15 outubro 2017

Verona 5: encantadora e apaixonante




Castelvecchio

Ao final do Corso Cavour encontra-se o Castelvecchio, um castelo que foi construído pela família Della Scala entre os anos de 1354 e 1356, para servir de residência da nobreza. Na verdade os Scaligeri tinha medo de ataques, por isso Cangrande della Scala II resolveu mudar para o castelo à margens do rio Ádige.

O fato é que depois de alguns anos sendo respeitado pelo povo, os Della Scala tinham se tornado tiranos para alimentar um exército mercenário. Os excessos de alguns membros da família e as imposições sobre o povo tinha aumentado os inimigos do reino.






Originalmente era chamado de Castello San Martino in Aquaro, por ter sido construído sobre uma antiga igreja dedicada a San Martino, que foi demolida para dar lugar ao castelo. Depois da construção de outros castelos, passou a ser chamado Castelvecchio ou Castelo Velho.






Esse foi o monumento militar mais importante de Verona. Depois que os Scaligeri foram depostos do poder, o castelo passou a ser utilizado como deposito de armas e depois como Academia Militar dela Sereníssima. 






Entre os anos de 1923 e 1926 foi restaurado e em 1928 se tornou sede do museu que expõe a coleção de arte medieval, renascentista e moderna.






Depois da Segunda Guerra Mundial o Castelvecchio se tornou a sede de um dos museus mais importantes da cidade. No pátio estão esculturas e fontes. 






Contendo três partes, ao entrar no castelo é possível subir e caminhar pelas estruturas da muralha, de onde se tem uma maravilhosa visão da cidade e do rio Adige. Muitos corredores internos do castelo levam até as fortalezas, onde no passado os soldados medievais faziam a ronda no castelo.






O interior do museu é um labirinto de salas, escadas, passarelas, corredores, jardins, muros e fortalezas, que foram reformadas entre 1960/1970. 
Em suas 30 salas estão guardadas coleções de obras de arte do período de 1300/1700, além de muitas esculturas, armas antigas, cerâmicas e antigas miniaturas de sinos. Nos corredores trabalhos apresentados cobrem um milênio de história.





Arco dei Gavi

Ao lado do Castelvecchio está o famoso Arco dei Gavi, uma construção feita do século 1 em homenagem a uma das famílias mais importantes na época de Verona Romana. 

Esse arco era o primeiro monumento visto por quem chegava em Verona pela antiga Via Postumia, hoje Corso Cavour. Derrubado em 1805 pelas tropas de Napoleão Bonaparte, o arco foi reconstruído em 1932. Da praça onde encontra-se o arco, tem-se uma bonita vista da Ponte Scaligero e do Rio Ádige.





 Ponte Scaligero

Ligando o castelo até a outra margem do rio, a Ponte Scaligero foi construída em 1356. Seu objetivo era servir de acesso para o lado campestre, mas também receber aliados que vinham do Valle dell’Adige ou servir como rota de fuga na iminência de invasão.

A parte inferior e os 3 arcos foram construídos de pedras brancas, enquanto que a parte superior é inteiramente de tijolos, formando um lindo desenho medieval. 
A ponte resistiu por 6 séculos, até que durante a Segunda Guerra Mundial, ao sairem do território italiano os nazistas destruiram todas as pontes do rio Ádige. Mas assim como todas as outras construções destruídas, a ponte foi reconstruída igual à ponte que existia antes.





Arsenale/Jardim Público

Passando pela Ponte Scaligero chega-se ao Giardini publici, uma área verde excelente para descansar. Nessa parte da cidade há muitas construções modernas e simpáticas pracinhas com bancos, onde pode-se descansar sob a sombra das árvores. Mas o que chama atenção são as estruturas defensivas antigas.






Durante os anos de dominação austríaca, a cidade recebeu muitas fortalezas e estradas militares que mudaram o layout urbano. 

Entre essas construções está o Arsenal Franz Joseph der Erste, construído entre 1840 e 1861 e que foi um dos maiores complexos militares da época. Desde 1995 o complexo é usado como centro de exposições.





Muralhas e fortalezas

Aliás, Verona está repleta de muralhas e fortalezas que foram construídas ao longo do tempo. Tal como aconteceu em Roma, no ano 420 Verona foi invadida e dominada por bárbaros. Por isso no século 5 o rei Teodorico estabeleceu na cidade o comando geral do seu exército e construiu o palácio real nas colinas.

Depois de quatro séculos de dominação veneziana a cidade foi invadida pelas tropas de Napoleão Bonaparte. Com o tratado de Campoformio, a partir de 1814 Verona passou a fazer parte do Império Austríaco, ficando sob o controle da família Habsburgo por 70 anos.






Durante a dominação austríaca, entre 1833/1866 a cidade foi dotada de um forte sistema defensivo. Nessa época foram construídas trincheiras, torres defensivas e 19 fortalezas.

Algumas construções ainda resistem heroicamente ao tempo, como o Bastione di San Francesco, Bastione di Spagna, Bastione delle Maddalene, Bastione delle Boccare e outras.

Algumas trincheiras e fortalezas são fáceis de encontrar, mas existem outras que, por estarem envoltas pela vegetação, podem demandar algum tempo para serem encontradas. 

