17 novembro 2019

Napoli 21 Mergellina / Marecchiaro





Um dos melhores passeios em Napoli, com certeza é caminhar pela orla e sentir a brisa fresca do mar. Em suas águas há peixes, desenhos, cores, sonhos e suspiros de poetas, que nunca se cansaram de falar das infinitas belezas da cidade. Personagens famosos renderam-se ao seu fascínio.

De Chiaia a Mergellina, quem segue pela Via Caraciolo que acompanha o contorno do mar, logo descobre lugares surpreendentes. Esse é um passeio continuamente repetido pelos napolitanos e recomendado para quem visita a cidade, onde é possível relaxar mas também admirar o golfo de Napoli em quase toda a sua extensão. 





Porto de Mergellina

Historicamente Mergelina surgiu através de uma pequena vila de pescadores, que gradualmente se incorporou a Napoli. Hoje Mergelina ainda é um porto de pesca, mas também um importante porto turístico secundário, de onde partem os barcos que levam turistas para as ilhas do golfo e outros destinos ao longo da costa.

A área de Mergellina, a Marina e o estreito contato com o mar são lugares encantadores, onde os olhos não se cansam de admirar a paisagem. Famosa por seus restaurantes à beira mar, há anos no cais de Mergelina os pescadores vendem sua captura diária. 





Piazza Sanazaro

A um quarteirão do porto está a Piazza Sannazaro, que leva o nome do poeta Jacopo Sannazaro, cujos versos fazem parte do corpo da literatura que ajudou a formar a língua italiana na Idade Média. 
Suas obras latinas, principalmente "De partu Virginis", embora pouco lidas lhe valeu o apelido de "Virgílio Cristão ", relacionando-o a Virgilio, o grande poeta.    






E Partenope, a sirena que está ligada à origem da cidade e é lembrada em muitos lugares, na Piazza Sannazaro tem seu espaço. Construída originalmente em 1869 para decorar os jardins da velha estação na Piazza Garibaldi, a fonte foi removida em 1924 para o lugar onde se encontra, marcando a entrada em Mergelina. 




Igreja de Santa Maria del Parto 

Acima do cais está uma das igrejas mais evocativas de Napoli, a Igreja de Santa Maria del Parto, um pequeno templo do século 16 resultado da amizade entre o poeta e um rei. No ano 1497 Jacopo Sannazaro recebeu como presente do rei Frederico de Aragone uma fração de terra, onde ele construiu sua casa, uma torre e a igreja. 

O complexo é composto por duas igrejas: uma mais baixa, dedicada à natividade e uma mais alta, mais importante e rica em testemunhos artísticos dedicados aos santos Tiago ou Iacopo e Nazario. Parece que essa bela igreja tem o nome da obra "De partu virginis" do poeta. Na fachada há afrescos com os retratos do rei e de Jacopo Sannazzaro.






Uma recente restauração trouxe de volta a antiga glória dos brasões localizados no portal de entrada da igreja. Entre as pinturas que surgiram, no centro está a da Ordem dos Servos de Maria, para a qual Jacopo deixou todos os seus bens. Há também os brasões de famílias napolitanas nobres ligados à coroa aragonese. 

A igreja inferior foi concluída em 1525, com uma entrada autônoma dedicada a Santa Maria do Parto, tornando-se um lugar de oração para as mulheres grávidas ou aquelas desejavam engravidar. No dia 25 de cada mês, era costume fazer orações por essas mulheres. 






A igreja superior tem sua entrada através de alguns lances de escadas que levam a um pátio, que é na verdade uma laje solar privada. A vista do pátio é linda. No interior da igreja há decorações feitas em estuque branco e dourado. além do túmulo de Jacopo Sannazzaro, que ergueu a igreja. O mausoléu é um monumento com uma iconografia complexa de inspiração pagã feita em mármore. 






Uma das telas conhecida como "O Diabo da Mergellina", encena São Miguel Arcanjo pronto a atravessar a garganta de um diabo, personificada por uma sedutora mulher semi-nua com um cabelo vermelho e características típicas de uma cobra. Daí surgiu o provérbio: " é bonito e infame como o diabo da Mergellina..."





