09 julho 2017

Firenze 11 Galleria dell'Academia



Piazza della Libertà

Embora a Piazza della Libertà esteja um pouco distante do centro e não faça parte dos itinerários turísticos, ela é uma das praças mais bonitas de Firenze. No passado era através da Porta San Gallo que chegavam em Firenze os viajantes e comerciantes vindos do Oriente.




Construída em 1285, a grande Porta San Gallo ainda está lá, competindo no meio da praça com o Arco do Triunfo que foi construído em 1738 após a extinção do governo dos Medicis. 





Tendo jardins em volta de uma fonte, a praça é cercada por vários prédios em estilos semelhantes. Após o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a praça passou a ser chamada Piazza della Libertà.




Museo Stibbert

Um pouco adiante da Piazza della Libertà encontra-se o Museu Stibbert, que nasceu da coleção de Frederick Stibbert. Filho de uma mãe toscana, ele era um importante homem de negócios e tinha paixão pelas coisas antigas.




Stibbert se tornou um colecionador de obras de arte de todo o tipo, como armaduras, quadros, esculturas, pratarias, armas etc. Tendo um verdadeiro antiquário, tinha o prazer de exibir suas peças, por isso transformou a casa num museu.




No final de 1800  Stibbert restaurou a Villa Montughi, um importante exemplo de estilo do século 19, onde trabalharam alguns dos melhores artistas florentinos da época. No local há uma coleção com mais de 50.000 peças, que inclui vários objetos de arte, como pinturas, porcelanas, armaduras e mobiliário antigo.




A parte mais impressionante da coleção é a coleção de armaduras, na qual constam armaduras japonesas, otomanas e europeias. Uma peça interessante é a roupa que Napoleão vestiu em Milão, quando foi coroado o Rei da Itália em 1805. Há ainda um jardim com  curiosos monumentos, esculturas e um templo egípcio.



Piazza San Marco / Igreja San Marco

Rodeada por elegantes construções, a Piazza San Marco tem um amplo espaço, sendo o local onde estão importantes construções de Firenze. Em destaque a Igreja e o Convento San Marco, que foi encomendada por Cosimo - o Velho  no século 15. 




A encantadora igreja, que tem o interior todo trabalhado com afrescos e detalhes dourados, só foi terminada em 1780. Além de linda, essa igreja faz parte de um interessante acontecimento.Há vários séculos nessa igreja tinha um famoso sino atribuído a Verrocchio, chamado pelo florentinos de "La Piagnona" ou "o bebê que chora".

A história do sino está ligada ao Frade Savonarola. Dizem que o sino tocou a rebate quando ocorreu a prisão do frade em 1498, por isso o sino foi condenado ao exílio na Igreja de San Salvatore al Monte, onde nunca mais voltou a tocar. Em 2000, após mais de 500 anos, o sino foi perdoado e regressou ao mosteiro de San Marco.



La Fiorita de Maio / Fra Savonarola

Todo ano em 23 do mês de maio acontece a "Fiorita", uma celebração em memória de Fra Girolamo Savonarola, o frei dominicano que se tornou um fanático puritano e ditador moral de Firenze. Flores são colocadas exatamente no local onde ele foi queimado. Em seguida, uma procissão em trajes de época segue até o Ponte Vecchio, onde foram jogadas as cinzas de Savonarola e onde também são jogadas flores.

Para a população da época, Fra Girolamo Savonarola era um visionário, profeta e pregador. Obssecado com a maldade humana e convencido de que a ira de Deus estava prestes a cair sobre a terra, em agosto de 1490 Savonarola começou a fazer seus sermões no púlpito da igreja de San Marco com a interpretação do Apocalipse. Assim Savonarola foi se tornando cada vez mais famoso.




Seus sermões foram exercendo uma influência crescente sobre o povo. Embora os Médici se mostrassem sempre mecenas generosos do mosteiro, Savonarola fazia críticas quanto ao governo da cidade. Também desaprovava as especulações financeiras da época e criticava os empresários, assim como denunciava os abusos na vida eclesiástica, da imoralidade de grande parte do clero, sobretudo a vida imoral de muitos membros da  Cúria romana, dos  príncipes  e dos cortesãos.

Reprovava severamente a imoralidade, as piadas, a frivolidade da poesia, o sexo, a homossexualidade. Condenava o jogo, as joias e roupas finas, a vida de prazeres dos fiorentinos e o luxo de todo tipo, as pinturas de nu, as imagens de divindades pagãs e toda a cultura humanista do Renascimento italiano.


execução do Frade Girolamo Savonarola em 23 de maio 1498

Savonarola colocou um fim aos carnavais e festivais tradicionalmente apreciados e os substituiu por festas religiosas. Na famosa ”fogueira das vaidades“  em 7 de fevereiro de 1497, ele ordenou a queima de mesas de jogos, baralhos de cartas, máscaras de carnaval, espelhos, enfeites, estátuas nuas, livros e imagens supostamente indecentes e tudo que fosse produto da vaidade e dos desejos.

