é o meio mais simples e econômico de percorrer esse trajeto, porém esse barco vive lotado.

Na época de verão, uma boa dica é não ser apressado. Os primeiros viajantes sempre correm para se sentar junto às janelas, porém o calor é insuportável. Por isso, prefira ir de pé na área aberta. Além de ser mais fresca, também permite fazer excelentes fotos dos detalhes venezianos.




Targhetto


Dizem que os canais de Veneza geralmente não são muito profundos, porém no Grande Canal pode haver 5 metros de profundidade. Em alguns lugares é possível ir caminhando pelas margens dos canais, porém em outros as águas chegam até a porta das casas e hotéis.

Existem barcos que funcionam como "táxi aquático", porém os preços são exorbitantes. O taxímetro inicia com US$ 14 + US$ 2,10 por minuto de utilização. Finais de semana, feriados e à noite tem mais uma taxa extra.

Há também barcos a remo e os "Targhetti", que são as pequenas embarcações utilizadas por passageiros para irem de uma margem a outra. Apesar de ser uma travessia curta e rápida,  o Targhetto proporciona uma sensação semelhante a um passeio de gôndola e custa apenas US$ 0,80 a travessia.






Gôndolas

O grande destaque entre as diversas embarcações de Veneza são as tradicionais gôndolas, mas apenas turistas costumam utilizá-las. As taxas são muito elevadas e nem sempre é viável gastar €100 num passeio de poucos minutos. 
No entanto, um passeio de gôndola é algo muito especial. 

Quem vai a Veneza, nem que seja uma única vez na vida, precisa esquecer esses detalhes e embarcar numa viagem no tempo deslizando pelos canais tranquilos de Veneza. Cantando ou contando histórias de Veneza, os gondoleiros levam visitantes e casais apaixonados em mini-cruzeiros pelos canais. 

Antigamente existiam mais de 10.000 desses elegantes barcos nos canais de Veneza, mas na atualidade restam apenas 350. A profissão de gondoliere é muito cobiçada. Passada de pai para filho ao longo dos séculos, até o século 12 as gôndolas eram usadas como transporte.






Atualmente os venezianos só usam as gôndolas em ocasiões especiais, como em casamentos, funerais e outras cerimônias. Aliás, dizem que no passado bem distante as gôndolas eram usadas apenas como embarcações fúnebres, por isso eram pintadas de preto, uma tradição que permaneceu até os dias de hoje.

Algumas gôndolas são mais simples; outras exibem um colorido detalhado por aplicações douradas e surpreendentes detalhes escondidos em sua arquitetura bizantina. Quem quiser ver como elas são fabricadas, basta ir até um dos estaleiros.

Adaptadas à navegação nos canais estreitos e pouco profundos, a linha esguia e o plano fundo fazem parte do cotidiano veneziano desde o século 11. Uma leve curvatura para a esquerda na proa compensa a força que o barqueiro exerce sobre o remo, impedindo que a embarcação gire sobre si mesma.





Palácios de Veneza

Inúmeros palácios tornam Veneza uma cidade única. As belíssimas construções, que no passado serviram de moradia para famílias ricas e nobres de Veneza, foram feitas ao longo dos séculos 13/18. Cada uma conta um pouco da história da cidade.






Com fachadas decoradas com pinturas coloridas e mosaicos, embora as tonalidades estejam desbotadas, ainda pode-se notar a influência das negociações comerciais com o Oriente, que fizeram de Veneza uma cidade rica.

Para preservar a antiga estrutura da cidade, nos dias atuais é proibido construir novas pontes e edificações no centro histórico. A arte veneziana destacou-se no renascimento italiano,  caracterizando-se pela ousadia, sensualidade e romantismo através de suas cores vibrantes e tratamento informal das questões sociais e religiosas.

