15 novembro 2019

Napoli 19 Caminho da universidade





Corso Umberto I

Uma das avenidas mais longas e mais movimentadas de Napoli é certamente o Corso Umberto I. Margeada por imponentes palácios e requintadas lojas, essa avenida faz a ligação entre a Piazza Bovio e a Piazza Garibaldi, um caminho muito usado por quem segue em direção à Stazione Centrale. 





Monumento Vittorio Emmanuele II 

Na movimentada Piazza Bovio está o belo monumento equestre dedicado ao rei Vittorio Emmanuele II, juntamente com a figura lendária de Partenope e uma águia prestes a levantar vôo. Devido ao monumental Palazzo della Borsa que se encontra na praça, é conhecida popularmente como Piazza della Borsa. 





Università degli Studi di Napoli Federico II

A construção mais importante dessa avenida é a Università degli Studi di Napoli Federico II. Fundada em 1224 pelo imperador do Sacro Império Romano Federico II, é a mais antiga universidade pública do mundo e uma das melhores universidades da Itália e do mundo. 

Hoje organizada em dezenas de faculdades, ao criar a universidade Federico II tinha o objetivo específico de formar profissionais administrativos e qualificados para os ministérios do reino, mas também formar advogados e juízes para ajudar ao  soberano a elaborar leis e administrar a justiça.

A história secular da Universidade de Nápoles teve muitos momentos sombrios e contratempos, mas também impulsos inovadores que atraíram a atenção da universidade europeia e do mundo acadêmico para seus professores. Alunos ilustres, como São Thomás de Aquino e o frade dominicano Giordano Bruno, se formaram nessa universidade. 





San Pietro Martire 

Ao longo do Corso Umberto I e em suas imediações encontram-se dezenas de igrejas e monastérios, que se destacam devido ao seu valor histórico e algumas curiosidades. Uma delas é a Igreja de San Pietro Martire, que se encontra em frente à universidade. 

Erguida em 1294 e posteriormente expandida, seu interior é simples mas contém alguns afrescos e obras de arte. Nela estão os mausoléus de membros da corte do rei Ladislau de Nápoles. Seu maior destaque é a cúpula trabalhada em maiolica. O monumento dedicado ao político Ruggero Bonghi, marca a entrada da igreja.




Igreja Gesu Vecchio

Junto à universidade encontra-se a Igreja del Gesu Vecchio, que teve sua construção iniciada em 1554 e foi consagrada em 1632. Seu interior é maravilhoso, onde encontram-se numerosas obras de arte preservadas. Além das pinturas, há também lindas esculturas, como a obra que retrata Isaías e Jeremias. 

Essa igreja recebeu a denominação de Gesu Vecchio apenas para diferenciar da outra igreja da mesma ordem, chamada Gesu Nuovo. Ambas são do século 16. Devido a resoluções políticas, os jesuítas foram expulsos de Nápoles em 1767, tendo retornado a Napoli somente em 1804. 





Basílica di San Giovanni Maggiore

Ao lado da universidade está a Basílica di San Giovanni Maggiore, que esteve fechada por décadas para restauração. É uma das igrejas mais antigas da cidade, tendo sido erguida por volta do ano 324 sobre um templo pagão pré-existente. Ao lado da capela há uma bela torre sineira do século 15, que preserva seu estilo gótico.





Cappella di San Giovanni dei Pappacoda 

Junto à basílica está a Cappella di San Giovanni dei Pappacoda, uma joia histórica de 1415 que foi erguida pela família de Artusio Pappacoda. Attualmente a igreja encontra-se sob concessão de uso para a Università degli studi di Napoli "L'Orientale", que a utiliza como sede de laurea. 





Fontana Spina Corona 

Numa das ruas que desembocam no Corso Umberto I está uma fonte que atrai atenção. Por estar ligada às paredes da igreja de Santa Caterina de Spina Corona, foi nomeada como Fontana Spina Corona.  

Popularmente foi rebatizada de Fontana delle Zizze, por espirrar água através dos seios, que jorra sobre a escultura das chamas ardentes do Vesúvio. Em 1354 essa igreja era conhecida como Trinettari, porque nesse lugar artesãos e comerciantes faziam comércio de seda e rendas. 





Igreja dell’Arte della Seta 
dei Santi Filippo e Giacomo

Aliás, nessa região encontra-se a Igreja dell’Arte della Seta dei Santi Filippo e Giacomo, que faz parte dos áureos tempos em que Napoli se destacava na arte de produzir seda, uma fama que permaneceu até o final do século 19, quando a revolução industrial levou a primazia longe da cidade napolitana. 






Suas origens podem ser rastreadas até 1641, quando os tecelões da seda expandiram o conservatório existente. O complexo foi concluído em 1593 e, além da igreja, funcionou como um tribunal civil e criminal para aqueles que trabalhavam com seda. Porém o aspecto barroco atual deve-se à renovação feita em 1758.   






Juntando as construções adjacentes, passou a ser chamada Igreja dei Santi Filippo e Giacomo, protetores daqueles que trabalham com a seda e da cura para as doenças de pele. Hoje a igreja, a cripta e os restos arqueológicos recentemente descobertos podem ser visitados. 

O acesso à cripta é feito a partir de um alçapão dentro de uma das capelas. Nesse lugar fascinante e misterioso encontra-se um cemitério real e antigos vestígios arqueológicos do antigo eixo da estrada de Napoli de 1300-1400.





