15 outubro 2017

Verona 3: bela e surpreendente



Igreja San Fermo

Localizada numa grande praça marcada pelo monumento dedicado ao rei Umberto I, a Igreja de San Fermo é uma das igrejas mais interessantes de Verona. Na verdade trata-se de duas igrejas anexas. De um lado a construção tem um estilo românico do século 10 e do outro lado tem um estilo gótico do Século 14.

A igreja mais antiga foi erguida entre 1065/1143 sobre uma antiga igreja do século 5 dedicada aos Santos Fermo e Rustico, que foram martirizados nesse local. A outra igreja foi erguida no século 14 pelos frades franciscanos, que enriqueceram a igreja com belos afrescos e muitas obras de arte.

Nessa igreja encontra-se o mausoléu do famoso arquiteto Michele Sanmicheli, que realizou vários projetos em Verona, assim como do rico comerciante Nicolò Brenzoni, cujo mausoléu possui uma magnífico trabalho artístico. 

Os afrescos da igreja foram feitos por uma equipe de artistas, entre os quais esteve o artista Alessandro Turchi. Chamado também Orbetto, ninguém fez tantos trabalhos em Verona quanto ele.





Ponte delle Navi

Próximo da igreja está a Ponte delle Navi sobre o rio Ádige, que permite o acesso ao outro lado do rio. Construída em 1373 e reconstruída em 1946, quando os nazistas saíram da cidade após o fim da Segunda Guerra Mundial, eles explodiram várias construções e as belas e antigas pontes sobre o rio Adige.

Muito do que se vê hoje são reconstruções pós-guerra. Excetuando a Ponte Scaligero e a Ponte Pietra, que foram reconstruídas de acordo com o projeto inicial, as demais perderam suas características originais. Uma delas é a Ponte Garibaldi, que foi construída em 1864 com muitas esculturas, mas que se perderam com as explosões.





Museu de História Natural

Atravessando a Ponte delle Navi chega-se à Università di Verona e também ao Museu de História natural, que funciona no Palazzo Pompei. Esse interessante palácio foi construído entre 1535/1540 para uma nobre família veronese, tendo sido adquirido em 1579 pela família Pompei. Com a extinção da família, a partir de 1833 o palácio passou a pertencer à cidade.

O palácio foi restaurado e depois fundido com outras construções adjacentes para criar o museu. A fachada elegante, projetada por seu proprietário anterior, foi preservada e mantida em seu formato original. Em seu interior está uma valiosa coleção de fósseis de Bolca. Durante a visita ao museu é possível admirar também a grande sala de conferências.





Cemitério Monumental de Verona

Nessas imediações encontra-se também a Porta Vittoria. A porta original foi erguida sob o governo de Alberto I della Scala entre 1287/1289 e era chamada de Porta Pellegrina ou Porta del Campomarzio.

Depois da vitória obtida por Cangrande II della Scala em 1354, passou a ser chamada Porta Vittoria. Tal vitória também foi celebrada com a construção da Igreja Santa Maria della Vittoria. Essa porta ficou fechada desde 1411, tendo sido reaberta em 1819 para servir de acesso ao novo Cemitério Monumental de Verona.





Giardino Giusti

Deste lado do rio está o famoso Giardino Giusti, um lugar muito agradável para quem aprecia a natureza. O palácio foi construído no século 16 e seu jardim é considerado um dos melhores exemplos de um jardim italiano. 






Tendo a mesma estrutura de 1570, deixada por Agostino Giusti, Cavaleiro da Républica Veneziana que servia ao Duque da Toscana, o local foi visitado por ilustres visitantes.





A entrada com um caminho ladeado de ciprestes dá uma atmosfera imponente ao local. 







Os jardins italianos foram plantados em 1580, mas o layout atual data do início do século 20. 







Com muitas esculturas, fontes e estátuas mitológicas e diversos tipos de árvores, tornam esse recanto perfeito para uma pausa durante a visita à cidade. 






Seguindo a estrada, quem olha para o alto se depara com uma grande máscara. Na verdade trata-se do balaustre de um mirante, de onde se tem uma bela vista de Verona.

Para chegar lá, basta seguir pelo jardim e subir uma minitorre. Um detalhe curioso é que esse mascherone foi criado para lançar línguas de fogo pela sua boca.