Extraordinários pintores como Tintoretto, Tiziano Vecelli, Giovanni Bellini e Veronese deixaram seus traços em Veneza, assim como os arquitetos Sansovino, os irmãos Giovanni e Bartolomeu Bonn, Paládio e Baldassare Loghena, que contribuíram para a beleza de Veneza, criando belas construções em estilo gótico veneziano.





Atrações turísticas

O centro histórico de Veneza é bem pequeno, mas possui inúmeras atrações turísticas. Além de inúmeros monumentos espalhados pela cidade e tantos palácios construídos entre os séculos 11/18, pode-se encontrar ainda 115 igrejas, 15 museus e diversas galerias de arte. Alguns pontos turísticos são mais conhecidos, mas existem outros que costumam ser descobertos num despretencioso passeio pela cidade.






Para os museus, uma boa opção é o ingresso integrado. Mas fique atento, pois há taxas para entrar em algumas igrejas. Aliás, igreja é o que não falta em Veneza. São mais de 100. Olhou para um lado? Deu de cara com uma. Virou uma esquina? Tem outra. Cada uma tem um detalhe diferente, tanto na arquitetura, quanto no seu valor histórico ou religioso.

Inúmeras obras de arte adornam paredes e tetos dos templos religiosos. Só é preciso lembrar que na Itália quase todas as igrejas exigem um padrão de vestimenta. Não é permitido entrar com shorts e saias curtas, mini-blusas etc. Se for verão, leve um lenço para se cobrir. E nada de chapéus ou bonés.

Em Veneza há rigorosas leis de conduta. Por isso, evite sentar nas calçadas e escadas e nem interrompa o transito nas pontes. Procure seguir o fluxo sempre à direita e não jogue lixo no chão. Também é proibido fazer pic-nic nas praças, nadar nos canais, andar pela cidade com roupa de praia, sem camisa ou semi nu. A multa para cada infração é de US$ 80,00.






Durante o tour por Veneza. esqueça os endereços. Nem mesmo mapas conseguem ajudar, sendo um desafio a ser superado para quem quiser transitar pela cidade. 

Veneza está dividida 6 sestieri ou bairros: Cannaregio, Santa Croce, San Polo, Dorsoduro, San Marco e Castello. Os imóveis não tem numeração por rua, mas uma nuneração por cada sestiere, seguindo uma sequência em espiral. Isso permite aos venezianos situar intuitivamente um endereço.

Mesmo sem se guiar por endereço, é essencial saber que: "Fondamenta" é sempre uma via à margem de um rio onde são feitos os desembarques e as ancoragens de barcos. 

"Salizada" é um termo dado para ruas largas e importantes. "Campo" se refere a uma praça, exceção para a Piazza San Marco. "Calle" indica um caminho ou beco estreito e "Rugas" são longos caminhos. 

Alguns becos sem saída são chamados de "Ramo".  Quando encontrar uma indicação que diz "Rio Terà", então significa que ali no passado existia um canal que foi coberto para se tornar uma rua pavimentada.





Drink Bellini


Quem vai a Veneza não pode deixar de conhecer o famoso Harry’s Bar, que tem uma interessante história. Fundado em 1931 por Giuseppe Cipriani e seu amigo Harry, o bar é simples mas emblemático. Frequentado ao longo do tempo por famosas personalidades, o lugar é mágico, agradável, romântico e cheio de glamour.

Foi no Harrys de Veneza que nasceu o famoso drink Bellini, uma mistura de suco de pêssego com espumante gelado que caiu no gosto dos venezianos. Segundo contam, esse drink foi criado Giuseppe Cipriani logo no início de abertura do bar em 1930, mas só passou a ser servido em 1948. O nome do drink é uma homenagem ao pintor Giovanni Bellini.

Segundo contam, foi no Harry's que inventaram o carpaccio em 1950, um prato preparado com carne crua cortada em finas fatias e servidas com molhos. Dizem que o prato foi criado para atender a condessa Amalia Nani Mocenigo, que na época estava seguindo uma restrição dietética. O nome do prato originou do pintor Vittore Carpaccio, que era conhecido pelo tom vermelho e branco de suas pinturas, assim como a aparência do prato.