A partir da Porta Nuova na entrada da cidade, a extensa área verde que acompanha um dos lados da avenida esconde as muralhas e as construções defensivas. A próxima saída é apenas ao lado da Porta Palio e bem mais adiante a Porta Zeno.





Porta Nuova

Localizada na entrada para o centro histórico, foi construída entre 1535/1540, época em que a cidade esteve sob o domínio austríaco. Situada no centro de uma praça, existe uma ponte sobre um fosso. 

Curiosa é a sua aparência, que tem a fachada externa revestida com pedras brancas e a parte voltada para a cidade com outro tipo de revestimento, assim como as torres vigia.




Porta Palio

Outra é a Porta Palio. Erguida em 1550 pelo arquiteto Michele Sanmicheli, que é o monumento mais conservado de sua época.





Porta San Zeno

Na época do governo Scaligere existia apenas uma saída de Verona. Porém quando os venezianos fizeram uma completa renovação das muralhas, também mandaram construir uma porta mais adequada: a Porta San Zeno. Tendo sido concluída em 1543, de todas entradas essa é a menor. No passado existia uma ponte levadiça de madeira sobre um fosso, que depois foi substituída pela ponte de alvenaria.





Igreja de San Bernardino

Nessa região encontra-se a Igreja de San Bernardino, que está junto de um claustro onde se pode ver diversos afrescos nas paredes. Assim como outras igrejas dos franciscanos, a fachada da igreja é bem simples. Em seu interior há várias capelas, nas quais estão os mausoléus de importantes famílias de Verona.





Basílica de San Zeno

É também onde está a Basílica de San Zeno, que é uma das mais belas igrejas romanas da Itália. Padroeiro da cidade, Zeno foi um dos primeiros bispos de Verona e quando ele morreu foi sepultado no cemitério ao lado da Via Claudia Augusta. Seu túmulo logo se tornou um local de culto e sobre ele foi construída a igreja.

San Zeno teve seu primeiro núcleo construído no século 6. Por ficar fora dos muros da cidade, tinha pouca proteção. Por isso foi construído um grande muro, que hoje mantém uma torre. Apesar das contínuas devastações causadas pelas invasões bárbaras, gradualmente ao longo dos séculos a igreja foi se tornando maior.






Após o terremoto de 1117, a igreja foi reconstruída em estilo românico. Em seu exterior tem destaque a fachada com a “Ruota dela fortuna”, a porta de bronze, o campanário e a Torre dell’Abbazzia, essa última construída no século 12. 

Entre as jóias históricas e artísticas, tem destaque a grande porta de bronze, que consiste em painéis de bronze mantidos juntos por uma moldura. Sendo uma das mais populares igrejas de Verona, nela há uma mistura do profano e do sagrado. 

As imagens que a decoram são simples, mas tem um poder de expressão bem compreendido pelo povo, isso porque no passado os veroneses pobres e analfabetos não conseguiam compreender os sacerdotes. Escrituras de afrescos simples cobrem as paredes da igreja, sendo chamadas apenas de  "Bíblia dos pobres".

Os painéis representam as cenas do Antigo e do Novo Testamento, juntamente com cenas da vida de San Zeno, incluindo um exorcismo, prática que o santo o tornou famoso em Verona. 

Existem também alguns painéis, cujo real significado permanece envolto em mistério. Na parte interna destacam-se os afrescos dos séculos 12/14 e a pia batismal é feita numa única pedra esculpida em relevo. Outra obra-prima é o grande retábulo, construído por Andrea Mantegna em 1465, pouco antes de se tornar pintor da corte dos Gonzaga.





Museo Auto Nicolis

Além de dezenas de atrações do centro histórico, há outras que costumam ser descobertas num despretencioso passeio pela cidade. Na parte mais moderna de Verona há uma ampla opção de restaurantes, lanchonetes, serviços e divertimento.  Em Villafranca encontra-se o Museo Nicolis, onde podem ser admirados centenas de carros antigos, bicicletas e motocicletas que contam a evolução dos meios de transporte.







Há também exposições de miniaturas de carros, instrumentos musicais, câmeras, máquinas de escrever e até aviões sobre o teto do prédio. O museu foi criado por Luciano Nicolis, um veronese apaixonado por mecânica e restauração de coisas antigas, dando-lhes um novo esplendor.





Museo delle Carrozze 

Outro museu interessante encontra-se instalado em um grande pavilhão de exposição da Feira de Verona. É o Museo delle Carrozze, que pode ser visitado por ocasião da Feira de Cavalos e da Feira Agrícola.

Contendo uma rara coleção, na exposição pode-se admirar dezenas de autênticas carroças e diligências utilizadas do passado. Além da exposição e negócios de animais, a programação da Fieracavalli inclui shows, concursos e desfiles das antigas diligências pela cidade. A próxima está prevista para o período de 26 a 29 de outubro 2017.




Estádio Marcantonio Bentegodi

Para quem curte futebol, nas imediações de San Zeno encontra-se o Estádio Marcantonio Bentegodi, que foi construído em 1990 por ocasião da Copa do Mundo realizada na Itália.

Dois clubes protagonizam o derby da cidade, também chamado de Derby della Scala ou Derby dell’Arena. O Hellas Verona é o time mais popular seguido pelo Chievo Verona. Embora tenham uma torcida pequena, seus torcedores não são menos apaixonados. O futebol é uma paixão nacional!...


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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.