Igreja dei Santi Nazaro e Celso

Seguindo as antigas muralhas medievais do bairro Veronetta e ao longo dos Giardini Giusti, pode-se descobrir incríveis caminhos de Verona. Segundo estudiosos, a colina ao norte da curva do rio Adige é provavelmente onde surgiram os primeiros assentamentos de Verona. 

Vestígios de um povoado que foram encontrados na colina remontam à Idade do Ferro. Essa é uma área onde existem pequenas igrejas muito antigas, que valem uma visita. 

Uma delas é a Igreja dos santos Nazaro e Celso, que remonta ao século 16. Nesse local foram construídos muitos edifícios religiosos desde o século 9, como evidenciam os afrescos encontrados na caverna de San Nazaro.





Porta Vescovo

Bem perto dessa igreja encontra-se uma antiga entrada para a cidade; a Porta Vescovo que ainda está intacta. Tendo sido no passado a única entrada nessa parte da cidade,  seu nome teve origem a um bispo de Verona que tinha direitos sobre essa passagem. 

Construída em 1687, na época veneziana essa porta foi ampliada e acrescida da fachada com pedras. É uma das poucas construções de Verona em estilo barroco. 





Igreja San Tommaso / Santa maria in Organo

Seguindo a avenida que margeia o rio, chega-se a uma ampla praça onde está a Igreja de San Tomaso, que ainda mantém o famoso órgão usado por Mozart quando era jovem. 

Por aqui também encontra-se a Igreja de Santa Maria in Organo, cujas origens são entre os séculos 6/8. A atmosfera da cripta simples com suas colunas romanas nos fazem retornar diretamente para a Idade Média.





Igreja San Giovanni in Valle
/Museu Africano

Outra é antiga Igreja de San Giovanni in Valle, que contém um belo afresco na fachada. A poucos metros está o Museu Africano, que mantém uma rica exposição de artefatos e documentos que tratam da realidade cultural onde vivem os padres Comboniani.

Bem perto da igreja existe um Hostel, muito usado por jovens que visitam Verona. O Villa Francescatti é rodeado por um belo parque. No passado essa parte da cidade foi chamada por Napoleão de "Veronette" ou "Verona sem importância". A intenção era atacar aqueles que lhe faziam oposição, porém essa "Verona sem importância" esconde muitos tesouros.





Teatro Romano

Um dos tesouros dessa região é o Teatro Romano, que foi uma das primeiras construções realizadas pelos romanos no século 1 a.C. Construído aos pés da colina junto à margem do rio Ádige, historiadores concluiram que talvez esse seja o local do primeiro assentamento dos romanos em Verona.

Sendo grandes admiradores da cultura grega, os romanos aproveitaram o declive natural do terreno para erguer o teatro com capacidade para acomodar 10.000 espectadores, tendo o panorama da cidade como pano de fundo.

Uma experiência inesquecível é sentar-se na escadaria do teatro é apreciar uma bela vista do Rio Ádige e da cidade. Ainda hoje, depois de mais de 2.000 anos, o cenário visto do teatro é encantador. Após uma série de restaurações, nesse teatro é realizado o Festival de Jazz de Verona e do Festival Shakespeare no verão.




Museu Arqueológico

A igreja de San Siro e Libera não foi demolida e ainda faz parte do teatro, bem como o mosteiro que se tornou em Museu Arqueológico de Verona. Nele estão preservados vestígios romanos encontrados durante as escavações, tanto no teatro e no resto da área de Verona. 

Antigos vasos, mosaicos, esculturas, objetos de vidro, antigas ferramentas, inscrições sagradas e sepulcrais, peças de aqueduto romano e outros elementos formaram as preciosas decorações do teatro.

Há exposições de esculturas do século 1, cerâmicas do período grego e romano e vários bronzes etruscos, itálico, grega e romana. No claustro estão inscrições funerárias romanas dos séculos 1/3. Evidências indicam que ali havia um antigo templo. Sabe-se que, depois da queda do Império, foi construída uma fortificação.





Castello San Pietro

Estrategicamente situado sobre a colina está o Castel San Pietro, cujo acesso pode ser feito através de uma longa escadaria que começa ao lado da entrada do teatro romano, podendo também ser usado o funicular, que leva os visitantes até o castelo.