Turismo em Veneza é caro!

Hospedagem no centro histórico de Veneza é caríssimo, exceto nas pousadas mais distantes. Também é possível alugar apartamentos econômicos ou hospedar em hotéis no continente, que são mais econômicos. Caso queira economizar no transporte, basta comprar os passes do vaporetto de acordo com os dias em que for passear pela cidade.

Massas com frutos do mar, o delicioso Bacallà Mantecata, o tradicional Fegato alla Veneziana e o carpaccio são os pratos mais tradicionais da culinária veneziana. Geralmente os restaurantes mais próximos das atrações turísticas são mais caros. Se quiser comer, opte por aperitivos em osterias. Uma boa dica é descobrir os lugares frequentados pelos moradores. 





Spritz e cichetti

A vida noturna de Veneza é bem animada e Spritz é a bebida mais consumida. Feita com Prosecco, Aperol, fatias de laranja e cubos de gelo, a bebida é deliciosa e refrescante. 

Uma boa opção é combinar um jantar e encerrar a noite na Calle delle Botteghe, uma ruazinha que tem  pequenos bares chamados de "Bacari". Essas tabernas venezianas geralmente ficam lotadas. 

Sem muita frescura, pode-se tomar deliciosos vinhos e experimentar os deliciosos sanduíches típicos de Veneza chamados Cichetti por ali mesmo, sentado na calçada. 




Cichetti

Na Itália é assim: sentou, comeu, pagou: vá embora. Bares e restaurantes não costumam permitir que turistas fiquem sentados apenas conversando. Enquanto estiver ocupando uma mesa, você é obrigado a consumir.

Outro detalhe é que além do preço tem sempre uma gorjeta que vem incluída na conta, podendo também haver outras taxas. Isso explica porque muitos turistas costumam comer sentados nas pracinhas.  Por isso, antes de fazer seu pedido, esclareça o preço final.






A melhor época para visitar Veneza entre abril e julho, quando a temperatura está amena. Entre agosto e setembro também é uma boa época, mas por ser época de férias a cidade está sempre lotada de turistas. É também a época em que faz mais calor.

Em outubro e novembro as temperaturas são mais baixas, mas ainda razoáveis. O problema é que começa a estação mais chuvosa em todo o país. Dezembro e janeiro é uma época muito fria e úmida, podendo registrar de 04 a 08º e até menos.

Em fevereiro e março faz menos frio do que no auge do inverno. Por ser mais tolerável, pode ser uma opção para quem não pode ir nos melhores meses. Porém há épocas em que podem ocorrer alguns transtornos.





Fenômeno "acqua alta"

Geralmente durante o inverno italiano, que vai desde outubro até fevereiro, as enchentes se tornam comuns na cidade, algo que vem ocorrendo nos últimos 100 anos. Previsões afirmam que no futuro Veneza será totalmente coberta pelas águas.

A cidade já encontra-se submersa em quase 23 centímetros: 7,5cm em função da elevação do nível das águas e 15 cm em razão da compressão natural do solo somada à exploração de poços artesianos. Quando a maré sobe mais de 80cm, locais mais baixos se tornam alagados.

Embora isso possa impressionar os turistas, não impede a circulação pela cidade. Assim que a maré começa subir surgem as passarelas de madeira, que são colocadas pelo pessoal que permanece de prontidão. A inundação costuma durar apenas algumas horas por dia, já que ela segue o ciclo das marés, podendo variar segundo as fases da Lua.




Fenômeno "acqua alta

A previsão de Acqua Alta costuma ser infalível. Ao contrário da previsão do tempo, que às vezes não corresponde a realidade, as previsões das marés são confiáveis. Quem mora em Veneza costuma receber um SMS avisando sobre a próxima “Acqua Alta”...


Continuação
 Venezia 2 - Sestiere Cannaregio




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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.