04 dezembro 2010

Cagliari, cidade pré-histórica



A Sardegna no mar mediterrâneo é uma antiga ilha da Itália que foi habitada por diversos povos que influenciaram sua cultura, seus costumes e seus dialetos. As costas da Sardenha são geralmente altas e rochosas, com alguns trechos planos no litoral, lindas enseadas e várias outras pequenas ilhas ao largo da costa.




Cagliari, a capital da Sardegna ao sul da ilha, remonta a milênios de história. Acredita-se que as civilizações nurágicas chamassem a cidade de Karal ou Karallai, nome dado pelos Aragoneses no século 14, tendo sofrido diversas transformações. 

Cagliari foi habitada desde os períodos pré-históricos pela sua posição favorável entre o mar e uma planície, cercada por pântanos que serviam de proteção contra inimigos, além das altas montanhas que serviam de abrigo.




A região passou por dominação bizantina, dos Pisanos e Aragoneses até ser cedida em 1708 à Áustria, em troca da Sicilia. Em 1720 foi incorporada ao Reino Piemontês e mais tarde foi anexada ao Reino da Itália. 

Com a unificação da Itália, Cagliari teve um grande crescimento depois de sua reconstrução. Durante a 2a. Guerra Mundial, para escapar dos bombardeios e da miséria da cidade destruída, muitas pessoas deixaram Cagliari e se mudaram para o continente ou aldeias rurais. 

Devido à sua localização no Mar mediterrâneo, era estratégica na época da guerra. Em 1943 o exército alemão tomou o controle de Cagliari e quando se retiraram o Exército Americano dominou a cidade, de onde partiam aviões para combate.




Após a guerra, a população de Cagliari foi incentivada a retornar com a construção de prédios de apartamentos e novos bairros residenciais. 




A parte antiga da cidade, chamada de Castello, está no topo de uma colina com uma vista maravilhosa sobre o Golfo de Cagliari. A maioria dos muros da cidade estão intactos, com torres de pedra de calcário e cal que causam um lindo efeito sob o sol quente do Mediterrâneo.



Na Castello está a antiga Catedral, o Palácio do Governo antes de 1900, o Museu Arqueológico da Sardenha, que tem o maior e mais importante arcevo da civilização pré-histórica Nuragic da Sardenha, e também as oficinas dos artesãos e os corredores apertados.




Do Monte Urpinu, com seus pinheiros e lagos artificiais, se tem uma incrível vista panorâmica do bairro Castello, o abismo, os pântanos e da praia. 




Cagliari tem uma das mais longas praias da Sardegna. A praia Poetto com 13 km é famosa por suas refinadas areias brancas, bem perto da Bahia de Chia e Villasimius.


Anfiteatro antigo



Anfiteatro atual: Em Cagliari está o único anfiteatro esculpido totalmente na rocha de pedras que ainda são usados como palco ao ar livre para óperas e concertos durante o verão.




A Basilica di San Saturno é um dos mais antigos monumentos sardos da era cristã. Tem esse nome porque dizem que Saturno foi mártir de Cagliari, e a igreja foi construída onde ele teria sido morto. 

Ao longo do tempo, passou por várias reformas. O Museo Archeologico Nazionale é o maior museu da região da Sardegna, tendo destaque as estatuetas de bronze da civilização nurágica; e a coleção de peças de ourivesaria dos povos fenícios e púnicos.




Durante a semana de 02 de setembro em Selargius, uma província de Cagliari, há a celebração do casamento , o "matrimonio selargino", um ritual celebrado na língua sarda segundo as tradições Campidanese. 




Ao final da cerimônia são encadeados para simbolizar a união de seus destinos. O casamento é celebrado na Igreja de San Giuliano, onde eles trocam seus votos e escrevem uma mensagem para seus futuros filhos em um Pergaminho, que é mantido em segurança e dado às crianças 25 anos depois. 



A cidade inteira participa nas celebrações com vestimentas tradicionais, as ruas são decoradas com flores, com bolos e bebidas para todos. À noite as celebrações continuam com a música e as danças dos grupos folclóricos de todo Sardenha. 

Suas tradições gastronômicas tem variedade de peixes e alimentos do mar, e também bons vinhos produzidos nos vinhedos das proximidades da planície Campidano. Como em toda Itália, a Sardegna tem sua tradição massas, como a lasanha, o ravioli e os gnocchetti. 




Devido a distancia do continente, a Sardegna desenvolveu sua própria gastronomia utilizando produtos da região. São tradicionais as carnes assadas com um perfume particular dos ingredientes que se encontram somente na Sardegna. 

São ervas silvestres que dão à carne de cabrito, cordeiro e leitão assado, um sabor total especial e também devido ao fogo de lenha aromática. É tradicional o uso da lenha para cozinhar em alguns vilarejos da Sardegna, assim como em quase toda Itália.





Assim como em toda a Itália, na Sardegna os queijos ocupam um lugar de destaque na gastronomia. Existem queijos em diversas formas, feitos com leite de cabra ou de vaca. Também existe um queijo para aqueles que gostam de viver no limite.

Na ilha italiana existe uma receita passada de pai para filho, que associa o leite de cabra com larvas de mosca. Exatamente isso, aquelas pequenas larvinhas que aparecem quando alimentos estão apodrecendo.

Mas calma aí, não fique com cara de nojo – tudo é feito com muita higiene e livre de doenças. Chamado de Casu Marzu, esse queijo pode ser encontrado em diversas cidadezinhas interioranas na Sardenha.




A tradução de Casu Marzu literalmente significa “queijo podre”. As centenas de larvas de mosca é que dá ao queijo o seu sabor e textura típicos. Fazendo buracos por toda a roda de queijo, as larvas vão secretando enzimas que digerem parte das proteínas do alimento. O resultado? Um queijo muito mais cremoso, e com sabor encorpado.

As larvas chegam lá depois de uma exposição controlada, quando as fêmeas da mosca do queijo depositam seus ovos na roda. Depois de 40 a 90 dias, a outrora sólida roda de queijo de cabra, se torna cremosa e cheia de buracos. 

O sabor final é picante, diferente, encorpado e a textura lembra até mesmo uma massa de biscoito. Acompanhado de um bom vinho tinto, ese queijo sempre está presente nas atrações principais, como em casamentos na Sardenha e outras ocasiões especiais, porém sua comercialização é proibida. 



Um comentário:

  1. Boa tarde! Meu nome é Andréa e também sou descendente de sardos que imigraram para Minas Gerais Brasil em 1897 no navio Assiduitá, que saiu de Gênova para o porto do Rio de Janeiro. Meu bisavó Elia Scanu ou Scano (ainda não consegui ao certo saber a grafia correta do meu bisavô porque cada documento brasileiro apresenta uma grafia diferente) veio trabalhar em Miguel Burnier e faleceu em Belo Horizonte em 1929. Minha saga começou quando senti vontade de resgatar a linda história da minha família. Minha bisavò Luigia Cosso também veio da Sardenha. Ambos da província de Di Cagliari. Mas não consigo nos mapas localizar as cidades de nascimento dos dois. Os nomes que constam nos registros são as cidades de Assara ou Alzura ou Alxura e Suzulco. Alguém por acaso conhece essas cidades? Provavelmente a grafia está incorreta. Agradeceria imensamente qualquer informação. Obrigada.

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.