Construído no final do século 14, nesse castelo estiveram os governantes de Verona. Quando Napoleão Bonaparte invadiu a cidade com suas tropas em 1801, explosões destruiram a fortaleza. Por muitos anos as ruínas ficaram abandonadas, até que em 1852 foi erguido o quartel que ainda podemos admirar.

Assentado sobre um solo nivelado e com vista para a cidade, o Castel San Pietro se integra com o meio ambiente. O interior foi concebido para acomodar cerca de 500 soldados, além de acomodações elegantes para os oficiais. O subterrâneo era usado para oficinas e armazenamento.

Os cidadãos de Verona queriam esconder os sinais do Império Habsburgo e plantaram árvores ciprestes ao redor do castelo. Recentemente adquirido por uma fundação bancária, o quartel está sendo reformado para ser usado como um local de museu e exposições. Por isso encontra-se fechado para visitação.





Igreja de San Pietro Martire

Verona está rodeada por colinas verdes, que são conhecidas como Torricelle. As mais próximas do centro histórico são o Torricelle de San Pietro e de San Felice, das quais pode-se desfrutar de extraordinárias vistas da cidade. 

Porém o nome da colina não está vinculado a San Pietro Apostolo como se poderia pensar, mas a San Pietro Martire, co-padroeiro de Verona junto com San Zeno. Nascido nesse bairro ao longo do Adige, em sua homenagem foi construída uma pequena igreja à margens do rio. 





Igreja de Santo Stefano

Também às margens do rio encontra-se a Igreja de Santo Stefano, que originalmente surgiu sobre um templo romano dedicado a Isis. Construída no século 5, segundo achados arqueológicos é provável que tenha sido a Catedral de Verona até o século 8. Danificada pelo terremoto de 1117, essa igreja foi completamente restaurada durante o século 12.





Ponte Pietra

Bem próximo à igreja está a Ponte Pietra, provavelmente erguida no ano 148 a.C., que até 1945 era a única ponte da época romana. Porém ao final da Segunda Guerra Mundial, ao se retirar da cidade os alemães explodiram todas as pontes. A recuperação foi iniciada em 1959, tendo sido restituída sua forma original. 





Igreja San Giorgio in Braida

Mais adiante encontra-se a Igreja de San Giorgio in Braida, que foi construída ao final do século 15 na curva do rio. Sua torre e a cúpula foram projetadas pelo célebre arquiteto Michele Sanmicheli, tendo na fachada as imagens de San Giorgio e San Lorenzo.  






Essa igreja solitária, que é um ponto de referência em Verona, exibe suas formas imponentes numa das áreas mais belas de Verona. Dentro da igreja existe uma verdadeira galeria de arte, com inúmeras obras. 

Entre elas está "Martírio de San Giorgio", muitas vezes esquecida entre as poucas obras deixadas por Paolo Veronese em sua cidade natal. Há também uma grande obra de Tintoretto e uma bela Madonna feita por Girolamo dai Libri. 





Porta San Giorgio

Junto a essa igreja está uma das antigas entradas para Verona. A Porta San Giorgio foi o primeiro acesso à cidade na margem esquerda do rio Ádige. Situada ao norte da cidade, seu nome teve origem na proximidade com a Igreja de San Giorgio. 

Considerada como um dos monumentos mais elegantes de Verona, sua estrutura consta de um belo arco triunfal. Antigamente sobre o rio existia uma grande ponte levadiça de madeira, que só era baixada quando chegava algum nobre.





Santuário Nossa Senhora de Lourdes

É nesse ponto que tem início o caminho que leva ao Santuário Nossa Senhora de Lourdes, que se destaca no alto da colina. Anteriormente o santuário situava-se na Piazza Cittadella bem no centro da cidade. Porém durante a Segunda Guerra Mundial o santuário foi totalmente destruído. A única peça que restou foi a bela imagem da santa.






Após a guerra foi iniciada a nova construção sobre uma fortaleza existente na colina. E assim, o lugar que antes era associado a memórias tristes tornou-se um templo de paz e oração. Consagrado em 1964, o novo santuário tem em seu interior preciosas pinturas e uma vista panorâmica deslumbrante.



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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.