22 fevereiro 2022

Ferrara, joia do renascimento 4 - Castelo Estense

 

Nicolò D'Este II 

Senhor de Ferrara em 1361/1388

Nicolò D'Este II sucedeu seu irmão Aldobrandino D'Este III e assumiu o poder em 1361, quando estava no vigor de seus 23 anos. Conhecido como aleijado devido a uma enfermidade nos pés, ele tentou consolidar sua posição no Vale do Pó arranjando casamentos para os irmãos, irmãs e sobrinhos com os membros das nobres famílias Gonzaga, Polenta e Malatesta.

Embora tenha expandido seu reino até o Veneto, Nicolò II teve que enfrentar infortúnios graves em sua própria cidade, como inundações, secas e pragas. Nessa época ele transformou Ferrara de um lugar pantanoso e insalubre em uma cidade limpa, com ruas pavimentadas, fortalezas e torres. 



Castelo Estense

Para melhorar a estrutura da cidade ele aumentou a tributação, mas o povo se revoltou e invadiu a Chancelaria matando o Chefe Fiscal de Ferrara. Foi devido a esse episódio, que ele quis melhorar a defesa do reino contra o povo faminto e sofrido de Ferrara. 

Assim Nicolò II mandou construir o castelo em 1385. Era dia de San Michelle, por isso o castelo foi dedicado ao arcanjo sendo chamado como Castello di San Michelle, mas ficou popularmente conhecido como Castelo Estense. 



Com suas imponentes proporções, seu fosso, suas pontes levadiças, torres e uma passagem elevada que ainda existe, hoje as imponentes torres se destacam nos quatro cantos do Castelo, símbolos da imponência da Família Este. 

Cada torre foi batizada com um nome: Torre de Santa Caterina, Torre Marchesana, Torre de San Paolo e a esplêndida Torre dei Leoni, de onde se tem um panorama de Ferrara. Séculos se passaram e não tendo mais o risco de motins, o castelo tornou-se a magnífica residência do tribunal.



O Castello Estense é o retrato da história da cidade. Poucos castelos europeus tem uma história tão conturbada quanto o Estense. Além de poder apreciar sua imponência e a beleza dos seus salões e quartos aristocráticos, ao entrar no castelo você pode sentir os episódios que ali aconteceram.

Tudo o que se vê hoje no castelo resultou das diversas restaurações feitas pelos descendentes da família Este, no entanto muitas peças são originais. No pátio interno do castelo pode-se viajar na imaginação sobre os episódios ocorridos na corte.



A poucos metros da entrada sul do Castelo Estense há uma enorme cópia em tamanho natural de um antigo canhão chamado “Regina”, que foi feito em 1556 para o Duque de Ferrara Ercole II. A atual cópia foi feita em 1985 por ocasião do VI centenário do Castelo Estense, tendo seguido as mesmas técnicas de construção da época e tendo como base numa gravura. 

O percurso de visitas no castelo é dividido em seus dois andares. O térreo é de origem medieval, com a cozinha e as prisões. O primeiro andar é a área residencial, onde se destacam os tetos afrescados. Para não ficar com torcicolo, aproveite os espelhos inclinados que refletem o teto.



Alberto D'Este V 

Senhor de Ferrara entre 1388/1393

Nicolò II morreu aos 50 anos deixando dois herdeiros: Alberto V e Nicolò III, mas foi Alberto V que sucedeu seu pai em 1388. Com a maturidade de seus 39 anos, numa tentativa de reconquistar a confiança do Papa ele foi até Roma. 

Contente com a visita, o Papa Bonifácio IX permitiu-lhe todos os privilégios solicitados. As dívidas da família foram canceladas e o Papa autorizou a construção de uma universidade, que teria os mesmos direitos de Bologna e Paris. 



Università degli studi de Ferrara

Nascia assim a Università degli studi de Ferrara, que recebeu alunos famosos. Dessa forma Alberto V começou a sonhar com uma cidade que pudesse impressionar e deslumbrar com seu esplendor. Em 1391, um século antes do descobrimento da América, Ferrara já tinha a sua universidade com cursos de arte, teologia e jurisprudência. 