Não surpreendentemente, Savonarola fez muitos inimigos poderosos. Entre eles estava o papa Alexandre VI, que tinha boas razões para se sentir desconfortável com a denúncia do luxo da Igreja e seus líderes, o que culminou com a sua excomunhão.  Condenados como hereges, no Domingo de Ramos em 1498 Savonarola foi preso pelas autoridades fiorentinas junto com outros dois frades.

Na manhã do dia 23 de maio de 1498, diante de uma multidão de fiorentinos reunida na Piazza della Signoria, foi erguida uma plataforma. Sob insultos, Savonarola e seus dois companheiros foram cruelmente torturados, enforcados e depois queimados. Alguns contam que durante a queima um braço de Savonarola se destacou da corda e a sua mão direita parecia levantar dois dedos, como se quisesse abençoar o povo ingrato de Firenze...




Museu San Marco

O Museu San Marco ocupa a parte antiga do mosteiro dominicano, onde se encontra a maior coleção do mundo de obras de Fra Angelico, que viveu nesse local por muitos anos. No local também encontram-se muitas obras de Ghirlandaio e Paolo Uccello, mas também um famoso retrato de Fra Girolamo Savonarola que viveu no mosteiro por algum tempo.

No segundo andar estão as celas dos velhos monges, decoradas com belos afrescos pintados por Fra Angelico entre 1438 e 1446. Também pode-se visitar a fabulosa biblioteca de 1437, que possui manuscritos valiosíssimos que pertenceram à família Médici e a outras personalidades como Pico della Mirandola e Agnolo Poliziano.



Università degli Studi Firenze

Na Piazza San Marco encontra-se uma das sedes da Università di Firenze, que é uma das mais antigas da Itália. Fundada em 1321, por muitos anos a universidade manteve apenas o curso de Teologia, mas atualmente oferece diversos cursos de graduação.

Da universidade faz parte o mais importante museu naturalista italiano e um dos maiores a nível internacional, bem como um dos mais antigos: o Museu de História Natural. Fundado em 1775 pelo Grão-Duque Pietro Leopoldo, o museu inclui uma biblioteca e achados de valor científico extraordinário.



Orto Botânico

Nas proximidades da universidade está o Jardim Botânico, que foi fundado por Cosimo I de Medici em 1545, sendo o terceiro jardim botânico mais antigo do mundo. Hoje faz parte do Museu de História Natural.

É também nessa zona que está o Museu de Arqueologia, considerado um dos mais antigos museus do gênero. Foi inaugurado pelo rei Vittorio Emanuele II em 1871. Atualmente a seção sobre o Egito antigo vem crescendo com adição de novas peças. Existe também um Museu Preistorico, que situa-se perto da Piazza Santa Maria Nuova.




Galleria dell'Accademia

É também na Piazza San Marco que se encontra a famosa Galleria dell'Accademia. Fundada em 1563, a academia foi a primeira escola europeia a ensinar técnicas de desenho, pintura e escultura, sendo a escola de belas artes mais antiga do mundo.

A coleção exposta em 1784 visava proporcionar aos estudantes da academia material de estudo e de cópia. Posteriormente passou a ser chamada de Galleria dell'Accademia. Foi fundada pelo Grão-Duque Pedro Leopoldo de Lorena e transformada em museu em 1873.




David de Michelângelo

O museu recebeu as obras mais importantes de Michelangelo, sendo mais famosa a escultura original de David, um colossal nu clássico que representa o herói bíblico vencedor do gigante Golias. É impressionante o realismo anatômico da obra.





Iniciada em 1501 e concluída em 1504, a escultura de 5,17 metros de altura foi instalada inicialmente em frente ao Palazzo Vecchio, o que tornou Michelangelo aos 29 anos, o mais importante escultor do seu tempo. Porém, para protegê-la contra intempéries e poluição, a escultura foi transferida para o museu da academia, restando no local uma réplica.




Outras obras-primas de Michelângelo são: uma estátua de São Matheus concluída em 1508 e os Quatro Prigioneiri esculpidos entre 1521 e 1523 e destinados ao túmulo do papa Júlio II. Oferecidos aos Medici pelo primo de Michelangelo, esta obra é uma das mais dramáticas do seu autor, apresentando a figura num esforço muscular para se libertarem da pedra.




No acervo da galeria consta ainda de uma importante coleção de pintura dos séculos 15/16 de artistas fiorentinos contemporâneos de Michelangelo, como Fra Bartolomeo, Filippino Lippi, Bronzino e Ridolfo de Ghirlandaio.




Entre as obras mais importantes figuram a "Madonna del Mare" atribuída a Botticelli  e "Vênus e Cupido" de Jacopo Pontormo baseada num desenho preparatório de Michelangelo.