Palazzo Donna Anna

À beira do mar se destaca o histórico Palazzo Donn'Anna, um dos mais belos exemplos de grandeza que parece abandonado. A fachada parece estar desmoronando e as janelas vazias se abrem, porém o Donn'Anna nunca foi abandonado. Aliás, esse palácio nunca teve a sua construção concluída. 

A história desse palácio inclui mistérios e lendas, que se entrelaçam com a figura fascinante de Anna Carafa, esposa do vice-rei, Duque de Medina de Las Torres. Sua localização junto ao mar om tornou fascinante e encantador, mas também cheio de segedos que despertou a imaginação popular. 






O projeto foi encomendado ao final do ano 1600 e antes mesmo de ter sido totalmente concluído, Donna Anna reunia a nobreza espanhola para grandes festas, o que acabou gerando muitas histórias, intrigas e lendas. Uma das lendas dizia que no subsolo Anna Carafa escondia seus amantes. 

Aliás, comentava-se que a saída para o mar foi um desejo de Donna Anna, justamente para encobrir suas infidelidades amorosas. A revolta de Masaniello obrigou a fuga do vice-rei para Madrid, enquanto sua esposa permaneceu em Napoli. Porém ela foi obrigada a deixar o palácio e morreu em 1648. 






Mesmo inacabado, ao longo dos séculos o palácio teve vários destinos. Foi um hotel, fábrica de cristal, sede do Banco da Itália e hoje é um condomínio privado. Um belo lugar, que não perdeu seu charme ao longo do tempo. Algumas vezes são organizadas visitas pela Fundação De Felice, mas apenas em determinadas áreas. 

Junto ao Palazzo Donn'Anna há uma pequena praia, que oferece aluguel diário de espreguiçadeiras e guarda-sol. Com o Palazzo Donn'Anna de um lado e o Monte Vesúvio para o outro, é difícil imaginar um trecho de areia com um cenário mais interessante.





Fontana del Sebeto

A monumental Fontana del Sebeto marca o final da via Caraciolo e indica o caminho para Marecchiaro. Construída em 1635, originalmente ocupava o final de uma estrada, até ser desmontada e ficar guardada por 40 anos. Em 1939 foi remontada no local onde se encontra, sendo a representação de um antigo rio que corria no centro da cidade. 





Marechiaro 

Marechiaro é uma pequena aldeia localizada no distrito de Posillipo, que na década de 1960 foi um dos símbolos do "Dolce far niente". De Marechiaro pode-se apreciar uma maravilhosa vista panorâmica de toda a cidade e do Vesúvio até a Península Sorrentina e a ilha de Capri, que aparece exatamente em frente à típica praia da aldeia.

Famosa devido à presença de famosos artistas de Hollywood e seus restaurantes típicos com vista para o mar, o detalhe mais importante dessa área é o chamado "Fenestella". 

Diz a lenda que o poeta napolitano Salvatore di Giacomo, vendo um cravo através de uma pequena janela se inspirou para compor uma das canções napolitanas mais famosas "A Marechiaro".

Até hoje a janela existe e há sempre um cravo fresco no parapeito da janela. Uma lápide de mármore tem gravada a partitura da canção com o nome de seu autor. Aliás, conforme o Arquivo da Canção Napolitana, existem cerca de 200 canções e poemas dedicados a Marecchiaro...






À beira do mar sob um sol escaldante, ninguém resiste a um banho de mar. Não faltam opções. Existem praias públicas sem nenhuma estrutura. Mas quem estiver disposto a pagar entre 10 e 20 euros, além do aluguel das espreguiçadeiras e guarda-sol, pode usufruir de uma estrutura limpa e bem cuidada. Garçons servem aperitivos diretamente na praia, além de outros mimos, como toalhas secas.




Praia del Castello di Baia



Praia da Gaiola


Praia Rocce Verdi











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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.