01 novembro 2019

Napoli 14 Decumani di Napoli





Caminhar por Napoli significa fazer uma viagem pela história e se sentir parte de um tempo em que grandes nobres, reis e grandes governantes transitaram por essas ruas. Esse é o caso do centro histórico da cidade, pleno de muitas recordações reunidas durante 25 séculos.





Porta Capuana

Houve um tempo em que Napoli era cercada por altas muralhas, tendo diversas portas de acesso à cidade. Uma delas era a Porta Capuana, entrada oficial da cidade e por onde eram recebidos reis e visitantes nobres. 

Construída em 1484 com um elegante arco de mármore branco com decorações, relevos e ladeado por duas poderosas torres aragonesas, seu nome deriva do fato de estar na direção da cidade de Cápua. Recentemente reformada, ainda é possível admirar a seu lado parte das muralhas que cercavam a cidade.





Igreja de Santa Caterina a Formiello

Ao lado da Porta Capuana está a Igreja de Santa Caterina a Formiello, uma das mais lindas igrejas de Napoli.






O termo Formiello tem origem nas bicas de água encontradas no convento. Construída em 1510, em seu interior há uma bela decoração com lindos afrescos e os mausoléus da família Spinelli de Cariati.





Castelo Capuano

À frente da Porta Capuana encontra-se o Castelo Capuano, que é o segundo castelo mais antigo da cidade. Localizado no princípio da Via dos Tribunais, atualmente é a casa da seção civil do tribunal de Napoli. 

O castelo foi construído em 1160 por ordem do rei da Sicília William I, filho de Roger - o Norman. Devido à sua fortificação, foi destinado como residência real dos governantes de Napoli.






Acima do portal de entrada a grande águia representa a Casa Real Espanhola e o brasão de armas da Casa de Savoia, que foi adicionado após a sucessão dos Bourbons.






Na parte posterior encontra-se a Fontana del Formiello, um poço de água construído em 1490 e restaurado em 1583 com os brasões reais. O portal de entrada leva a um grande pórtico de um pátio interno, de onde se tem a visão das janelas de tantas salas do prédio.






O salão da biblioteca foi no passado a Sala do Grande Tribual Penal, onde foram julgados os revolucionários que participaram da revolta contra Fernando II em 1848. Em 1896 foi inaugurada a biblioteca com 80.000 volumes, onde constam livros muito raros que datam dos séculos XVI e XVII.






O Salão dos bustos é um dos seus ambientes, tendo esse nome devido aos bustos de mármore de famosos advogados. Os afrescos contendo figuras femininas representam as províncias do reino. O afresco do teto celebra a força e o triunfo da Justiça.






Originalmente, a Câmara Real do Resumo era uma sala usada pelo Tribunal de Contas e o fisco. O termo "resumo" faziam referência aos auditores do tribunal. Em 1548 o Padre Pedro de Toledo, decidiu construir a Capela da Sommaria para uso principalmente de magistrados. Entre as muitas obras destacam Cenas do Novo Testamento. 





Decumani

O Castelo Capuano é o ponto inicial de onde partem as Decumani, que são as principais ruas do centro histórico. Lineares e paralelas entre si, as decumani cortam a cidade de leste a oeste. Esse traçado foi estabelecido no período greco-romano e ainda preserva sua forma original, projetada pelos gregos há mais de 25 séculos passados. 

As vias transversais, chamadas Cumani, seguem de norte a sul. O traçado também é cortado perpendicularmente por um número de aproximadamente 20 becos, chamados Cardini. Todo esse traçado constitui o coração de Nápoles, onde estão importantes monumentos, igrejas e sítios arqueológicos.

O Decumano Central corresponde hoje à Via Tribunale, que inicia na Porta do Castelo Capuano e segue até a Porta Alba, onde estavam as primeiras muralhas gregas de Nápoles.