Igreja dei Santi Marcelino e Festo

Por ali encontra-se também a Igreja e o Mosteiro dei Santi Marcelino e Festo, que possui uma extraordinária decoração interna. O claustro possui um belo jardim com fontes, mas o detalhe que chama atenção é a cúpula trabalhada em maiolica. Atualmente a igreja é destinada para eventos culturais e artísticos.






Nos anos de 1500 foi um convento feminino e hoje se tornou uma das sedes da universidade. O claustro consiste em dois pátios colocados em diferentes altitudes, um deles oferece uma linda vista panorâmica dos telhados da cidade, enquanto o segundo apresenta o Oratório da Escadaria Santa, famosa pela escadaria monumental, uma das últimas obras de Luigi Vanvitelli em 1772. 





Igreja de Santi Severino e Sossio

Um pouco mais adiante encontra-se a Igreja dei Santi Severino e Sossio, que faz parte de um complexo que inclui um mosteiro. Apesar de ter uma fachada bem simples, a igreja contém maravilhosos afrescos internos. Seu teto é todo decorado com estuques dourado, assim como as sete capelas laterais e sacristia. 

Construída no século 16, muitos artistas se encontram sepultados nessa igreja. Um deles é o artista Belisario Corenzio, que morreu dentro da igreja em 1731, enquanto realizava os afrescos do teto. Ao ser surpreendido por terremoto, o artista se desequilibrou vindo a cair do andaime. 





Basilica della Santissima Annunziata Maggiore

Uma imponente obra-prima dessa região é a Basílica de Santa Annunziata Maggiore. Construída no século 13 e expandida pelo arquiteto Luigi Vanvitelli no século 18, em seu interior há belas esculturas. 






Dentro da Basílica está o Vanvitelliano Succorpo, uma pequena igreja subterrânea. Foi construída em 1700 para coincidir com a majestosa cúpula e a Capela Carafa, que preservou mármores e monumentos funerários do século 16.  





"Ruota Santa dei Esposti ou Esposito"

Essa igreja tem uma conexão muito especial com o sobrenome napolitano Esposito, muito comum em Napoli. Na verdade trata-se de um complexo, que inclui a igreja, um hospital, o convento e o conservatório. 

O hospital especializado em ginecologia e pediatria, também recebia as crianças que eram abandonadas pelas mães pobres ou que teriam concebido secretamente. 

Para entregar uma criança, bastava coloca-la numa janela que tinha uma espécie de tambor giratório. Isso permitia que as crianças fossem entregues de forma anônima. 

Alguns colocavam junto da criança os dados de seus pais, mas a maioria recebia apenas o sobrenome Esposito. Daí surgiu o nome da "Ruota Santa dei Exposti ou Esposito". Em 1875 a roda foi fechada para sempre, mas ainda assim muitas crianças apareciam nos degraus da igreja. 






Conta-se que nos andares superiores, onde moram as freiras, há uma imagem de Nossa Senhora que tem a semelhança de uma boneca de porcelana, que usa longos com cachos loiros feitos de cabelo real. 

Anualmente em 25 de março a santa é levada para a igreja, para que sejam mudados os seus sapatos desgastados. A crença argumenta, de fato, a santa gasta seus sapatos ao andar à noite alimentando e levando conforto para os pobres, órfãos e aflitos. 





Igreja Santa Maria Egípcia em Forcella

Uma das belas igrejas da região é a aquela dedicada a Santa Maria Egípcia em Forcella. Também chamada de Olmo, logo que se entra nessa igreja tem-se uma sensação contraste, do exterior em comparação ao interior, entre o caos e silêncio, entre a pobreza e pompa.

A igreja faz parte de um complexo que inclui um mosteiro, onde está o atual hospital Ascalesi. Fundado pela rainha Sancha de Aragão em 1342. A intenção era receber as prostitutas arrependidas, que quisessem se tornar freiras. Por isso o complexo foi dedicado à Santa Maria egípcia, que tinha sido pecaminosa e se tornou eremita no deserto do Egito. 






Ao longo do tempo, o mosteiro também passou a receber todas as moças que quisessem seguir a vocação religiosa. Submetida a diversas restaurações, a igreja recebeu telas dos principais pintores do barroco napolitano. No século 20 o mosteiro foi incorporado pelo Hospital Ascalesi, especializado em doenças de pele.

Atualmente a entrada é feita pelo Corso Umberto I 208, onde encontram-se os três bustos de estuque de Santo Agostinho, Santa Monica e Santa Maria Egiziaca. Em frente à entrada do hospital está a antiga Fonte Scapigliata.





Piazza Nicola Amore / Quattro Palazzi

Num dos cruzamentos do Corso Umbrto I está a Piazza Nicola Amore, cujo nome é uma homenagem ao então prefeito Nicola Amore, onde também foi colocado um monumento. 

Porém, para não perturbar o cortejo de Adolf Hitler em visita à cidade, em 1938 o monumento foi removido. Devido aos quatro palácios idênticos existentes nessa praça, ela se tornou popularmente conhecida como Piazza Quatro Palazzi. Destacam-se os telamones na entrada de cada um dos quatro palácios.





Por ocasião da revitalização da cidade, durante as escavações para implantar o metrô foram descobertos artefatos importantes de diferentes épocas. E eis que uma antiga área portuária emergiu após séculos de silêncio. De uma forma inesperada, um mundo que restava oculto foi revelado trazendo pedaços da história, tal como restos de um ginasium do século 2, onde jovens praticavam disciplina esportivas e onde se podia ouvir as palavras de filósofos e poetas...










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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.