Em seu campus estudaram Copernico, Paracelso, Savonarola, Ludovico Ariosto e ainda hoje grandes personalidades se formam em Ferrara. Único campus do mundo protegido por nove quilômetros de muralhas, cerca de 80% são estudantes provenientes de outras regiões ou do exterior, que são atraídos para Ferrara devido ao alto nível de especialização. 

Quando ocorreu o incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro em 2018, a Universidade de Ferrara expressou solidariedade e se disponibilizou a ajudar na reconstrução do acervo do museu brasileiro. Além dos diversos campus espalhados pela cidade, a universidade mantém diversos museus. 



 Palazzo Bevilacqua-Costabili

Situado na Via Garibaldi, esse é um esplêndido palácio construído em 1430, que foi encomendado pela família Bevilacqua-Aldobrandini, por ocasião do casamento de Cristin Bevilacqua e Lucia Ariosti. 

Em 1602 o palácio foi habitado pelo Cardeal Bonifacio Bevilacqua e em 1710 por Ercole Bevilacqua, um juiz de Ferrara, que deixou seu nome gravado no palácio. Em 1830, o Marquês Giovan Battista Costabili comprou e restaurou o palácio, acrescentando seu nome ao palácio.   

Ao adquirir o palácio em 1916, Francesco Mazza utilizou o imóvel em diversas atividades. Após uma longa restauração o palácio reabriu, sendo agora a sede da Faculdade de Economia da Università degli Studi di Ferrara. Em algumas salas ainda se encontram afrescos nos tetos e paredes.



Palazzo Bentivoglio

Assim como o Palazzo Bevilacqua-Costabili, esse palácio situado a poucas quadras do Castelo Estense é uma elegante residência. Foi encomenda pelo Duque Borso d'Este em 1449, para ser oferecida como presente a seu apoiador, Pellegrino Pasino. Pouco tempo depois, Pasino vendeu o palácio para a família Roverelli, que o revendeu para o Marquês Cornelio Bentivoglio, do qual o palácio herdou o nome. 

Grande parte da decoração que vemos hoje deve-se ao projeto de decoração feito por Bentivoglio, que mandou inserir na fachada símbolos de troféus militares em mármore. Até o século 19 o palácio permaneceu em propriedade da família Bentivoglio, até se tornar um prédio de escritórios particulares.



Palazzo del Schifanoia  / Museu de Arte Antiga. 

Construído entre 1385-1391 por ordem de Alberto V, esse era um local de refeições ao ar livre e lazer onde os nobres iam se divertir. O nome do Palazzo del Schifanoia quer dizer: "o palácio que espanta o tédio". 




Ampliado posteriormente ampliado por Borso D'Este, o palácio se transformou numa suntuosa residência. O grande portal na entrada esculpido em mármore tem acima da porta o brasão da família Este. Há também um e um unicórnio, uma das chancelas usadas por Borso D'Este. 




Localizado na Via Scandiana, no local funciona o Museu de Arte Antiga, onde estão expostas centenas de peças e pinturas. Cada sala recebe um nome diferente, como Sala dos Meses, Sala das virtudes etc. Em cada uma de suas dez salas há um estuque diferente nas paredes e teto. 

Após o terremoto em 2012 o palácio passou por uma restauração e ampliação e apenas recentemente retomou as visitas. Hoje o museu se mostra mais moderno e mais envolvente. Agora são 21 salas e 1400 metros quadrados de percurso expositivo, além de várias integrações multimidias, que permitem conhecer a história e acompanhar virtualmente a reconstrução do palácio em várias fases.



Lapidário Cívico / ex-Igreja Santa Libera

Antigas igrejas de Ferrara foram transformadas em museus e locais de eventos. Esse é o caso da ex-Igreja de Santa Libera, atualmente sede do Lapidarium. Construída no século XV na esquina entre a Via Scandiana e a Via Camposabbionario, o imóvel encontra-se em frente ao Palazzo Schifanoia. O museu preserva uma interessante coleção de mármores romanos da região de Ferrara. A maioria deles pertenceram a urnas funerárias no século I.

continua em Ferrara 5...


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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.