22 fevereiro 2022

Ferrara, joia do renascimento 9.2 - Diversão e lendas de Ferrara

 


Ferrara Buskers

Durante o ano todo Ferrara tem uma agenda animada, repleta de exposições de arte, eventos culturais e esportivos, mas também temporadas de concertos. Um evento importante é o Ferrara Buskers ou Rassegna Internazionale del Musicista di Strada, um festival internacional de músicos de rua realizado em agosto, que combina o charme da cidade com muita música e diversão. 


Osteria del Chiuchiolino / All Brindisi

Ferrara é uma cidade universitária e por isso tem muito divertimento à noite. Um dos lugares mais frequentados é All Brindisi, que está entre as mais antigas tavernas de Ferrara ou da Itália. Criada em 1435, no passado foi uma hospedaria favorita de italianos famosos. Situada na Via degli Adelardi próximo à Catedral, atualmente permanece aberta até meia-noite. 


Niccolò Copernico

No andar acima da taberna All Brindisi morou no passado o astrônomo e matemático Niccolò Copernico, que se graduou em Direito Canônico na Universidade de Ferrara em 1503. Copernico se tornou famoso  por defender o sistema heliocêntrico, ou seja, de que o Sol estaria no cento do sistema solar. Na época acreditava-se no sistema geocêntrico, ou seja, de que a Terra estaria no centro do universo, o que ocasionou grandes conflitos com a Santa Sé.


Café Europa

Outro local histórico de Ferrara é o café Europa. Localizado a poucos metros do Teatro Comunale, sua criação aconteceu 1846 com o nome de Caffè dell'Apollo, no elegante salão coberto de espelhos os garçons usavam frak e só permitiam a entrada de pessoas famosas e conhecidas. 

O café mudou e nome várias vezes mas o lugar tornou-se especialmente popular como uma pasticeria. Como bons confeiteiros, os Azzolini eram conhecidos devido às suas famosas rosquinhas brazzadela, até passarem para a confeitaria para Nino Paparelli, que lhe deu o nome de Café Europa.


Vicolo del Granchio

Quando estiver em Ferrara, passeie pelas sinuosas ruas para descobrir algumas curiosidades e lendas que envolvem palácios, casas antigas, igrejas e praças que ainda mantém sua antiga glória. Há, mas também personagens históricos que passaram pela cidade. 

Os pequenos becos e vielas de Ferrara guardam algumas curiosidades que pouca gente conhece ou não percebe. Um deles é o Vicolo del Granchio ou Beco do Caranguejo. Chamado no passado de Strada del Pagliaio, uma larga passagem suspensa sobre o beco liga duas casas que pertenceram à família de Ludovico Ariosto.Construídos na época medieval, em 1471 passou para a família Ariosto junto com o palácio adjacente. 

Alguns anos depois foi ocupado pelo Cônego Brunoro Ariosto: o monograma cristológico colocado na fachada permanece como uma lembrança dele. Porém o Cônego teve de se mudar para Rovigo o palácio foi entregue para Nicolò Ariosto, pai de Ludovico, que acabou herdando os palácios. Vendido para o pintor Oreste Buzzi, desde 1943 permanece como herança de Oreste. 



Via delle Volte

Chamada Via delle Volte desde a época medieval, seu nome deve-se aos numerosos arcos e passagens suspensas que o atravessam. Localizada no centro de Ferrara, essa encantadora e estreita rua marca o eixo ao longo do qual a chamada Ferrara linear se desenvolveu entre os séculos VII e IX, e que influenciou muito o desenvolvimento de toda a cidade.



Mesmo durante o dia esse viela permanece vazia e você pode se questionar se vai mesmo valer à pena toda essa caminhada, mas te garanto que vale cada passo. É que nesse beco existem trattorias que tem atendimento nota 10 e a comida nota 1.000. Aproveite para deliciar-se com a flor de abobrinha recheada e Cappellacci di Zucca, uma iguaria típica e que no passado era servida para os nobres de Ferrara.  




Com dois quilômetros de extensão, à noite o beco pode parecer estranho e cheio de fantasmas. No passado era conhecida como a rua das prostitutas. Hoje não resta nada dessa história antiga, mas à noite ainda há uma certa atmosfera devido à presença de alguns poucos bordeis...


Vicolo del Mago Chiozzino 

A poucos metros da Catedral há uma residência chamada “Vicolo del Chiozzino”, cujo nome originou do extravagante engenheiro cabalista e astrólogo, Bartolomeo Chiozzi, que morava no austero prédio. Proveniente da cidade de Mantova, Chiozzi era reservado, calado e só se dedicava aos estudos, mas algo criava curiosidade e desconforto nos moradores do bairro.

Chiozzi andava sempre acompanhado por seu fiel criado, um menino muito magro, a quem chamava de Magrino. Devido às suas estranhezas, Chiozzi foi considerado um personagem mágico. De fato, em seu suntuoso palácio Chiozzi adorava organizar grandes festas entretendo os convidados lançando fogos de artifício e realizando outras maravilhas misteriosas: daí o apelido de "Mago Chiozzino". 



Dizia-se que ao vasculhar o porão Chiozzi havia encontrado um livro de fórmulas mágicas, com as quais invocou o diabo na noite de  19 de novembro de 1700, que lhe apareceu na forma de um fiel servo chamado Magrino, cuja voz tinha um timbre poderoso e estrondoso. Parece que Chiozzi teria vendido sua alma ao diabo. 

Magrino tornava realidade todos os desejos de seu patrão. Era tão disponível e prestativo, que Chiozzi o considerava um amigo, porém todo mundo sabe que o diabo te acaricia, mas ele quer a alma. Com a ajuda do servo demoníaco, Chiozzino fazia coisas incríveis e ficou famoso no campo da hidráulica, não só em Ferrara, mas também em diversas cidades da Europa. 

Por resolver problemas complexos, Chiozzi era recebido com todas as honras. Porém, apesar de seu prestígio, Chiozzi não se mostrava feliz. Certa manhã Chiozzi saiu, mas mandou que seu suposto servo retornasse em casa para buscar o fumo que tinha esquecido. Seguido pelos olhares curiosos, ele entrou na Igreja San Domenico. É provável que ele tenha confidenciado sua incrível história e tinha concordado em ser exorcizado para eliminar o demônio. 

Conta-se que, assim que recebeu a benção seu criado chegou. Ao ser atingido por gotas de água benta, o menino teve um acesso de fúria. Com um grande grito, suas mãos se transformaram em patas. Suas garras afiadas marcaram a porta e fugiu. Nunca mais souberam do tal criado, mas Chiozzi continou sendo chamado Mago Chiozzino...


continua no post Ferrara 9.3...


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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.