24 outubro 2019

Napoli 11 Museu Arqueológico




Museu Arqueológico de Napoli

Nas imediações da Piazza Cavour encontram-se muitos museus interessantes, sendo o maior deles o Museu Arqueológico, que é considerado um dos museus mais importantes da arqueologia clássica no mundo. 

O enorme prédio foi construído a partir de 1585 e inaugurado em 1615 para ser a sede da Università degli Studi di Napoli, época em que estavam sendo estendidas as antigas muralhas de Nápoles. 






Chamado a princípio de Palazzo della Cavallerizza, em 1777 o palácio foi transformado em museu com a primeira seção Egípcia, passando a ser chamado Real Museo Borbonico e formando uma das mais importantes coleções de artefatos arqueológicos, esculturas e mosaicos de toda a Europa.






Em um salão estão múmias, sarcófagos, canoas, espelhos e vasos, as mais ricas coleções de antiguidades de todo o sul da Itália. Essa é a segunda maior coleção egípcia depois do Museu Egípcio de Turim, porém, cronologicamente, é o mais antigo.

A coleção egípcia tem origem curiosa: a maioria das peças  não trazida do Egito, pois foi encontrada em escavações realizadas em Nápoles, Pompeia e outras cidades da Campânia. A bela estátua da deusa egípcia Ísis, adorada também pelos romanos, é uma dessas peças.






Representada em pinturas com grandes asas, a deusa Ísis simboliza a magia, o poder do amor, a proteção e da vida. O templo de Ísis foi o primeiro templo egípcio encontrado intacto e adornado com pinturas, esculturas e mosaicos em Pompeia.

Um de seus símbolos é o laço, que faz a ligação e une. Segundo estudiosos, o culto à deusa-mãe foi o único que sobreviveu desde a antiguidade. Com o advento do cristianismo, o culto a Isis se converteu na devoção à Virgem Maria.






Outra coleção interessante é a série de estátuas em bronze encontradas na Vila dos Papiros em Ercolano. Na coleção epigráfica há textos em diferentes línguas inscritos sobre mais variados materiais, como ouro, pedra e cerâmica. 

Alguns deles são bem curiosos, como o que denuncia a invasão feita por agricultores nos terrenos dos templos. Ao longo dos séculos muitas alterações foram feitas no prédio com o propósito de abrigar a imensa coleção, estando hoje organizado em quatro andares.






Em meados do século 18 o rei Carlos de Bourbon disponibilizou ao público a sua coleção de antiguidades, a Coleção Farnese que consistia de diversas estátuas da antiguidade romana e grega.






Considerada como embrião do museu, uma das mais importantes peças dessa coleção é o Touro Farnese, descoberto nas escavações das termas em Roma. Espetacular é a enorme escultura Hércules Farnese, assim como outras que possuem finos detalhes.






Os bustos de personagens históricos, como Homero, Sócrates, Sêneca, são extremamente realistas. A coleção compreende ainda magníficos camafeus de pedras preciosas e semipreciosas. As salas romanas surpreendem com suas magníficas esculturas, a maioria em mármore, muitas em tamanho natural.









A sala grega reúne principalmente cópias do período clássico da Magna Grécia, com seus deuses, heróis, semideuses e atletas vitoriosos nas Olimpíadas. Algumas são gigantescas. As obras de inspiração grega representam divindades e aparecem seminuas.







A estátua da deusa grega Ártemis, em tamanho natural, surpreende pelos seus inúmeros seios. As figuras de animais, decorando a túnica que a cobre inteiramente e só deixam à vista a cabeça, as mãos e os pés, revelando-a de cor negra. Para as mulheres gregas, Ártemis era considerada a padroeira dos partos felizes. A ela recorriam as grávidas e também as que padeciam de esterilidade.






As salas dos mosaicos de Pompeia e Herculano são estonteantes. As obras que ornamentavam as paredes e até os pisos das mais finas residências dos patrícios romanos de Pompeia não têm só interesse histórico, mas também inegável valor artístico. 

Nos quartos do primeiro andar uma experiência única aguarda o visitante, que pode "caminhar através da história", andando, com as devidas precauções, sobre os magníficos pisos de mosaico vindos da Villa dei Papyri di Herculaneum, a partir de edifícios em Pompéia, Stabiae. Para isso é preciso usar calçados especiais.






