11 julho 2019

Stava: uma cidade reerguida de uma tragédia





Stava è uma pequena localidade do Trentino Alto Adige, onde existem muitos prados e pastagens. Parte integrante de uma das áreas mais arborizadas da Europa, a cidade está situada num vale entre altas montanhas. 

Isso proporciona ao vilarejo um clima fresco e agradável, mas há fortes geadas e muita neve no inverno. A caminho das pistas de esqui, turistas lotam os hotéis da cidade.






Embora a cidade seja antiga, a maioria das construções são bem novas. Localizada abaixo do Monte Prestavel, no passado muitos turistas costumavam passar férias nesse lugar que, aparentemente era muito tranquilo. Porém, assim como ocorreu na cidade de Brumadinho/Brasil (click aqui), a história de Stava e do pequeno vale foi severamente marcada por uma enorme tragédia em 1985. 





Entrada da Mineradora

Desde o século 16 havia uma mineradora instalada num ponto mais alto, que através dos anos foi explorada e controlada por diversas empresas. A bacia de rejeitos da mineração, que inicialmente era limitada a 9 metros, excedeu os 25 metros. Em 1969 foi construída uma segunda bacia de rejeitos a montante. Ao todo, as bacias inferiores e superiores atingiram cerca de 50 metros de aterro. 



Barragem antes da tragédia

Em mais de 20 anos, os aterros nunca foram submetidos a controle por parte das empresas e nem pelos serviços públicos, que tinham a obrigação de garantir a segurança da mineradora. Negligenciando uma série de investigações indispensáveis, a mineradora recebeu a certificação de estabilidade.






Em seu primeiro relatório, o técnico encarregado disse:  "estranho que não tenha caído'... Pouco tempo depois, sua suspeita se concretizou. Às 12h22 horas do dia 19 julho de 1985 a bacia superior desmoronou sobre a bacia inferior, causando o deslizamento de 180.000 m³ de água e lama pelo vale. 





Tragédia em 19 de julho de 1985

A lama desceu a jusante a uma velocidade de 90 km por hora varrendo 53 moradias, 3 hotéis, 6 vertentes, 8 pontes, centenas de árvores e causando a morte de 268 pessoas, sendo 209 adultos, 31 jovens e 28 crianças.




Tragédia em 19 de julho de 1985

O colapso da barragem de rejeitos da mineração é considerado como uma das maiores tragédias que atingiram o Trentino-Alto Adige na era moderna. Poucas pessoas sobreviveram e restaram apenas as casas localizadas nas partes mais altas. 

Mais de 18.000 homens participaram do trabalho de resgate, incluindo 8.000 bombeiros voluntários de Trentino e 4.000 soldados do 4º corpo de exército alpino. 




Tragédia em 19 de julho de 1985

Os primeiros a chegarem no local foram os bombeiros voluntários de Tesero e do Valle di Fiemme. A maioria das vítimas foi recuperada nas primeiras horas, mas a busca durou três semanas. 

Muitas das vítimas eram turistas, que se encontravam em férias nos hotéis que foram destruídos. Famílias inteiras morreram soterradas pela lama e o número exato de mortos só foi confirmado após 1 ano da tragédia. 





Na entrada da cidade a pequena igreja dedicada a Madonna Addolorata, chamada de Chiesetta della Palanca, foi resgatada da tragédia e ainda testifica como era o vale antes do desastre. 

Por não terem sido encontradas todas as vítimas, foi feita uma suposta declaração de morte para 71 pessoas, para as quais foi construído um único monumento.






Em memória das vítimas foi criada a Fundação Stava, onde estão concentradas documentações e fotografias da tragédia. Todos os anos, em 19 de julho a cidade faz uma homenagem aos mortos no trágico evento. 

A Fondazione Stava tem por objetivo não deixar que a triste pagina da história nacional seja esquecida, servindo como alerta para que uma nova tragédia nunca aconteça...






A Comissão Ministerial de inquérito concluiu que o sistema de decantação foi projetado sem oferecer margens de segurança para as comunidades. 

O processo penal terminou 7 anos depois. Em junho de 1992 foram condenados 10 réus a 38 anos de reclusão, pelo crime de homicídio culposo, que levou centenas de pessoas à morte, norteados pela negligência, imprudência e imperícia.









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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.