O Decumano superior corresponde hoje à Via SS. Apostoli, Via dell'Anticaglia e segue como Via della Sapienza até as imediações da Piazza Dante.

O Decumano inferior corresponde à Via Forcella, Via Benedetto Croce, segue como Via San Biagio dei Librari e finaliza como Via Pasquale Scura no Quartieri Spagnoli, esse é o traçado chamado Spaccanapoli. 





Spaccanapoli

Essa é a principal rua da cidade; reta, estreita e muito longa, que atravessa o centro histórico de Napoli. O nome é um uso popular e significa, literalmente, "divisor de Napoli. 
De fato, olhando de um ponto mais alto, parece dividir a cidade.  Não adianta procurar Spaccanapoli no mapa da cidade, pois oficialmente essa rua não existe.

Correspondendo ao Decumano inferior, a princípio é chamada Via Forcella, depois muda para Via Benedetto Croce, continua como Via San Biagio dei Librai e finaliza nos confins do antigo centro da cidade. Em seu percurso encontram-se importantes monumentos e igrejas, mas também imponentes palácios.

Repleta de pessoas, tanto durante o dia quanto à noite, algumas partes dessa rua é reservada apenas para pedestres. Considerado o coração da cidade, Spaccanapoli é onde se pode experimentar o verdadeiro sabor de Napoli, tal como a tradicional pizza portafoglio ou pizza dobrada. Essa via cruza com a atual Via Mezzocannone, onde nos tempos antigos estiveram as muralhas gregas e a grande porta de entrada na cidade chamada Puteolana.





Decumano superiore

O decumano superior é assim chamado por ser maior que os outros dois, porém é o menos conhecido. Situado hoje distante dos pontos comerciais ou turísticos, a rota se estende desde a Via SS. Apostoli, Via dell'Anticaglia e segue como Via della Sapienza até as imediações da Porta Alba, em uma sucessão de vestígios da era romana. 

Nos tempos antigos ali viviam literários e aristocratas, que preferiam estar perto dos banhos existentes nas imediações. Marcada por diversos palácios da era renascentista e muitas construções religiosas, nessa via encontra-se o antigo teatro romano de Neapolis. 

Local muito frequentado nos tempos greco romanos, infelizmente o aspecto linear original do Decumano Superior foi perdido devido às inúmeras restaurações e modificações ocorridas ao longo dos séculos.





Napoli subterrânea 

Além do que os nossos olhos podem ver na superfície, há um mundo bem abaixo de nossos pés; a Napoli subterrânea que guarda uma rica história e permite a redescoberta de um patrimônio único.  A rede de túneis tem início no porão da Basílica San Lorenzo Maggiore, cuja entrada se dá através da Piazza San Gaetano.






Nesse espaço, um passeio a muitos metros de profundidade leva a um percurso entre os túneis e cisternas, onde gregos viveram há mais de 2400 anos. Ali estão os restos do Macellum, o antigo mercado romano e as tabernas onde alimentos e ofícios eram vendidos. Os primeiros artefatos das escavações subterrâneas datam de cerca de 5000 anos, quase no fim da era pre-histórica.






Ao longo dos séculos, o subsolo de Napolis tem sido o guardião dos restos de um aqueduto grego-romano, que foi usado até que uma violenta epidemia de cólera atacou a cidade em 1885. 

Também encontra-se no subsolo o Hypogeum Orti, a estação Sismic "Arianna" e os restos de um antigo Fórum Romano, que corresponde à Ágora grega, centro civil, político e religioso da antiga cidade.






Os túneis ficaram abandonados até a eclosão da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Os constantes bombardeios trouxeram a vida de volta ao subsolo, cujas galerias foram usadas como abrigos antiaéreos. Embora os segredos do subsolo napolitano ainda estejam longe de ser totalmente esclarecido, existem hoje rotas de visita exclusivas.