Formadas por minúsculas pedrinhas, algumas das figuras dos painéis exibem até mesmo efeitos de luz e as expressões das pessoas. Outra incrível coleção é a de pinturas murais encontradas nas casas soterradas pelo Vesúvio. O próprio rei era um colecionador de tesouros arqueológicos finos, especialmente das cidades enterradas nas proximidades de Pompéia e Herculaneum.






A pequena maquete de Pompeia permite conhecer a cidade antes do desastre. Grande admirador da arqueologia, o rei promoveu as escavações das duas cidades que foram cobertas pela erupção do Vesúvio no ano em 79. 

A partir do século 18 o museu recebeu um grande volume de esculturas de mármore e bronze, inscrições, mosaicos, cerâmica, joias e tudo que hoje podemos admirar. 

Segundo documentos, a Imperatriz do Brasil Teresa Cristina de Bourbon, esposa de D. Pedro II, se tornou claudicante devido a um acidente nas áreas arqueológicas de Napoli.






Durante as escavações em Pompeia foram encontrados afrescos, papiros, vasos, joias, mas também algumas esculturas obscenas, que tinham como tema cenas de sexo, esculturas e amuletos em formato fálico. 

Entre sátiros, pinturas eróticas e mobiliário urbano você descobre uma civilização mundana dedicada à luxúria. Pornografia e obscenidade da maneira como entendemos hoje eram conceitos que não faziam parte dessa civilização. Aliás. a figura fálica podia ser usada como amuleto de proteção contra mau olhado e azar.






Porém as primeiras peças encontradas em 1752 trouxe algum constrangimento, fazendo com que o rei Carlo VII de Bourbon mandasse trancar as esculturas no palácio real. 

A cada dia a coleção foi aumentando, por isso foi transferida para o Museu Arqueológico, mas longe da vista do público. Isso deu origem ao "Gabinetto Segreto", que tinha acesso restrito. 

Já em 1819, durante uma visita ao museu, o rei Fernando I de Nápoles ficou escandalizado com o que viu. Com isso decretou que, somente pessoas maduras e com a moral reconhecida poderiam visitar a coleção, ou seja, essencialmente os homens. Atualmente a coleção pode ser visitada, sendo vedada apenas a entrada de menores de 14 anos.





Galleria Principe di Napoli 

Ao lado do museu está a Galleria Principe di Napoli, um shopping center que tem algumas lojas, cafés e um teto de vidro. Inaugurada em 1883 e remodelada em 2009, contam que no passado nessa área havia um armazém de grãos, por isso a rua era chamada Salita delle fosse del Grano. Após a unificação da Itália a rua passou a ser chamada Via Museo Nazionale, que hoje é a atual Via Pessina. 





Chiesa di San Potito 

Em frente à  Galleria Principe di Napoli está a antiga Igreja de San Potito, que é um extraordinário exemplo do barroco napolitano. Reaberta depois de um longo período de abandono, atualmente é utilizada para projetos culturais. 

Apesar da degradação através dos tempos, ainda pode-se admirar algumas obras de arte datadas de 1663/1665. Fundada em 1615 sobre a Collina della Costigliola, no passado fazia parte de um Complexo monástico, que hoje é usado pela administração pública. 

Apesar de ser pouco conhecido, San Potito foi um mártir a quem atribuem muitos milagres. Documentos antigos atestam que o santo livrou do diabo a filha do Imperador Antonino Pio. No entanto, devido ao ódio pelo cristianisno, o próprio imperador ordenou no ano 160 a tortura e a decapitação do santo.




Palazzo dei Principi Albertini di Cimitile 

Ao lado do museu encontra-se uma longa avenida margeada por belíssimos palácios. Um deles é o monumental Palazzo dei Principi Albertini di Cimitile, que foi construído a partir de 1774. É também conhecido como Palazzo Calabria, por ter sido a residência da família Calábria. 

Situado junto à Igreja de Santa Teresa dei Scalzi, no portal acima do nível da rua ainda carrega a efípia nobre da Calábria. A poucas décadas o palácio foi convertido em um prédio de apartamentos, mas preserva ainda numerosos afrescos.





Igreja de Santa Teresa dei Scalzi

Na avenida encontra-se ainda a Igreja de Santa Teresa dei Scalzi ou Santa Teresa al Museo. Quase sempre está fechada, por isso só pode ser admirada pelo lado de fora. 

Construída no século 17 como doação para a Congregação das Carmelitas descalças, uma das esculturas da fachada é de Santa Teresa D'Avila. Além desta, há pelo menos mais uma dezena de igrejas espalhadas pelas imediações.








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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.