Piazza della Annunziata  

Depois de enfrentar a multidão de visitantes em frente à Galleria dell'Accademia, seguindo uma pequena rua chega-se à Piazza della Annunziata, que é uma das praças mais estilosas de Firenze.

Aliás, quando a praça foi projetada essa era a intenção. Admirada por sua elegância e harmonia de suas cores, o nome da praça teve origem no antigo oratório construído em 1233 e dedicado à Virgem Maria. Devido à constante peregrinação, foi criada a basílica. 



Basílica della Santíssima Annunziata

A Basílica ocupa a parte frontal da praça. Diz a tradição que em 1081 havia uma pequena capela, que tinha sido construída para agradecer à Virgem Maria, pela vitória após a cidade ter sido cercada por Henry IV. Em meados de 1200, quando foi criada a Ordem dos Servos de Maria, o oratório que ficava fora das muralhas da cidade se tornou um ponto de referência nas colinas que rodeavam Firenze.

Em 1252 os monges decidiram expandir e embelezar a capela, colocando as arcadas frontais e obras de arte dedicadas à gloriosa Virgem Maria durante a Anunciação. Devido ao cansaço, Fra Bartolomeo que estava pintando o quadro, acabou adormecendo. Porém, quando ele acordou, descobriu os detalhes que faltavam estavam concluídos. Assim o frade concluiu que um anjo o teria ajudado a terminar a obra, que foi chamada de "Anunciação Milagrosa". 




O quadro se tornou um objeto de devoção para os fieis e acabou atraindo peregrinos de outras cidades. Assim, a igreja cresceu em importância e magnitude. Em 1447, com a ajuda de Piero di Cosimo Medici, os frades criaram o claustro.

Todos os anos, em 07 de setembro, a praça se enche para celebrar o Festival Rificolona, um evento fiorentino popular, que homenageia a natividade da Virgem Maria. Na oportunidade as pessoas levam lanternas lanternas de papel coloridas e iluminadas por velas. A procissão que passa por várias ruas termina na praça. Ao longo do tempo, as lanternas tornaram-se objetos para exibição e prêmios são dados para aquelas mais originais.



Museu ospedale degli Innocenti

Em cada um dos lados da praça existem duas construções idênticas que foram erguidas no século 15. Com grandes arcadas, o Ospedale degli Inocennti foi a primeira instituição da Italia e da Europa a se dedicar exclusivamente ao cuidado das crianças abandonadas.

Tendo sido um importante legado do comerciante Francesco Datini, a partir de 1419 o arquiteto Filippo Brunelleschi cuidou da construção, mas as primeiras crianças só foram recebidas no orfanato a partir de 1445.

Ainda hoje embaixo do pórtico do Spedale degli Innocenti é possível ver uma abertura, onde antigamente eram abandonados os recém nascidos. Em seu interior foi organizado um museu, que conta a história da instituição. 



Fonte di Tacca ou Fontana dei Mostri Marini

A fonte criada por Pietro Taccà, contém esculturas de criaturas que evocam imagens do filme "O Monstro da Lagoa Negra". Originalmente a fonte era destinada ao Porto de Livorno, mas o Grão Duque insistiu que permanecessem em Firenze, por isso em Livorno foi colocado apenas uma cópia.




Palazzo Grifoni / Palazzo Budini Gattai

Um monumento em homenagem ao Grão Duque Ferdinando I feito em 1608 marca o centro da praça e está à frente dois prédios iguais: o Palazzo Grifoni e o Palazzo Budini. Em 1563 o famoso arquiteto Bartolommeo Ammanati começou a construção do Palazzo Grifoni, misturando cores.

Algum tempo depois, para manter a harmonia simétrica da praça o Palazzo Gattai foi restaurado para se tornar mais parecido com o outro Palazzo Grifoni. Um detalhe não escapa da atenção de quem sempre passa por aqui; no Palazzo Grifoni há uma janela que está sempre aberta. Dizem que o fato está relacionado com uma história de amor de um casal recém-casado.

Depois de se mudar para o palácio, uma esposa teve que dizer adeus a seu marido chamado para a guerra. Com isso, dia após dia ela ficava na janela esperando seu marido, algo que nunca aconteceu. Quando ela morreu a janela foi fechada. Porém estranhos fenômenos começaram a se manifestar e só cessaram quando decidiram deixar a janela sempre aberta...




Museo Leonardo da Vinci

Logo adiante na Via dei Servi está o Museu Leonardo da Vinci, onde estão expostas as maravilhosas invenções do gênio da renascença. Nascido em Vinci no ano de 1452, Leonardo Da Vinci estava à frente do seu tempo.

A sala principal contém mais de 40 máquinas reproduzidas em tamanho real de acordo com os seus planos. Na sala dedicada à anatomia pode-se assistir a uma projeção que apresenta os seus estudos sobre o corpo humano e a sua aplicação em escultura e pintura. Também inclui reproduções das suas pinturas mais famosas.



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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.