Teatro Romano de Neapolis 

Conhecido como o Teatro dell’Anticaglia Romano, o Teatro Romano foi construído no lugar de uma antiga construção grega do século 4 a.C., sendo considerado uma das glórias de Napoli. Localizado a poucos metros da Piazza San Gaetano,  nesse local o Imperador Claudius encenou peças teatrais em homenagem ao irmão Germanicus por suas vitórias.

Conta-se que, em uma apresentação lírica no teatro chamada Ode de Nero, no exato momento do espetáculo ocorreu um violento terremoto. O imperador Nero entendeu o fato como um aplauso dos deuses, obrigando os presentes a permanecerem no teatro até o final da apresentação.

A técnica usada na construção utilizando blocos de pedras octagonais absorveu os abalos dos terremotos e o preservou. Reformado no período flaviano do século I, o teatro foi abandonado após a queda do Império Romano.





Galeria Bourbonica

Além dos túneis criados pelos gregos e romanos, há também uma grande galeria subterrânea, que se estende desde o subsolo da Piazza del Plebiscito até a Piazza della Vitória. Essa obra foi realizada a partir de 1853 a pedido do rei Ferdinando II de Bourbon, cujo objetivo era criar uma rota de fuga rápida caso a família real enfrentasse alguma ameaça.

Enquanto o túnel estava sendo construído, escavações alcançaram uma rede de túneis e cisternas ligadas ao antigo aqueduto construído em 1627, que levava água para a área de Pizzofalcone, mas também algumas pedreiras. Em alguns lugares as rochas sólidas e impenetráveis exigiram modificação do projeto.






Após várias interrupções, o túnel foi completado e inaugurado em 1855. O soberano ficou tão impressionado com a habilidade do arquiteto, que pretendia fazer outras obras similares. 

Porém devido ao seu falecimento em 1859 e outros acontecimentos enfrentados por seu sucessor, as escavações jamais foram retomadas. A rota permaneceu abandonada, até que durante a Segunda Guerra Mundial em 1943 passaram a servir de abrigo antiaéreo.






Após a guerra e até a década de 1970 os túneis foram usados como depósito de materiais da administração pública. Nos túneis podem ser vistas as carcaças de carros antigos, motocicletas, ferramentas de cozinha e restos de sistemas elétricos. Há também uma pequena cisterna escavada na Idade Média, que pode ser alcançada através de um estreito túnel de 30 metros.





Museo del Sottosuolo

Outro lugar altamente evocativo, onde anos e anos de história se condensam é o Museu del Sottosuolo, uma cavidade de 25 metros abaixo do solo na Piazza Cavour. 

Escavadas pelos gregos há mais de 2000 anos, tornou-se um refúgio para napolitanos, enquanto as bombas explodiam na superfície. Graças aos gregos e romanos milhares de vidas foram salvas. Quase 50 anos depois, Clemente Esposito presidente do Centro Espeleológico do Sul, decidiu condensar tudo num único ambiente. 

Assim o museu está distribuído por cerca de 3000 metros quadrados através de vários ambientes, havendo três salas principais. Durante todos os fins de semana você pode assistir as visitas guiadas do Munaciello, aquele que conhece os segredos deste lugar melhor do que ninguém.





Jardim di Babuk

Também nas imediações da Piazza Cavour encontra-se um antigo palácio, que foi construído em 1500 pela família Caracciolo del Sole. Aparentemente esse palácio não tem nada de especial, a não ser o seu jardim onde existe um misterioso túnel. Na época da guerra esse túnel foi usado como abrigo anti-aéreo.

Muito tempo depois foram encontradas várias referências esotéricas, cruzes bizantinas e grafites. Usado atualmente como um centro de eventos culturais, o jardim é um local de encontro para todos os gatos na área. 

Aliás, o atual administrador teve em sua infância um gato chamado "Babuk", por isso essa área verde é chamada "Jardim de Babuk". Entre árvores, girassóis e limões passeiam tartarugas, pombas e papagaios, que se beneficiam dessa vegetação.





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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.